segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Adalto Gambassi de Araújo (Oração à Musa)


Musa ! Perdoa se não posso dar-te
Sons mais puros, acordes mais divinos...
Se não posso os sentidos Ter mais finos,
Para subir em vibrações de arte.

Procuro, alucinado, consagrar-te
A sensação de uns versos peregrinos,
Como se andasse um coro de violinos
Em meu peito, no céu, em toda parte

Quisera, Musa de asas condoreiras,
Elevar-me às regiões mais altaneiras,
A Alma toda a vibrar, cheia de graças.

Quisera levantar-me deste lodo,
Com as mãos desfibrar o corpo todo
E espalhar-me no chão onde tu passas.
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Sobre a Musa

Calíope, a da Bela Voz, foi uma das nove musas da mitologia grega. Filha de Zeus e Mnemósine. Foi a musa da epopéia, da poesia épica, da ciência em geral e da eloquência e a mais velha e sábia das musas, e é considerada por vezes a rainha destas. É representada sob a figura de uma donzela de ar majestoso, coroada de louros e ornada de grinaldas, sentada em atitude de meditação, com a cabeça apoiada numa das mãos e um livro na outra, tendo, junto de si, mais três livros: a Ilíada, a Odisseia e a Eneida. Em outras representações, traz como atributo um rolo de pergaminho e uma pena.

Camões, autor de “Os Lusíadas”, assim cita a Musa Calíope:

“AGORA tu, Calíope, me ensina
O que contou ao Rei o ilustre Gama;
Inspira imortal canto e voz divina
Neste peito mortal, que tanto te ama.
Assi o claro inventor da Medicina,
De quem Orfeu pariste, ó linda Dama,
Nunca por Dafne, Clície ou Leucotoe,
Te negue o amor devido, como soe."

Fragmento de “Os lusíadas” — Camões

A figura da Musa muitas vezes está associada à figura de uma mulher real ou idealizada pela qual o poeta é apaixonado.

Repare no poema, de autoria de Álvares de Azevedo, que a Musa é uma mulher real, ou seja, de carne e osso, por quem o poeta está apaixonado

MINHA MUSA

Minha musa é a lembrança
Dos sonhos em que eu vivi,
É de uns lábios a esperança
E a saudade que eu nutri!
É a crença que alentei,
As luas belas que amei
E os olhos por quem morri!

Os meus cantos de saudade
São amores que eu chorei,
São lírios da mocidade
Que murcham porque te amei!
As minhas notas ardentes
São as lágrimas dementes
Que em teu seio derramei!

Do meu outono os desfolhos,
Os astros do teu verão,
A languidez de teus olhos
Inspiram minha canção...
Sou poeta porque és bela
Tenho em teus olhos, donzela,
A musa do coração!

Se na lira voluptuosa
Entre as fibras que estalei
Um dia atei uma rosa
Cujo aroma respirei...
Foi nas noites de ventura,
Quando em tua formosura
Meus lábios embriaguei!

E se tu queres, donzela,
Sentir minh’alma vibrar,
Solta essa trança tão bela,
Quero nela suspirar!
E dá repousar-me teu seio...
Ouvirás no devaneio
A minha lira cantar!
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Fontes:
Academia de Letras dos Campos Gerais. http://alcg.org.br/
Imagem = http://mais.uol.com.br/
http://pt.wikipedia.org/
http://www.mundocultural.com.br/

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