Certo sujeito simplório seguia por uma estrada, arrastando seu asno atrás de si pelo cabresto, quando um par de malandros o viu.
Um disse ao outro: “Vou tomar o asno daquele camarada.”
Perguntou o outro: “Como irás fazê-lo?”
“Segue-me e verás,” respondeu o primeiro.
O gatuno foi até junto do asno, desprendeu-o do cabresto e entregou-o ao companheiro. Depois passou o cabresto pelo seu próprio pescoço e seguiu o João Bobo até ver que o companheiro tinha sumido com o asno e então, parou.
O simplório puxou o cabresto, mas o patife não se mexeu. O burriqueiro virou-se e, vendo o cabresto no pescoço de um homem, perguntou: “Quem és tu?”
Respondeu o tratante: “Sou teu asno, e minha história é espantosa. Sabe que eu tenho uma velha mãezinha muito piedosa e, um dia, cheguei junto a ela muito embriagado.
Ela me disse: “Ó meu filho, arrepende-te ante o Altíssimo por esses teus pecados.”
Mas eu tomei meu bordão e bati-lhe, e ela me amaldiçoou, e me transformou num asno e fez-me cair em tuas mãos. Contudo, hoje, minha mãe lembrou-se de mim e seu coração ansiou por mim; e ela me perdoou ante o Altíssimo, e o Senhor restituiu-me minha forma antiga entre os filhos de Adão.”
Gritou o simplório: “Não há Majestade e não há Poder senão em Alá, o Glorioso, o Onipotente! Com Alá sobre ti, ó meu irmão, perdoa-me o que tenho feito contigo, montando em ti, e tudo o mais.”
Então, o simplório deixou o patife ir embora e voltou para casa, bêbado de pesar e inquieto, como se tivesse tomado vinho.
Sua mulher perguntou-lhe: “Que te incomoda, e onde está o jumento?”
“Não sabes o que era aquele jumento; mas eu te contarei,” respondeu ele. Contou-lhe a história toda.
A mulher exclamou: “Ó, ai de nós, ai de nós pela punição que receberemos do Todo- Poderoso! Como pudemos usar um homem como uma besta de carga, durante todo esse tempo?”
E deu esmolas, e fez penitência, e suplicou o perdão dos Céus. O homem ficou algum tempo em casa, ocioso e inútil, até que a mulher lhe disse: “Por quanto tempo vais ficar sentado em casa, sem fazer nada? Vai ao mercado, compra-nos outro asno e vai fazer teu trabalho com ele.”
Então, ele foi ao mercado, parou junto ao local de venda de asnos, e lá viu seu próprio animal exposto à venda. Aproximou-se dele e, encostando a boca ao seu ouvido, disse-lhe: “Pobre de ti, que nunca procedes bem. Com certeza andaste bebendo novamente e batendo em tua mãe. Mas, por Alá, nunca mais te comprarei.”
E deixou-o ali e foi-se embora.
Um disse ao outro: “Vou tomar o asno daquele camarada.”
Perguntou o outro: “Como irás fazê-lo?”
“Segue-me e verás,” respondeu o primeiro.
O gatuno foi até junto do asno, desprendeu-o do cabresto e entregou-o ao companheiro. Depois passou o cabresto pelo seu próprio pescoço e seguiu o João Bobo até ver que o companheiro tinha sumido com o asno e então, parou.
O simplório puxou o cabresto, mas o patife não se mexeu. O burriqueiro virou-se e, vendo o cabresto no pescoço de um homem, perguntou: “Quem és tu?”
Respondeu o tratante: “Sou teu asno, e minha história é espantosa. Sabe que eu tenho uma velha mãezinha muito piedosa e, um dia, cheguei junto a ela muito embriagado.
Ela me disse: “Ó meu filho, arrepende-te ante o Altíssimo por esses teus pecados.”
Mas eu tomei meu bordão e bati-lhe, e ela me amaldiçoou, e me transformou num asno e fez-me cair em tuas mãos. Contudo, hoje, minha mãe lembrou-se de mim e seu coração ansiou por mim; e ela me perdoou ante o Altíssimo, e o Senhor restituiu-me minha forma antiga entre os filhos de Adão.”
Gritou o simplório: “Não há Majestade e não há Poder senão em Alá, o Glorioso, o Onipotente! Com Alá sobre ti, ó meu irmão, perdoa-me o que tenho feito contigo, montando em ti, e tudo o mais.”
Então, o simplório deixou o patife ir embora e voltou para casa, bêbado de pesar e inquieto, como se tivesse tomado vinho.
Sua mulher perguntou-lhe: “Que te incomoda, e onde está o jumento?”
“Não sabes o que era aquele jumento; mas eu te contarei,” respondeu ele. Contou-lhe a história toda.
A mulher exclamou: “Ó, ai de nós, ai de nós pela punição que receberemos do Todo- Poderoso! Como pudemos usar um homem como uma besta de carga, durante todo esse tempo?”
E deu esmolas, e fez penitência, e suplicou o perdão dos Céus. O homem ficou algum tempo em casa, ocioso e inútil, até que a mulher lhe disse: “Por quanto tempo vais ficar sentado em casa, sem fazer nada? Vai ao mercado, compra-nos outro asno e vai fazer teu trabalho com ele.”
Então, ele foi ao mercado, parou junto ao local de venda de asnos, e lá viu seu próprio animal exposto à venda. Aproximou-se dele e, encostando a boca ao seu ouvido, disse-lhe: “Pobre de ti, que nunca procedes bem. Com certeza andaste bebendo novamente e batendo em tua mãe. Mas, por Alá, nunca mais te comprarei.”
E deixou-o ali e foi-se embora.
Fonte: As Mil e uma noites. (tradução de Mansour Chalita). Publicadas originalmente desde o século IX. Disponível em Domínio Público.
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