terça-feira, 25 de maio de 2021

Therezinha Dieguez Brisolla (Trovas com Humor) 2

"A gente estudamo ingreis
e num é que nóis se gabe...
nóis num gosta de franceis
e portugueis... nóis já sabe!"
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A nova rica encarrega
o estilista, em plena rua,
de tirar-lhe o que for brega...
e ela foi pra casa... nua!
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À pergunta: – Qual andar?
Responde o pinguço, a esmo:
– Onde quiser me levar...
já errei de prédio mesmo!
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Chegou a sogra "querida"
e a desgraça aconteceu...
Veio o cão... com a mordida,
deu a raiva... e o cão morreu!
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Chora de fome o povão!!!
Pro aperto, depois dos censos,
dá o governo a solução:
- Distribui milhões... de lenços.
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"Crescei e multiplicai"
disse o padre... E, em confissão,
se explica o farrista: - Uai...
sigo à risca a religião.
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– Depressa!... A bolsa ou a vida.
– Mas que sufoco, senhor!...
diz a livreira polida.
Não sabe o nome do autor?
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Deram sumiço ao rateio
do mensalão... e, por zelo,
o ladrão, lá do correio,
diz que não aceita... sê-lo!
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Diz ao dançar, enfadonha:
– Você sua!!! e isso mexeu
com o caipira... e o "pamonha"
diz, baixinho: – Vô sê seu!!!
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Diz, já caduco: – Que tédio!...
E a esposa, sempre calminha:
– Quer jogar dama?... e, do prédio,
ele jogou a velhinha.
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– É o piloto... tô em perigo!...
Tem fumaça... e um fogaréu!!!
– É a torre... reze comigo:
Pai Nosso que estais no céu...
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– É sedentário, se nota...
precisa andar, companheiro!...
– Isso parece anedota...
seu doutor... eu sou carteiro!
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Nas Bodas de Ouro, ela encuca:
– Quer, meu bem, uma canjinha?
Grita o velho: – Tá caduca?!
Que culpa tem a galinha?
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No quarto trancado, os dois,
"pra que a aluna se concentre".
E, nove meses depois,
enfim... a dança do ventre!
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Num dos quadros se consterna...
Vê o pintor... "mete o bedelho":
– Que homem feio!!! Arte moderna?
– Não, meu senhor... é um espelho.
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Num pagode eu fui dançar,
diz o velho... e "aconteceu"
quando a moça eu fui tirar:
– Quer dar-me a honra?... E ela deu!
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Olhando seu sangue nobre,
passou momentos felizes!...
Mas, morreu plebeia e pobre...
Sangue azul?!... Eram varizes!
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O trovador tá empolgado
e até troféu quer ganhar!...
O tema é "Mar"... e eis o achado:
- És meu mar... mas não faz mar!
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"Padre, eu sei quem é Jesus"...
diz o caipira e dispara:
"Conheço o sinar da cruz...
num sei é espaiá na cara!"
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Para o carro ao ver a farda...
– Cadê a carta?... Quero ver...
– Mas que vergonha, seu guarda!...
Eu fiquei de lhe escrever?
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Pedir votos, não foi "canja"!
Um político safado
criou confusão na granja
e saiu "ovocionado"!
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"Pescar, pra mim, é mania
e é estranho que a esposa deixe"!...
Ele vai pra pescaria
e ela vai "vender seu peixe"!
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Pôs anúncios nas estradas:
– "Por um módico aluguel,
moitas limpas, bem cuidadas"...
e inaugurou... seu "Moitel"!
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Pra casar, fingiu carinho
e ao tornar-se sua herdeira,
encomendou pro velhinho
um "pijama de madeira".
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Quando a esposa entra no mato,
sem vergonha... toda afoita...
o Matos se faz de "pato"
e espera o flagra... "na moita"!
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"Que belo corpo!" ele exclama,
sem ver que tem namorado...
"Que vontade de ir pra cama!"
E foi... sozinho e engessado!
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– Que consulta milionária!!!
diz o velhinho... e diz mais:
– Se a doença é hereditária,
a dívida é dos meus pais!
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Sem grana, o povo suspeita;
– Quem tinha fome, tá morto!...
– Quem diz que "tudo endireita"
mora na Granja do Torto!!!
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"Sultão velho vende, urgente,
tendas sem uso, importadas.
No aperto, dá de presente,
odalisca e esposa... usadas".
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Tomou um "chá de cadeira"
lá na dança do cortiço
e ao ver o esposo, ligeira
tomou um "chá de sumiço"!
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Vendo a grana do "pamonha"
ela diz, baixando o olhar:
– Num motel?... Tenho vergonha...
só se for familiar...
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"Zerou" no vestibular!!!
Com vergonha, ela tremeu!
Disse ao pai, pra disfarçar:
– Sabe a última?... Sou eu!

Fonte:
Therezinha Dieguez Brisolla. À procura de estrelas.
Porto Alegre/RS: Odisséia, 2014.
Livro enviado pela trovadora.

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