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sábado, 7 de novembro de 2009

Maria José Lindgren Alves (Vida Mansa)

Lavrador de Café (Cândido Portinari)
(Uma das Crônicas vencedoras do 4º. Concurso Literário Cidade de Maringá - 2008)
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Plantar, regar, colher, palavras mágicas de efeito esperado. Quando chove e não há seca, certo. Não foi o que sempre aconteceu com Tio Maneco. Só que o homem, apegado à terra, viveu fincado no pedaço de chão da família até à morte. Gente danada essa que fica. Gosto pelo cheiro da terra mesmo esturricada de seca, pela vida de vaca, galinha, porco e olhe lá. Sem jogo de bicho.

Nos anos 40, 50, era assim. Ele e mais o vizinho de mais perto, que nem “cumpade” era. Dois homens e nenhuma mulher. Quase não falavam, nem se falavam. Pitavam cachimbo tosco ou cigarro de palha na porta de casa, depois da lida do dia. Na casa, nem rádio. Novidade nenhuma, salvo alguém morto, trazido em boca de vizinho de léguas adiante.

Na paz do Senhor, nem Nele precisavam pensar muito. Rotina de sempre: ao primeiro raio de sol, levantar, depois, café com broa e pé na estrada até a plantação de milho. Pedacinho de terra que nem dele era. Tio Maneco não tinha bens. A casa era de sapé e dava pro gasto. A do patrão, boa moradia de fazenda. Era natural, era Dono. Com terra a valer, o patrão tinha plantação de cana, o que viria a ser a principal depois, no Norte Fluminense. E tratava seus peões ali, na dureza. Tio Maneco não reclamava de nada. Cordato por natureza, aceitava o que lhe dessem para não morrer de fome. Doença cuidava com as ervas do mato e pronto.

Um dia, a confusão quase o atinge. Choveu demais e a plantação acabou tal e qual na seca. Tio Maneco viveu “de teimoso”. Passou pela chuvarada como quem sai debaixo de chuva fininha. Nem bola.

Aos oitenta anos, apareceu numa reportagem da tevê do governo sobre coisas do Brasil. Queriam mostrar aos da cidade como e o quanto se vive no interior. Assustado, Tio Maneco foi respondendo lacônico, meio desconfiado daquela gente da cidade. – O senhor gosta daqui? – Gosto? Quer mudar pra cidade? – Não. O senhor sabe que vão trazer máquinas pra cá? – Não. O senhor não tem medo de ficar sem sua roça? – Não. Que tal dar um sorriso pra o pessoal que vai ver o senhor na televisão?

Aí foi que Tio Maneco encrencou. Tinha poucos dentes na parte de cima da arcada dentária e nenhum em baixo. Apertou os lábios, não sorriu. E é claro, estragou a reportagem do homem feliz do interior.
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Maria Lindgren
Rio de Janeiro/RJ
Sou uma mulher, que atura a terceira idade sem gostar. Ensinei pouca coisa durante muitos anos. Escrevo muitos escritos para escassa publicação em papel e abundante na internet, o que é absolutamente sinal de minha modernice. Nada me apavora a não ser a violência descarada do mundo de hoje, a solidão e alguns quilos a mais, talvez, algumas rugas. Preciso de gente a meu redor, pois viver só é para macambúzios e eu gosto de gargalhar com os outros. Leio e escrevo, mas necessito de ginástica, ar, sol, brisa fresca, cinema, jantar fora e uma ou outra festinha...Adoro meus amigos virtuais-reais e os reais-reais. Fazem-me falta, como a família.

Fontes:
http://odiariomaringa.com.br/noticia/219511
http://mariajoselindgren.blogspot.com/

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Poemas Vencedores do 4º. Concurso Literário Cidade de Maringá - 2008



Poemas Livres

Antônio Rosalvo R. Accioly (Nova Friburgo – RJ)
POR CIMA DOS OMBROS DA TARDE

Pelos ombros da tarde
o sol espia.
Seu olho de luz penetra no silêncio do paiol.
Entre o murmúrio do córrego,
e o murmúrio do beija-flor,
ouve-se o troar-troando do velho cocão
das rodas do carro de boi.
Pai e filho debulham o corpo do milho.
O avô varre o terreiro,
da sua boca voam duas borboletas amarelas,
e ele diz: “Minhas unhas tem o pretume do chão da terra.”

Das encostas das vertentes
o vento do sul sopra,
e o seu sopro invade as asas das andorinhas.

“O vento sul é frio.” Diz a avó,
ajeitando um pau de candeia na boca do fogão.
A água do café ferve,
e ela oferece um gole ao avô – que bebe –
espiando pelos seus olhos velhos
o contorno branco das nuvens que povoam o céu.

No coração da macega,
a jaracuçu brejeira desdobra seu corpo de cobra,
e escorre silenciosa pela moita do napiê.

“Tiê-tiê!” Grita o tiê.
“Qui é! Qui é!”
Responde o gavião pinhé.

Pelos ombros da tarde,
a luz sangra seu último sol,
e o bacurau abre seus olhos de estrelas.
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Danieli Aparecida dos Santos Benatti (Maringá/PR)
LAVRA (DOR)

Das mãos calejadas
Do suor do seu rosto
O alimento dos meninos

Dos olhos brilhantes
Das costas arqueadas
O peso do mundo

Na face aflita
Na boca, nos dentes
Os sonhos caídos

Nos ombros pesados,
No sorriso apertado
A árdua vida

Da terra se fez homem
Da pedra se fez firme
Dos caminhos se fez justo

Com suas unhas
Percorre as entranhas da terra

Com seus braços
Devasta os caminhos do mundo

Com seus olhos
Alarga o sol no horizonte

Com seu corpo
Recebe a benção da chuva

O sol renasce em seus olhos
A água brota de sua fronte
A semente nasce em seu peito.
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Emerson Mário Destefani (Maringá/PR)
ÊXODO

Como levar aquilo que não existe mais?

Os verdejantes cafezais abotoados de rosetas brancas
As perobas fantasmas
As onças extintas
O alarido dos últimos pássaros que habitavam as brenhas
Como levar a textura rubra da argila?

No caminhão colocou duas velhas camas,
uma mala de sacos, suas ferramentas,
uma prateleira de tábuas,
cadeiras alquebradas e um fogão carvoento
Diluídas em meio aos utensílios
colocou suas exíguas esperanças,
sua família, o cão e a mula,
sua raiva, seu desencanto

Antes de partir
Sufocou um soluço
Pela dureza da constituição de homem rude
Forjado na terra
Filho do chão, grão de solo

Como levar o que não existe mais?
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Maurício Pindamonhangaba Cavalheiro (Pindamonhangaba/SP)
CASA DE ROÇA


Bate pilão
da reminiscência...

Ontem
na casa de pau-a-pique
pelas rendas das paredes
de argila
o sol mandava os seus raios
dizimarem pesadelos.

A brisa
vinha compor melodias
e arrefecer o calor.

Os orifícios
da casa de pau-a-pique
tinham remendos de estrelas
que a noite cerzia
enquanto mamãe cantava
canções de ninar.

Hoje
(prosperidade?)
debruço-me na janela
do arranha-céu
espiando a noturnidade
poluída...
Não consigo dormir.

Onde está o meu lençol de estrelas?
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Vilmar Ferreira Rangel (Campos dos Goytacazes/RJ)
SERTÃO

A tarde se espreguiça nas varandas,
dissolve sombras no alpendre,
prenunciando o crepúsculo
no tênue recorte dos montes.
Percepções baldias anunciam
que a noite já espreita
e se emoldura na canção dos grilos.
O lume dos vaga-lumes
ponteia por entre brumas.
Presença anfíbia,
batráquios em vigília
embalam bucólicas lembranças.

Daqui avisto
o luxuoso arranjo dos laranjais,
a comportada calha dos eitos,
e, sinuosa, a linha das estrias
onde os pés fazem trilha.
Daqui ouço o galope
de lépidos corcéis,
asas frementes alvoroçando o espaço,
e sons que dançam alvíssaras
no caprichoso desacerto do riacho.

Aqui adormeço,
saciado pelo cromatismo
que inunda o poente,
até que a lua se apague
e se renda à luz nascente
para a colheita da aurora.
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Fonte:
Academia de Letras de Maringá

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sonetos Vencedores do 4º. Concurso Literário Cidade de Maringá - 2008



Edmar Japiassú Maia (Rio de Janeiro, RJ)
AO PÉ DA SERRA

Num quarto de choupana, ao pé da serra,
onde a ausência de amor se faz presente,
sofre o caboclo pela dor que sente,
servo da angústia que o abandono encerra...

Sendo forçado a que a tristeza enfrente,
descobre que o destino também erra,
e, nos seus erros, faz ruir por terra
da esperança a muralha resistente.

Fragilizado e ao desespero entregue,
tateia pela noite que o persegue
numa existência quase consumida...

E a chama, que no quarto bruxuleia,
verte um resto de luz, que há na candeia,
no resto do que resta de uma vida!
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Jaime Pina da Silveira (São Paulo, SP)
SOLIDÃO NA ROÇA

Cansei de cultivar – só – minha roça...
Cansei de – só – colher o meu feijão...
Cansei de enfeitar – só – minha palhoça...
De – só – nutrir de lenha o meu fogão...

Da casa, que era minha, eu fiz a nossa
e as portas eu te abri do coração.
E, como contra o amor não há quem possa,
voei nas asas loucas da paixão...

E encheu-se então de viço a minha horta,
veio a felicidade à minha porta
e a roça se esqueceu da solidão...

Mas... como há sempre um “mas” em nossa vida,
ao despertar da noite “bem” dormida,
percebo que foi tudo – só – ilusão!...
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Lucília A. T. Decarli (Bandeirantes, PR)
DIVINO MISTÉRIO

Pura eclosão no encontro de dois seres,
ou de um só ser, chamado hermafrodita.
Sem ser movida por carnais prazeres,
carrega em si leal prenhez, prescrita.

Nas mãos a tens, quiçá sem compreenderes
que um divino mistério nela habita.
Sequer refletes, junto aos afazeres,
quão essencial é o ser que ali dormita...

Mas, lá na roça, alguém sempre a cultua,
vislumbra o embrião, que a espécie perpetua:
- o apaixonado e atento lavrador!

E, na expansão do gérmen, a semente
exalta a vida e aquEle que consente
nesse milagre – prova audaz de AMOR!...
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Maria Helena Oliveira Costa (Ponta Grossa, PR)
OS GRÃOS DO TEU ROSÁRIO

Tratas da terra e nos provês a mesa,
ó tu, simples e rude brasileiro,
que entregas teu vigor à enorme empresa
de fazer do país um bom celeiro!

De mãos calosas e coluna tesa,
pões no roçado teu suor inteiro...
E o teu empenho faz da natureza
um promissor e salutar viveiro!

No chão bendito jaz um relicário:
dormem sementes já por ti plantadas!
O dia finda e à oração convida...

Rezas, por fim... E os grãos do teu rosário
são como contas bem manuseadas
que têm no bojo uma explosão de vida!
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Neide Rocha Portugal (Bandeirantes, PR)
ÊXODO MENTAL

Ficou distante a roça... E, com a venda,
entre a mobília que cortava a estrada
se avolumava o pó, em fina renda,
sobre a “senhora” reduzida ao nada.

Noutro lugar, levada à estranha tenda,
não mais se lembra nem da filharada.
Dessa memória, que hoje é pura lenda,
recordou-se de mim... E, na empreitada,

tentei trazer à luz essa memória;
reconstruir a “ordem” nessa história,
sem entender por que me reproduz.

Do que é capaz um som?... Fiz o que pude:
– Sou a cantiga do sarilho rude
que traz o balde d’água para a luz!
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Armando Bettinardi (Poesias)



MEUS SONHOS
(inspirado em Raimundo Correia)

Amanhece…
A revoada dos meus sonhos recomeça;
Um após outro, batem asas e partem;
Vão em busca do infinito….

Voltarão? …
Quem sabe, sim; talvez, jamais! …

Uma certeza eu tenho:
No fim do dia,
Eu vou sorrir e também chorar;
Pois os meus sonhos fiéis estarão de volta;
E, tantos outros, não voltarão jamais.
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AFINAL

Falemos de nós,
Dos seus anseios
E dos meus anseios.

Vontade de ser feliz,
Necessidade de fazer
Alguém feliz.

Eu e você: dois desejos
Talvez iguais,
Duas vontades

Nada mais;
Quem sabe, seja assim
Até o fim, afinal.
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DE BEM COM A VIDA

Por força do meu destino
Que sempre foi caprichoso
Sou outra vez um menino
Feliz, alegre, jocoso.

Escuto tocar o sino
De um dia radioso
É um convite divino
Para folguedo e gozo.

Eu nunca mais serei triste;
Pois, em mim ainda existe
Aquele jovem que diz:

Melhor é sorrir pra vida
E ter cabeça erguida
De eterno aprendiz.
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CAMINHANDO

Por que o sol,
a praça,
o burburinho da cidade
estão aqui?

Por que: a luz
o dia aberto diante de mim,
o convite à vida,
se eu estou sozinho?

Sem você, o momento
passa como o vento,
sem consumação,
naturalmente, inutilmente.

Não entendo momento,
só momento, sem ação,
sem movimento,
sem nós dois
que juntos somos vida.

Só aceito momento,
que não seja fugaz nem
efêmero;
- que seja total completamente.

Então, seremos nós
eu e você,
caminhando juntos,
de mãos dadas
rasgando a luz da tarde;
rumo ao crepúsculo.

Agora, o dia ainda está todo
aberto diante de nós;
e, é um convite à vida.

Vamos pois, inebriados
beber a vida, gota a gota
até o fim, enquanto,
juntos caminhamos.
* * * * * * *

Criança é natureza
Isenta de todo o mal,
A mais perfeita beleza,
Espontânea, natural.

Se não existe um jeito
De esquecer-te, saudade,
Vais conviver no meu leito
Com a minha soledade.
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VOCÊ

Você… sempre você,
ocasião, motivo e razão
do meu viver.

Você é tudo para mim,
a luz, o som, o princípio e o fim.

A melodia da tarde,
minha eterna canção,
o sol, a sombra,
tudo o que me cerca
é você.

A razão, não sei porque;
talvez tudo o que passou,
tudo o que virá,
a vida, enfim,
será para mim:
você!
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segunda-feira, 7 de abril de 2008

Olga Agulhon (Os Pássaros)

Nascidos ali, germens da terra, aquelas duas crianças, primos de sangue, irmãos de coração e de alma, cresciam felizes, livres, soltos, escapando, nem sempre ilesos, de uma arte atrás da outra.

Naquela fazenda, longe das cidades, nem tanto pela distância, mas pela lama ou poeira das estradas, não havia luz elétrica. Portanto, não conheciam a televisão, o videogame, o computador e todos esses outros instrumentos que, hoje em dia, mantêm as crianças longe da fantasia dos tempos de outrora.

Faziam seus próprios carrinhos, brincavam nos riachos e engoliam peixinhos vivos para aprenderem a nadar, faziam balanços nos galhos mais altos das árvores, percorriam longas distâncias atrás da borboleta mais bela, velavam os bichinhos que matavam durante suas experiências e preparavam-lhes enterros pomposos, com direito a oração e coroa de flores.
Protagonizavam histórias de príncipes e princesas, falavam com os animais, atormentavam os gansos, domavam os bezerros, montavam nos cavalos e fingiam que eles eram dragões.

Percorriam o milharal em busca da boneca mais bonita e escolhiam loiras, ruivas e morenas, que se transformavam em amigas queridas quando a mágica acontecia.

À noite, corajosos e destemidos, exploravam o escuro do terreiro entre as casas da colônia, na expectativa de um encontro com o saci-pererê ou a mula-sem-cabeça.

Entravam em casa só na hora de dormir, sob as ameaças das mães, que sempre lhes juravam a tal surra de vara de marmelo que eles ainda não tinham experimentado.

Noutras noites, mais poéticos que destemidos, buscavam os vaga-lumes e contavam estrelas, enquanto ouviam a sinfonia dos grilos e dos sapos do mundo do poço.

Quando chovia, ficavam sentados, concentrados, em volta da mesa da cozinha, sob a luz do lampião-de-gás, ouvindo o tio Darci contar histórias de assombração vivenciadas por conhecidos seus daqueles e de outros tempos.

Um dia, apareceram por lá duas pás-carregadeiras, contratadas para fazerem uma represa nos fundos da fazenda.

Os dois não gostaram da invasão e não saíram de casa com medo daqueles monstros barulhentos, com armadura de aço, que, em plena luz do dia, comeram imensas quantidades de terra e deixaram um grande buraco por onde passaram.
Mas gostaram muito quando, em alguns dias, a chuva encheu o buraco, transformando-no em um grande lago.

Não tiveram dúvida:

- Vamos navegar!
Buscaram o velho caixote de preparar cimento, tocaram-no com a varinha mágica e transformaram-no em um lindo barco viking.

A menina, mais velha, ajudou o primo a subir no barco e o seguiu depressa, empurrando a margem com uma das pernas para que se afastassem para longe com a força do pensamento e do remo improvisado.

Antes de alcançarem o centro o lago, tão grande para eles, a água invadiu rapidamente o barco e, nesse momento, um colono estragou a aventura das crianças, retirando-as, totalmente embarreadas, daquele mergulho até o fundo.

Naquele dia, sem entenderem as razões, experimentaram a varinha de marmelo, enquanto eram lavados com bucha e sabão de coco. Ficaram com marcas na bunda e nas pernas, mas a alma não entristeceu.

- Amanhã vamos voar!

Voaram. Algumas escoriações apenas e um corte na cabeça foi o saldo da primeira vez, mas voaram; e voavam cada dia melhor, mais alto, para mais longe.

Quando chegou a idade de irem para a escola, a família viu-se obrigada a se mudar para a cidade. Era preciso estudar os filhos para que eles tivessem uma vida melhor, pensava o pai.
Foi a cena mais triste que vi ou que vivi em toda a minha vida.

Não queriam ir e não havia espaço suficiente para os dois no caminhão na mudança, pois não conseguiam entrar levando tudo que lhes era imprescindível.

Os pais não pestanejaram. Não tiveram dó nem piedade: cortaram-lhes as longas asas.
Pelo vidro, lado a lado engaiolados, enquanto enxugavam as lágrimas, fitavam o monte de penas que embelezava o chão vermelho.

Mantiveram-se assim enquanto se distanciavam.

Mantiveram-se assim até que o vermelho do chão se misturou ao vermelho do pôr-do-sol, o branco das penas se misturou ao branco das nuvens e tudo se perdeu no horizonte para nunca mais sair da retina daqueles olhos, que um dia foram olhos de pássaros.

Fonte:
Academia de Letras de Maringá
http://www.afacci.com.br/2007/o1.htm

quarta-feira, 12 de março de 2008

Antonio Augusto de Assis (Trovas)

Amai-vos, e as derradeiras
muralhas hão de cair.
- Havendo amor, as barreiras
não têm razão de existir!

Sonhador desde criança,
não sonho entretanto em vão.
No sonho eu nutro a esperança,
que nutre o meu coração!

Querida, eu comparo a gente
às asas de um passarinho:
um sem outro, certamente,
não se equilibra sozinho!

Há honestos que não são bons;
há bons que honestos não são.
- É a soma desses dois dons
que faz o bom cidadão.

Afinal, que te aproveita
o labor que te consome,
se não doas, da colheita,
uma parte a quem tem fome?...

Vinde, amigos, vinde e vede
o quanto pode o perdão:
derruba qualquer parede
que nos separe do irmão!

Vaidade, doença triste
que nos condena a estar sós...
Não nos deixa ver que existe
ninguém mais além de nós.

A vida jamais se encerra,
e é bom sermos imortais:
- Amar você só na Terra
seria pouco demais!

Ismo, ismo, ismo, ismo...
e o medo está sempre em alta...
Experimentem lirismo,
que talvez seja o que falta!

O mundo esqueceu que existe
o ponto de exclamação...
De tão seco, amargo e triste,
perdeu de vez a emoção!

A natureza protesta
sempre que alguém a maltrata.
Se matas uma floresta,
vem o deserto e te mata!

Ontem, hoje e sempre o Amor
vem o belo construindo,
desde quando o Criador
fez do caos um mundo lindo.

Ah, que profunda saudade
invade uma Academia
a cada vez que um confrade
deixa a cadeira vazia!

Os milênios passarão,
mas o que é bom permanece:
O Sol que aqueceu Adão
é o mesmo que nos aquece.

Se o mundo é espaço pequeno
para dois, quando se peitam,
num minúsculo terreno,
sendo irmãos, dois mil se ajeitam.

São de cristal ou de barro
nossas vaidades... tão só.
Um baque, um tombo, um esbarro,
e tudo reduz-se a pó!

O que ocorre às águas claras,
na alma pura se repete:
dá-se às vezes, e não raras,
que um sujinho as compromete.

No pico da quarta idade,
o quadro se faz assim:
ou se crê na eternidade,
ou se põe na tela: “Fim”...

A palavra acalma e instiga;
a palavra adoça e inflama.
Com ela é que a gente briga;
com ela é que a gente ama!

Olhe os poetas e as aves...
Veja que, embora não plantem,
Deus lhes retira os entraves
e apenas pede-lhes: - Cantem!

O sol engravida a chuva,
e a terra se faz seu ninho;
no ninho se faz a uva,
e a uva desfaz-se em vinho!

Vestem-se as águas de prata,
saltam no espaço vazio.
Findo o show da catarata,
sereno refaz-se o rio...

Certeza só têm os rios
sobre aonde vão chegar...
Por mais que sofram desvios,
seu destino é sempre o mar.

Astronauta, não destrua
meu direito de sonhar...
Deite e role sobre a Lua,
porém me deixe o luar!

Tem muito mais graça a vida
quando a gente tem com quem
repartir bem repartida
a graça que a vida tem!

********************
Sobre o Autor
Nasceu em São Fidélis – Estado do Rio de Janeiro, no dia 07 de abril de 1933. Filho de Pedro Gomes de Assis e Maria Ângela Guimarães de Assis. Casado com a professora Lucilla Maria Simas de Assis, tem duas filhas e cinco netos.
Residente em Maringá-PR desde janeiro de 1955. Hoje aposentado, foi jornalista e também professor do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá.
Integrante da Academia de Letras de Maringá (Cadeira no. 27 - Patrono: Manuel Bandeira), da UBT – União Brasileira de Trovadores (seção de Maringá) e da Academia Virtual de Letras Luso-Brasileira. Editor da revista eletrônica Trovia (da UBT-Maringá) e co-editor da revista eletrônica Trovamar (da UBT-Balneário Camboriú).
Autor de Robson, Itinerário, Bate-papo, Trovas de paz e amor, Os quebra-molas do casamento, Lufa-lufa, Chiquinho, Felicidade sem camisa, Da arte de ser pai, Desafio do amor, Carta aos moços, Xangrilá, O português nosso de cada dia, Poêmica, Caderno de Trovas e A missa em trovas.

Fontes:
http://www.afacci.com.br/2007/j3.htm
http://www.avllb.org/academicos/007/biografia.html

segunda-feira, 10 de março de 2008

Antonio Facci (15/2/1941 - 10/03/2008)


O escritor Antonio Facci é natural de Cedral, Estado de São Paulo, nasceu no dia 15 de fevereiro de 1941 e faleceu em Maringá, PR, a 10 de março de 2008. É o sétimo filho de Vergílio Facci e de Maria Morroni, o qual, somado aos três que vieram após seu nascimento, faz parte da prole de dez descendentes de colonos italianos.

Serventuário da Justiça, cidadão benemérito de Maringá, cidadão honorário de Floresta e Sarandi e menção de homenagem do Estado do Paraná. Vereador (Maringá). Deputado estadual (Paraná) Presidente da Academia de Letras de Maringá. Publicou 14 obras. Secretário do Distrito LD-6 do Lions Internacional. Autor de Mantenha acesa a chama da vida, Ex-passos, Do cio ao sombrio, Alento, Governadores 30 anos, O soldado, Memórias de prata, Queixas, Grafiteiro, Sem palavras, Parlamentar e Meus passos no leonismo.

· Membro fundador da Academia de Letras de Maringá, titular da Cadeira nº 20, que tem como patrono Humberto de Campos.

· Titular da Cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Leonismo.

· Titular da Cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias.

· Patrono da Cadeira nº 8 da Academia Umuaramense de Letras e Artes.

· Sócio da UBT – seção de Maringá.

· Medalha de Ouro - Concurso Nacional de Contos, promovido pela Revista Brasília, com o texto “Alípio e Isabel”.

· Medalha de Prata – Concurso Nacional de Poesia, promovido pela Revista Brasília, com o poema “Poros”.

· Diploma de Honra ao Mérito, pelos serviços prestados à literatura nacional, outorgado pela Academia Goiânia de Letras.

· Medalha de Mérito Acadêmico, pelos serviços prestados à literatura, outorgada pela Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias.

· Medalha Juscelino Kubstchek de Oliveira, outorgada pela Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias.

· Medalha de Mérito Cultural Arcádico – Euclides Pery Rodrigues, outorgado pela Arcádia de Artes e Ciências Estéticas do Rio de Janeiro.

Fonte:
http://www.afacci.com.br/autor.php

Antonio Facci (Entrevista concedida em junho de 2005)

Entrevista concedida pelo escritor Antonio Facci à estudante e escritora Suelen Ariane Campolo Trevizan, do Colégio Marista de Maringá, série 3ª B, no dia 7 de junho de 2005.

1. Como o senhor iniciou na literatura?
R. Construindo os primeiros textos poéticos ainda na adolescência, sem publicá-los. Durante minha vida pública, fiz editar dezenas de pronunciamentos e pareceres produzidos como parlamentar. Tais documentos deram origem ao mais recente livro publicado, intitulado “Parlamentar”.
Quando da fundação da Academia de Letras de Maringá, em 1997, o poeta Antonio Augusto de Assis, que tinha entre seus guardados diversos poemas de minha lavra, incentivou-me a editar um livro para preencher os requisitos de ingresso como fundador da novel entidade. Veio à luz “Ex-passos” e daí para frente aventurei-me, trazendo a lume mais dez títulos.

2. Qual o escritor a quem o senhor mais admira?
R. Humberto de Campos, patrono da Cadeira nº. 20 da qual sou fundador, mas não apenas pelo seu talento literário. Mas também por sua luta pela vida e pelas causas sociais que sempre nortearam seu talento como homem publico. Desde seu magnífico “Poeira” até seu famoso “Diário Secreto” publicou 40 títulos, entre contos, crônicas e poesias, dos quais onze sob o pseudônimo “Conselheiro XX”.

3. Já aconteceu de o senhor receber uma crítica desconcertante? Se sim, como reagiu? Se não, o senhor acha que a crítica impiedosa amedronta o escritor de se expor?
R. Sim, várias vezes. A que mais marcou aconteceu por ocasião do lançamento do livro “Ex-passos”, minha primeira aventura na área da literatura, após algumas incursões com a publicação de textos leonísticos (relativo a Lions Clube Internacional) e políticos. Partiu de uma convidada, escritora conhecida e com bons serviços prestados à literatura, a qual comentou em voz alta com um interlocutor, também escritor: “Isso aqui não vale nada. Não são trovas e tampouco poemas. Apenas algumas quadrinhas rimadas e outras bobagens”. Confesso que senti um “friozinho na barriga”, porém providenciei para que ela fosse servida com distinção. Parece que percebeu que seu comentário fora por mim ouvido e logo se retirou da festa. Não guardei mágoa ou ressentimentos. Procurei, isto sim, conhecer a obra dessa autora e passei a elogiá-la toda vez que posso.
Quanto à crítica impiedosa, não me amedronta. Escrevo o que posso produzir, sempre pensando no leitor e não no crítico. Cada um de nós entende literatura a sua maneira e isso me basta.

4. Quais são suas metas enquanto escritor?
R. Sem muita ambição. Em meus onze títulos publiquei poesias, contos, crônicas, coletâneas, os quais simplesmente chamo de “textos livres”. Sonho em escrever um romance, ao menos.

5. O senhor saberia distinguir o seu eu-escritor do seu eu longe da literatura?
R. O meu eu-escritor é fruto da constante dedicação à leitura, apesar de dedicar poucas horas em cada semana a esse mister. Longe da literatura, são aproximadamente dez horas de serviço diário, adicionando-se ainda participação efetiva na vida comunitária e na defesa da cidadania.

6. Quais são as compensações de sua profissão?
R. Lá se vão quarenta anos na profissão como Serventuário da Justiça... A principal compensação é haver ingressado nela muito jovem, e os frutos desse labor, haver–me proporcionado condições de dar a minha família conforto e possibilidade de boa formação acadêmica.

7. O senhor acredita que os livros feitos para vender – os best-sellers – estão distanciando a leitura da literatura?
R. A arte e a literatura estão inseridas nesse contexto, e não sobreviveriam sem “os livros feitos para vender”. Os grandes nomes da literatura escolhem temas e desenvolvem suas tramas, mesmo as poéticas, de forma a atingir o grande público. Dizem até que, se quisermos conhecer um escritor, devemos ler seu primeiro livro. Esse sempre nasce verdadeiramente de seu “eu” interior.

8. Considerando que a sociedade vigente prega a cultura da imagem, quais são as estratégias da Academia para que o público prefira ler a assistir a televisão, por exemplo?
R. A mídia eletrônica não pode ser considerada inimiga dos livros. Ela, na verdade, é uma aliada. O que se faz necessário é a constante orientação aos jovens na escola, nas igrejas, no lar, para que se utilizem da mídia para conhecer superficialmente a universalidade da cultura, e, a seguir, criar condições de acesso aos livros. Nada substitui a leitura de um livro impresso, a alegria em acariciá-lo folha-a-folha, em reler cada texto e enfim adormecer tendo-o sobre o peito. É a intimidade plena com o autor!

9. Na Internet há inúmeros sites em que escritores amadores expõem seus trabalhos protegidos por pseudônimos. Por que é tão difícil sair do anonimato mesmo quando se tem talento?
R. A utilização de pseudônimos não se restringe à era da Internet. Respondendo a sua segunda pergunta, informo que Humberto de Campos – o mais jovem escritor a ingressar na Academia Brasileira de Letras – fez editar onze títulos sob o pseudônimo de “Conselheiro XX”. Muitos adotam essa prática desde o início da atividade literária, enquanto outros o fazem em busca de uma melhor identificação com o público leitor.

10. O senhor acha que o Brasil já proclamou sua independência literária?
R. Associo-me ao pensamento de que “A escola nacionalista, filha da Semana de 1922, alcançou seu clímax após 1945 quando procurou rebater a enxurrada de escritores estrangeiros. Xenófoba, conseguiu manter incólume uma literatura já definida em termos de brasilidade. Foi, aquela obsessão nacionalista em prol do folclore, do regionalismo, de um palavrear que identifica-a as áreas do país, a mais benéfica influencia por que passou a literatura. Se, por outro lado, o alcance dessa formação nacionalista não atingiu todos os escritores modernos, por motivos particulares a cada um, a verdade que a atmosfera cultural foi criada e vicejou, fazendo escola e estabelecendo um importante marco na trajetória em prol de uma cultura própria, definida, bem brasileira. (in Literatura Brasileira Contemporânea – Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias -)”

11. E Maringá?
R. Maringá talvez seja a cidade que conta com o maior número de títulos retratando sua história. Na ficção, em prosa e em verso, estão catalogados mais de 200 escritores, segundo estudo realizado na Universidade Estadual de Maringá. Podemos afirmar, porém, que não se trata de um relatório incontestável ou completo. Na catalogação não consta, por exemplo, Jorge Ferreira Duque Estrada e seus dois títulos: “Terra Crua” e “Isto é você, Maria”: o primeiro relata os movimentos políticos iniciais em nossa terra, e o segundo é o mais belo romance tendo como cenário o período de colonização da região norte/noroeste de nosso estado.

12. A Prefeitura dá algum tipo de incentivo à atividade literária?
R. No que compete ao poder público, sim. Disponibiliza infra-estrutura, tais como teatro Callil Haddad para grandes eventos; recursos financeiros por meio de alocação de verbas atendendo ao determinado pela Lei de Incentivo à Cultura; convida e aceita convite para parcerias em diversos eventos. É preciso ressaltar que a literatura e a arte sempre foram apoiadas e/ou financiadas por Mecenas.

Fonte:
http://www.afacci.com.br/autor.php

Antonio Facci (Ode à Maringá)

Ode a Maringá

Caminhemos todos,
caminhemos por nossa Maringá.
Admiremos seus edifícios
permaneçamos em silêncio
perante nossos templos,
observemos os ensinamentos
de nossas escolas,
apliquemos as técnicas desenvolvidas
em nossa Universidade.

Cantemos nossos bosques
nossos parques
nossos jardins
nosso verde,nossas flores.
Respiremos profundamente...
Sintamos os eflúvios positivos
de nossa terra, de nossa gente.
Visitemos o Maringá velho
berço da nossa civilização,
observemos que todos cantam
o nosso progresso,
admiram nossas vidas.
As largas avenidas
os canteiros centrais emoldurados
por majestosas palmeiras imperiais,
a modernidade da nossa gente.

O poeta esqueceu-se das origens,
o Maringá velho está a margem da notícia
mas não à margem da história.
Não se canta o seu brilho
está à margem do progresso.
Mas você Maringá velho
é a raiz de tudo.
Em seu seio, plantaram-se
as primeiras sementes.
Mas você permanece como dantes...
Sem enfeites,
luzes fosforescentes,
grandes edifícios...
canteiros centrais ajardinados.

Ah! Maringá velho!
Não chore, tudo é assim mesmo...
É preciso conservar as raízes
escondidas no solo,
por vezes maltratadas.
Mas... absorvendo sempre
de nossa terra dadivosa
a energia, para que
a árvore chamada Maringá
possa florescer!
Todos cantam o tronco,
por sua firmeza, rigidez estrutura...
Os galhos, que levam a seiva até as folhas...
As flores... Ah! as flores
com seu perfume,
confundem-se com o perfume
dos cabelos da mulher amada,
envolvendo nossas vidas, nosso ser...

Maringá velho não é cantado
pouco admirado, quase esquecido!
Mas vibre, exalte-se,
você é a base de tudo,
você é a raiz.
Jamais qualquer poeta cantou raízes,
contempla pois a rigidez de seu tronco,
a formosura de seus galhos e ramos
a fragilidade de suas folhas,
o perfume de suas flores,
estas, cantadas em prosa e verso...
Por toda a gente.

Ah! Maringá...
Os mais sensíveis de sua gente
os que têm amor e fé
buscam os momentos
de maior tranqüilidade,
talvez em alta madrugada...
Respiram o ar purificado por nossas árvores,
sentem o perfume das flores
e embalados por seus sonhos,
verão, mesmo que imaginariamente
uma grande orquestra formada
com suas trombetas,
tendo como moldura as estrelas cintilantes
a entoar os versos imortais
de nosso poeta Ari de Lima:
“Quem te avista nos dias de agora,
acenando ao porvir da esperança,
advinha a floresta de outrora
que embalou tua vinda em criança”.

Ah! Maringá!
Insisto em denominá-la
CIDADE CANÇÃO!
Já a chamaram menina,
verde, ecológica!
Mas seu nome tem a canção
como inspiração,
o poeta a imortalizou.
E somos todos poetas que te amamos!
Alguns fazem versos,
poemas e crônicas.
Outros plantam árvores,
semeiam flores,
perfumam os caminhos!

Por isso, Maringá,
você é
CIDADE CANÇÃO!

Fonte:
Minhas Pérolas / Maringá / Sul do Brasil
http://www.minhasperolas.com/poesias/facci.htm

Antonio Facci (Poemas)

01
Adormeceu suave,
alma pura.
Semblante sereno,
ternura.
Acordou feliz,
candura.

02
Viaja suave como a
pluma,
Sem temer do mar,
a espuma,
Feliz, feliz, feliz,
em suma.

03
Pedra pontiaguda,
ameaçadora
em seu delírio,
realça o suave deslizar
das mansas águas do rio.

04
Ouço o farfalhar das folhas
tocadas de forma suave
pelo vento da madrugada.

05
O bem-te-vi estridente
me desperta
ainda na madrugada.
De novo adormeço
acariciado pelo
suave cantar do sabiá.

06
Suave é o amanhecer
em um jardim
perfumado pelas rosas.

07
Valsear é flutuar suave
qual pluma ao vento
nas manhãs de primavera.

08
Suave é o planar das gaivotas
sobrevoando a orla do mar
verde-azul de verão.

09
Suave é ouvir a cigarra
saudar o entardecer
e sonhar com o silêncio
do anoitecer.

10
Suave é ouvir
a voz de Deus
no silêncio do templo.

11
Suave é banhar as mãos
nas águas claras
do riacho.

12
Suave é a paz de espírito
recebida em estado
de graça como recompensa
por suas boas ações.

13
Veja como é suave
o olhar dos que têm fé.

14
Suave é a esperança
de se encontrar
com o Criador na eternidade.

15
Ande devagar, menino!
Não vê que o pássaro
plana suave no ar?

16
Veja como é suave
o nascer do olho d`água
no sopé do morro.

17
Laranjeiras em flor
exalam suave perfume.

18
O beija-flor beija
suave
a flor da alamandra
em meu jardim.

19
A madrugada
rega suave a relva
com suas lágrimas
feitas sereno.

20
Suave é ouvir
flauta doce na
madrugada fria.

Fonte:
http://www.afacci.com.br