domingo, 30 de maio de 2021

Luciano Dídimo (Poemas Avulsos) – 2 –

A LUZ

A luz da Estrela Azul, que é tão brilhante
Adoça a roxa fé como um licor,
Abrindo os nossos olhos para a cor
Que apaga o tempo cinza já distante:

Do tão avermelhado Sol do Amor,
Do verde da esperança ali adiante.
A luz que resplandece radiante
Nos mostra um novo mundo e seu primor.

As águas cor de prata descem rio,
Varrendo a negra cor da noite escura
E dissipando a dor com cortesia.

A luz clareia tudo o que é sombrio,
Fazendo a paz mostrar sua brancura
E rebrilhar o ouro da poesia!
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A TEMPESTADE

Densas trevas cobriram nossas vidas
Enchendo-as de um silêncio que ensurdece
As almas temerosas e perdidas
Na tempestade elevam sua prece

As virtudes então adormecidas
Se mostram ao irmão que reconhece
Que as mãos no mesmo barco estão unidas
E a força da remada se engrandece

Ponhamos no farol a confiança
Na cruz também está nossa esperança
Sozinhos não podemos nos salvar

Precisamos seguir a mesma rota
Cada um contribui com a sua cota
Um dia as águas hão de se acalmar
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BELEZA FEMININA

Tudo começa com a depilação
Que lhes arranca os pelos com a cera
Depois descarnam unhas: pé e mão
E a pinça lhes arranca a sobrancelha

Progressiva com química agressiva
E que espicha o cabelo em ferro quente
É breve o efeito da definitiva
E ainda acham a escova inteligente

Chegou agora a vez da maquiagem
Base, blush, batom nessa caveira
E corretivo para a camuflagem

Acessórios no fim dessa jornada:
Salto, brinco, colar, anel, pulseira
E a bolsa que não cabe quase nada
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CASA DOS CONTOS

Nesta casa que o conto nasce e cresce
A arte vem pelo aroma das panelas
A narrativa sai pelas janelas
E a criatividade é o alicerce

As palavras se juntam no telhado
E as técnicas de escrita são paredes
Personagens dormindo em suas redes
Aguardam que o escritor use o teclado

Toda vez que um autor acende a brasa
A trama passa pela encanação
E aquece do leitor seu coração

Mas a imaginação: louca da casa
Não deixa ficar nada no lugar
Para que o texto possa se inovar
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RAMOS E ESPINHOS

Vou entrar na cidade, abram caminho
Vou armado com flores para a guerra
Vou em busca de paz para esta terra
Eu vou chegar montando um jumentinho

Derramo as minhas lágrimas sozinho
Pois eu sei muito bem o que me espera
Os ramos que me jogam em fé sincera
Trançarão a coroa com os espinhos

Recebo humilde os ramos e o chicote
Sou aclamado Rei, depois bandido
E por fim condenado à pior sorte

No amor todo o pecado é redimido
Pois na ressurreição eu venço a morte
Renovo em cada vida seu sentido
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VIDA NOVA

Vamos arar a terra para o plantio
Às vezes é nas trevas que se semeia
O amor na noite escura melhor permeia
Faz brotar a semente em cada vazio

O perdão sempre acaba com todo estio
Multiplicando paz como grão de areia
Já que a misericórdia desencandeia
Fazendo que o doente fique sadio

Do escuro se distingue melhor a luz
É preciso que a água seja fervida
É preciso que a prata seja fundida

O alívio é privilégio de quem tem cruz
Na fé a nossa dor será arrefecida
Da semente que morre é que nasce a vida

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