quarta-feira, 5 de junho de 2019

Ryoki Inoue (Tendências de mercado) Parte 1


Já no instante em que um escritor se propõe a escrever um romance best-seller, ele deve se preocupar com as tendências de mercado, ou seja, com o tipo de leitura que está sendo sucesso.

POR DENTRO DO LIVRO

Em resumo, o autor deve correr atrás da demanda. Assim, é importante que ele conheça:

• As temáticas atuais
• Tamanho do livro
• A tendência da linguagem a ser utilizada
• A morfologia do livro
• A tiragem
• O preço
• A distribuição
• As temáticas atuais

Lembro que estamos pondo em pauta apenas livros de ficção. Isso quer dizer que discutiremos apenas as temáticas para romances, novelas e contos. Assim, as seguintes temáticas têm, ultimamente, despertado o interesse do público — e consequentemente dos editores:

• Problemas de esfera social
• Aventuras de modo geral
• Problemas de esfera psicológica
• Temáticas para leitura de lazer
• Assuntos místicos e esotéricos
• Infantis e infanto juvenis1

PROBLEMAS DE ESFERA SOCIAL

Neste item estão incluídos os romances de tema policial, político, político-policial, dramas que abarcam os problemas de distribuição de renda e cultura, conflitos que envolvem as religiões, sua aceitação e papel na sociedade.

Pertencem a esta classe de romances aqueles que falam do amor, mesmo porque podemos dizer que a base maior de qualquer sociedade — para desespero dos sociólogos teóricos — é realmente o amor. Logo, não há nada mais social do que o amor...

Também estão incluídos os romances de ficção histórica e todos aqueles cujos temas dizem respeito à relação do homem com o meio ambiente, com seus semelhantes e com ele mesmo — desde que convivendo em sociedade.

Estamos falando das tendências de mercado atuais. Isso não quer dizer — que fique bem claro — que estejamos obrigados a produzir romances sobre a atualidade. Podemos, é evidente, localizar nossa história em qualquer parte do tempo, passado, presente e até mesmo futuro. O que importa é que consigamos focar nosso texto em problemas da sociedade na época em que acontece a nossa história, e de preferência de uma forma tal que seja possível ao leitor relacioná-los com os problemas e conflitos vivenciados nos dias de hoje.

AVENTURAS DE MODO GERAL


Aqui devem ser incluídos os romances que falam única e exclusivamente de aventuras inventadas. Que só aconteceram na cabeça do autor.

Segundo Vladimir Propp, etnólogo soviético e um dos maiores estudiosos da fábula (por definição, toda e qualquer narrativa fantasiosa, portanto o melhor sinônimo para ficção), ela é composta por trinta situações, muito embora diversas fábulas tenham apenas parte delas. O importante é notar que a sequência dessas situações se repete sempre.

Com o devido respeito ao ilustríssimo Propp, achamos por bem reduzir um pouco essa lista de situações; depois de muito enxugar, chegamos à conclusão que o núcleo das fábulas pode ser composto por nove situações, que se repetem em qualquer história de aventura:

• A temporalidade é no passado
• Alguém infringe uma regra
• Alguém descobre essa infração
• Surge o herói
• O infrator é perseguido
• Acontece uma luta entre o herói e o infrator
• O herói apanha o infrator
• O infrator é punido
• O herói é premiado

Os livros modernos de aventura — especialmente os infantojuvenis — encaixam-se perfeitamente nessa matriz, ainda que as infinitas variações os levem a ser completamente diferentes uns dos outros. E, na realidade, a coisa não é nem um pouco diferente nos livros de aventuras para os adultos... Basta ver as obras de James Clavell (Changi é um ótimo exemplo), ou as de Somerset Maugham (Histórias dos mares do sul, O fio da navalha).

continua…


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