quinta-feira, 13 de maio de 2021

Carolina Ramos (Poemas Escolhidos) 13

LONGE

"Longe é um lugar que não existe" (Richard Bach)

Ante a força do amor.., a distância inexiste!
O longe é o tal lugar, sem sol, que não existe
para alguém, confiante, à espera de outro alguém!
Quem sente o coração pulsar de amor, no peito,
bem sabe o que é sonhar e entende esse preceito
que o poeta, em seu verso, explica muito bem!

Longe!... Estranho lugar... Tão triste se existisse!
Bendito seja o amor, que anula essa crendice
de que a distância é algoz e afasta enamorados!
Quem ama tem o amado, em qualquer tempo, perto!
E todo instante é o instante ansiado e sempre certo,
que une dois corações, num só... se apaixonados!

Mesmo a enfrentar a dor de uma cruel partida...
partida que se estenda a extremos do além vida,
o abraço da saudade a nos ligar insiste!
E a força da ternura deste abraço traz
uma força que acalma,,, e concordar nos faz
que esse Longe é um lugar… que, afinal, não existe!
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CORDA AFINADA

Meu coração, tu sempre foste amigo,
nas horas de alegria ou de amargura,
a dividir as emoções comigo,
a pulsar no meu peito com ternura!

E agora sabes, meu viver eu ligo
a uma corda bem frágil, mal segura!
Caso eu não possa mais contar contigo,
largo a corda e... me espera a sepultura!

Sacode a inércia que ao teu sono alenta…
Reage, coração! Pulsa! Desperta!
Se não consegues... pelo menos, tenta!

Torna a afinar as cordas, "meu violão"...
pois para quem o ritmo e o tom acerta,
a vida há de ser sempre uma canção!
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ROTA FINAL

Há de chegar a minha vez! Um dia,
o Supremo Juiz hei de enfrentar,
E minha alma, de mágoas não vazia,
dos passos dados, contas há de dar.

Se pela vida, às vezes, maltratada,
sorri, bebendo o pranto que chorei,
também amei... e muito fui amada!
E tanto amada fui, o quanto amei!

Não importa o que diga a inveja fria,
que meus passos procura macular,
minha alma se reflete na Poesia,
exposta à luz, sem véus e sem corar.

A Deus entregarei, humildemente,
erros e acertos, glórias e cansaços!
E, na certeza de ter sido gente,
me atirarei, confiante, nos Seus braços!
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PAZ

Eu quero a Paz de amar a toda a gente...
de ter leais amigos e, amplamente,
poder cantar e não sentir vergonha
por ver ao meu redor o amargo tédio
dos sonhos, que agonizam, sem remédio,
no pranto que se esconde numa fronha!

Não quero a Paz do ilhado que, em si mesmo,
enterra o espinho recolhido a esmo...
nem quero a Paz das dúvidas caladas!
Desdenho a Paz cruel feita de medos,
que amarra pulsos... tranca em vis segredos
os anseios das almas conformadas!

Quero a Paz conquistada a todo instante!
A Paz estímulo que diz: – Avante!
Não a Paz das renúncias doloridas...
Paz da omissão covarde que se oculta
no rictus de um sorriso, Paz que insulta
os passos sem porquês de tantas vidas!

Não quero a Paz, tristonha e silenciosa,
da derradeira pétala da rosa
que entregue à brisa, sem destino, seca.
Eu quero a verde Paz das verdes folhas,
que sombra distribuem, sem escolhas,
ao pobre, ao rico, ao justo... e ao que mais peca!

Desejo a Paz do mar que beija a areia...
A Paz de crer que a vida não é feia!...
A doce Paz, com gosto de esperanças,
que se partilha e jovialmente rola
de mão em mão - qual colorida bola
de um irrequieto jogo de crianças!

Anseio a Paz serena do poeta!
Utópica e total! A Paz completa
que vai além da vida, sem ser morte.
A Paz que desconhece desenganos,
que valoriza os méritos humanos
e ao trabalho enobrece e dá suporte!

Paz de crer que o Amanhã ainda existe!
E que o mundo é feliz... e não mais triste,
o irmão abraça o irmão, fraternalmente!
A Paz fruto do Ideal, o mais sagrado,
de ver o mundo inteiro congraçado:
- a PAZ feita de AMOR... de AMOR, somente!...
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Prêmio Literário Internazionale "Nova Sociale"
Medaglia di Mérito Internazíonale - Poesia "PAZ"
Conferisce alla Poetissa Carolina Ramos - Santos - SP - Brasile
Nocera Superiore - Salermo - ITÁLIA - 03/10/2010
Versão livre, para o idioma italiano, de Giuliana Russo


Fonte:
Carolina Ramos. Destino: poesias. São Paulo: EditorAção, 2011.
Livro enviado pela poetisa.

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