quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Samuel da Costa (O ninho da serpente)

Para João Carlos Pereira 

Parece que a teoria da relatividade foi feita especialmente para aquele lugar, onde o tempo parece ter vontade própria. Anda de forma rápida quando quer andar. E, às vezes, parece que paira no ar, de forma mágica. 

Quando Ademar caíra naquele local o tempo andava de forma bem lenta. E ele não via a hora de ver seus entes queridos novamente. Uma simples visita no cárcere onde sua irmã e amigas vieram visitá-lo. 

Era para ser apenas mais uma simples visita, não fosse Marcelo de Sousa Andrade, ou melhor, Marcelinho Serra-fita como era popularmente conhecido dentro e fora de prisão, ao vê-las partirem, ele foi categórico ao dar a ordem para Ademar: — Chama elas de volta! Chama agora! Marcelinho tinha o olhar vil de uma cobra. 

A figura do guarda, fortemente armado, postado na guarita de observação, que vigiava os encarcerados, parecia uma figura folclórica, uma mera figura decorativa. Como também o carcereiro que assistia aquela cena, sem nada fazer ou dizer alguma coisa.            

Para Ademar, o tempo que pairava no ar, agora o sufocava, porque Marcelinho Serra-fita, quem realmente mandava naquele lugar de angústias e muitas dores. Resolveu, após algumas visitas íntimas, oficializar o seu casamento com a irmã de Ademar. Uma união que Ademar não sabia se comemorava ou maldizia.

Fonte: Texto enviado pelo autor

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