Entrevista concedida pelo escritor Antonio Facci à estudante e escritora Suelen Ariane Campolo Trevizan, do Colégio Marista de Maringá, série 3ª B, no dia 7 de junho de 2005.
1. Como o senhor iniciou na literatura?
R. Construindo os primeiros textos poéticos ainda na adolescência, sem publicá-los. Durante minha vida pública, fiz editar dezenas de pronunciamentos e pareceres produzidos como parlamentar. Tais documentos deram origem ao mais recente livro publicado, intitulado “Parlamentar”.
Quando da fundação da Academia de Letras de Maringá, em 1997, o poeta Antonio Augusto de Assis, que tinha entre seus guardados diversos poemas de minha lavra, incentivou-me a editar um livro para preencher os requisitos de ingresso como fundador da novel entidade. Veio à luz “Ex-passos” e daí para frente aventurei-me, trazendo a lume mais dez títulos.
2. Qual o escritor a quem o senhor mais admira?
R. Humberto de Campos, patrono da Cadeira nº. 20 da qual sou fundador, mas não apenas pelo seu talento literário. Mas também por sua luta pela vida e pelas causas sociais que sempre nortearam seu talento como homem publico. Desde seu magnífico “Poeira” até seu famoso “Diário Secreto” publicou 40 títulos, entre contos, crônicas e poesias, dos quais onze sob o pseudônimo “Conselheiro XX”.
3. Já aconteceu de o senhor receber uma crítica desconcertante? Se sim, como reagiu? Se não, o senhor acha que a crítica impiedosa amedronta o escritor de se expor?
R. Sim, várias vezes. A que mais marcou aconteceu por ocasião do lançamento do livro “Ex-passos”, minha primeira aventura na área da literatura, após algumas incursões com a publicação de textos leonísticos (relativo a Lions Clube Internacional) e políticos. Partiu de uma convidada, escritora conhecida e com bons serviços prestados à literatura, a qual comentou em voz alta com um interlocutor, também escritor: “Isso aqui não vale nada. Não são trovas e tampouco poemas. Apenas algumas quadrinhas rimadas e outras bobagens”. Confesso que senti um “friozinho na barriga”, porém providenciei para que ela fosse servida com distinção. Parece que percebeu que seu comentário fora por mim ouvido e logo se retirou da festa. Não guardei mágoa ou ressentimentos. Procurei, isto sim, conhecer a obra dessa autora e passei a elogiá-la toda vez que posso.
Quanto à crítica impiedosa, não me amedronta. Escrevo o que posso produzir, sempre pensando no leitor e não no crítico. Cada um de nós entende literatura a sua maneira e isso me basta.
4. Quais são suas metas enquanto escritor?
R. Sem muita ambição. Em meus onze títulos publiquei poesias, contos, crônicas, coletâneas, os quais simplesmente chamo de “textos livres”. Sonho em escrever um romance, ao menos.
5. O senhor saberia distinguir o seu eu-escritor do seu eu longe da literatura?
R. O meu eu-escritor é fruto da constante dedicação à leitura, apesar de dedicar poucas horas em cada semana a esse mister. Longe da literatura, são aproximadamente dez horas de serviço diário, adicionando-se ainda participação efetiva na vida comunitária e na defesa da cidadania.
6. Quais são as compensações de sua profissão?
R. Lá se vão quarenta anos na profissão como Serventuário da Justiça... A principal compensação é haver ingressado nela muito jovem, e os frutos desse labor, haver–me proporcionado condições de dar a minha família conforto e possibilidade de boa formação acadêmica.
7. O senhor acredita que os livros feitos para vender – os best-sellers – estão distanciando a leitura da literatura?
R. A arte e a literatura estão inseridas nesse contexto, e não sobreviveriam sem “os livros feitos para vender”. Os grandes nomes da literatura escolhem temas e desenvolvem suas tramas, mesmo as poéticas, de forma a atingir o grande público. Dizem até que, se quisermos conhecer um escritor, devemos ler seu primeiro livro. Esse sempre nasce verdadeiramente de seu “eu” interior.
8. Considerando que a sociedade vigente prega a cultura da imagem, quais são as estratégias da Academia para que o público prefira ler a assistir a televisão, por exemplo?
R. A mídia eletrônica não pode ser considerada inimiga dos livros. Ela, na verdade, é uma aliada. O que se faz necessário é a constante orientação aos jovens na escola, nas igrejas, no lar, para que se utilizem da mídia para conhecer superficialmente a universalidade da cultura, e, a seguir, criar condições de acesso aos livros. Nada substitui a leitura de um livro impresso, a alegria em acariciá-lo folha-a-folha, em reler cada texto e enfim adormecer tendo-o sobre o peito. É a intimidade plena com o autor!
9. Na Internet há inúmeros sites em que escritores amadores expõem seus trabalhos protegidos por pseudônimos. Por que é tão difícil sair do anonimato mesmo quando se tem talento?
R. A utilização de pseudônimos não se restringe à era da Internet. Respondendo a sua segunda pergunta, informo que Humberto de Campos – o mais jovem escritor a ingressar na Academia Brasileira de Letras – fez editar onze títulos sob o pseudônimo de “Conselheiro XX”. Muitos adotam essa prática desde o início da atividade literária, enquanto outros o fazem em busca de uma melhor identificação com o público leitor.
10. O senhor acha que o Brasil já proclamou sua independência literária?
R. Associo-me ao pensamento de que “A escola nacionalista, filha da Semana de 1922, alcançou seu clímax após 1945 quando procurou rebater a enxurrada de escritores estrangeiros. Xenófoba, conseguiu manter incólume uma literatura já definida em termos de brasilidade. Foi, aquela obsessão nacionalista em prol do folclore, do regionalismo, de um palavrear que identifica-a as áreas do país, a mais benéfica influencia por que passou a literatura. Se, por outro lado, o alcance dessa formação nacionalista não atingiu todos os escritores modernos, por motivos particulares a cada um, a verdade que a atmosfera cultural foi criada e vicejou, fazendo escola e estabelecendo um importante marco na trajetória em prol de uma cultura própria, definida, bem brasileira. (in Literatura Brasileira Contemporânea – Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias -)”
11. E Maringá?
R. Maringá talvez seja a cidade que conta com o maior número de títulos retratando sua história. Na ficção, em prosa e em verso, estão catalogados mais de 200 escritores, segundo estudo realizado na Universidade Estadual de Maringá. Podemos afirmar, porém, que não se trata de um relatório incontestável ou completo. Na catalogação não consta, por exemplo, Jorge Ferreira Duque Estrada e seus dois títulos: “Terra Crua” e “Isto é você, Maria”: o primeiro relata os movimentos políticos iniciais em nossa terra, e o segundo é o mais belo romance tendo como cenário o período de colonização da região norte/noroeste de nosso estado.
12. A Prefeitura dá algum tipo de incentivo à atividade literária?
R. No que compete ao poder público, sim. Disponibiliza infra-estrutura, tais como teatro Callil Haddad para grandes eventos; recursos financeiros por meio de alocação de verbas atendendo ao determinado pela Lei de Incentivo à Cultura; convida e aceita convite para parcerias em diversos eventos. É preciso ressaltar que a literatura e a arte sempre foram apoiadas e/ou financiadas por Mecenas.
Fonte:
http://www.afacci.com.br/autor.php
1. Como o senhor iniciou na literatura?
R. Construindo os primeiros textos poéticos ainda na adolescência, sem publicá-los. Durante minha vida pública, fiz editar dezenas de pronunciamentos e pareceres produzidos como parlamentar. Tais documentos deram origem ao mais recente livro publicado, intitulado “Parlamentar”.
Quando da fundação da Academia de Letras de Maringá, em 1997, o poeta Antonio Augusto de Assis, que tinha entre seus guardados diversos poemas de minha lavra, incentivou-me a editar um livro para preencher os requisitos de ingresso como fundador da novel entidade. Veio à luz “Ex-passos” e daí para frente aventurei-me, trazendo a lume mais dez títulos.
2. Qual o escritor a quem o senhor mais admira?
R. Humberto de Campos, patrono da Cadeira nº. 20 da qual sou fundador, mas não apenas pelo seu talento literário. Mas também por sua luta pela vida e pelas causas sociais que sempre nortearam seu talento como homem publico. Desde seu magnífico “Poeira” até seu famoso “Diário Secreto” publicou 40 títulos, entre contos, crônicas e poesias, dos quais onze sob o pseudônimo “Conselheiro XX”.
3. Já aconteceu de o senhor receber uma crítica desconcertante? Se sim, como reagiu? Se não, o senhor acha que a crítica impiedosa amedronta o escritor de se expor?
R. Sim, várias vezes. A que mais marcou aconteceu por ocasião do lançamento do livro “Ex-passos”, minha primeira aventura na área da literatura, após algumas incursões com a publicação de textos leonísticos (relativo a Lions Clube Internacional) e políticos. Partiu de uma convidada, escritora conhecida e com bons serviços prestados à literatura, a qual comentou em voz alta com um interlocutor, também escritor: “Isso aqui não vale nada. Não são trovas e tampouco poemas. Apenas algumas quadrinhas rimadas e outras bobagens”. Confesso que senti um “friozinho na barriga”, porém providenciei para que ela fosse servida com distinção. Parece que percebeu que seu comentário fora por mim ouvido e logo se retirou da festa. Não guardei mágoa ou ressentimentos. Procurei, isto sim, conhecer a obra dessa autora e passei a elogiá-la toda vez que posso.
Quanto à crítica impiedosa, não me amedronta. Escrevo o que posso produzir, sempre pensando no leitor e não no crítico. Cada um de nós entende literatura a sua maneira e isso me basta.
4. Quais são suas metas enquanto escritor?
R. Sem muita ambição. Em meus onze títulos publiquei poesias, contos, crônicas, coletâneas, os quais simplesmente chamo de “textos livres”. Sonho em escrever um romance, ao menos.
5. O senhor saberia distinguir o seu eu-escritor do seu eu longe da literatura?
R. O meu eu-escritor é fruto da constante dedicação à leitura, apesar de dedicar poucas horas em cada semana a esse mister. Longe da literatura, são aproximadamente dez horas de serviço diário, adicionando-se ainda participação efetiva na vida comunitária e na defesa da cidadania.
6. Quais são as compensações de sua profissão?
R. Lá se vão quarenta anos na profissão como Serventuário da Justiça... A principal compensação é haver ingressado nela muito jovem, e os frutos desse labor, haver–me proporcionado condições de dar a minha família conforto e possibilidade de boa formação acadêmica.
7. O senhor acredita que os livros feitos para vender – os best-sellers – estão distanciando a leitura da literatura?
R. A arte e a literatura estão inseridas nesse contexto, e não sobreviveriam sem “os livros feitos para vender”. Os grandes nomes da literatura escolhem temas e desenvolvem suas tramas, mesmo as poéticas, de forma a atingir o grande público. Dizem até que, se quisermos conhecer um escritor, devemos ler seu primeiro livro. Esse sempre nasce verdadeiramente de seu “eu” interior.
8. Considerando que a sociedade vigente prega a cultura da imagem, quais são as estratégias da Academia para que o público prefira ler a assistir a televisão, por exemplo?
R. A mídia eletrônica não pode ser considerada inimiga dos livros. Ela, na verdade, é uma aliada. O que se faz necessário é a constante orientação aos jovens na escola, nas igrejas, no lar, para que se utilizem da mídia para conhecer superficialmente a universalidade da cultura, e, a seguir, criar condições de acesso aos livros. Nada substitui a leitura de um livro impresso, a alegria em acariciá-lo folha-a-folha, em reler cada texto e enfim adormecer tendo-o sobre o peito. É a intimidade plena com o autor!
9. Na Internet há inúmeros sites em que escritores amadores expõem seus trabalhos protegidos por pseudônimos. Por que é tão difícil sair do anonimato mesmo quando se tem talento?
R. A utilização de pseudônimos não se restringe à era da Internet. Respondendo a sua segunda pergunta, informo que Humberto de Campos – o mais jovem escritor a ingressar na Academia Brasileira de Letras – fez editar onze títulos sob o pseudônimo de “Conselheiro XX”. Muitos adotam essa prática desde o início da atividade literária, enquanto outros o fazem em busca de uma melhor identificação com o público leitor.
10. O senhor acha que o Brasil já proclamou sua independência literária?
R. Associo-me ao pensamento de que “A escola nacionalista, filha da Semana de 1922, alcançou seu clímax após 1945 quando procurou rebater a enxurrada de escritores estrangeiros. Xenófoba, conseguiu manter incólume uma literatura já definida em termos de brasilidade. Foi, aquela obsessão nacionalista em prol do folclore, do regionalismo, de um palavrear que identifica-a as áreas do país, a mais benéfica influencia por que passou a literatura. Se, por outro lado, o alcance dessa formação nacionalista não atingiu todos os escritores modernos, por motivos particulares a cada um, a verdade que a atmosfera cultural foi criada e vicejou, fazendo escola e estabelecendo um importante marco na trajetória em prol de uma cultura própria, definida, bem brasileira. (in Literatura Brasileira Contemporânea – Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias -)”
11. E Maringá?
R. Maringá talvez seja a cidade que conta com o maior número de títulos retratando sua história. Na ficção, em prosa e em verso, estão catalogados mais de 200 escritores, segundo estudo realizado na Universidade Estadual de Maringá. Podemos afirmar, porém, que não se trata de um relatório incontestável ou completo. Na catalogação não consta, por exemplo, Jorge Ferreira Duque Estrada e seus dois títulos: “Terra Crua” e “Isto é você, Maria”: o primeiro relata os movimentos políticos iniciais em nossa terra, e o segundo é o mais belo romance tendo como cenário o período de colonização da região norte/noroeste de nosso estado.
12. A Prefeitura dá algum tipo de incentivo à atividade literária?
R. No que compete ao poder público, sim. Disponibiliza infra-estrutura, tais como teatro Callil Haddad para grandes eventos; recursos financeiros por meio de alocação de verbas atendendo ao determinado pela Lei de Incentivo à Cultura; convida e aceita convite para parcerias em diversos eventos. É preciso ressaltar que a literatura e a arte sempre foram apoiadas e/ou financiadas por Mecenas.
Fonte:
http://www.afacci.com.br/autor.php
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