segunda-feira, 15 de maio de 2023

Luiz Poeta (Poemas Escolhidos) – 13 –


 A DUAS MÃOS

Quis escrever um poema a duas mãos,
Mas tua mão... num "sem querer" indesculpável...
Roçou a minha, de maneira tão palpável,
Que o inefável nos tornou bem mais que irmãos.

Bastou apenas que o teu verso, após o meu,
Tomasse um rumo passional inusitado,
Que o meu lirismo se tornou tão... desvairado...
Que a estrutura do poema se perdeu.

As nossas bocas rabiscaram o escrito
E o poema que estava tão bonito,
Tornou-se apenas um desenho abstrato

E as duas mãos formaram um rascunho aflito
Do que seria um prenúncio de infinito,
De um doce drama resumido num só ato.
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CORAÇÕES

Uma simples figurinha desenhada
No formato de um modesto coração,
Faz a minha distração emocionada
Mais calada, transformar-se em pulsação.

Se esse coração já vem acompanhado
De um recado cheio de felicidade,
Meu olhar se torna tão inebriado,
Que o meu riso reina em plena liberdade.

O que importa é que quem lê o que criamos,
Com a mínima ternura... e nos responde...
Não esconde que entende o que amamos

Pois quem sente, com amor, o que que enviamos,
Também sabe que os sonhos repousam onde
Também mora o coração que abençoamos.
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COZENDO O DESENCANTO

Meus olhos tão cansados, molhados com este pranto,
Evocam teus encantos, quando eu estou sozinho...
Procuro acalantos, mas nenhum passarinho
Desperta algum carinho ou traz-me um novo canto.

O amor é um bom vizinho, mas ele me dói tanto,
Que quando me aquebranto, sou pássaro sem ninho,
Partida sem espanto, riacho sem moinho,
Costura em desalinho, cozendo o desencanto.

Tatuado no meu peito, teu jeito insinuante
É como um diamante brilhando a luz do dia...
O amor, por ironia, desfaz-se em meu semblante

E a dor mais relevante inunda o meu olhar,
O amor brinca de amar com a hipocrisia
Vendo a vida vazia... eu volto a prantear.
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QUANDO O AMOR DIZ O QUE PENSA

Só um poeta se desmente quando mente:
Ele mistura, em si mesmo, o ser humano
E enquanto um deles faz da arte um novo plano,
O outro apenas se abstrai, sublimemente.

Ninguém descobre, de verdade, o que ele sente,
Poeta é gente e toda gente se difere,
Por isso, tudo que a razão sempre sugere,
O coração transforma em arte... simplesmente.

A emoção é propulsora do sinta
Um coração, quando ele faz, do raciocínio
Uma mistura que repousa no fascínio

Que o dom produz, quando o poeta sonha... e pinta
na tela plana da razão, a arte intensa,
Que sonho faz, quando o amor diz... o que pensa
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VOO SOLO

Quando ao me leres, ganhas asas e te lanças
com teu voo solo, nos azuis que eu invento,
Teu coração, com emoção, baila no vento
Do meu amor e assim, menina, como danças!

Dou-te os azuis da minha doce consciência
De ser feliz... porém te oferto outras cores
Para que possas construir, com teus amores,
O amor que move a leveza da inocência.

Quando te leio, também sou um passarinho,
Que faz seu ninho no teu doce coração
Para que eu ouça teu amor reger baixinho

A harmonia que repousa nos poetas.
É assim que sinto, com a mais pura emoção,
Teu coração pulsar no meu... bem de mansinho.

Fonte:
Luiz Poeta. Nuvens de Versos. Campo Mourão/PR: Ed. J.Feldman, 2020.

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