sábado, 15 de maio de 2021

Estante de Livros (O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos)

“O Meu Pé de Laranja Lima” é um livro infanto-juvenil do escritor José Mauro de Vasconcelos, publicado pela primeira vez em 1968.

Foi adaptado para o teatro, televisão e cinema, sendo dois filmes, um em 1970 e outro em 2013. Na televisão foi exibido como novela pela TV Tupi, em 1970, e duas versões pela Rede Bandeirantes, em 1980 e 1998.

É um dos livros mais vendidos do Brasil, com cerca de 2 milhões de cópias. Já foi traduzido para mais de 50 idiomas.

PRINCIPAIS PERSONAGENS

Zezé: protagonista da história. É um menino de cinco anos muito traquino e danando. Morador de Bangu, subúrbio do Rio de Janeiro, vivia aprontando e apanhando quando suas travessuras eram descobertas. Também é um menino muito inteligente e não aparenta ter cinco anos.

Luís: irmão por quem Zezé tinha grande orgulho, pois é um menino independente e aventureiro. Zezé o chama de rei Luiz.

Totó: é o irmão mais velho de Zezé. É um jovem interesseiro, mente com frequência e é egoísta às vezes.

Glória: é a irmã mais velha de Zezé e sempre disposta a defendê-lo. Ela é como uma protetora para ele.

Pai: não tem o nome registrado na obra. É um homem frustrado por não poder sustentar a casa, o que o faz ser impaciente com os filhos. Na tentativa de educar os filhos, muitas vezes bate neles, mesmo se arrependendo depois. Alcoolatra.

Mãe: também sem registro de nome. É uma mulher que cuida e se preocupa muito com os filhos. Devido a situação financeira, toma uma atitude e vai trabalhar para sustentar a família.

Manuel Valadares: também chamado de Portuga. É um senhor já idoso e muito rico que acolhe Zezé como um filho e o enche de carinho e atenção, a ponto de se tornarem melhores amigos.

Minguinho
: também chamado de Xururuca. É o pé de laranja lima que fica no fundo da casa. Zezé tem Minguinho como um grande amigo, a quem faz confidências.

RESUMO DO ROMANCE


O livro é dividido em duas partes, a primeira conta a história do menino Zezé e suas travessuras.

Zezé era um menino travesso que vivia aprontando e, consequentemente, quando pego levava surras e mais surras tanto do pai quanto do irmão mais velho, Totó. Às vezes, até de sua irmã, mas ela era mais carinhosa e protetora dele.

Zezé era tão traquino que diziam que ele “tinha o diabo no corpo”. Certa vez,  apanhou tanto que teve que ficar uma semana sem ir à escola. Contudo, também era um menino esperto, inteligente e que aprendeu a ler sozinho aos 5 anos.

Ele e sua família viviam em uma casa confortável, mas o pai perdeu o emprego e eles foram obrigados a mudar para um lugar mais humilde. Sua mãe, que antes era dona de casa, teve que ir trabalhar na cidade.

A casa nova tinha várias árvores ao seu redor e cada um poderia escolher uma para ser “sua”. Por ter ficado por último, Zezé ficou com um minguado pé de laranja lima.

A princípio não gostou, mas com o tempo foi pegando apreço pela árvore, a ponto de nomeá-la de Minguinho. Quando estava sozinho, chamava na forma íntima de “Xururuca”.

Um dia, após pegar carona no carro luxuoso do Portuga, que não gostou da situação, Zezé levou uma baita surra e prometeu se vingar.

No entanto, o menino foi cativado pela atenção e carinho dados por Manuel Valadares. Nasceu então uma relação afetuosa entre os dois, o que Zezé não encontrava em sua família.

Ninguém sabia dessa amizade. Por uma fatalidade do destino, Manuel Valadares sofre um atropelamento e falece. Uma tristeza arrebate fortemente Zezé, que acaba adoecendo.

Para piorar a vida do menino, decidem cortar Minguinho. A árvore estava crescendo demais, algo que não era esperado.

A situação da família mudou quando o pai de Zezé conseguiu um emprego. Apesar das mudanças e da chegada da nova idade, 6 anos, Zezé não esqueceu da tragédia com sua árvore.

O ápice da obra acontece quando Minguinho dá sua primeira flor branca:

 “ — A primeira flor de Minguinho. Logo ele vira uma laranjeira adulta e começa a dar laranjas.

Fiquei alisando a flor branquinha entre os dedos. Não choraria mais por qualquer coisa. Muito embora Minguinho estivesse tentando me dizer adeus com aquela flor, ele partia do mundo dos meus sonhos para o mundo da minha realidade e dor.

— Agora vamos tomar um mingauzinho e dar umas voltas pela casa como você fez ontem. Já vem já.”


ANÁLISE

Narrado em primeira pessoa, a obra é quase uma autobiográfica de José Mauro de Vasconcelos. Isso porque conta com alguns trechos que habitam a memória de infância do autor.

A história tenta alertar os leitores diante dos abusos que muitas crianças passam. O personagem principal era vítima de violência física e psicológica, suas punições eram as piores possíveis.

Como Zezé é o próprio narrador, o leitor pode acompanhar as situações e sofrer junto com ele, ou seja, o leitor é emergido na narrativa a ponto de compartilhar dos mesmos sentimentos.

É possível perceber o quanto a falta de atenção e negligência dos pais para com seus filhos pode se tornar um problema. As crianças, na tentativa de fugir do abandono familiar, começam a criar um mundo particular, paralelo.

Em contraponto, o afeto e amizade que Zezé encontra em Portuga mostra as transformações causadas pelo carinho e cuidado perante ao outro.

CONTEXTO HISTÓRICO

O livro “O Meu Pé de Laranja Lima” foi lançado em um dos momentos mais delicados da história, a Ditadura Militar no Brasil (1960 entre 1970). Como o livro tem enfoque na infância e não apresenta nenhum teor político, não sofreu nenhum tipo de censura.

Enquanto a ditadura era instalada, as produções culturais passaram a ter grande relevância, pois a televisão conseguiu atingir as casas das mais diferentes classes sociais. Foi justamente no ano de 1970 que a antiga Rede Tupi levou ao ar o primeiro capítulo da novela baseada no livro.

“Meu Pé de Laranja Lima” está disponível em PDF em
http://www.jfpb.jus.br/arquivos/biblioteca/e-books/meu_pe_de_laranja_lima.pdf

Fonte:
Guia Estudo. Acesso em 15.05.2021

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