"Meu bem é para mim
um ramalhete de mirra,
que repousa entre meus
seios."(Ct, 1.13)
um ramalhete de mirra,
que repousa entre meus
seios."(Ct, 1.13)
Inocente e puro
Como um serafim*,
Encontrei amor
Em gentil menina;
Bem feliz eu posso
Te dizer, enfim:
"Como é bom te amar,
Minha estrela alpina*!"
E chegou a noite
Pra cobrir a terra,
Com seu manto negro
Sem nenhum luar;
Um segredo afável
A minh'alma encerra:
"Tem razão a vida,
Se eu puder te amar!"
Meu olhar se encanta
Com real candura,
Eu te vejo em graça,
Qual do lírio o odor;
Com beleza tanta
E com tal doçura,
Eu queria, apenas,
Ser teu beija-flor.
Ser teu beija-flor
- Servo pequenino -
Pra, com jeito, dar
Afeições às pétalas...
E da flor mais bela
Ganharia um mimo...
E teria o gosto
De sugar teu néctar*.
A minh'alma, agora,
Já prevê descanso
No jardim sereno
Do oriental Sinear*...
Foi tu'alma amiga
Meu maior remanso*,
Onde eu fiz meu ninho
Para eu morar...
De emoção sobeja*,
Soluçar no peito,
Qual saudoso canto
De gentil jaó*...
Este ninho meu
É o sonhado leito...
Estarei feliz
Eu contigo só...
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ÚLTIMO OLHAR
"Tu me fazes delirar com um só
dos teus olhares."(Ct, 4.9)
dos teus olhares."(Ct, 4.9)
Ó flor mimosa de pele clara,
De andar gracioso e espírito ardente,
Vejo-te sempre ao cair da tarde,
Na mesma hora do sol poente.
Caminhas, meiga, pela calçada,
Levando afeto no coração;
Queria ser companheiro amigo
Pra dissipar tua solidão.
Carregas tanto, tanto pudor,
Que a elegância te é um presente;
Ninguém percebe que estás passando,
Mas eu, parado, te vejo sempre.
Muito tranquila, só na aparência,
Pela calçada vais caminhando;
Leva o destino ao lado oposto
A doce musa que está amando.
Quando aproximas daquela esquina,
Com ansiedade queres voltar;
Contendo o impulso, ao dobrar a rua,
Volves pra dar o último olhar.
Jamais me esqueço daqueles olhos,
Que bem me olharam em fugaz momento;
Ali, parado, fico sonhando,
Sem perceber que foste com o vento.
E vais descendo ladeira abaixo,
No rumo triste da solidão...
Tanto queria conter-te a lágrima
Pra não molhardes teu lenço em vão.
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Vocabulário do poeta:
Estrela Alpina: Nome de uma flor da cadeia de montanhas dos Alpes,
situada na Europa.
Jaó: Pássaro de canto nosstálgico.
Néctar: Suco adocicado de algumas plantas. Bebida dos deuses.
Fig.: Delícia, encanto, refrigério.
Remanso: Descanso, quietude, sossego, tranquilidade.
Serafim: Anjo da primeira hierarquia celeste.
Sinear: Região da antiga Caldeia (Oriente Médio).
Sobejo: Demasiado, excessivo, em demasia.
situada na Europa.
Jaó: Pássaro de canto nosstálgico.
Néctar: Suco adocicado de algumas plantas. Bebida dos deuses.
Fig.: Delícia, encanto, refrigério.
Remanso: Descanso, quietude, sossego, tranquilidade.
Serafim: Anjo da primeira hierarquia celeste.
Sinear: Região da antiga Caldeia (Oriente Médio).
Sobejo: Demasiado, excessivo, em demasia.
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Fonte:
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas.
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas.
Londrina/PR: Ed. Altha Print, 2005.
Livro enviado pelo autor.
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