terça-feira, 11 de maio de 2021

A. A. De Assis (88 Poeminhas) – 4, final


67.
Serra-serra,
será dor.
Cessa a serra,
será flor.

68.
Tem começo,
não the end,
o filme da vida.
Que responsabilidade.

69.
Ismo, ismo, ismo...
Experimentem lirismo,
que talvez
dê certo.

70.
Um pingo de luz
no topo do arranha-céu.
Brincando de estrela.

71.
A partilha é a senha.
Alarga o furo da agulha
e o camelo passa.

72.
The simpler, the better.
Sereno e sem risco segue
aquele que segue à risca
esse ditadinho.

73.
Ninguém é grande
sozinho.
Mesmo o Amazonas,
gigante,
de afluentes precisou.

74.
Curvada a vovó
cata a caca do cãozinho.
Civilização.

75.
In excelsis Deo.
Girassóis em oração
namorando o céu.

76.
Fantástico evento:
 o fascinante momento
em que o botão
vira rosa.

77.
Longindo-se vai,
suminte,
o barquinho a vela.
Quem será com quem?

78.
Saudade?
Ela é assim
como se fosse
uma ex-felicidade.

79.
Apressados
passos
passam.
Por que
não passeiam?

80.
Vaga
o vaga-lume.
Vaga luz
num vago mundo
procurando
vaga.

81.
Ostras
e palavras.
Conteúdo:
pérolas.

82.
E agora, vovô?
– Agora,
nas mãos dos netos,
sou que nem ioiô.

83.
Chocados os ovos,
há o choque
dos seres novos.
E a vida prossegue.

84.
Cada tique-taque
leva um tiquinho da gente.
Para o céu, espero.

85.
Terra prometida.
A fé abre ao meio o mar
para o amor passar.

86.
Simplesinho assim:
Eu creio que Deus existe
porque Deus existe.

87.
Levinhas,
levinhas,
voam as garças em V.
Vitória da paz.

88.
Um tempo de luz virá.
Se depender dos poetas,
começa esse tempo é já.

Fontes:
Ebook enviado pelo poeta quando da comemoração de seus 88 anos, 
em 21 de abril de 2021.
Imagem: montagem por José Feldman com fotos obtidas no livro de Assis, "Vida, Verso e Prosa" e enviadas pelo poeta.

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