quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Estante de Livros (“Uma lágrima de muher”, de Aluísio de Azevedo)


Uma lágrima de mulher (1880), novela de estreia de Aluísio Azevedo, apresenta a faceta romântica desse autor responsável pela introdução do Naturalismo no Brasil.

A narrativa constitui-se com estrutura de folhetim. O leitor acompanhará a desventura amorosa de Miguel, jovem de origem humilde que não mede esforços para unir-se à Rosalina. Com expressiva carga de emotividade e em estilo adjetivado, a ideia de que a infelicidade está associada à soberba e de que o excesso de dinheiro gera a corrupção dos princípios morais firma-se como principal advertência nesse relato que antecipa alguns dos temas explorados no romance realista.

O relacionamento não é bem aceito pelo pai de Rosalina e eles se separam. Parece que o risco da morte e nem mesmo a distância, são obstáculos suficientes para impedir o coração apaixonado de Miguel, em busca de rever sua amada. Mas será que, caso se reencontrem, ainda haverá amor correspondido?

RESUMO
O romance narra a história dos amigos italianos Miguel e Rosalina, que viveram desde a infância em uma pequena comunidade de pescadores chamada Lipari. Rosalina morava com o pai Maffei, a velha Ângela e o cão Castor em uma casinha branca. Miguel era um vagabundo abandonado a sorte, seus pais já tinham partido desta vida e nenhuma fortuna deixou a ou pupilo senão uma rabeca e o dom de tocá-la.

O velho Maffei tendo a filha moça já feita partira em busca de fazer fortuna e a deixara sob os cuidados de Ângela. Mal sabia o desgraçado que a menina tomaria por namorado Miguel, o moço fazia composições à namorada e lhe declarava ao som da rabeca nos finais de tarde. Assim decorreram dois anos de ausência e de namoro, até o retorno do velho pescador que logo fez romper o romance que reprovou assim quando soube. Rosalina rapidamente escreveu ao amado sobre o fim do romance e a partida para Nápoles que se daria em breve, no mesmo papel pedia um encontro para dar-lhe adeus.

Findando a tarde os enamorados se encontraram bem próximos à casinha branca, tomados pelo choro misturados a leves e confusos sorrisos sentiram seus lábio uma atração que somente os que amam sentem e o beijo se fez. Mas logo se desfez com a invasão da luz vermelha da lanterna manobrada por Maffei, este fez o jovem casal o acompanhar até a casinha, Miguel levava a amada nos braços desfalecida e ao chegar a deitou em seus aposentos, em seguida acompanhou o velho para fora da casa e próximo a um penhasco que desabava no mar. Lá travaram uma luta como duas feras lutando por sobrevivência, até que o mais forte viu rolar no precipício o corpo do jovem músico. Após o regresso da luta, raiado o dia o velho partiu com a família deixando pra trás o cão e uma casinha banca agora tomada por fogo e por cinzas.

A jovem saiu do campo e foi apresentada a uma vida de luxo, já não mais vestia, comia e falava como antes. Aprendeu a ser uma senhora, que vivia e se apropriara dos altos salões. Esquecera, durante os quatro anos, que um dia sofreu com a morte do jovem Miguel. Até que um dia saiu atordoada do salão de sua elegante casa e foi para seu aposento, estendendo um lenço de renda na janela e lembrando a figura do tocador de rabeca.

O que sucedeu na noite da batalha viria a perturbar o futuro. Miguel havia sobrevivido ao acidente e logo amanheceu já estava em terra firme, resistira ao mar e se pôs a caminhar até a casinha branca, onde não encontrou muito além de cinzas e o pobre Castor, com quem compartilhou de sua desgraça. O tempo e a necessidade o fizeram mestre de quatro pupilos, meninos que ficaram inconformados com o dia em que Miguel avisou a partida em busca da amada. Soubera que a fidalga estava prometida a um nobre.

Miguel recebeu a parte em dinheiro que lhe era direito por o tempo de serviço e partiu com o pescador Sombra da Noite, o velho conhecia a vida de ostentação que Maffei mantinha, bem como a estrutura da elegante mansão em Nápoles. Partiu com eles o dócil companheiro Castor. Lá chegando logo se dirigiram a tal residência donde no salão os pares bailavam, Miguel fez um caminho indicado pelo seu guia e se dispôs a tocar a rabeca em frete a janela do quarto da amada, até que o músico não correspondido voltou aos navegantes, para o lugar onde estavam hospedados.

Logo recomendou à Sombra da Noite que entregasse um bilhete marcando encontro com Rosalina. A grande noite chegou e o lencinho de renda francesa foi posto à janela como sinalização a entrada do amante. Os dois estremeceram, Rosalina estava mudada e superficial, dizia ser o pai único culpado de sua sorte e Miguel partiu com essa informação e uma idéia a ser materializada.

Um sábado a noite a casa de Maffei estava esplêndida, era aniversário de Rosalina, as portas se escancaravam ao público. O moço tocador de rabeca estava no jardim como um bicho que fareja sua presa e lá estava: o velho fidalgo sentado em um banco se afastara do barulho de salão. Miguel de pronto o surpreendeu, e o sugou a vida roubando-lhe o ar. Ao amanhecer um dos funcionários deu conta do corpo estirado ao jardim…Sucederam dias de pesar e tristeza, logo suplantados pelo casamento da moça com o nobre a que estava destinada, assim teria a manutenção da vida que já tinha se habituado nas altas camadas da sociedade. Quanto ao seu matrimônio, o noivo dava-se por satisfeito por ter acesso a herança, enquanto a esposa se prostituía com os amantes que saltavam sua janela nas noites.

Até que um dia o esperançoso Miguel deu seu salto, agora não tendo mais o velho Maffei a jovem voltaria para seus braços e partiriam para a pacata colônia. Porém não tinha o músico notícias da vida da amada. Rosalina ficou surpresa, mas logo criou lamúrias e falseou a má sorte que a assolara. Não tendo mais o que criar, apontou ao amante um pequeno copo que estava em que quarto e informou que nele não mais havia veneno porque ela mesma o tomou e que em instantes partiria de seu infortúnio. E assim dramatizou, como que dá adeus ao mundo dos vivos. Miguel chorava junto ao corpo da amante até que se pôs junto dela e silenciou. Rosalina, incomodada com a situação e a insistência suscitou a vida e indagou ao amante se ele não partiria, mas o silêncio persistiu. Miguel estava morto. Pela primeira vez rolou uma lágrima pura e feminina, de quem pela primeira vez amava, agora a um cadáver. Foi assim que naquela face escorreu uma lágrima de mulher!

Fontes:
AMAZON
Resumo de ReginaMSChaves

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