quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Jaqueline Machado (Isadora de Pampa e Bahia) – Capitulo 24: Questionamentos, Amor e Maçãs

Isadora, belamente vestida com um esvoaçante vestido branco, sentada debaixo de seu Ipê amarelo que ficava ao lado da casa, admirando as borboletas que bailavam ao seu redor, se perdeu em reflexões sobre os paradoxos da vida...

“A vida é uma mulher cujo essência chama-se mistério. Ela é poderosa, simples, e ao mesmo tempo, caprichosa... Em meio a belos jardins, de flores e doces frutos, surgem serpentes, e o sonho da existência, de repente, vira pesadelo. E nos força a viver de apelos, campanhas por dias melhores..." 

Mas todos os dias deveriam ser bons. Caso contrário, qual seria o sentido dos desejos que brotam espontaneamente dentro da gente, assim, inocentemente, quase sem querer? Mas o ser humano é parte de tudo isso. Fruto extraído dessa mulher poderosa. Ela é esposa de Deus. Sim, porque Ele é masculino. E suas feições não são encontradas nas pétalas das flores, todavia, o espírito das feições femininas existentes no mundo é sua companheira de missão.    

Ai, esses pensamentos que me vêm não sei de onde, descoordenadamente me perturbam. Será que sou louca? Não. Não sou. Os loucos não possuem consciência de suas insanidades mentais. Mas minha alma precisa entender o porquê do bem e do mal. Se o bem fala sobre o que é certo, por que tenho que deixar o amor verdadeiro para unir-me ao amor que é de mentira? 

Nesse momento, seus questionamentos são interrompidos pela voz amorosa de Genuíno:

- Isadora...

Ela se move com agilidade olhando para trás.

- O que fazes aqui? 

- Desculpa, prenda! Tinha que te ver. Ficamos de dar continuidade à nossa conversa.

- Sim. Mas não aqui...

- Se ofereço riscos à tua paz, posso ir embora. 

- Não. Só as mulheres estão em casa. Senta aqui comigo.

Eles ficam frente a frente, e antes que a coragem se esvaísse de suas veias, Isadora disparou:

- Vou me casar com outro.

- Mentira - disse Genuíno meio sem saber o que pensar...

- Verdade. Tenho um noivo. Não o amo, mas infelizmente sou obrigada a casar com ele. 

- Por quê? O que posso fazer para livrar-te dessa situação sem sentido? 

- Nada.

- O que te prende a essa pessoa? 

Isadora faz as revelações e, aos prantos, eles se abraçam. 

Depois de um longo abraço, e de deixarem, o pranto rolar, trocam um beijo cheio de sentimentos... 

Num impulso Genuíno puxou Isadora pela mão.

- Onde vamos? - perguntou ela.

- Vamos terminar o que iniciamos debaixo daquele doce pé de macieira. 

- Queria eu, ser um homem branco, fazendeiro, para livrar-te desta situação – disse ele acariciando a face de sua amada, olhando profundamente em seus olhos ao retornarem ao local do primeiro encontro.

- Tu és perfeito. Um sonho de ser humano.

- Tu que és uma flor de perfeição. Estás a fazer um grande sacrifício por honra e amor à tua mãe. Isso é muito nobre. 

- Eu te amo tanto...

- Eu também. E já que não podemos ficar juntos, quero te amar pelo menos uma vez para levar junto de mim a lembrança de teus carinhos, de teu sabor, de teu perfume...

- Sinto o mesmo desejo, mas temo, sem querer, estar me comportando de forma desonrosa como meu pai.

- Não há desonra alguma em se entregar por amor. Teu pai, sim, desonra, não apenas a família, mas todas as outras mulheres que são usadas por ele. Não sinta raiva delas. Elas também são vítimas de uma sociedade hipócrita. E em sua maioria, não são felizes. Nem teu corpo nem tua alma pertencerão a esse tal de Fábio. Somos um do outro. Para sempre...

A natureza, protetora dos amantes, preparou o cenário para que o amor pudesse acontecer... 

O entardecer se aproximou de mansinho pintando um céu de horizonte rosado e fundo vermelho paixão! Vermelho coração... 

Com elegância, o sol se debruçou sobre a terra reverenciando e consagrando o amor daquele casal perfeito. Os pássaros não querendo atrapalhar, se recolherem em seus ninhos. E assim, em meio a toda aquela beleza, sentindo o cheiro das maçãs, Genuíno e Isadora, sem medos, sem preconceitos, sem pensar no depois, se entregaram ao amor... 
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continua…

Fonte: Texto enviado pela autora

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