segunda-feira, 17 de junho de 2019

Irmãos Grimm (A morte da franguinha)


Certa vez, a franguinha foi com o franguinho até a colina das nogueiras, tendo-se comprometido, no caso de achar um miolo de noz, a reparti-lo entre ambos.

A franguinha achou uma noz grande, grande, mas não disse nada, pois pretendia comê-la sozinha. Mas o miolo era tão grosso que não conseguiu passar pela sua goela, ficando entalado, sem subir nem descer, e ela, com medo de morrer sufocada, gritou:

- Franguinho, por favor, corre o mais depressa possível e traze-me um pouco de água, se não morrerei sufocada.

O franguinho correu o mais rapidamente possível à fonte, dizendo:

- Fonte, dá-me um pouco de água; a franguinha lá na colina das nozes engoliu uma noz muito grossa e está sufocando.

A fonte respondeu:

– Corre, primeiro, à casa da noiva e pede-lhe um fio de seda vermelha.

O franguinho foi correndo à casa da noiva:

– Noiva, dá-me um fio de seda vermelha; a seda é para dar à fonte, a fonte tem que me dar água, à água tenho que levar para a franguinha que, lá na colina das nogueiras, engoliu uma noz muito grossa e está para morrer sufocada.

A noiva disse:

– Corre primeiro a buscar meu rosário, que ficou preso num galho do salgueiro.

O franguinho correu até ao salgueiro, pegou o rosário e levou-o à noiva; em troca, a noiva deu-lhe a seda vermelha, que ele levou à fonte, que, em troca, lhe deu a água. Aí o franguinho correu a levar a água para a franguinha, mas, quando chegou lá, a franguinha já tinha morrido sufocada e estava espichada, dura no chão. guinho ficou tão desolado que se pôs a berrar e a chorar; então, vieram todos os animais e choraram a morte da franguinha. Seis camundongos construíram um pequeno carro a fim de transportá-la para o enterro; e, quando o carro ficou pronto, atrelaram-se por si mesmos, enquanto o franguinho subia à boleia para conduzir.

No caminho, encontraram a raposa, que perguntou:

– Aonde vais, franguinho?

– Vou enterrar a minha franguinha.

– Posso ir junto?

- Sim, mas por favor, senta atrás, porque na frente, os meus cavalos podem se assustar!

A raposa subiu ao carro e sentou-se atrás, depois subiram também o lobo, o veado, o leão e todos os demais bichos da floresta. E assim, todos juntos, prosseguiram a viagem até chegar à margem de um regato.

– Como faremos para o atravessar? - perguntou o franguinho.

Na margem do regato, estava uma palha, que se prontificou:

– Coloco-me de atravessado de uma a outra margem, assim podereis passar por cima de mim.

Mas, quando os seis camundongos subiram na ponte, a palha escorregou e caiu dentro do regato e com ela caíram, também, os seis camundongos, que morreram afogados.

Estavam novamente atrapalhados; nisso chegou um tição e disse:

– Eu sou bastante grosso, vou me colocar de atravessado e podeis passar por cima de mim.

O tição colocou-se de atravessado sobre a água, mas a água, infelizmente, esbarrou nele, que chiou um pouquinho e, pronto, estava morto.

À vista disso, uma pedra ficou com dó e se prontificou a ajudá-los, deitando-se por cima da água. Agora era o franguinho quem puxava o carro; e quando tinha passado e estava na margem oposta com a sua franguinha morta, quis puxar, também, os outros companheiros sentados atrás, os quais eram muitos; então, o carro tombou, despejando todos de roldão dentro da água onde se afogaram.

Assim o franguinho ficou, novamente, só com a franguinha morta; cavou por aí mesmo uma sepultura e enterrou-a, erguendo-lhe um mausoléu; acocorou-se em cima dele, chorando tristemente, e tanto chorou que acabou por morrer também. Com isso morreu todo mundo.

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