Um senhor idoso plantava com carinho uma pequena muda de árvore. Aproximou-se um jovem:
– Que planta é essa?
– Uma jabuticabeira, respondeu o ancião.
– Quanto tempo demora para dar fruto?
– Ah, novinha como está, ainda vai levar uns 15 anos.
– E o senhor espera viver tanto tempo assim? questionou com ironia o moço.
– Não, não creio que eu viva mais tantos anos.
– Então que vantagem o senhor vai ter com esse trabalho?
Com ar de decepção, tornou o velho:
– Só a vantagem de saber que ninguém colheria jabuticabas, se todos pensassem como você.
É uma das mil historietas em circulação na Internet. Provavelmente você já a tenha recebido. Dei com ela na minha caixa postal. Normalmente aciono logo a tecla “Delete”. Desta vez parei a considerar a lição nela contida.
Ao lado de muitas razões de empolgado aplauso, a sociedade atual revela hábitos não exatamente louváveis. Por toda a parte se verificam práticas individuais e coletivas que em nada aprimoram o convívio humano. A começar por um individualismo, que, se não alcançou o ponto extremo, dele anda perto. Vá lá que todos nós, pobres filhos de Adão, feitos do mesmo barro de discutível qualidade, desde o ventre materno sejamos portadores de um egoísmo sem freios. Mas aquilo que, em outras épocas, nos incentivavam a combater como vício, hoje se enaltece como grandeza. Ora, há condutas que, em qualquer tempo, latitude ou cultura, continuarão sendo o que sempre foram. Não perderam a característica de grosseiras deturpações do ser e do agir humanos, que os rebaixam a nível inferior ao de animais. Vai-se tornando aceitável que os fortes espezinhem os fracos, que os ricos se aproveitem dos pobres. Ainda que a maioria aplauda, não há como rotular de progresso um comportamento desse feitio. Não é possível admitir como superadas noções que lançam suas raízes lá onde se assenta o melhor do nosso ser. Desprezá-las é matar a esperança de qualquer felicidade possível.
Se admito como justificável só o que me traz proveito, independentemente do malefício que possa causar a outrem, estou revalidando a lei da selva. Restauro como ética a norma do “quem pode mais chora menos”, tosca versão do “homo homini lupus” (o homem é um lobo para outro homem) dito de Plauto (230-180 a. C.), popularizado por Hobbes (1588-1679).
Ainda mais se o individualismo é posto a serviço do consumo, outra marca do nosso tempo. Pode-se com certeza afirmar que nunca se registrou consumismo tão avassalador. Enquanto em regiões pobres do planeta persistem desnutrição e fome, em outras, ditas de Primeiro Mundo, se morre por excesso de comida. Com a agravante de que ninguém mais acha estranho. Tudo é visto com a aprovação de quem tem olhos apenas para o próprio umbigo. É a moderna versão da justificativa de Caim: “Sou, por acaso, guarda do meu irmão?” (Gn 4,9). Traduzindo: “Para me dar bem posso até matar; os outros que se danem”.
Hoje a lei é aproveitar-se de tudo o que é capaz de conferir lucro, satisfação ou prazer. Tudo aqui e agora. Tolice esperar para depois. Não há como consumir na hora? Então não tem valor. Por isso não faz sentido nada que não me traga imediato proveito. Tenho que desfrutar já do meu trabalho. Eu, não outro. Imagine se vou me cansar para que outro leve vantagem. Só um mané faz isso.
Depois, as pessoas reclamam da violência que voga por aí.
– Que planta é essa?
– Uma jabuticabeira, respondeu o ancião.
– Quanto tempo demora para dar fruto?
– Ah, novinha como está, ainda vai levar uns 15 anos.
– E o senhor espera viver tanto tempo assim? questionou com ironia o moço.
– Não, não creio que eu viva mais tantos anos.
– Então que vantagem o senhor vai ter com esse trabalho?
Com ar de decepção, tornou o velho:
– Só a vantagem de saber que ninguém colheria jabuticabas, se todos pensassem como você.
É uma das mil historietas em circulação na Internet. Provavelmente você já a tenha recebido. Dei com ela na minha caixa postal. Normalmente aciono logo a tecla “Delete”. Desta vez parei a considerar a lição nela contida.
Ao lado de muitas razões de empolgado aplauso, a sociedade atual revela hábitos não exatamente louváveis. Por toda a parte se verificam práticas individuais e coletivas que em nada aprimoram o convívio humano. A começar por um individualismo, que, se não alcançou o ponto extremo, dele anda perto. Vá lá que todos nós, pobres filhos de Adão, feitos do mesmo barro de discutível qualidade, desde o ventre materno sejamos portadores de um egoísmo sem freios. Mas aquilo que, em outras épocas, nos incentivavam a combater como vício, hoje se enaltece como grandeza. Ora, há condutas que, em qualquer tempo, latitude ou cultura, continuarão sendo o que sempre foram. Não perderam a característica de grosseiras deturpações do ser e do agir humanos, que os rebaixam a nível inferior ao de animais. Vai-se tornando aceitável que os fortes espezinhem os fracos, que os ricos se aproveitem dos pobres. Ainda que a maioria aplauda, não há como rotular de progresso um comportamento desse feitio. Não é possível admitir como superadas noções que lançam suas raízes lá onde se assenta o melhor do nosso ser. Desprezá-las é matar a esperança de qualquer felicidade possível.
Se admito como justificável só o que me traz proveito, independentemente do malefício que possa causar a outrem, estou revalidando a lei da selva. Restauro como ética a norma do “quem pode mais chora menos”, tosca versão do “homo homini lupus” (o homem é um lobo para outro homem) dito de Plauto (230-180 a. C.), popularizado por Hobbes (1588-1679).
Ainda mais se o individualismo é posto a serviço do consumo, outra marca do nosso tempo. Pode-se com certeza afirmar que nunca se registrou consumismo tão avassalador. Enquanto em regiões pobres do planeta persistem desnutrição e fome, em outras, ditas de Primeiro Mundo, se morre por excesso de comida. Com a agravante de que ninguém mais acha estranho. Tudo é visto com a aprovação de quem tem olhos apenas para o próprio umbigo. É a moderna versão da justificativa de Caim: “Sou, por acaso, guarda do meu irmão?” (Gn 4,9). Traduzindo: “Para me dar bem posso até matar; os outros que se danem”.
Hoje a lei é aproveitar-se de tudo o que é capaz de conferir lucro, satisfação ou prazer. Tudo aqui e agora. Tolice esperar para depois. Não há como consumir na hora? Então não tem valor. Por isso não faz sentido nada que não me traga imediato proveito. Tenho que desfrutar já do meu trabalho. Eu, não outro. Imagine se vou me cansar para que outro leve vantagem. Só um mané faz isso.
Depois, as pessoas reclamam da violência que voga por aí.
Fonte:
Maringá News. Blog do Rigon.
https://angelorigon.com.br/2013/02/25/jabuticabas/
Maringá News. Blog do Rigon.
https://angelorigon.com.br/2013/02/25/jabuticabas/
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