sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.33)


Trova do Dia

Vendo o orvalho na campina,
enfeitando a madrugada,
pude ver a mão divina
sobre a noite enluarada...
J. B. XAVIER/SP

Trova Potiguar

Dela sempre eu ouço os passos,
audíveis só para mim;
cai de repente em meus braços,
sinto o gosto do carmim.
MANOEL DANTAS/RN

Uma Trova Premiada

2007 > UBT-Natal/RN
Tema > DESTINO > Menção Honrosa

Que não me julguem culpado
por não achar a saída...
meu destino está traçado,
nos labirintos da vida!
FRANCISCO JOSÉ PESSOA/CE

Uma Poesia livre

MARIZE CASTRO/RN
SETA

Atrás do amor, um tentáculo.
Um túmulo. Uma sede de flor e sol.
Retorno para a menina que grita:
— Horror! Horror! Horror!
Mostro-lhe a seta que me acertou.
Coloco seu rosto entre minhas mãos
— e lanço-me.

Uma Trova de Ademar

A floresta vem sofrendo
cortes profundos no peito...
Tal qual rio que está vendo
jogarem lixo em seu leito...
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram:

Ao arrancar-te do peito,
tristonho, mas consciente,
eu conquistei o direito
de ser feliz novamente.
MARISOL ARAGÃO/RJ

Estrofe do Dia

O meu sonho sempre voa
nas asas que o verso cria;
na minha imaginação
ele cresce e se irradia,
toma beleza e formato
faz um passeio abstrato
e pousa em minha poesia.
ADEMAR MACEDO/RN

Soneto do Dia

EDMAR JAPIASSÚ MAIA/RJ
A REZADEIRA.

Na cancela o cão magro já não late
à passagem da intensa romaria.
Hoje o destino fez mais triste o dia,
na dor da perda que no lar se abate...

Às mazelas do povo ela se via
com ervas e com rezas no combate;
porém não teve a graça do resgate
da saúde que a tantos devolvia...

Quem se doa no amor o Bem espalha...
E aquele frágil corpo, na mortalha,
o humilde lugarejo não despreza.

No último adeus à velha rezadeira,
em gratidão eterna, a vila inteira,
doando o coração, pranteia...e reza!

Fonte:
Ademar Macedo

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Trova 182 - Dinair Leite (Paranavaí/ PR)


Montagem da trova com várias imagens obtidas na internet e modificadas

A. A. de Assis (Lançamento da Revista Virtual Trovia n.131– novembro de 2010)

Trovas do Paraná que estão na Revista
São de cristal ou de barro
nossas vaidades... tão só.
Um baque, um tombo, um esbarro,
e tudo reduz-se a pó...
A. de Assis
Herdou floresta do avô,
“um matuto sem visão”.
E o legado que deixou:
um deserto em erosão!
Eliana Palma
Sobrepujando conflitos
em que o mundo se compraz,
seus braços, ninhos benditos,
são meu refúgio de paz!
Jeanette De Cnop
E’ troca de amor fecundo
a toda mãe concedida:
ela põe vida no mundo,
nela o mundo põe mais vida.
Lucília Decarli
Meu amor da mocidade
foi efêmera ilusão;
dele só resta a saudade,
nas cinzas de uma paixão.
Maurício Friedrich
Viajei pelo mundo inteiro
e nunca mais pude achar
o que no instante primeiro
encontrei em seu olhar.
Olga Agulhon
Tinha coreto na praça,
e ela era alegre e florida...
Quem hoje por ela passa
perde a bolsa... ou perde a vida!
Osvaldo Reis
A Terra, no seu início,
foi palácio verde em flor.
Agora ela é um precipício
de enchentes e dissabor.
Otavio Leite Goetten
Causa-me dupla aflição
ver meu amigo fumar...
Sem respeitar seu pulmão,
o que mais vai respeitar?
Roza de Oliveira
Lembranças, todos nós temos...
mas só vale a pena ter,
quando algo que já vivemos
valeu a pena viver!
Vanda Fagundes Queiroz
O que sei da faculdade,
das viagens e coisas mais
não representa a metade
do que aprendi com meus pais.
Vânia Ennes
A semente adormecida,
a sonhar com benfeitor,
pede terra umedecida
para ser a planta e a flor!
Vidal Idony Stockler
Além destas,

Trovadores Inesquecíveis e suas trovas
Adauto Gondin
Armando Pereira
Américo Falcão
Bastos Tigre
Geraldo Guimarães
Hélio Nogueira
J. G. de Araújo Jorge
José A. Costa
Josué Tabira da Silva
Lindouro Gomes
Orlando Brito
Raul Serrano3
Serafim França
Tobias Barreto

Trovadores do Brasil:
CEARÁ
Francisco Pessoa

ESPIRITO SANTOHumberto Del Maestro

MINAS GERAISConceição Abritta
Conceição de Assis
Eduardo A. O. Toledo
Olympio Coutinho
Thereza Costa Val
Wanda Mourthé

RIO DE JANEIROAgostinho Rodrigues
Edmar Japiassú Maia
Evando Marinho Salim
Evandro Sarmento
Gilvan Carneiro
Jota José
Ma. Madalena Ferreira
Maria Nascimento
Marilu Moreira
Renato Alves
Roberto Acruche

RIO GRANDE DO NORTEAdemar Macedo
Djalma da Mota
Eva Yanni Garcia
Joamir Medeiros
José Lucas de Barros

RIO GRANDE DO SULCarmen Pio
Flávio Stefani
Lisete Johnson
Marisa Vieira Olivaes

SANTA CATARINAAri Santos de Campos
Gislaine Canales

SÃO PAULOAngélica Villela Santos
Carolina Ramos
Darly O. Barros
Divenei Boseli
Ercy Marques de Faria
José Ouverney
Mª Thereza Cavalheiro
Marina Bruna
Mifori
Nilton Manoel
sué de Vargas Ferreira
Selma Patti Spinelli
Sérgio Ferreira da Silva
Terezinha Brisolla
Thalma Tavares

Baixe a Revista em seu computador AQUI

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Fonte:
Colaboração de A. A. de Assis com a Revista Trovia n.131 – novembro de 2010.

Aidenor Aires (Desencantamento)


Feliz é quem se encanta. Descobre nas pequenas coisas um mapa de mistério. Isto faz falta ao mundo. Originalidade. O homem, farto da surpresa, faz tudo igual. Palavra da moda: clone. O leitor já viu no supermercado, as embalagens: uma a cara da outra. Os frangos todos depenadinhos, plastificados, em formação, como se houvessem saído de um mesmo ninho. As flores e jardins, dispostos e podados, tão harmoniosos que não ousam estirar um galhinho atrevido, nem mesmo um despetalar mais afoito. Obedientes à tesoura do jardineiro. É a estética cemiterial dos paisagistas. Dê uma olhada nas avenidas dos condomínios fechados. Lembram logo aléias de cemitérios, bem talhadas aos moradores semi-sepultos, encolhidos, passando mortuários nos carros de vidros escurecidos, quase invisíveis. Espetam aqui um pinheiro exótico, acolá várias palmeiras alienígenas. Vivendas, reclusas, tomam um ar único de túmulos bem cuidados. Parece que paisagistas e arquitetos não olham ao redor, fogem da euforia da flora tropical, e se entregam ao gozo fácil das revistas com cenários artificiais e arvorezinhas importadas.

Dê atenção aos jornais da televisão. Os repórteres esforçam-se para exibir o mesmo design. Cabelo, maquilagem, entonação e voz. Quem se lembra das frutas? Mamões de cinco ou seis quilos. Mangas de cores, tamanhos e sabores surpreendentes. Bananas, então, onde estão as chamadas roxas, santomé, goiabinha, chiadeira, naniquinha, ourinho? Restam três ou quatro tipos, medidas para caber nas embalagens. Laranjas... Já se foram: joão nunes, baiana, fofó, sangue, lisa... Há uma pera, quase sempre seca, e brilhante com um adocicado sabor de agrotóxico. Se as coisas da terra andam assim, o que dizer daquelas que o homem manufaturou? O horror da gastronomia universal, os sanduíches que encobrem em fatias de pão molhos imperscrutáveis e carnes inconfessáveis. Redondos, fofos, melosos de maionese e catchup. Os devoradores ficam na incômoda posição de cachorro que abocanhou osso grande de mais. Vai mordendo, remoendo, lambuzando a cara, respingando em montanhas de papel o rejeito da merenda. Depois empurra o embucho pra dentro, a copos ou litros de cáustico refrigerante. Com o olho na televisão, na mídia, essa gente foi perdendo alguns sentidos, a começar pelo paladar. E as mulheres... Adeus corpinho de violão! O novo estilo é de cabide das grifes de moda. Pegam as mocinhas impúberes, treinam, adestram. Vão adelgaçando, esfiapando até virarem umas garcinhas anoréxicas que enchem as burras dos fotógrafos, dos donos dos desfiles, dos olheiros do mercado de carne magra. Umas já nasceram assim, outras se fizeram assim por amor do ofício. Um dos olheiros, perito em encontrar essas carninhas novas por aí, foi didático, enquanto formava novo plantel:

- Esta é até boa. Podia ser aproveitada. Porém tem um nariz ruim. Seria preciso uma plástica. Mas como a oferta é grande, não vamos perder tempo, vamos escolher quem já tem nariz no jeito.

Fonte:
http://aidenoraires.blogspot.com/

Aidenor Aires (1946)


Aidenor Aires Pereira (Riachão das Neves, 30 de maio de 1946) é poeta brasileiro, radicado em Goiânia. Por sua importância cultural para o estado de Goiás, recebeu o título de "Cidadão Goiano" da Assembleia Legislativa daquele estado, no ano de 2009.

Filho de Wilton Santos e de Valeriana Aires Pereira, após cursar as primeiras letras na cidade natal, mudou-se para Goiânia, onde completou a formação na Escola Técnica Federal. Depois cursou o Liceu de Goiânia e bacharelou-se em Letras pela Universidade Católica de Goiás e, mais tarde, em Direito.

Trabalhou na advocacia e no magistério, quando por concurso integrou o Ministério Público até sua aposentadoria.

Membro da Academia Goiana de Letras e da Academia Goianiense de Letras. Atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.

Por seu livro Reflexões do conflito, de 1970, escrito em parceria com Gabriel Nascente, passou a pertencer ao grupo pós-GEN, ou Novo Grupo de Escritores Novos. Detentor de diversos prêmios de poesia, entre eles, o Fernando Chinaglia de 1978 e o prêmio Bienal Nestlé de Literatura Brasileira de 1986. É um dos fundadores da Academia Goianiense de Letras.

Livros Publicados
Reflexão do Conflito, Goiânia: Departamento Estadual de Cultura de Goiás, 1970;
Itinerário da Aflição, Goiânia: Oriente, 1973. Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos;
Lavra do Insolúvel, Goiânia: Oriente, 1974. Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos;
Rio Interior, Goiânia: Líder, 1977. Prêmio Fernando Chinaglia;
Amaragrei. Brasília: Ipiranga, 1978. 1º lugar no 3º Concurso Nacional de Literatura de Goiás;
Canto do Regresso, Goiânia: Edição do Autor, 1979;
Tuera – elegia carajá, Brasília: Thesaurus, 1980;
Aprendiz de Desencantos, Goiânia: Inigraf, 1982;
Os Deuses são Pássaros do Vento. Goiânia: Cerne, 1984; Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, 1984;
Via Viator. São Paulo, Melhoramentos, 1986. Prêmio Bienal Nestlé.
Na Estação das Aves, 1973;
O Canto do Regresso, 1979;
A Árvore do Energúmeno, contos, 2001; Via Viator, 1986;
O Dia Frágil, 2005; Seleta Poética, antologia, 2005; XV Elegias, 2007;
Seiva Resguardada, tradução, 2007.

Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aidenor_Aires

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.32)


Trova do Dia

Uma idéia, a mais ousada
que em meu peito se escondeu,
deixou minha alma marcada
e mais um sonho morreu!
SÔNIA SOBREIRA/RJ

Trova Potiguar

Quando vens, devagarinho,
junto a mim, cheio de ardor,
o nosso querido ninho,
é palco de um grande amor!
MARIA ANTONIETA BITTENCOURT/RN

Uma Trova Premiada

2001 > Amparo/SP
Tema > PAZ > Vencedora

Embora anseio profundo,
qualquer esperança some:
- não pode haver paz no mundo,
enquanto houver ódio e fome!
CAROLINA RAMOS/SP

Uma Poesia

ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG/RJ
ALUCINAÇÃO

Tentei em vão suavizar a vida,
Tornar mais leve o fardo tão pesado,
Fazer da volta o ponto de partida,
Buscar na ida o amor tão cobiçado!
Eu quis fazer da pauta a partitura
De um canto leve, doce e tão suave,
Cantar a vida com toda a ternura,
Voar em sonhos como uma ave!

Eu quis da luz o raio de esperança
Mas, por castigo, só me veio a treva.
Não me atrevo e guardo na lembrança
O que a serpente aprontou pra Eva...

E desse jeito fico aqui quietinho,
No meu cantinho, bem acompanhado,
Pois não será por falta de carinho
Que comerei a fruta do pecado!

Uma Trova de Ademar

Na massa Deus pôs engodos,
feitos de fé e carinho...
O pão que Deus fez pra todos
não há quem coma sozinho!...
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

O que torna este martírio
mais duro de suportar
é que eu chamo, em meu delírio,
por quem me faz delirar ...
WALDIR NEVES/RJ

Estrofe do Dia

Eu desde muito criança
Que procurei me manter,
Vivendo da cantoria
Para vestir e comer;
Já que ser grande poeta
Lutei, mas não pude ser!
DOMINGOS FONSECA/PI

Um Sonetilho

FRANCISCO MACEDO/RN
ESTRADA DA VIDA

Nossa vida, grande estrada,
cada curva nova opção,
quem prefere a contra-mão,
vai cair numa enrascada...

Se a jornada está pesada,
ponha Deus na “direção”.
Ele é a grande solução
e a certeza da chegada.

Não parar no “acostamento”
que camufla o sofrimento,
seja na volta ou na ida.

Ouça o grande Condutor
e acharás por onde for:
“Caminho, Verdade e Vida”

Fonte:
Ademar Macedo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Eliane Potiguara (Fortalecendo Nossos Sonhos: Mulher, Literatura Indígena e a Paz)

Clique sobre a imagem para ampliar
Poeta, Professora e Ativista, Eliane Potiguara é convidada central para uma palestra sobre “nossas conquistas sociais e políticas enquanto indígenas e mulheres no Brasil, nossos instrumentos jurídicos nacionais e internacionais”.

O seu discurso vai buscar inspiração à sua história e a história das mulheres indígenas no Brasil, cosmovisão, espiritualidade e aspectos literários que, segundo a escritora, vão fortalecendo nossas vidas.

Eliane Potiguara estará em Portugal para um ciclo de palestras, sob o título: Conhecimentos tradicionais e biodiversidades indígenas e etnoculturas brasileiras e defesa do meio ambiente, e a literatura indígena como estratégia de consciencialização para o futuro do planeta.
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Sobre Eliane Potiguara
http://www.elianepotiguara.org.br/

Abílio Pacheco (Escritor, Por Quê?)


Em Como e porque sou romancista, José de Alencar tenta responder denotativamente a pergunta que tantas vezes se faz aos autores. A maioria dos escritores parece dar respostas metafóricas, poéticas, até românticas. Neste livro de seus livros, nosso arqui-romancista se pergunta se não teria sido a “leitura contínua e repetida de novelas e romances que primeiro [lhe] imprimiu no espírito” o desejo de ser escritor dessa forma literária de sua predileção.

Ora ou outra esbarro também na pergunta, embora eu seja um projeto de escritor. Escrevo meus versinhos, uns continhos curtos, agora crônicas e tenho cá uns esqueletos de romances. No meu blog/site, a indicação escritor é mais um desejo, uma pretensão e uma presunção que necessariamente uma verdade. Mas fico tentado a refletir sobre esta pergunta, feita nestes termos ou de forma parafrásica: Por que você escreve?

Se digitar a pergunta no google, você vai encontrar mais de meio milhão de links. É uma pergunta recorrente. Para mim, foi Oscar D’Ambrósio, da Rádio UNESP, quem mais recentemente me perguntou isso numa entrevista que concedi ao programa Perfil Literário. Ele me perguntou como foi meu primeiro contato com o objeto livro e se eu venho de uma família de leitores.

Na resposta, eu aponto três tipos de leituras que potencialmente tenham impresso em mim esta vontade de escrever. A coleção Vagalume que eu pegava de empréstimo nas bibliotecas das escolas onde estudei em Marabá (especialmente a Biblioteca da Escola Jonathas Pontes Athias), os best-selleres de Sidney Sheldon, que meu irmão Ezequiel me motivou a ler, e os discos da Coleção Taba Cultural, que ganhei de minha mãe. Na verdade, são leituras de três momentos diferentes. A Taba mais na infância, Vagalume entre a segunda e a quarta séries e Sidney Sheldon de quinta série em diante. Depois da entrevista lembrei de outras leituras que fizeram parte de meu cotidiano de criança e adolescente e que poderiam ingressar na resposta de modo a deixá-la mais completa. Por exemplo: minha alfabetização em Coroatá e a forma como a professora Elza me motivou a ler placas de ruas, cartazes, etc. e, na adolescência, o contato com uns exemplares da coleção Verbo, em que encontrei e li textos incompreensíveis para mim à época, como Tartarin de Tarascon e Bispo Negro. Poderia acrescentar ainda que minhas escolhas entre a compra de um objeto utilitário (um tênis, um relógio ou uma camisa) e a compra de um livro, muitas vezes me levaram a escolher o livro.

Existem dois longos períodos que me fizeram conviver hodiernamente com a leitura de textos literários. Um deles foi o tempo que passei trabalhando na biblioteca Goncalves Dias, da Escola Salomé Carvalho, em Marabá (de 96 a 2002). Fazia parte de minha rotina diária a leitura de um livrinho de história infantil, capítulos de livros de infanto-juvenis e algumas páginas de romance. Se a biblioteca estivesse muito cheia, ia para uma narrativa curta (conto ou crônica) ou para leitura de poemas. O outro, antes deste (de 92-97), foi o período em que participava ativamente do circuito alternativo literário, escrevendo, recebendo e respondendo cartas, recebendo livros e devorando-os tão logo chegassem, escrevendo poemas e mandando-os para revistas, jornais e fanzines, além de participar de concursos literários.

Este decênio, que ocorreu em parte antes de eu ingressar no curso de Letras, deve ter sido o maior responsável pelo meu desejo de ser escritor. Foi principalmente durante meu período missivista que mais escrevi (além das cartas, poemas, muitos poemas, rascunhos de romances, coisas que foram para o lixo), pois paralelamente ao trabalho de bibliotecário, eu já lecionava, fazia graduação e tinha essas preocupações de casa que acabam com qualquer estro.

O desejo de ser escritor foi também cultivado por duas premiações ocorridas pouco antes de eu começar a trabalhar em biblioteca: o primeiro lugar num concurso nacional de poemas e um primeiro lugar num concurso municipal de redação. Ambas premiações ocorridas quando eu tinha 17 anos (depois talvez dedique uma crônica apenas a isto).

Meu caminho na literatura começou, mais ou menos assim. É provável que eu ainda dê respostas desencontradas sobre minha formação de leitor e escritor. Fale, por exemplo, da motivação escolar, das poucas vezes em que a redação era uma coisa prazerosa (especialmente na 2ª e na 6ª série). Certo é que, exceto os concursos literários dos quais participei (mesmo os que não me renderem premiação alguma), a gênese de minha formação de escritor está diretamente relacionada com minha história de leitor. Diferentemente do romancista de Mecejana, não me é possível apontar uma única motivação ou a motivação principal. Talvez seja melhor eu começar a preparar umas respostas metafóricas, menos denotativas. Afinal, amanhã tem outra entrevista.

Belém, 19 de outubro de 2010.

Fonte:
http://abiliopacheco.com.br/category/criacao-cronicas/
Imagem obtida na internet, de autoria de J. Robson.

Mario Lucio (Prazer de Viver)


O meu grito de amizade é mais forte que o teu grito de amor. E não basta apenas viver, tem que viver amando, com muita amizade para dar e conhecimento para entender o que está acontecendo em sua volta. E para concluir todo o enigma, não basta ter o conhecimento, é mais importante ser o conhecimento!

Sim! Vamos plantar, colher, semear tudo que está latente dentro de nosso coração. Esperando o momento certo de gritar aos cinco ventos: Eu te amo! Espera por mim. Espera pela minha amizade, pois as respostas do tempo são pragmáticas, como são pragmáticas os fatos acontecidos na hora de acontecer.

“Hoje se pregam palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obras são tiros sem balas: fazem barulho, apenas barulho. O pregar que é falar, faz-se com a boca; o pregar que é semear faz-se com a mão. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras”. Padre Antônio Vieira.

Os conhecimentos de amor, de amizade, de carinho, surgem com a própria vida, através de nossos passos em direção ao desconhecido, que damos sem saber aonde vamos. Só sabemos que vamos. Olhe nos meus olhos e você vai ver o que representa pra mim. É como se fosse uma chegada no momento de partida, onde os desencontros acontecem. Mesmo assim, procure-me no seu coração, procure-me na sua alma e, quando me achar lá, você não irá procurar mais ninguém e não me diga que não valeu a pena tentar. Você sabe que isso é verdade; pois tudo que faço é te proteger. Me aceite como eu sou. Aceite a minha vida. Não me diga que não vale a pena lutar. Lutar por você!

Alguém te disse alguma vez que te amava mais do que eu?

Não é preciso responder! Como nunca foi preciso dizer! Nunca ninguém te disse que você surgiu num raio de luz em plena tempestade. Você é dona de todos os elogios. Você é dona de todos os adjetivos. Você é o delírio de todas as fantasias que alguém pode ter por você. Você vai além do sonho! Você vai além da imaginação! Você é a própria fascinação. Você é linda e vai continuar linda, pelo tempo que a eternidade dirá. Ultrapassando os limites de ser mulher!

Fontes:
http://tucupi.wordpress.com/
Imagem = http://www.lifeconsulting.multiply.com/

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.31)


Trova do Dia

Mesmo soltas e espalhadas,
as pétalas são formosas;
porém somente abraçadas
é que elas se tornam rosas!
A. A. DE ASSIS/PR

Trova Potiguar

Soluções, para esta vida,
cabe a todos procurar.
Não se veja assim vencida,
antes mesmo de lutar!
IEDA LIMA/RN

Uma Trova Premiada

2008 > Balneário Camboriú/SC
Tema > LÁGRIMA (s) > Vencedora

No teu adeus fui altiva,
silente calei meus ais,
mas a lágrima furtiva,
disse tudo e muito mais...
CAMPOS SALES/SP

Uma Poesia livre

Evaldo da Veiga/RJ
SINTO QUE SIM.

Se um dia nos encontramos por aí,
nesses doces acaso da vida,

garanto que vou te reconhecer,
como sendo o que sempre busquei.

Tanta ternura no ar,
uma expectativa suave de amor,

é você que está próxima,
sinto você chegando...

VEM!

Uma Trova de Ademar

Do fogo no matagal,
na fumaça que irradia,
vejo um câncer terminal
no pulmão da ecologia!...
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram:

Juventude, não me afeta,
se na vida és passageira.
Quem tem alma de poeta
será moço a vida inteira...
ORLANDO BRITO/MA

Estrofe do Dia

Nem o grande Rui Barbosa,
nem nosso mestre Cascudo,
puderam um dia explicar
como um homem sem estudo
arranca do seu juízo
tanto verso de improviso
com beleza e conteúdo!
FRANCISCO MACEDO/RN

Soneto do Dia

Amilton Maciel Monteiro/SP
PEDRA BRUTA

Pedra bruta que sou, me dá trabalho
Tirar de mim as lascas a cinzel...
Quantas vezes que eu já errei o malho,
Deixando a outra mão feito um pastel!

Quantas vezes também eu me atrapalho,
Mandando o que já fiz pro beleléu...
E o recomeço deixa-me em frangalho,
Pois bem sei eu como isto é cruel!

Já foram, assim, dez lustros de labuta,
Mas continuo ainda pedra bruta...
E mil pedaços já arranquei de mim!

Vou ter que contratar alguém bem destro
Que a essa lapidação coloque um fim,
E eu volte a trabalhar só com meu estro!

Fonte:
Ademar Macedo