Era uma vez um pobre mendigo, que bateu à porta de uma humilde cabana a pedir esmola, para poder continuar a sua viagem. Mas não vendo, nem ouvindo ninguém, abriu a porta de mansinho e entrou no casebre; viu então uma pobre velhinha muito doente, que lhe disse:
- Ai! Não te posso dar nada, porque nada tenho.
E foi-se embora o mendigo, voltando dali a instantes, a bater à mesma porta.
- Pelo amor de Deus! – gritou a velhinha - já te disse que não tenho nada que te dar.
- Foi por isso que eu voltei. – disse em voz baixa o mendigo.
E, aproximando-se da velha carinhosamente, tirou do bolso, pondo-os em cima da mesa, muitos bocados de pão e algumas moedas de dez réis, que lhe tinham dado depois de ter estado com a velha a primeira vez.
- Aqui te fica isto, santinha - disse-lhe ele afetuosamente, indo-se embora sem que a pobre mulher tivesse tempo de lhe agradecer.
Não sabemos qual era o nome do mendigo; mas os anjos escrevê-lo-ão no Paraíso, e mais tarde nós o viremos a saber
Fonte:
Disponível em Domínio Público.
Guerra Junqueiro. Contos para a Infância. Publicado originalmente em 1877.
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