sábado, 1 de maio de 2021

Caldeirão Poético XLIV


Isabel Furini

(Curitiba/PR)

BATALHA POÉTICA


Árduo o trabalho do poeta...
Em luta quase infinita,
mas sua tarefa acarreta
uma vivência bendita.

Pelas letras têm paixão,
pelas palavras transita.
Quando ele sente aflição
o seu coração palpita.

Quer alimentar sua alma
com a mais pura poesia.
Quando perde a sua calma

trabalha com euforia,
preservando a nobre chama
que poetiza a cada dia.
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Pedro Bezerra de Araújo
(Caxias/MA)

CAMINHAR, ERRAR, PERDOAR


Na caminhada da vida,
Que todos nós temos feito,
Tantas e quantas besteiras,
Que pra falar não há jeito.

Nesta dinâmica esteira,
Surgem defeitos certeiros;
Bem em nós, quando nos outros,
Logo, chamamos rejeitos.

Mas, ao crescer, percebemos
Contentamento não há,
Se o outro não entendermos,

Perdoar, não acusar,
Reconhecer, sim, que errar
Só faz o bem triunfar.
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Frei Francisco Lopes Neto, OFMCap*
(São Pedro do Piauí/PI)

CÂNTICOS, 6


Dez segundos, te vi ó Amado
Por iguais dez minutos perdi-te
Dez mil vezes meu ser procurou-te
Por dez vezes agora, achei-te!

Às dez horas desceste ao jardim
De açucenas e bálsamos, fontes.
Ó Pastor dos meus vales e montes!
Sou do Amado e Ele é pra mim.

Sem defeito, qual pomba a voar
Tal rebanhos às fontes, és Tu
Das romãs és botão sem par

Como a aurora avanças, quem és?
Como a lua e o sol, o esquadrão ...
És o Amor, do diadema aos pés!
__________________________
*OFM Cap – Ordem dos Frades Menores Capuchinhos
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José Valdivino de Carvalho
(Água Verde/Pacatuba/CE)

CARMELITAS


Ei-las à sombra calma do convento,
faces veladas, corações em prece,
povoando de Deus o pensamento
ao silêncio cristão de quem padece.

Visse-as alguém assim, talvez dissessem
viverem só de dor e desalento,
na saudade mortal que não esquece
do mundo desprezado, o encantamento.

Mas como é pura a vida dessas santas!
Como os cilícios e o sofrer não prezam!
Consolo da oração, como as encantas!

Heroínas de Deus, a dor não medem.
Vivem rezando pelos que não rezam,
Pedem contritas pelos que não pedem!
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Edir Pina de Barros
(Brasília/DF)

CONFISSÕES


De nada nos valeu a despedida,
as lágrimas, o beijo, o forte abraço,
as confissões de mágoas, de cansaço
das noites sem dormir, da paz perdida.

Nossa intenção tornou-se desvalida,
porque resiste o amor, persiste o laço,
tornando-se mais forte do que o aço,
que a um novo enlace sempre nos convida.

Ah se eu pudera, sim, te esqueceria,
para acabar de vez com essa agonia,
esse febril estado de desejo.

Mas cá estamos nós de novo juntos,
os lábios mudos, sem quaisquer assuntos,
a tremular na súplica de um beijo.

Fonte:
Luciano Dídimo (org.). 100 sonetos de 100 poetas.
Fortaleza/CE: Expressão Gráfica e Ed., 2019.

Um comentário:

Isabel Furini disse...

Grata pela divulgação de meu poema, José Feldman.