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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 99 =

 
Mara Melinni Garcia
Caicó/RN

FOTOGRAFIA

Não busco da vida o intento
senão de ser, todo dia,
feliz a cada momento
no meu ninho de poesia!
Mara Melinni Garcia

Quero a delicadeza do nascer do sol que, raio a raio, ilumina nossos dias com seu brilho, para que eu seja luz na vida dos que me cercam.

Quero a beleza simples e formosa da flor mais comum, que se sustenta no solo árido, para que nenhuma tristeza ou dificuldade ofusque a beleza da minha alma.

Quero todas as cores dando vida aos meus sentimentos, para que não padeçam meus sonhos no frio passar do relógio.

Quero a inspiração dos momentos mais puros e humanos - o sorrir de uma criança, o abraço caloroso dos meus pais, uma mão amiga quando eu precisar de ajuda e não pedir... - preenchendo meus espaços vazios.

Quero a paz do voo livre de um pássaro... Para que meus braços permaneçam firmes diante do grandioso céu chamado vida.

Quero o amor em sua forma mais serena e branda, com a leveza que protege, acalenta e cura.

Quero o sustento da oração que me ampara, para que eu não sinta medo e nem me perca da esperança.

Quero ser respeitada e admirada...

NÃO POR AQUILO QUE TENHO,
MAS POR AQUILO QUE SOU.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 98 =

Manuel Bandeira
(Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho)
Recife/PE, 1886 - 1968, Rio de Janeiro/RJ

ENQUANTO A CHUVA CAI

A chuva cai. O ar fica mole...
Indistinto... ambarino... gris...
E no monótono matiz
Da névoa enovelada bole
A folhagem como o bailar.
Torvelinhai, torrentes do ar!

Cantai, ó bátega chorosa,
As velhas árias funerais.
Minh'alma sofre e sonha e goza
À cantilena dos beirais.

Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.

Volúpia dos abandonados...
Dos sós... - ouvir a água escorrer,
Lavando o tédio dos telhados
Que se sentem envelhecer...

Ó caro ruído embalador,
Terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor!

A chuva cai. A chuva aumenta.
Cai, benfazeja, a bom cair!
Contenta as árvores! Contenta
As sementes que vão abrir!

Eu te bendigo, água que inundas!
Ó água amiga das raízes,
Que na mudez das terras fundas
Às vezes são tão infelizes!

E eu te amo! Quer quando fustigas
Ao sopro mau dos vendavais
As grandes árvores antigas,
Quer quando mansamente cais.

É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!

[Manuel Bandeira. A cinza das horas. 1917]

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Mensagem Na Garrafa = 97 =

Fábio Luciano Violin
Rosana /SP

LIDANDO COM PESSOAS

Poucas coisas na vida são mais difíceis do que lidar com seres humanos. As pessoas, por natureza, apresentam comportamentos diversos que vão do amor ao ódio, passando pela apreensão, vergonha, irritação, medo, entusiasmo, apatia, empatia ou antipatia.

Lidar com a diversidade de comportamentos e motivações humanas – aqui entenda motivação como o motivo que leva a algum tipo de ação – é uma tarefa que exige percepção apurada e capacidade às vezes sobre humana. Afinal nem todo comportamento é passível de entendimento fácil e rápido. Na maioria das vezes ter "jogo de cintura" é uma habilidade bastante exigida de nós.

Como exemplo, observe as pessoas que trabalham com você. Veja as dissonâncias de visão do mundo, engajamento com a causa da empresa, nível de comprometimento, capacidade intelectual e assim por diante. A partir desta análise, você vai poder perceber que gerir pessoas ou conviver com elas no trabalho é na maioria das vezes uma tarefa árdua e não necessariamente gratificante, pois em muitas situações entramos em atrito, nos desgastamos ou convivemos em climas que variam do bom ao pesado.

Uma das coisas que mais precisam ser valorizadas, atualmente, são os aspectos psicológicos que movem as pessoas a decidirem ou não por algum tipo de ação. Entender ou, ao menos, buscar entender os mecanismos de decisão das pessoas ajuda a definir qual a forma de treinamento necessário, a forma de corrigir erros ou estimular e incentivar.

A partir deste enfoque podemos perceber que as pessoas – agora clientes externos – não compram coisas físicas, elas buscam coisas emocionais, ou seja, adquirem aquilo que os produtos ou serviços podem fazer por elas. As pessoas buscam comprar o maior benefício possível, considerando seu nível de rendimento.

Uma mulher não compra um creme anti-rugas, compra sim beleza e rejuvenescimento.

Um cardíaco não compra um remédio para estabilizar sua situação, compra esperança de viver mais.

Um homem não compra um aparelho de barbear, compra melhor aparência.

O que quero salientar com isto é que nós, enquanto empresa, temos a função de engajar a todos que trabalham conosco na tarefa de adequar cada uma das nossas ações em busca de uma entrega positiva para aqueles que nos procuram com algum tipo de desejo ou necessidade. É óbvio que nem todo cliente é bom e que também não são todos que queremos.

Infelizmente a vida real não nos permite dizer que conseguiremos sempre 100% de acerto. No entanto, é preciso buscar meios de errar menos, meios de tentar refinar aquilo que consideramos importante e que venha agregar valor à nossa empresa, produto ou serviço da melhor forma possível.

Lembre-se, o mundo jamais foi dos pessimistas. Ter e, poder fazer algo é próprio da natureza humana. Como dizia um antigo comercial "nada supera o talento". Nada supera a capacidade humana de reverter situações e ter esperança e ações para melhorar o meio no qual vivemos.
(in Portal da Psique, 22/04/2003)

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 96 =

Vicente de Carvalho
Santos/SP, 1866 – 1924

A FLOR E A FONTE

“Deixa-me, fonte!” Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria
Cantava, levando a flor.

“Deixa-me, deixa-me, fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte...
Não me leves para o mar.”

E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.

“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu;
Ai, claras gotas de orvalho
Caídas do azul do céu!...”

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.

“Adeus, sombra das ramadas,
Cantigas do rouxinol;
Ai, festa das madrugadas,
Doçuras do pôr do sol;

Carícias das brisas leves
Que abrem rasgões de luar...
Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar!”
* * 

As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 95 =

Legião Urbana:
Eduardo Dutra Villa Lobos 
Marcelo Augusto Bonfa 
Renato Manfredini Junior

VENTO NO LITORAL

De tarde eu quero descansar
Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte, vai
Ser bom subir nas pedras, sei
Que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe, vê
A linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil eu sem você
Porque você está comigo o tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua e se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui
O que posso fazer é cuidar de mim

Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

Ei, olha só o que eu achei, hmm
Cavalos-marinhos

Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 94 =

Carina Isabel Machado Cardoso
Sorocaba/SP

CARTA AO PASSADO
  
Querido passado,

Desculpe-me, mas estou me despedindo, não fique triste, tenho certeza de que irá superar minha ausência, pois nunca esteve lá comigo.

Quando estávamos juntos, somente me ignorou, me entristeceu, chorei tanto por você que nem sei como ainda tenho lágrimas.

Agora me vou, quero me libertar de você, quero ser feliz e viver intensamente meus sonhos e lutar bravamente para realizá-los, libertar-me dos grilhões pesados que me prendiam à submissão e ignorância.

Quero dizer o que penso, ousar ser mais do que sou, pois sei que posso e você só me segurava no chão, impedindo meu voo...

Agora me vou... estou forte, sábia e consciente de meu poder e minhas possibilidades, e enfim sozinha, esperando um novo amor, uma nova chance de ser feliz e plena.

Quero viajar nos livros, quero chorar em filmes, quero rir de qualquer bobagem que eu ver ou ouvir, enfim... sentir, pois sou mulher e nasci para sentir, amar e ser amada.

Você me impedia de pensar, de ser, só me dizia para ficar quieta e calada, era grosseiro e maldoso.

Maltratou meu físico e meus sentimentos, me derrubou no chão, sem nenhuma pena, apenas para sua diversão, ria enquanto eu chorava por ti, quanto te valorizava mais que tudo e era meu mundo, e todo meu amor era para você!

Mas agora me vou e, por favor, não se sinta mal, pois, se não fosse você, eu jamais saberia meu valor, saberia das minhas possibilidades e ousaria sonhar e voar mais alto.

Você foi meu maior mentor, que me ensinou como ser e não ser, como chegar ao fundo do poço e sair, e que é possível cair e levantar.

Mesmo apanhando como apanhei de você, levantei, sacudi a poeira e estou dando a volta por cima mais mulher, mais forte, mais feminina que nunca.

E, como aprendi tudo isso com você, agradeço seu esforço em me ensinar, em me calejar, apesar disso, fiquei apenas mais macia, leve, segura de mim.

Agora quero passar tudo isto a todas as queridas amigas que também querem te dizer adeus, afinal você não apenas me maltratou, e sim a muitas pessoas maravilhosas que não puderam sair do chão e voar por sua causa, pois você não permitiu. Era mais fácil para nós acreditarmos que você cuidava de nós e que não poderíamos nos libertar, vivendo à sua sombra, dependendo de seu abraço apertado e sufocante que não nos alimentava, mas sim a você, sugando nossa energia, nos prendendo a um piso frio cinza e triste chamado solidão.

Quando ler essa carta querido passado, saiba que há uma verdadeira rebelião querendo a libertação, a alforria tão merecida, conquistada a ferro e fogo, mas conquistada.

Não.... engano meu, não foi a ferro e fogo, mas sim com a delicadeza, doçura, força e paciência que nós mulheres temos.

Sou herdeira das que queimaram sutiãs, e não das que usavam apertados espartilhos para agradarem seus homens.

Sou herdeira das que pensam, amam, choram, riem, sentem sem medo, pois fomos projetadas para sentir e não para obedecer com submissão, como você quer.

Sou rosa, mas também sou vermelho sangue, vermelho paixão, paixão pela vida, por sentir e ser alguém plena, que luta por seus sonhos e não arrefece nunca.

Adeus meu querido passado, levarei de ti lembranças que me fizeram o que sou, mas não o que posso ser, levarei de ti as dores que me fizeram forte, corajosa, determinada.

Espero que tenhas boas lembranças de mim, pois foi longo o tempo que passamos juntos. Mas não me importa o que pensa de mim, somente a você importa.

Agora me vou, disse o que queria, tirei o peso do peito, estou leve e pronta para uma nova aventura.

Não pense que te odeio ou mesmo me ressinto, ao contrário, você me ensinou a ser o que sou hoje, o que pode não ser muito, mas que é o que tenho e me orgulho!

Até mais.

(www.sorocult.com/el/view.php-cod=1805.htm)

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 93 =

Cassiano Ricardo
(Cassiano Ricardo Leite)
São José dos Campos/SP, 1894 – 1974, Rio de Janeiro/RJ

POEMA IMPLÍCITO

O que a vida nos faz
supor esteja atrás dos objetos.
A presença do oculto,
o que a fotografia não nos diz.
As coisas
que não chegou a me dizer Lenora
a que foi
morar no reino dos pássaros mudos.
E que mais me feriram justamente
porque não chegaram a ser ditas.
Os gritos, esculpidos na boca
das figuras de pedra.
Tudo o que é implícito.
Tudo o que é tácito.

Não gosto dos explícitos
Gosto dos tácitos.
Daqueles que me dizem tudo
sem me dizer uma única palavra.
Não amo os lógicos,
os socráticos.
Amo os lunáticos,
os de cabeça virgem
e lírica.

Não amo os pássaros que cantam,
amo os pássaros mudos.

(A face perdida, 1950)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 92 =


 Cláudio de Cápua
São Paulo/SP, 1945 – 2021, Santos/SP

MOMENTOS

O passado não existe porque é feito de momentos que se foram e não voltam.

O futuro não existe. Porque podemos morrer neste momento.

O que existe então?

O presente pode ser o momento que vivemos.

Na memória mora o nosso passado, é só lá que ele existe.

O presente, bem aproveitado, projeta outros momentos que serão automaticamente bons momentos que humanamente classificamos de futuro.

Quando uma pessoa está feliz, diz: – Gostaria que esse momento fosse para sempre.

Será que essa pessoa não percebe que a única realidade é aquele momento presente que ela está vivendo e ela é feliz.

A soma dos momentos vividos nos levam a uma realidade, a morte física. Mas para quem acredita, como eu, a vida continua em outro estágio ou em outra dimensão.

Nesta questão, matéria e espírito, como não sou dono da verdade, não sei neste momento se estou certo ou errado. 

O leitor decide no próximo momento.

 (Cláudio de Cápua. Retalhos de Imprensa. São Paulo: EditorAção, 2020. Enviado pelo escritor)

domingo, 28 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 91 =


Charles Chaplin
Londres/Inglaterra (1889 - 1977) Corsiersur-Vevey/Vaud/ Suiça

A VIDA

Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.
Já abracei para proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos.

Já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas “quebrei a cara” muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só para escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e…
…tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)! Mas sobrevivi!
E ainda vivo!

Não passo pela vida…
e você também não deveria passar. Viva!!!

Bom mesmo é ir a luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,

Porque o mundo pertence a quem se atreve
E A VIDA É MUITO, para ser insignificante.

sábado, 27 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 90 =

Maria José de Queiroz
Belo Horizonte/MG, 1934 – 2023, Lagoa Santa/MG

Gratidão

Diariamente eu chego a simples conclusão de que a vida é tão maravilhosa porque também é feita de colos, de feridas que cicatrizam, de amigos que celebram ou choram junto, de café coado com coador de pano, de gente que pega ônibus ou faz caminhada pela manhã, de quem planta o que se pode comer, de vizinhos que alimentam seus gatos com comida de gente. 

Que a vida é feita de algumas pessoas que direcionam todo o seu potencial criativo para melhorar a qualidade de vida de gente que eles nem conhecem. 

Que é feita de e-mails que chegam recheados de saudade e de cartas extraviadas solitárias numa gaveta de um correio qualquer. 

De muros e pontes e cais. 

De aviões que suprimem distâncias e de barcos que chegam. 

De bicicletas que atravessam cidades. 

De redes que balançam gente. 

De rostos que recebem beijos. 

De bocas que beijam. 

De mãos que se dão. 

Que existem pessoas altamente gostáveis, altamente rabugentas, altamente generosas, pessoas distraídas que perdem as coisas, mal-educadas que buzinam sem necessidade, pessoas conectadas que se preocupam com o lixo, pessoas sedutoras e seduzíveis, possíveis e impossíveis, pessoas que se entregam, pessoas que se privam, pessoas que machucam, pessoas que chegam pra curar desencadeadores de poemas, de sorrisos, de lições de vida que ficarão guardadas para sempre… 

A vida é tão maravilhosa porque ela nos compensa com ela mesma.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 89 =

Sílvia Letícia Carrijo

O SENTIDO DA VIDA

"A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida." (Vinicius de Moraes)

O que ouvimos é que a vida é fácil de ser vivida nós é que complicamos, mas será que é mesmo? Claro que em alguns momentos nós a complicamos pra valer, mas nem sempre. Eu costumo dizer que a vida deveria ter uma vírgula, um ponto de espera para depois o fim. Mas não é assim. Ela nunca para para podermos reavaliar. Temos que ir caminhando e tomando decisões sendo elas importantes ou não. Luís Fernando Veríssimo fala que a vida é estranha, não importando que tipo de olhar você lance sobre ela. E ele tem razão. Há momentos em que não sabemos o porquê dela e nem para que lado irá nos levar. Apenas sabemos que vale a pena viver e que mesmo sendo difícil em alguns momentos e complicados em outro ela é simplesmente linda e tem sua forma particular de nos conduzir.

Quando vejo o pó da terra fico olhando para ele com uma enorme interrogação. Somos feito dele e para ele voltaremos [...] até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó, e ao pó voltará". (Gênesis 3:19b). Com isso podemos chegar a conclusão que somos o melhor desta terra, é a mesma terra que nos alimenta e que a destruímos com lixos, venenos e pouco importamos com sua qualidade.

Fico olhando para nós como que do lado de fora. Vejo alguém tentando dominar o seu mundo, um vaso com peixe, muros tão altos quem nem ele mesmo sabe para quê. Barreiras daqui dali e vem o vento destrói tudo, vem o ladrão e leva o ouro como se não existisse nada para interromper sua imaginação. Os mesmos que criam barreiras são os mesmos que nos destroem. - O homem e suas ideias mirabolantes.

Anunciamos para todos que o sentido de nossa vida está em encontrar um amor. Alguém que nos complete nos faça felizes e realizados e sabemos muito bem que jamais seremos felizes com outra pessoa se não formos felizes e realizados primeiro conosco. Com a vida que escolhemos e com o sentido que damos a ela. Depois que achamos ter encontrado este ser tão poderoso não demora muito já mudamos o discurso, e é sempre o outro o ruim, nunca nossa própria vida e como a levamos e continuamos assim tentando e achando que no outro encontraremos algo. Nos conformamos quase sempre com essa história e não tentamos mudar, apenas seguimos o ritmo do conformismo.

Quando encontro casais que se separaram pergunto o porquê e a resposta é sempre a mesma: - a diferença. Mas por que se são as diferenças que nos fazem tão encantadores no inicio da relação. Ficamos tão grilados com elas que gladiamos, fazemos tormentas em copos de água. Enquanto poderíamos aprender com as diferenças e celebrarmos a vida. Mas não é fácil assim. Só parece fácil. Do pó somos feitos frágeis, levados pelo vento...

Amo os apaixonados, eles são o reflexo do nosso desentendimento total da vida. Queremos estar o tempo todo juntos, mas somente brigamos quando nos encontramos. Alguns conseguem fazer com que a paixão vire amor e aí dura, outros descobrem que mesmo apaixonados não dá para ficarem juntos e outros destroem o objeto da paixão por não saber o que fazer com ele.

Como a vida nem sempre é o que parece nos perdemos pelo caminho. Amamos dizer que vivemos em grupo, mas é a sós que nos sentimos nós mesmos é no isolamento que construo meu mundo. Só nos importamos em estar bem, não para mim, mas para mostrar ao outro que sou importante. Afinal é a aparência que manda não quem sou de verdade. Por isso gastamos mais tempo com ela que com meu pó (eu) interior.

Bom, a vida mesmo com suas complicações e beleza não deve ser considerada apenas um rito de passagem. É mais que isso é a oportunidade que temos de encontrar, curtir dar e receber de outros. É o presente mais precioso que temos. Muitas das vezes as barreiras não nos deixam ver. O velho sábio Salomão disse que vale mais a sabedoria. É verdade mais vale também viver de forma calma, tranquila mesmo na tempestade. Como? Sabendo olhar com olhos de aprendizado a tudo. Pois em cada desastre temos culpa, temos parcela de culpa e temos algo a aprender.

Então o que vale da vida é viver, vale amar. Amar de forma correta sem querer ser o que não somos, sem teorias cabulosas ou formas de explicar tudo pela ciência ou religião. Apenas ser mais doce, amar a vida e o que ela nos dá. Amar as pessoas com suas diferenças de pensamento e personalidade. Jogando no lixo o rancor, ódio que nos guia cegamente.

O amor é a forma mais linda de expressar carinho, vontade de viver e abandono de críticas. Mas não sabemos amar, conhecemos o amor posse, o amor domínio. Este não vale a pena. Precisamos amar momentos, situações, pessoas, animais e amar a vida como ela é. Assim vale a pena viver.

Hoje você acordou amanhã só Deus sabe. Mas não pensamos assim, achamos que somos infinitos então fazemos tudo errado parecendo que vamos ter uma nova chance. Mas não tem, então vamos viver a vida de forma mais calma sabendo que o amanhã não nos pertence.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 88 =


 Ricardo Gondim

(Fortaleza/CE)

O TEMPO E AS JABUTICABAS

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.

Tenho mais passado do que futuro… 
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas…

As primeiras, ele chupou displicente… mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço…

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades…

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis…

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas…

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral…

As pessoas não debatem conteúdos… apenas os rótulos…

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos… 
quero a essência… 
minha alma tem pressa…

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; 
que sabe rir de seus tropeços… 
não se encanta com triunfos…
não se considera eleita antes da hora…
não foge de sua mortalidade..

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade…

O essencial faz a vida valer a pena…
e para mim basta o essencial…

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 87 =

Martha Medeiros
(Martha Mattos Medeiros)
Porto Alegre/RS

A INTERFERÊNCIA DO TEMPO

Há quem diga que o tempo não existe, que somos nós que o inventamos e tentamos controlá-lo com nossos relógios e calendários. Nem ousarei discutir essa questão filosófica, existencial e cabeluda. Se o tempo não existe, eu existo. Se o tempo não passa, eu passo. E não é só o espelho que me dá a certeza disso.

O tempo interfere no meu olhar. Lembro do colégio em que estudei durante mais de uma década, meu primeiro contato com o mundo fora da minha casa. O pátio não era grande - era colossal. Uma espécie de superfície lunar sem horizontes à vista, assim eu o percebia aos sete anos de idade. As escadas levavam ao céu, eu poderia jurar que elas atravessavam os telhados. Os corredores eram passarelas infinitas, as janelas pareciam enormes portões de vidro, eu me sentia na terra dos gigantes. Volto, depois de muitos anos, para visitá-lo e descubro que ele continua sendo um colégio grande, mas nem o pátio, nem os corredores, nem as escadas, nada tem o tamanho que parecia ter antes. O tempo ajustou minhas retinas e deu proporção às minhas ilusões.

A interferência do tempo atinge minhas emoções também. Houve uma época em que eu temia certo tipo de gente, aqueles que estavam sempre a postos para apontar minhas fraquezas. Hoje revejo essas pessoas, e a sensação que me causam não é nem um pouco desafiadora. E mesmo os que amei já não me provocam perturbação alguma, apenas um carinho sereno. Me pergunto como é que se explica que sentimentos tão fortes como o medo, o amor ou a raiva se desintegrem. Alguém era grande no meu passado, fica pequeno no meu presente. O tempo, de novo, dando a devida proporção aos meus afetos e desafetos.

Talvez seja esta a prova da sua existência: o tempo altera o tamanho das coisas. Uma rua da infância, que exigia muitas pedaladas para ser percorrida, hoje é atravessada em poucos passos. Uma árvore, que para ser explorada exigia uma certa logística - ou ao menos um "calço" de quem estivesse por perto e com as mãos livres -, hoje teria seus galhos alcançados num pulo. A gente vai crescendo e vê tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.

E ainda nem mencionei as coisas que realmente foram reduzidas: apartamentos que parecem caixotes, carros compactos, conversas telegráficas, livros de bolso, pequenas salas de cinema, casamentos curtos. Todo aquele espaço da infância, em que cabia com folga nossa imaginação e inocência, precisa hoje se adaptar ao micro, ao mínimo, a uma vida funcional.

Eu cresci. Por dentro e por fora (e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro - quando o futuro também era infinito à nossa frente. 

Fonte> Martha Medeiros. Coisas da vida. Porto Alegre/RS: LP&M, 2005.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Mensagem na Garrafa = 86 =

Autor Desconhecido

O AMIGO

Bons amigos sempre ficam de modo especial nos nossos pensamentos. Fazem parte do nosso dia a dia, mesmo não estando presentes, pois as experiências que foram uma vez compartilhadas estarão sempre vivas em nossa lembrança.

Qualquer um pode ficar ao seu lado quando você está certo, mas um amigo verdadeiro permanece ao seu lado mesmo quando você está errado.

Um simples amigo se identifica quando ele te liga. Um amigo verdadeiro não precisa se identificar, pois vocês conhecem as suas vozes.

Um simples amigo inicia uma conversa com um boletim de novidades sobre a sua vida. Um verdadeiro amigo diz: "o que há de novo sobre você?"

Um simples amigo acha que os problemas pelos quais você está se queixando são recentes. Um amigo verdadeiro diz: "você tem se queixado sobre a mesma coisa pelos últimos quatorze anos. Saia deste marasmo e faça algo sobre isto."

Um simples amigo nunca o viu chorar. Um verdadeiro amigo tem os seus ombros encharcados por tuas lágrimas.

Um simples amigo não sabe o nome dos teus pais. Um verdadeiro amigo tem o telefone deles na sua agenda.

Um simples amigo traz uma garrafa de vinho para sua festa. Um verdadeiro amigo chega mais cedo para ajudá-lo a cozinhar e fica até mais tarde para ajudá-lo na limpeza.

Um simples amigo odeia quando você liga após ele já ter ido para cama. Um verdadeiro amigo te pergunta porque demorou tanto para ligar.

Um simples amigo procura conversar com você sobre os teus problemas. Um verdadeiro amigo procura ajudá-lo a resolver os teus problemas.

Um simples amigo fica imaginando sobre tuas histórias românticas. Um verdadeiro amigo poderia conhecer e até te chantagear com tudo que ele sabe.

Um simples amigo, quando o visita, age como um convidado. Um verdadeiro amigo abre tua geladeira e se serve.

Um simples amigo acha que a amizade terminou quando vocês têm uma discussão. Um verdadeiro amigo sabe que não existe uma amizade enquanto vocês ainda não tiveram uma divergência.

Um simples amigo espera que você sempre esteja por perto quando ele precisar. Um verdadeiro amigo espera estar sempre por perto quando você precisar dele.