Cansada do próprio colo,
do ventre da terra mansa,
a semente rasga o solo
e enche a vida de esperança!
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Depois que tu foste embora,
sem motivo e sem razão,
soluça o vento lá fora
e, aqui dentro, a solidão!
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Dou tanta crença ao meu ego,
que essa crendice, me acalma.
Vê que essa paz que carrego,
também carrega minha alma!
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É mais triste o meu versejo,
ao ver nos portais da fome...
Crianças, comendo sobejo
dos restos que ninguém come!
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Em meio a tantos extremos,
às vezes, até presumo,
que somos barco sem remos
remando num mar sem rumo!
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Escuto a voz da neblina.
olho e não vejo ninguém;
e o pranto da chuva fina,
lembra-me o choro de alguém!
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Fere-me a saudade antiga,
daquele amor, que te dei!
Hoje, a saudade é cantiga
do antigo amor que sonhei!
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Filho, a honra é tão sagrada,
que a vida, sem honradez,
para o mundo é quase nada,
para Deus, nada, outra vez!
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Lágrima, essência, caída,
dos olhos de quem padece;
às vezes, fonte de vida,
regando a vida da prece!
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Madrugada!... E, em meio ao drama,
escuto, outra voz sem sono,
de um violino que reclama
da dor, nas mãos de outro dono!...
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Maria estende a mantilha
e forra o berço de palha,
onde a luz que tanto brilha,
brilha e no mundo se espalha!
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Não seja escravo do tédio,
que o ódio fere e magoa;
só vence um mal sem remédio,
aquele amor que perdoa!
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Na paz, do mosteiro, ao longe,
sem que da oração, se prive,
solitário, o velho monge,
tenta saber por que vive!
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Na vida, o que mais me enleva,
quando em silêncio eu medito,
é ver, que quem fez a treva,
fez toda a luz do infinito!
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Peço sempre, no altar mor,
de joelhos, aos pés da cruz...
Paz para um mundo melhor
sem treva e, cheio de luz!
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Quando Deus rasgou o véu
mostrando a noite estelar,
via-se estrelas no céu,
na areia, estrelas-do-mar!
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Quando sozinho, eu me deito,
e um travesseiro eu descarto,
a ausência dela em meu leito
dobra a saudade em meu quarto!
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Saudade, é sem dimensão
na dor, de alguém, na orfandade!
Quem fez da dor, solidão,
fez sem limite a saudade!
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Se a maldade lhe atrapalha,
beije-a, de forma discreta;
que o mal nunca se agasalha
no coração de um poeta!
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Se a saudade, nunca passa
e a solidão nunca finda,
entram por minha vidraça,
os olhos da noite linda!
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Sem usar tinta ou pincéis,
o sol, com sua energia,
pinta à tarde, em seus painéis,
a cor da melancolia!
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Se o outono que nos invade,
tivesse mais compaixão,
não juntava mais saudade,
à velhice e à solidão!
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Se o vento em seu destemor,
gera fortes vendavais...
A tempestade do amor
ruge mais forte em seus ais!
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Torna-se mais pensativo
o olhar do velho ancião.
que aos poucos, se faz cativo
do templo da solidão!
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Tudo que a vida me empilha,
de algum tipo de saber...
Dedico à velha cartilha
que um dia, ensinou-me a ler!
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Tu queimaste as minhas cartas;
mas nas cinzas da memória,
eu guardo lembranças fartas
das cinzas de nossa história!
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Velha rua da esperança,
onde na infância eu brincava...
Hoje, a saudade é que dança,
no mesmo chão que eu dançava!
Fonte:
Enviado pelo trovador.
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Enviado pelo trovador.
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
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