quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Luiz Damo (Trovas do Sul) XXXVIII


A dor definha e consome
qualquer doente a sofrer,
tão voraz, fica e não some,
levando um corpo a morrer.
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A dor se iguala a uma flecha
que na alma fica alojada,
dói, quanto maior a brecha,
sem cicatriz, da flechada.
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A lei, na sua vigência,
deverá ser respeitada,
mais que seguida, na essência,
se necessário, aplicada.
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A luz da sabedoria
como um facho alinhe a vida,
nunca falte ao fim do dia
a conquista merecida.
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Ampla, geral e irrestrita,
deve ser a liberdade
e a palavra, uma vez dita,
seja a expressão da verdade.
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Aonde reina a tempestade
volte o bem-estar, sereno!
E quando falta a amizade
sopre o vento do amor pleno.
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De uma sincera amizade
resistem alguns sinais,
de dor ou felicidade
gravados nos seus anais.
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Em levas, no anonimato,
o imigrante em forte ação,
implantou novo formato
ao Brasil da "imigração".
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Jamais posso imaginar
um mergulho no porvir,
sem num ontem mergulhar
e hoje, poder prosseguir.
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Não lastimes companheiro,
frente à vastidão do mar!
Porque no mesmo cargueiro
estamos a navegar...
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Nenhuma pedra interrompa
a estrada de um sonhador
e a ilusão jamais corrompa
o aroma da ingênua flor.
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No alto da torre, cantante,
tilinta o sino em ação,
clama a fazer num instante
um momento de oração...
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No antro de excessos na vida,
o ódio sobra à sociedade,
mais que um prato de comida:
carece o pão da humildade.
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No cosmos, se remoendo,
aonde a densa sombra atua,
tem multa estrela querendo
ser maior que o sol e a lua.
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No universo das estrelas
surge o sol para apagá-las,
pode a nuvem escondê-las,
mas nunca á noite furtá-las.
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Nunca erija um argumento
calcado na falsidade,
para que em nenhum momento
desabe frente à verdade.
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O homem, tal um forte raio,
vê no amigo um concorrente,
passa à frente e de soslaio
busca o sonho tão somente.
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O imigrante era guerreiro
frente à dor não declinava,
buscava no chá caseiro
a solução que faltava.
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O lusco-fusco do ocaso
acende um novo cenário,
paulatino e sem atraso
no palco interplanetário.
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Pelos campos da esperança
planta a paz, que hás de colher,
mais que frutos de bonança,
luzes para o teu viver.
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Pode envolver-te no abraço,
porém, este também passa.
Que dizer se nem teu traço,
fica, em um sinal, de graça?
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Que bom ver o sol brilhando,
não menos que a lua cheia,
ambos, sempre iluminando
quem pela estrada vagueia.
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Ronda da noite, a coruja,
transparece estar pensando,
disfarçada, antes que fuja,
captura a presa, voando.
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Se as águas da juventude
regam vontades e anseios,
fazem transbordar o açude
da ansiedade e devaneios.
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Sobre os trilhos do presente
segue espalhando a saudade,
rangendo em cada dormente,
o trem da modernidade.
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Todo o brilho do Natal
leva a esquecê-lo, jamais,
não maior, nem mesmo igual,
que o primeiro dos Natais.
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Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.
Livro enviado pelo autor.

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