Paixão é cardo na areia
Que o rochedo traz na face,
Qualquer maré que se alteia
Arranca o broto que nasce.
Nas mágoas do amor cativo,
A desdita mais atroz
Vem sempre de um só motivo:
Gostamos demais de nós.
Amar – sofrer por amor.
Ser amado – ser feliz.
Qualquer um pode ser flor,
Difícil é ser raiz.
Ser mais livre na existência!...
Não tentes ser livre em vão...
Às vezes, independência
É o nome da ingratidão.
Caridade se percebe
No câmbio melhor que há:
Quem dá tudo o que recebe
Mais recebe do que dá.
Nada dói mais, onde ando,
Que esta cena rude e cega:
Menino pobre fitando
O pão que o mundo lhe nega.
A morte tem tanta arte
Nas lições a que se aplica,
Que, às vezes, vive quem parte,
Enquanto morre quem fica.
Ninguém se queixe da sorte –
Luz ou lama, guerra ou paz –
Na vida, quanto na morte,
Cada um tem o que faz.
A vida se classifica
Por esta base singela:
Quanto mais útil, mais rica,
Quanto mais simples, mais bela.
Não sei que glória mais vasta,
Se da estrela na amplidão,
Se da fonte que se arrasta
Servindo a todos no chão.
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Fonte:
Francisco Cândido Xavier (psicografia). “Trovas Do Outro Mundo”. Digitado Por: Lúcia Aydir
Francisco Cândido Xavier (psicografia). “Trovas Do Outro Mundo”. Digitado Por: Lúcia Aydir
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