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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Solano Trindade (Antologia Poética)


POEMA AUTOBIOGRÁFICO

Quando eu nasci,
Meu pai batia sola,
Minha mana pisava milho no pilão,
Para o angu das manhãs...
Portanto eu venho da massa,
Eu sou um trabalhador...

Ouvi o ritmo das máquinas,
E o borbulhar das caldeiras...
Obedeci ao chamado das sirenes...
Morei num mucambo do ""Bode"",
E hoje moro num barraco na Saúde...

Não mudei nada...

CANTA AMÉRICA

Não o canto de mentira e falsidade
que a ilusão ariana
cantou para o mundo
na conquista do ouro
nem o canto da supremacia dos derramadores de sangue
das utópicas novas ordens
de napoleônicas conquistas
mas o canto da liberdade dos povos
e do direito do trabalhador...

CONVERSA

- Eita negro!
quem foi que disse
que a gente não é gente?
quem foi esse demente,
se tem olhos não vê...

- Que foi que fizeste mano
pra tanto falar assim?
- Plantei os canaviais do nordeste

- E tu, mano, o que fizeste?
Eu plantei algodão
nos campos do sul
pros homens de sangue azul
que pagavam o meu trabalho
com surra de cipó-pau.

- Basta, mano,
pra eu não chorar,
E tu, Ana,
Conta-me tua vida,
Na senzala, no terreiro

- Eu...
cantei embolada,
pra sinhá dormir,
fiz tranças nela,
pra sinhá sair,

tomando cachaça,
servi de amor,
dancei no terreiro,
pra sinhozinho,
apanhei surras grandes,
sem mal eu fazer.

Eita! quanta coisa
tu tens pra contar...
não conta mais nada,
pra eu não chorar -

E tu, Manoel,
que andaste a fazer
- Eu sempre fui malandro
Ó tia Maria,
gostava de terreiro,
como ninguém,
subi para o morro,
fiz sambas bonitos,
conquistei as mulatas
bonitas de lá...

Eita negro!
- Quem foi que disse
que a gente não é gente?
Quem foi esse demente,
se tem olhos não vê.

EU GOSTO DE LER GOSTANDO

Eu gosto de ler gostando,
gozando a poesia,
como se ela fosse
uma boa camarada,
dessas que beijam a gente
gostando de ser beijada.

Eu gosto de ler gostando
gozando assim o poema,
como se ele fosse
boca de mulher pura
simples boa libertada
boca de mulher que pensa...
dessas que a gente gosta
gostando de ser gostada.

NEGRA BONITA

Negra bonita de vestido azul e branco
Sentada num banco de segunda de trem
Negra bonita o que é que você tem?
Com a cara tão triste não sorri pra ninguém?
Negra bonita
É seu amor que não veio
Quem sabe se ainda vem
Quem sabe perdeu o trem
Negra bonita não fique triste não
Se seu amor não vier
Quem sabe se outro vem
Quando se perde um amor Logo se encontra cem
Você uma negra bonita Logo encontra outro bem.
Quem sabe se eu sirvo
Para ser o seu amor
Salvo se você não gosta
De gente da sua cor
Mas se gosta eu sou o tal
Que não perde pra ninguém
Sou o tipo ideal
Pra quem ficou sem o bem...

REFLEXÃO

Vieste acender o meu fogo poético,
E minh’alma se abriu pras grandes festas,
A música dos teus poemas,
Faz-me dançar o bailado, Da primeira mocidade...
Eu sinto vontade de não ser sexo,
Para brincar contigo como criança,
E brincar de cirandinha com tu’alma.
Mas como sou sexo, Vou assistir um espetáculo humano;
A confecção de bandeiras iguais,
Para seres que parecem diferentes.

POEMA DO HOMEM

Desci à praia
Para ver o homem do mar,
E vi que o homem
É maior que o mar

Subi ao monte
Pra ver o homem da terra,
E vi que o homem
É maior que a terra

Olhei para cima
Para ver o homem do céu,
E vi que o homem
É maior que o céu.

O CANTO DA LIBERDADE

Ouço um novo canto,
Que sai da boca,
de todas as raças,
Com infinidade de ritmos...
Canto que faz dançar,
Todos os corpos,
De formas,
E coloridos diferentes...
Canto que faz vibrar,
Todas as almas,
De crenças,
E idealismos desiguais...
É o canto da liberdade,
Que está penetrando,
Em todos os ouvidos...

MEU CANTO DE GUERRA

Eu canto na guerra,
Como cantei na paz,
Pois o meu poema
É Universal.
É o homem que sofre,
O homem que geme,
É o lamento
Do povo oprimido,
Da gente sem pão...
É o gemido
De todas as raças,
De todos os homens.
É o poema
da multidão!

ABOLIÇÃO NÚMERO DOIS

Parem com estes batuques,
Bombos e caracaxás,
Parem com estes ritmos tristes e sensuais

Deixem que eu ouça
Que eu veja
Que eu sinta
O grito
A cor
E a forma
da minha libertação...

QUEM TÁ GEMENDO?

Quem tá gemendo,
Negro ou carro de boi?
Carro de boi geme quando quer,
Negro, não,
Negro geme porque apanha,
Apanha pra não gemer...

Gemido de negro é cantiga,
Gemido de negro é poema...

Gemem na minh'alma,
A alma do Congo,
Da Niger, da Guiné,
De toda África enfim...
A alma da América...
A alma Universal...

Quem tá gemendo,
negro ou carro de boi?
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mais poesias de Solano em http://singrandohorizontes.blogspot.com/2008/11/solano-trindade-1908-1974-poesias.html
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Maciel Monteiro (1804 – 1868)


Maciel Monteiro (Antônio Peregrino M. M., 2º Barão de Itamaracá), médico, jornalista, diplomata, político, orador e poeta, nasceu em Recife, PE, em 30 de abril de 1804, e faleceu em Lisboa, Portugal, em 5 de janeiro de 1868.

É o patrono da Cadeira nº 27 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Joaquim Nabuco.

Era filho do Dr. Manuel Francisco Maciel Monteiro e de mulher Manuela Lins de Melo.

Fez estudos preparatórios em Olinda, seguindo, em 1823, para a França. Ingressou na Universidade de Paris, onde recebeu o grau de bacharel em Letras (1824), em Ciências (1826) e doutorou-se em Medicina (1829).

Regressou em 1829 ao Recife, onde exerceu alguns cargos médicos, mas logo abandonou a profissão pela política e pela diplomacia, carreira mais de acordo com sua índole mundana e social. Elegante, vaidoso, foi um perfeito galanteador, cujo talento poético se converteu em instrumento de esnobismo e volubilidade amorosa.

Foi vereador da Câmara Municipal e diretor do Teatro Público. Ligado ao Partido Conservador, foi eleito deputado provincial (1833) e geral (1834-1844 e 1850-1853), ministro dos Negócios Estrangeiros de 1837 e 1839 e, deste ano a 1844, diretor da Faculdade de Direito de Olinda. Nomeado membro do Conselho do Imperador em julho de 1841 e diretor geral da Instrução Pública em Pernambuco, em 1852.

Foi redator e colaborador de: O Lidador, órgão do Partido Republicano (Recife, 1845-1848); A Carranca, periódico político-moral-satírico-cômico (Recife, 1846); A União, órgão do Partido Conservador (Recife, 1848-1851).

Abandonando a política, foi para Lisboa em 1853, como enviado extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil. Teve boa atuação diplomática e tornou-se notório pelos serviços contra os moedeiros falsos de Lisboa no Brasil, o que lhe valeu o título de 2o Barão de Itamaracá. Estava a serviço do Brasil quando ali faleceu.

Seus restos mortais foram trasladados para Pernambuco em 1870 e encerrados em 1872 no mausoléu que a Câmara Municipal do Recife mandou erigir no cemitério do Senhor Bom Jesus da Redenção em Santo Amaro.

A sua formação cultural na Europa, o contato com o Romantismo francês e posteriormente com o Romantismo português determinaram a feição romântica da sua obra antes mesmo de se achar definido no Brasil o Romantismo. O poeta original caracterizou-se por ser quase um improvisador. Deixava poesias em álbuns de senhoras, em mãos de amigos, esparsas.

A sua melhor produção literária é representada pelas poesias lírico-amorosas, mas nada publicou além da tese de medicina, em francês, e algumas poesias e discursos parlamentares, entre os quais se destaca o que pronunciou em 10 de junho de 1851 acerca da abolição do tráfico negro, e isso revela duplo aspecto pouco conhecido de Maciel Monteiro: o orador e o abolicionista. Palavras suas: "sempre detestei a escravidão; a minha natureza como que se revolta à sombra de qualquer jugo"; "sempre me reputei abolicionista".

A fortuna crítica de Maciel Monteiro tem sofrido altos e baixos. Para Sílvio Romero, é um importante poeta de transição e um dos predecessores do lirismo hugoano; para José Veríssimo, uma simples lenda. Foi reabilitado na sua justa medida por José Aderaldo Castelo.

Obras:
Dissertation sur la nature, les symptômes de l'inflammation de l'arachnoïde et son rapport avec l'encephalite (1829);
Poesias, sob a direção de João Batista Regueira Costa e Alfredo de Carvalho (1905);
Discurso por ocasião da fundação da Sociedade de Medicina Pernambucana (4.4.1841), in: Anais de medicina pernambucana. Anais do parlamento brasileiro, de 1834 a 1853.

Fontes:
Academia Brasileira de Letras
http://pt.wikipedia.org

sábado, 10 de outubro de 2009

7a. Bienal Internacional do Livro de Pernambuco


Com o tema “Literatura do princípio ao fim”, a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco chega a sua 7ª edição. Entre os dias 02 e 12 de outubro, o pavilhão de exposições do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda (PE), volta a ser palco das discussões e debates que fomentam a feira literária, considerada a 3ª maior do Brasil, atrás apenas do Rio e São Paulo. Promovido pela Cia de Eventos, o evento deste ano ganhou mais um dia. O Dia das Crianças foi estrategicamente incorporado, uma vez que aproximar a juventude dos livros é um dos principais objetivos dos organizadores.

Em 11 dias de feira, a expectativa é superar os números das últimas edições e congregar um público acima dos 550 mil registrados na bienal passada. Com curadoria do jornalista e escritor Homero Fonseca e do poeta, tradutor e ensaísta Delmo Montenegro, a programação promete oficinas literárias, apresentações teatrais, interpretação textual, palestras, debates, entrevistas e bate-papos acerca das produções literárias. E as novidades não param por aí. Também já está sendo estudada a possibilidade de criar um espaço batizado de Cine São Luiz, onde serão oferecidas mostras de filmes clássicos, sobretudo infantis. A idéia é elaborar uma programação especial para as crianças na perspectiva de formar os futuros leitores.

O grande objetivo da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco é fazer uma grande celebração em torno de um produto nobre como é o livro, que sempre agrega valor e estimula a capacidade criativa das pessoas. Por isso, existe uma preocupação da organização em sempre abrir espaço para editoras ainda de pouca visibilidade, possibilitando uma maior diversidade na oferta de títulos. A idéia é apresentar livros que não são achados na maioria das livrarias. E sempre com o cuidado de viabilizar estas ofertas com preços acessíveis.

O evento conta com apoio da Câmara Brasileira do Livro, Governo do Estado de Pernambuco e Prefeitura do Recife.

PROGRAMAÇÃO

SÁBADO, 10 DE OUTUBRO DE 2009

AUDITÓRIO CARLOS PENA FILHO

– 10:00 às 12:00h – CURSO: “O valor literário dos primeiros contos de Machado de Assis”. – Eduardo França.
– 13:00 às 14:30h – Oficina literária de Raimundo Carrero.
– 15:00 às 16:00h – Severino Celestino – “Analisando as traduções bíblicas”.
– 16:30 às 17:30h – Marcus Accioly e Charles Kiefer – “Conversa e Recital”.
– 18:00 às 19:00h – Salim Miguel – “Eu leitor, gráfico, livreiro, editor, jornalista, escritor”. Apresentação Ivanildo Sampaio.
– 19:30 às 20:30h – Alberto Mussa – “O escritor como leitor”. Apresentação Cristhiano Aguiar.
– 21:00 às 22:00h – “Modos de Macho vs Modinhas de Fêmea” – Xico Sá conversa com Flávia de Gusmão e Carolina Leão

CAFÉ CULTURAL

– 10:00 às 12:00h – Mini-Cursos: FAFIRE
– 13:30 às 15:00h – Café Cultural: “Ainda Orangotangos: Dialogando Livro e Filme” – Paulo Scott (SP).
– 15:30 às 17:30h – Café Cultural: Educação e Tecnologia.
– 18:00 às 19:30h – Marcelino Freire (SP) e Paula Dip (SP) – “Para sempre teu, Caio F.”
– 20:30 às 21:30h – Conversa com o escritor: Federico Andahazi (Argentina) – Marcelo Pereira.

PALCO DAS IDÉIAS

– 10:00 às 12:00h – Oficina: Ficção Literária para Jovens. Paulo Caldas.
– 13:30 às 15:30h – Edson Nery da Fonseca – “Alumbramentos e perplexidades – vivências bandeirianas”.
– 15:30 às 17:30h – Eglê Malheiros (SC) e Antônio Guinho – “Para seduzir o leitor infanto-juvenil”.
– 18:00 às 19:30h – Silvério Pessoa – “Nômade – Um Diário de Viagem”.
– 20:00 às 22:00h – Sérgio Rodrigues (RJ), Urariano Mota e Ana Maria César – “Quebrando Espelhos: Jornalismo versus Repressão”.

ESPAÇO PEDAGÓGICO

– 10h15 – Escola Novo Mangue – Dança
– 10h30 – Arricirco Várias Atividades Circenses – Alegria de ler
– 11h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 14h45 – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 15h – Clenira Melo – Contação de História / Recital Poético
– 15h30 – Colégio Desenvolver – Dança
– 16h – Editora Calibán – Bate-papo com a autora Izabela Domingues, de A Menina Marca- Texto
– 16h30 – Editora Comunigraf – Contação de História – Livro 6 de Março
– 17h – Clenira Melo – Contação de História/Recital Poético

PLATAFORMA DE LANÇAMENTOS

– 12h às 13h – Cordel – Lendo a Tradição, de Felipe Júnior
– 14h às 15h – O Coronelismo em Salgueiro, de Waldemar Alves da Silva Júnior
– 15h às 16h – Revisão ou reafirmação do espiritismo?, de Herculano Pires e Francisco Cajazeiras
– 16h às 17h – A Trilha do Labirinto, de Francisco de Assis Rocha Filho
– 17h às 18h – Pequenas biografias não-autorizadas, de Leo Marona
– 18h às 19h – As calçadas e outros contos cervantinos, de Carlos Roberto Santos
– 19h às 20h – A Literatura em Pernambuco, de Nagib Jorge
– 20h às 21h – Para sempre teu. Caio F, de Paula Dip

11 DE OUTUBRO – DOMINGO

AUDITÓRIO CARLOS PENA FILHO

– 10:00 às 12:00h – CURSO: “Poesia – Do passado sem futuro ao contemporâneo: conhecendo a poesia brasileira”. – Fábio Andrade.
– 13:00 às 14:30h – Oficina literária de Raimundo Carrero.
– 15:00 às 16:00h – Professora Suzana Sacavino – “Democracia, sociedade e educação em direitos humanos”.
– 16:30 às 17:30h – Francisco Cajazeiras – “Depressão – Doença da alma”.
– 18:00 às 19:00h – Fernando Monteiro – “Viagem ao centro da Literatura”. Apresentação Heloísa Arcoverde.
– 19:30 às 21:30h – Marcelino Freire (SP) e Paulo Scott (RS) – “Literatura – Agite antes de usar”. Mediação: Urros Masculinos.
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CAFÉ CULTURAL

- 10:00 às 12:00h – Mini-Cursos FAFIRE.
- 13:30 às 15:00h – Café Cultural: “A Pintura de Vicente do Rego Monteiro” – Karla Melo e Patrícia Tenório.
- 15:30 às 17:30h – Café Cultural: “Teatro em Pernambuco”.
- 18:00 às 19:30h – Conversa com o escritor: Alberto Mussa (SP) e Ronaldo Correia de Brito.
- 20:30 às 21:30h – Conversa com o escritor: Salim Miguel (SC) e Nagib Jorge Neto.

PALCO DAS IDÉIAS

- 10:00 às 12:00h – Oficina: Educar com Afeto. Luiz Schettini Filho
- 14:00 às 16:00h – Schneider Carpeggiani, Bruno Piffardini e Thiago Soares – “ I Love Lucy (Homenagem aos 30 anos de carreira da poeta Lucila Nogueira)”.
- 16:30 às 18:30h – Exibição de filme e debate: “Geração 65 – Aquela Coisa Toda”, de Luci Alcântara.
- 19:00 às 21:00h – Myriam Brindeiro e Eugênia Menezes – “Edições Pirata (30 anos depois)”.

ESPAÇO PEDAGÓGICO

– 10h30 – Colégio Desenvolver – Contação de História com Silvana
– 11h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 15h – Edições Bagaço – Contação de História com Rosângela
– 15h30 – Clenira Melo – Contação de História /Recital Poético
– 16h30 – Clenira Melo – Contação de História/Recital Poético
– 17h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy

PLATAFORMA DE LANÇAMENTOS

- 12h às 13h – Retratos do Sertão, de Marcos Passos
- 14h às 15h – Coleção Africanidades e Afrobrasilidades, de Jorge Arruda
- 15h às 16h – Quatro faces de um encontro – Vicente do Rego Monteiro, de Karla Melo Patrícia Tenório
- 16h às 17h – Democracia e Educação em Direitos Humanos na América Latina, de Susana Beatriz Sacavino
- 17h às 18h – O Rei do Zodíaco – Depois do Desejo, de Valdir Oliveira
- 18h às 19h – “Cordéis Gramaticais: Porque, O Caso da Crase, Borboletra-gens e Libidinagem das Letras”, de Marcelo Mário melo
- 19h às 20h – Vi uma foto de Anna Akhmátova, de Fernando Monteiro
- 20h às 21h – Uma Coisa de Cada Vez, de André Luís Resende. Exibição do filme homônimo, com direção de Mannu Costa e roteiro de Dirceu Tavares.

12 DE OUTUBRO – SEGUNDA-FEIRA

AUDITÓRIO CARLOS PENA FILHO

- 10:00 às 12:00h – Artur Ataíde, Revista Crispim – CURSO: “O som da poesia”.
- 15:00 às 16:00h – Deputado Marcelo Almeida, Silvana Lumach Meireles – Secretária de Articulação institucional do Ministério da Cultura e José Castilho – Secretário- Executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura – “Fundo Setorial Pró-Leitura”
- 18:00 às 19:00h – “Os Leitores Falam” (Mesa formada por leitores selecionados pelo site da Bienal). Apresentação Luciano Siqueira. Seguida de encerramento, por Rogério Robalinho, Homero Fonseca, Delmo Montenegro.

CAFÉ CULTURAL

- 10:00 às 12:00h – Mini-Cursos: Oficina FAFIRE
- 13:30 às 15:00h – Café Cultural: Oficina FAFIRE
- 15:30 às 17:30h – Café Cultural: Literatura Infanto-Juvenil

PALCO DAS IDÉIAS

- 13:00 as 13:30h – Peça: “Os Seios da Minha Mãe” de Valmir Oliveira – Adriano Cabral e Grupo de Teatro
- 14:00 às 15:00h – Recital: Dremelgas Literárias.
- 15:30 às 17:30h – “Mutável como o Pássaro na Rama (Homenagem a Tereza Tenório)”. Mesa: Wellington de Melo, César Leal e Ariadne Quintela. Recital: Gerusa Leal, Adélia Coelho, Lucila Nogueira, Silvana Menezes, Mariana Bigio e Raísa Feitosa.
- 17:30 às 18:00h – Exibição de vídeo “Miró –Preto, Pobre, Poeta e Periférico”, de Wilson Freire. Debate com Miró e Wilson Freire
- 18:30 às 19:00h – Recital: Vozes Femininas – Silvana Menezes, Mariane Bigio e Suzana Morais.
- 19:00 às 19:30h – Recital: Rapazes de Sodoma – Raimundo de Moraes.

CELEBRAÇÃO DA LEITURA

– Adriano Cabral e grupo de teatro: “Os seios de minha mãe”, de Valdir Oliveira.
– Biagio Picorele: “Universo doméstico.”retirarem.
– Dremelgas Literárias
– Invenção de Poesia.
– Jailson Oliveira: “Performance.”
– Lara: “Escrita Visceral.”
– Mariane Bigio: “Poesia à la Carte.”
– Miro: “Tú tás aonde?”
– Nós Pós.
– Pedro Américo: “Linguaraz.”
– Poetas Urbanos (Valmir Jordão, Fernando Chile e Malungo).
– Silvana Menezes: “Poesia Sussurrada ao Ouvido.”
– Urros Masculinos.

ESPAÇO PEDAGÓGICO

– 10h30 – Biblioteca Pública – Grupo Lobatinho Teatro de Fantoches
– 11h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 14h30 – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 15h – Clenira Melo – Contação de História / Recital Poético
– 15h30 – Biblioteca Pública – Passarás, passarás, a poesia ficará -Lenice Gomes
– 16h – Mamulengo Cantofala – Contação de História com Weracy
– 16h30 – Clenira Melo – Contação de História / Recital Poético

PLATAFORMA DE LANÇAMENTOS

- 14h às 15h – Coleta Seletiva e Reciclagem: Ações de Cidadania e Sustentabilidade (Infantil), de Valéria Guz
- 15h às 16h – Brigão, o beija-flor e A galinha Galinha que escapou da caçarola, de Lêda Sellaro
- 16h às 17h – Sapolino Birutino e A Patinha Curiosa, de Socorro Miranda
- 17h às 18h – O Vendedor de sonhos e outros contos, de Fabiana Porfiro
- 18h às 19h – “O jardim dourado e a pedra dos escudos.”, de Monalisa Silvério

Fonte:
http://www.bienalpernambuco.com/

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Caldeirão Poético do Pernambuco



Saulo Novaes

QUADRO DE OUTONO

Cai a última folha da árvore nua
Lentamente
Amparada pelos traços invisíveis
Do vento de Outono
E da janela, olhos que não vêem
Observam a dança da natureza
Enquanto os olhos reais
Passam ilesos por aquela cena

EXPLOSÃO POÉTICA

Pratico meu egoísmo
Numa poesia em primeira pessoa
Ao rimar-me num oásis poético
De versos livres.
Cantando a liberdade,
Saio à procura da perfeita
Forma que expressará
Aquilo que sinto,
E que me foge
Como a explosão de átomos.
============================
Sérgio Bernardo

HERANÇA DAS VÁRZEAS

-Que herança foi deixada
por teu pai, poeta?
-Uma serra gasta de suor
seixos de maré faminta
que afiava a lua minguada
em suas mãos

-E o teu pai, o que deixou?
-Uma casa no campo
outra na praia e contas bancárias
pela cidade

-Mas, e o teu? Só a lua minguada
e nada mais?
-Ele fora carpinteiro
e tantas vezes canoeiro
sabia das marés obesas e nuas.
Por isso não sou poeta
sou canoa e serra amanhecendo

-Diga-me então, já que não és poeta:
-o que ele faz hoje?
-Poda as nuvens em silêncio
para a minha chegada.

UMA LUZ, SÓ UMA LUZ

A um ano-luz ou laços infinitos
De uma aritmética suicida?

O calendário no mofo da parede
Sustenta a agonia das asas
E milhões de vidas
Juntam-se aos tigres enterrados

Quando começa a morrer o sol
De teus olhos
O calendário outra vez
Mostra-me o inatingível

Aí, vem a consciência:
Não compreendes?
A China já mora em teu rosto.

As nuvens de um chão aberto
Em rugas e brasas
Ainda se vestem de esperança.

O coração do amado
Viaja continentes
E chega ao teu, faz morada,
As fontes renascem
E a incadescência da manhã
Vive cantigas de pássaros.
===============================

Sergio Leandro

CANÇÃO PARA LISBOA

Há um mundo de águas e seres abissais
entre meu coração e Lisboa.
Mas eu sei que nos confins do dia
uma fogueira arde contra o frio e minha pátria espera

Minha canção também é feita de silêncio
e o meu tumulto se derrama nas horas vazias da noite...

Eu invoco as palavras sagradas
e ergo ao vento o meu estandarte
porque nos confins do dia
uma fogueira arde contra o frio e minha pátria espera.

ETERNA SÚPLICA

Morrer na flor da idade
Sem andar pelos pomares,
Sem colher os frutos doces...

Ai, meu Deus, não permitas tal!

Morrer na flor da idade
Sem ver se quer um filho.
Um filho!

Ai, Deus meu, não permitas tal, Senhor.

Ó Deus de todos os mortais,
De todos os crentes,
Deus de todos os ateus...

Deixa crescer a árvore junto às águas,
Deixa em silêncio a voz dos sinos,
Deixa.

CONCLUSÃO

O amor,
O ódio,
A violência,
O cosmo,
O infinito.

O que há de novo em tudo isso?

Nenhum dia se passou
Sem que eu pensasse na morte...

A vida é como a poeira
Que o vento leva,
Como teus olhos embaçados pela chuva,
Como eu mesmo quando me escondo.
======================
Sérgio Ricardo Soares

EPILIMNO

nunca bordou-se de singelas ondinhas azuis
o lago frio
nunca foi cisterna por cujo brilho
via-se plâncton

existiu -como é o comum nos dias -
com demasiada pouca luz
mal se distinguia o extenso lodo
que afinal nunca fora muralha assim tão mordaz

nunca o lago frio coalhou-se de gansos
os últimos fugiram sem grasnar
da sombra dos salgueiros

nunca pôde haver inverno branco
sob a sombra dos salgueiros
nunca se soube o sabor da pouca água
porque se desprezava com simples olhar
as poças pululantes de camarões

era remoto de qualquer rio
entre três montes humildes
só cheirava o vento forte
a longos juncos amarelados
aroma até doce
se vagasse em brisa
que no frio do lago nunca houve
e durou tanto

DRAMA

em verdade não é mais belo
o vôo do ranforrinco

atenção e notarás
como hesita um de seus braços
como se o espaço baixo fosse vastidão
e mãe dramática a vociferar algemas
como seus olhos repitílicos estão cheios
de falta de brilho de quem não encontra sua paz
e não a busca
e nem discerne os seres que lhe causam
esses embriões de pavor

o ranforrinco já é o assombro
de hibridez e esterilidade
vôo alçado ontem
e urgência de repouso
mas não se pousa no chão do futuro

não funciona por enquanto
a vida do ranforrinco
se ele soubesse que à frente
do ir está apenas a morte tamanha
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