Gilberto estava casado há mais de sete anos. Muitos foram os seus romances na juventude. Mas poucos sabiam que o seu verdadeiro amor ficou perdido há treze anos atrás. Miridan, era este seu nome, com dezessete anos, morava no bairro do Limão, em São Paulo. Ele, com vinte e três anos, numa pensão do Brás. No velho e nostálgico bairro do Brás. Trabalhava a semana inteira, mas no sábado e domingo, lá estava ele com sua amada. O tempo passou e não se sabe exatamente porque, eles não se casaram.
Gilberto ficou arrasado. Queria fugir da vida. Isolou-se completamente. Tentou esquecê-la. Não deu mais notícias, nem quis saber notícias dela. Tempos depois, ainda jovem, ele se casou. Morava na periferia de São Paulo. Naquele bairro, já havia comprado uma casa e levava uma vida relativamente boa. Trabalhava, é verdade, mas quem não trabalha hoje em dia? Só se estiver desempregado. Não era o caso do Gilberto.
Do seu casamento, nasceram dois filhos. Lindos. Eram o sol de sua vida. Aparentemente, não lhe faltava nada. Parecia feliz. Que mais ele queria? A esposa também trabalhava, dividindo a despesa, que ninguém é de ferro.
Quase sempre tomavam o trem até a estação do Brás.
Numa certa manhã, entraram no trem, e a esposa se sentou; ele, porém, ficou em pé. Depois, a esposa lhe disse: há um lugar ali, sente-se. De imediato, obedeceu. Não observou que no banco já havia uma moça, com quem, mais tarde, começou a conversar.
Ficou meio tonto. Aquela voz não lhe era estranha. Havia alguma coisa no ar. Olhou e pensou em silêncio: não é possível, é ela, a Miridan. Estava ali, lado a lado, com sua paixão maior. Fora ela, há treze anos atrás, sua inspiração, sua razão de viver. Não queria acreditar. Seu coração batia cada vez mais forte. E começou a matutar: Nem o destino resistira a tanto amor. Era demais. Agora, ela estava ali, perto dele, também casada e com um filho. Cursava o último ano de Direito. Inteligente. Batalhadora. Mas não era feliz no casamento.
Passaram-se alguns dias e algumas noites e ele continuou pensando nela. E ela, pensando nele. Não era possível esperar mais. Marcaram encontro. Foi-se o primeiro, o segundo, o terceiro... Não havia como fugir. Era a força do amor, a emoção de sentir a vida. De viver outra vez.
Tinha que partir. E assim o fez. Um belo dia, largou tudo: mulher, filhos e partiu. Em busca de uma nova vida. De um novo e antigo amor. Definitivo, duradouro ? Quem sabe ?
Algum tempo depois foi visto numa outra cidade e pelo que se sabe, sua mulher e filhos nunca mais o viram, nem tiveram notícias dele. Sua esposa o esperou por mais de 6 ou 7 anos com a aliança no dedo. Aqui, nunca mais ele voltou. Desapareceu do mapa. Não se sabe se o Gilberto encontrou a tão sonhada felicidade e sequer se ficaram juntos ou se ainda vivem para confirmar esta história.
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