domingo, 28 de maio de 2023

Minha Estante de Livros (Doutor Benignus, de Augusto Emílio Aluar)


O Doutor Benignus é um dos livros do português naturalizado brasileiro Augusto Emílio Aluar, publicado em 1875. É considerado a primeira obra de ficção científica escrita no Brasil.

O texto tem como tema central os questionamentos filosóficos e as andanças pelo interior do país do seu personagem principal, o Dr. Benignas, médico e naturalista.

Apesar de ser um obra ficcional, o texto traz referências precisas à obra de diversos cientistas contemporâneos, entre os quais estão Peter Wilhelm Lund, Camille Flammarion e José Vieira Couto de Magalhães.

Em 1875, Augusto Emílio Zaluar escreveu e publicou no Brasil o romance O Doutor Benignus, influenciado pelas obras iniciais de Júlio Verne, Cinco semanas num balão (1863) e Viagem ao redor da lua (1870), e principalmente por Camille Flammarion, astrônomo francês, que publicou, entre outros, o livro A pluralidade dos mundos habitados (1862), referido explicitamente nas páginas do romance. Publicada no jornal O Globo, em fascículos, a obra é considerada o primeiro romance brasileiro no qual se exprimem claramente as várias convenções do gênero ficção científica, que na época ainda estava em formação: o cientista como protagonista, a máquina de ver o futuro e o primitivo mundo perdido. Esta é, de fato, a primeira obra de literatura fantástica escrita no Brasil.

O livro defende o conhecimento científico como forma de alcançar o progresso, construindo assim a identidade de um país. Escrito com uma visão nacionalista, deixando clara a preocupação em caracterizar o Brasil como um território cuja natureza é rica e exuberante, Benignus, médico e cientista amador, pretende provar que o homem americano teria surgido no Brasil e daqui migrado para outros continentes. Apesar de parecer absurda nos dias atuais, a ideia era debatida no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e fundamentada pelo paleontólogo dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801–1880), que defendia essa proposta tomando por base os esqueletos humanos encontrados em cavernas na região de Lagoa Santa, no estado de Minas Gerais.

É de se imaginar que uma obra escrita no século XIX traga inconsistências em relação aos conceitos aceitos pela comunidade científica nos dias de hoje, entretanto, a obra faz clara referência à evolução do homem e à seleção natural de Darwin, hoje plenamente aceita, mas que nem sempre foi assim. É bem possível que, durante as semanas em que o romance foi publicado, muitos leitores tenham ouvido falar de Darwin pela primeira vez, buscando posteriormente outras leituras que envolvessem a teoria da evolução.

Esta obra expressa ao leitor o sonho de Benignus: a visita de um ser espiritual proveniente do Sol que o parabeniza por sua “impaciência de saber”, animando-o a infiltrar o bem na alma de seus semelhantes por meio do conhecimento.

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