Na voz do vento, há um açoite
que assusta pelos seus ritos...
Parece os gritos da noite
querendo ouvir os meus gritos!
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Só por saber quem tu és,
eu não me sinto indeciso;
ouço o pisar de teus pés
em todo canto que piso!
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Se te acalma um vento brando,
assim que a tarde declina,
à noite, volta assustando
nas dobras de cada esquina!
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Depois que o galo desperta,
abre o bico e canta um hino...
A aurora, é uma porta aberta,
na estrada do meu destino!
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Daquele sonho, da infância,
guardo o instante mais tristonho;
Tu me acenando à distância,
dizendo adeus ao meu sonho!
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Se a infância foi tão sofrida,
e a caminhada tão dura...
Faze dos tombos da vida
teu pedestal de ternura!!!
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De manhã cedo, bem cedo,
ouço os pobres passarinhos,
e não entendo o segredo
da alegria de seus ninhos!
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Na luta, o mais destemido,
não é quem grita: vitória...
E quem premia o vencido
dando-lhe o troféu da glória!
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Despertador de alvoradas,
o velho sino que chora,
tange as mesmas badaladas
das primaveras de outrora!
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Juntei meus sonhos de amores,
com meus bruxos de retalhos,
que agora, são refletores
dos meus cabelos grisalhos!
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Se o destino que nos guia,
aceitasse o que eu pedisse,
punha mais luz e alegria
no entardecer da velhice!
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A criança diz com calma,
à bonequinha inocente:
– Sei que você não tem alma,
mas vive na alma da gente!
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Nas ruínas da flor da idade,
sobre os meus pés, pelo chão,
vi, pegadas de saudade
e rastros de solidão!
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Na tapera abandonada,
que um dia, já foi tão bela,
eu vejo uma rede armada,
mas sem ninguém, dentro dela!
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Quando a onda nasce e cresce,
se esparrama em minha aldeia,
com bilros de espuma tece
lençóis de rendas na areia!
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Aquela luz andarilha,
que brilhou com tanto alarde,
é a mesma luz que ainda brilha
nas sombras do fim da tarde!
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É tarde!... E, essa voz que grita,
é a voz triste e amargurada,
de alguém que teve a desdita
da noite inteira acordada!
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Noite fria, chuva fina,
na vidraça, a nostalgia,
faz das gotas de neblina
o pranto da noite fria!
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Qualquer pedra, entre os cascalhos,
bruta ou do jeito que for,
nas mãos dos cinzéis e malhos,
vira um poema de amor!
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No banco da velha praça,
o tempo, em falsa promessa,
quieto, finge que não passa;
mas como passou depressa!
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Dorme um pouco, encurta o passo,
te aquieta, velhice ingrata;
na fronte, já falta espaço
para guardar tanta prata!...
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Comparo a sombra alongada,
ao ciclo dessa distância,
que se arrasta pela estrada
e me separa da infância!
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Teus caprichosos festejos
da vitória falsa e vã,
jamais serão meus desejos
nas vitórias do amanhã!
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O que tu tens, por riqueza,
meu lar, tem de precisão;
no teu, sobra pão na mesa,
no meu, amor pelo chão!
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Vela erguida, mastro torto,
e o jangadeiro a vogar;
o pensamento, no porto,
mas a esperança no mar!
Fonte:
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Livro enviado pelo trovador.
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Livro enviado pelo trovador.
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