sexta-feira, 24 de abril de 2009

Olga Savary (1933)



Olga Savary (Belém, 21 de maio de 1933)

Filha única do engenheiro eletricista russo Bruno Savary e da paraense Célia Nobre de Almeida, Olga estudou em Belém, Fortaleza e no Rio de Janeiro.

Olga Savary nasceu em Belém, Pará, 21 de maio de 1933, Filha única de pai russo, Bruno Savary, engenheiro eletricista e mãe brasileira, Célia Nobre de Almeida, paraense de Monte Alegre, de origem pernambucana, descendentes de portugueses e com uma bisavó índia.

Na infância, absorveu fortemente os elementos da cultura da terra onde nasceu, transmitidos por sua família materna. Até os três anos de idade, teve a vida dividida entre Belém e Monte Alegre, no interior do Pará, cidade de seus avós maternos. Em 1936 seu pai, por motivo de trabalho, leva a família para o Nordeste, onde fixa moradia em Fortaleza.

Em 1942 os pais de Olga se separam, e ela vai para o Rio de Janeiro onde passa a morar com um irmão de sua mãe, começando a desenvolver suas habilidades literárias.

Sua mãe, no início, recriminava a vocação da filha, pois queria que ela se dedicasse à música, coisa que Olga detestava. Nesse tempo ela começa a escrever e a guardar seus escritos em um caderninho preto, que sempre era deixado com o bibliotecário da ABI para que sua mãe não o destruísse.

Começou a escrever aos 10 anos em 1943, quando produziu um jornal artesanal, com poemas textos e desenhos. Publicou muitos de seus poemas em jornais e revistas do Rio, Belém e Minas Gerais, assinando alguns como Olenka.

Aos 18 anos, Olga volta a Belém, indo morar com parentes e estudando no Colégio Moderno. Posteriormente decide voltar para o Rio, onde começa a alavancar sua carreira de escritora.

O primeiro livro, Espelho Provisório, foi publicado pela editora José Olympio em 1970, recebendo, em 1971, o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo.

Compositores de música erudita de vanguarda ( como Aylton Escobar, Guilherme Bauer, Ricardo Tacuchiam, Vânia Dantas Leite e Guerra Peixe) usaram poemas de Espelho Provisório, de Sumidouro, de Altaonda e de Magma, em mais de 40 concertos do Rio e também no exterior, a partir de 1972, sob o patrocínio do Departamento de Cultura do Rio de Janeiro.

Seus poemas também foram utilizados como material de palestras e cursos de Literatura ( Gilberto Mendonça Teles, na PUC-RJ, Angélica Soares e Dalma Nascimento, na UFRJ, Lucila Nogueira, na UFPE, Marlene Paula Marcondes e Ferreira de Toledo, na USP), Psicanálise (Wilson de Lyra Chebabi) e Astrologia (Martha Pires Ferreira), entre outros.

Olga Savary dirigiu o setor de Literatura da Casa do Estudante do Brasil, no Rio, a convite do Embaixador Paschoal Carlos Magno.

Colabora em quase todos os jornais e revistas do Brasil e do exterior como poeta, ficcionista, crítica, jornalista e tradutora.

Em suas atividades jornalísticas, iniciou a coluna As Dicas (notícias culturais, comentários e sugestões) no jornal O Pasquim, onde se manteve de 1969 a 1982 como colaboradora, entrevistadora e tradutora. Exerce jornalismo literário há mais de 40 anos, tendo recebido em 1987 o Prêmio Assis Chateaubriand da Academia Brasileira de Letras para a Coletânea de Artigos Literários publicados na Imprensa com o livro As Margens e o Centro.
Integra antologias de poesia brasileira contemporânea no Brasil e no exterior.

Fez parte de júris (julgando letra) de vários Festivais de Canção Estudantil, a partir de 1972. Fez parte do júri dos Carnavais de 1975, 1983, 1984, 1986, 1988 e 1990, julgando letra de sambas-enredo das Escolas de Samba do I Grupo, no Rio e em São Paulo. Participou do júri do Festival de Música Popular Brasileira (1980) da TV Globo.Também participou de vários movimentos de poesia como Ex-Poesia 1 (PUC, Rio, 1973), Ex-Poesia 2 (Curitiba, Paraná, 1973), PoemAção (Museu de Arte Moderna, Rio, 1974), sob organização do poeta e professor Affonso Romano de Sant’Anna etc.

Em 1975 foi escolhida Mulher do Ano em Literatura pelo jornal O Globo, Rio de Janeiro.

Poemas seus foram publicados em Buenos Aires (Revista Crisis), em Lisboa (Revista Colóquio/Letras), em jornais e revistas de Londres, em Copenhague (Dinamarca), nos Estados Unidos (Poema Convidado da Universidade de Georgetown, e Universidade de Indiana, a partir de 1973), na Revista Via, em 1977, na revista II Cavalo de Troia (Milão, Itália, 1982), em Zerstreuung des Alphabets (Alemanha), Canadá e Japão.

Seu 2° livro , Sumidouro (Massao Ohno, João Farkas/Editores, SP, 1977), foi escolhido Melhor Livro do Ano pelo Jornal do Brasil (Rio) e ganhou o prêmio Poesia 1977 da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte.

Tradutora de mais de 40 títulos dos principais escritores hispano-americanos, recebeu o Prêmio Odorico Mendes 1980 de Tradução, da Academia Brasileira de Letras, com Conversa na Catedral, romance de Mario Vargas Llosa.
Participou da VI Bienal Internacional do Livro, em São Paulo, em 1980, no I Seminário de Literatura Brasileira.
Juntamente com Walter Clark, Muniz Sodré e Jose Wilker, fez parte do I Debate Cultural, organizado por Gustavo Barbosa e promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian / Soart e TV Educativa, no Rio, 1981.

Participou do Projeto Escritor 1981, realizando dois depoimentos como escritora na Biblioteca de Santana e na Biblioteca de Pinheiros, promovidos pela Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo, sob a gestão do poeta Mario Chamie.

Altaonda ( Edições Macunaíma / Massao Ohno Editor, 1979), seu 3° livro, recebeu o Prêmio Lupe Cotrim Garaude de Poesia (1981) da União Brasileira de Escritores de São Paulo.

Seus poemas foram apresentados no espetáculo Fala Poesia, durante dois meses, no Teatro Brasileiro de Comédia, mais tarde levados em cinco bibliotecas e no Teatro Ruth Escobar, sob o patrocínio da Secretaria da Cultura de São Paulo, musicados por Déa Bertran, interpretados por atrizes: Isadora de Faria e Núbia de Oliveira.

Mais sete compositores de música popular (Paulo Ciranda, Irinéa Faria, Rosa Passos, Mirabô, Flávio Pantoja, Madan e José Luiz Nogueira) musicaram poemas de Olga Savary.

Participou do I Festival da Mulher nas Artes, organizado por Ruth Escobar e pela Editora Abril em São Paulo, 1982, ano em que Natureza Viva: Uma Seleta dos Melhores Poemas de Olga Savary é editado pelas Edições Pirata, no Recife. No mesmo ano sai Magma ( Massao Ohno-Roswitha Kempf/ Editores), saudado pela imprensa e pela crítica como o primeiro livro todo em temática erótica escrito por mulher no Brasil, Prêmio Olavo Bilac 1983 da Academia Brasileira de Letras.

Visando a um benefício coletivo para escritores e tradutores, num esforço individual através de cartas à Prefeitura do Rio de Janeiro, de 1982 a 1984, conseguiu abolir o imposto de ISS para as duas categorias.
Em 1984 foi eleita Membro Titular do PEN Clube, associação de escritores ligada ao PEN Internacional/UNESCO.

Também em 1984 lança Carne Viva – I Antologia Brasileira de Poesia Erótica, sob sua organização, reunindo 77 dos melhores poetas de todo o Brasil, Ed. Anima, RJ.

Abre a I Semana do Japão, proferindo a palestra: Hai-Kai, a poesia clássica japonesa, no auditório da Associação Comercial do Rio de Janeiro, realizada pelo Consulado Geral do Japão, Câmara do Comércio e Indústria Japonesa, e Instituto Cultural Brasil-Japão.

Representou o Brasil no Poetry International 1985 de Roterdan, Holanda, importante congresso europeu de poesia (convidada, junto com João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar e Lêdo Ivo, em homenagem à poesia de língua portuguesa e na primeira vez em que o Brasil foi convidado), sendo a única mulher entre a delegação portuguesa e brasileira. De volta, apresentou-se no Restaurante Botanic, em duas noites de agosto, lendo 20 poemas dos que apresentou na Holanda em português e a correspondente tradução para o holandês feita pelo prof. August Willemsen, da Universidade de Amsterdam.

Saturnal, poema seu musicado por Paulo Ciranda, é apresentado em vários shows de São Paulo e no projeto Pixinguinha, da Funarte, no Rio, no teatro Glauce Rocha e no circo Voador, pela cantora e atriz paulista Maricene Costa, com um conjunto de músicos e de bailarinos.

Em agosto de 1986, lança Hai-Kais, 100 hai-kais pinçados de seus livros anteriores e parte inédita (Rowitha Kempf Editores), prefácio de Gerardo Mello Mourão e capa de Sun Chia Shin, no Espaço Cultural Pasárgada (Casa de Manuel Bandeira), no Recife. Em seguida, é homenageada, como Poeta do Ano, com a Caminhada Poética, poetas e artistas dizendo seus poemas pelas ruas do centro da cidade do Recife, parando literalmente o trânsito durante 2 horas, a convite da Fundarpe, Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, União Brasileira de Escritores e Sindicato de Jornalistas.

Poema seu foi dito pela atriz Neila Tavares no espetáculo Eu sou uma mulher, no Bar O Viro do Ipiranga e no Centro Cultural Laura Alvim, no Rio de Janeiro, durante meses.

Em novembro/dezembro de 1986 participa do seminário Erotismo, Psicanálise e Cinema, com três psicanalistas da Letra Freudiana – Eduardo Vidal, Elisabeth Tolipan e Paulo Becker-, a artista plástica Vilma Pasqualini, os cineastas Arnaldo Jabor, Nagisa Oshima e Roger Vadim, no III FestRio de Cinema , realizado no Hotel Nacional/RJ.

Ainda em dezembro faz a palestra: Hai-Kai e Cultura Japonesa e é jurada do I Encontro de Hai-Kais, no Centro Cultural São Paulo, a convite da Fundação Japão e do jornal Portal, SP.

Em 1987, sai Linha d’água (Massao Ohno / Hipocampo, Editores, SP/RJ), prefácio de Felipe Fortuna e apresentação de Antonio Houaiss, com capa e ilustrações de Kazuo Wakabayashi.

Cria, com Virgínia Lombardi, o projeto Ver Ouvindo (gravações de livros em cassete para cegos, livros seus e de autores, lançando-os na Biblioteca de Jacarepaguá, com atrizes interpretando poemas: Maria Helena Dias, Martha Overback e Sonia Santos).

Em outubro faz parte do jurí do II Encontro de Hai-Kais, no Centro Cultural São Paulo, julgando e apresentando poemas de poetas japoneses em tradução sua.

Em novembro, recebe em Salvador o Prêmio Nacional de Poesia Artur de Sales 1987 da Academia de Letras da Bahia, por unanimidade do júri, entre centenas de concorrentes de todo o Brasil, com o livro inédito Berço Esplêndido.

Em dezembro, na ABI – Associação Brasileira de Imprensa e no Espaço Cultural Sérgio Porto é apresentada Fotopoesia, exposição de fotos de Ruy Lisboa com poemas de Olga Savary.

Recebe o Prêmio Eugênia Sereno 1988, com livro de contos inéditos, pelo Instituto de Estudos Valeparaibanos, em Guaratinguetá, SP. No mesmo ano, este livro é premiado na Academia Brasileira de Letras.

Convidada pela Bienal Nestlé de Cultura, em julho de 1988, participa com o tema Erotismo na Literatura e leitura de poemas seus.

Em maio de 1989, é homenageada pela Secretaria de Estado da Cultura- Museu de Literatura Casa Mario de Andrade, por 15 dias, por serviços prestados à cultura do País, e 40 anos de ofício (com palestras, vídeos, depoimentos, recitais com o ator Felipe Martins e a atriz Isadora de Faria e duas exposições de desenhos sobre seu trabalho de Amélia Martins Rodrigues e Suely Regina Avelar). Convidada a dar entrevista a Jô Soares, no SBT.
Jurada do III Encontro Portal de Hai-Kais, realizado no Centro Cultural São Paulo, faz palestra sobre poesia japonesa, com leitura de haikaísistas japoneses e brasileiros. Participa do IV e V Encontro Portal de Hai-kais nos anos de 1988,1989 e 1990, onde é homenageada como a primeira mulher a publicar hai-kais entre nós e a grande divulgadora da cultura japonesa no Brasil.

Em 1989, é editado Retratos.

Em 1991, é homenageada pela Fundação Biblioteca Nacional, RJ, gestão de Affonso Romano de Sant’anna, com dramatização de atores da TV Globo (Ary Coslov, Dedina Bernadelli e Mayara Magri) e música (flautista Helder Parente) no Teatro do Texto.

Em 1992 lança a Antologia da Nova Poesia Brasileira, organização sua, considerada pela imprensa e crítica a maior antologia feita no Brasil, com 334 poetas de todo o país, edição da Fundação RioArte / Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro/Editora Hipocampo.

Em 1994 saem dois livros seus de poesia: Rudá e Éden-Hades. Participa da Poesia 1994, 1995 e 1996, série de palestras que dá em São Paulo, a convite da Secretaria Municipal de Cultura, sobre poesia brasileira e a sua própria.
Homenageada em 1995 com o título de Cidadão Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, pelas mãos da escritora-deputada Heloneida Studart, na ALERJ- Assembléia Legislativa do RJ, no Plenário do Palácio Tiradentes, tendo como presidente Sérgio Cabral Filho. Onze atores e atrizes interpretam seus poemas no final da cerimônia, entre os quais Alessandra Hatkopf, Denise e Cairo Trindade, Salgado Maranhão, Sandra Barsotti e Zezé Polessa.

Em 1996, sai Morte de Moema (edição de arte). Participa, a convite da Secretaria Municipal da Cultura de SP, do Congresso Internacional de Literatura do Mercosul.

Mulher do Ano -1996 pela Secretaria Municipal de Cultura e Departamento e Bibliotecas Públicas de São Paulo, gestão de Rodolfo Konder/Cláudio Willer, na Biblioteca Mario de Andrade, SP.

Em 1997 é editado seu 1° livro de contos: O Olhar Dourado do Abismo.

Da década de 80 até 1997, saem vários discos e CDs com poemas de Savary, musicados por Vânia Dantas Leite, Flávio Pantoja, César Guerra-Peixe, Madan, entre outros compositores de música erudita e MPB.

Faz parte do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica. É Membro Titular da Comissão da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI – Associação Brasileira de Imprensa.

Eleita presidente do Sindicato de Escritores do Estado do Rio de Janeiro/ Casa de Cultura Lima Barreto/ Teatro TESE, primeira mulher na presidência, de 1997 a 2000. Todos esses títulos honoríficos, pois, estas entidades culturais são de utilidade pública e não visam fins lucrativos.

Indicada para o Prêmio Machado de Assis/Conjunto de Obra 1997 pela Academia Brasileira de Letras.

Em 1998, com 15 livros publicados, tem mais 15 no prelo e a sair ( poesia, conto, novela, crítica, ensaio, jornalismo literário), somando agora 23 prêmios nacionais de literatura.

Aníbal Machado, Carlos Drummond de Andrade, Marlos Nobre, Murilo Mendes, Sylvio Meira, Virgínio Santa Rosa, entre outros, são intelectuais dos quais se orgulha ser parente. E por casamento, fazendo parte da família de Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, também ficou parente (e amiga) de Rachel de Queiroz, Pedro Nava e José de Alencar.

Em novembro de 1996, candidata-se pela primeira vez à ABL (Academia Brasileira de Letras), obtendo expressiva votação dos escritores da entidade.

Casada há 50 anos com a literatura, Repertório Selvagem – Obra Reunida (12 livros de poesia), editada em 1998 pela Biblioteca Nacional / Universidade de Mogi das Cruzes/ MultiMais, comemora este longo caso de amor que de ambas as partes deu certo.

Livros:
Espelho Provisório (poemas) 1970,
Sumidouro (poemas) 1977,
Altaonda (poemas) 1979,
Magma (poemas) 1982,
Natureza Viva (poemas) 1982,
Hai-kais (poemas) 1986,
Linha d'água (poemas) 1987,
Berço Esplendido (poemas) 1987,
Retratos (poemas) 1989,
Rudá (poemas) 1994,
Éden Hades (poemas) 1994,
Morte de poema (poemas) 1996,
Anima Animalis (poemas) 1996,
O Olhar Dourado do Abismo contos) 1997, e
Repertório Selvagem (poesia reunida) 1998.

Fontes:
http://varejosortido.blogspot.com/
http://pt.wikipedia.org
http://www.palavrarte.com/

quinta-feira, 23 de abril de 2009

23 de Abril - Dia Mundial do Livro

Dia Mundial do Livro e do Direito Autoral


O livro constitui um meio fundamental para conhecer os valores, os saberes, o senso estético e a imaginação humana. Como vetores de criação, informação e educação, permitem que cada cultura possa imprimir seus traços essenciais e, ao mesmo tempo, ler a identidade de outras. Janela para a diversidade cultural e ponte entre as civilizações, além do tempo e do espaço, o livro é ao mesmo tempo fonte de diálogo, instrumento de intercâmbio e semente do desenvolvimento.

Por todos esses motivos, a UNESCO celebra a cada dia 23 de abril o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, do qual, anualmente, participam uma centena de países e vários milhões de pessoas. O Dia, dedicado a promover o universo da leitura e da escrita e o do direito de autor, intimamente relacionado com ambas, busca valorizar as múltiplas dimensões do livro: criativa, industrial, normativa, política, nacional e internacional.

O livro e o direito de autor ilustram de maneira exemplar os dois grandes eixos identificados pela UNESCO para celebrar o Ano do Patrimônio Cultural: "Patrimônio e Diálogo" e "Patrimônio e Desenvolvimento". Como protetor da memória e vetor da criatividade, o livro é ao mesmo tempo depósito de palavras e um mecanismo para o intercâmbio de idéias. Peça única e, ao mesmo tempo, objeto reproduzível, criadora de sentido e geradora de receitas, obra original e espelho da sociedade, constitui um patrimônio que, partindo das raízes próprias de uma determinada tradição cultural, não pára de crescer, por meio da interação com outras tradições, na relação e no diálogo permanente com o Outro.

A celebração deste Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor representa uma excelente oportunidade para refletir sobre a contribuição dos livros ao patrimônio cultural, com vistas a desenvolver novas iniciativas baseadas na fecunda interação entre as páginas, impressas em papel ou em novos meios, e a riqueza cultural, tangível e intangível, da humanidade.

Proteger e enriquecer o patrimônio cultural da humanidade é manter uma sinergia da qual o livro é, essencialmente, um dos melhores artífices.

Fonte
Douglas Lara.
http://www.sorocaba.com.br/acontece

Projeto de Trovas Para Uma Vida Melhor (Resultado da 2a. Etapa)



2ª Etapa 1° Concurso

Tema: Sinceridade


GRUPO 1 NACIONAL


1° LUGAR

Quem em todos os momentos
age com sinceridade,
revela bons sentimentos
e preza o bem e a verdade.
Leonilda Yvonneti Spina (Londrina/PR)

2° LUGAR

Se existe sinceridade,
dói menos a aceitação
quando se diz a verdade,
seja qual for... a um irmão!
Alba Helena Corrêa (Niterói/RJ)

3° LUGAR

Quero dar-te, ó sepultura,
dois bens que os vermes não comem:
sinceridade e lisura,
dois tesouros num só homem!
Humberto Rodrigues Neto (Pirituba/SP)

MENÇÃO HONROSA

1.
Franqueza e sinceridade
são coisas bem diferentes:
uma é dizer a verdade.
outra é dizer o que sentes
Alba Christina (São Paulo/SP)

2.
Vendo tanta falsidade
presente na nossa fala,
já sinto a sinceridade
mais perto de quem se cala.
Josafá Sobreira da Silva (Rio de Janeiro/RJ)

3.
Mais vale a sinceridade
nas horas de nossa lida,
do que a ausência da verdade
na trajetória da vida.
Wilton Di Cali (São Paulo/SP)

4.
Prefira a sinceridade
e faça o bem nesta vida.
Quem usa de falsidade
torna a existência sofrida...,
Geraldo Lyra (Recife/PE)

5.
Toda criatura honesta
leva a vida sem maldade
e, em seus atos, manifesta
o dom da sinceridade.
Hélio Pedro Souza (Natal/RN)

MENÇÃO ESPECIAL

1.
Num arbítrio de questão,
é amigo de verdade
quem, de fato, dá razão
usando sinceridade.
Ruth Farah Nacif Lutterback (Cantagalo/RJ)

2.
Prefiro a meia verdade,
cuja metade eu componho,
à crua sinceridade
que, cruel... mata meu sonho!
Divenei Boseli (São Paulo/SP)

3.
Sinceridade faz lavra
muito mais bem sucedida
quando se planta a palavra
no solo fértil da vida.
Marcos Antônio de Andrade Medeiros (Natal/RN)

4.
Ao contrário da mentira,
é reta a sinceridade;
aquela desperta a ira,
esta, a credibilidade.
Lairton Trovão de Andrade (Pinhalão/PR)

5.
Melhor seria que os versos,
com as asas da verdade,
voassem pelo universo
a espalhar sinceridade.

Myrthes Mazza Masiero (São José dos Campos/SP)


GRUPO 2 NACIONAL

1° LUGAR

Acho que a sinceridade
permeia nosso viver.
Está em cada verdade
que não tememos dizer.
Márcia Sanchez Luz (Araras/SP)

2° LUGAR

Sinceridade eu diria,
com toda força e razão...
é a transparência do dia,
no trato com o teu irmão.
João Roberto Cônsoli (Belo Horizonte/MG)

3° LUGAR

Vamos todos dar as mãos
agir com sinceridade,
para sermos bons irmãos
em qualquer atividade.
Maria Diva Fontes Rico (São José dos Campos/SP)

MENÇÃO HONROSA

Quem passa o tempo vivendo
plantando apenas verdade,
todo dia vai colhendo,
a flor da sinceridade.
Jair Maciel De Figueiredo (Candelária/RN)

2.
Sinceridade não cala
ante um mal que se conhece:
amigo é aquele que fala,
perdoa e depois esquece.
Maria Cecilia Graner Fessel (Piracicaba/SP)

3.
Entre as humanas virtudes
destaco a sinceridade
que norteia as atitudes
dos amigos de verdade
Cyro Mascarenhas Rodrigues (Brasília/DF)

4.
Cultive a sinceridade
com amor e com carinho
pois ela traz amizade
e paz em nosso caminho
Wanda Duarte Da Silva (Ribeirão Preto/SP)

5.
Falar com sinceridade
é requisito maior
para se agir sem maldade,
por uma vida melhor.
Arnaldo Pereira Ribeiro (São Paulo/SP)

MENÇÃO ESPECIAL

1.

Se alguém tem sinceridade
no diálogo com os seus
há grande felicidade
e sintonia com Deus.
Barão de Jambeiro (Jambeiro/SP)

2.
O Homem com sabedoria,
amor e sinceridade,
vai alcançar cada dia
a luz da felicidade.
Dirce Montechiari (Nova Friburgo/RJ)

3.
A paz com sinceridade
não se faz por mutirão,
depende mais da vontade
só de cada cidadão!
Genilton Vaillant de Sá (Vitória/ES)

4.
Em contraposta à mentira,
somente a sinceridade;
mesmo quando também fira,
nada melhor que a verdade.
Diamantino Ferreira (Campos dos Goytacazes/RJ)

5.
Sinceridade é uma estrela
que embeleza o firmamento.
Precisamos sempre vê-la
no nosso comportamento.
Jair Pereira da Silva (Pilar do Sul/SP)

GRUPO INTERNACIONAL
Paises participantes: Portugal ; Canadá; México; USA; Colômbia; Espanha; Argentina; França; Peru; Japão; Suiça; Porto Rico.

1° LUGAR

Não pode existir verdade
em tudo que nós fazemos,
sem haver sinceridade
nos atos que cometemos!
Fernando Reis Costa (Coimbra/Portugal)

2° LUGAR

Com toda a sinceridade
te juro que não me irrito:
podes mentir-me à vontade
que eu finjo que te acredito…
Fernando Máximo (Avis/Portugal)

3° LUGAR

Usar de sinceridade
é para a vida um valor
que nos traz felicidade
e dá mais força ao amor.
Célia Maria da Cunha Sanches (Góis/ Portugal)

MENÇÃO HONROSA

Não poderão existir
um amor ou amizade,
se não se podem medir
com total sinceridade.
Elena Guede Alonso (San Juan/ Porto Rico)

MENÇÃO ESPECIAL

1
Diz-me com sinceridade
se teu amor me pertence,
diz-me em breve essa verdade,
pois meu ser fica em suspense.
Jamil William Piscoya Ayala (Ferreñafe /Region Lambayeque/Peru)

2
Eu louvo a sinceridade
que encerra grande virtude
de quem só diz a verdade
e os amigos não ilude.
Maria José Viegas da Conceição Fraqueza (Fuseta/Olhão/ Portugal)

3
A nossa sinceridade
não deve morrer à míngua...
Para termos a verdade
sempre na ponta da língua!
Judite Raquel das Neves Fernandes (Góis/ Portugal)

4.
Sinceridade te cala
se é um amigo quem a diz,
dói muito, como uma bala:
mas é Deus quem te bendiz!
Olga Maricela Treviño (Guadalupe, N.L/México)


GRUPO 3: ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA E ENSINO MÉDIO

1° LUGAR

Nem sempre a sinceridade
causa o bem que deveria.
Há casos em que a verdade
tem sabor de grosseria.
Hugo Paes Bezerra (Maceió/Alagoas)

2° LUGAR

Se houver a sinceridade
saberemos nos amar
dizendo sempre a verdade
para o mundo melhorar.
Andréia de Fátima (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

3° LUGAR

Uso de sinceridade
com amigos e meus pais
Não é só questão de idade
da vida quero bem mais!
Patrícia Camilla de Souza Moraes (Colégio Agnes Eskine [Recife/PE])

MENÇÃO HONROSA

1.
Sempre com sinceridade
procuro me conduzir
Acho que já tenho idade
de saber por onde ir.
Bruna Marina de Souza Moraes (Colégio Agnes Eskine [Recife/PE])

2.
Viver é ter uma vida
sem estresse e sem maldade.
Ela deve ser vivida
com muita sinceridade.
Josiléa de Oliveira (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

3.
O amor é um grande bem
que nasce no coração.
Sinceridade também
faz parte dessa emoção.
Daniela Santos Dias (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

4.
Amigos eu sempre tive
amigos que quero ter.
sinceridade se vive
praticando o bem viver.
Gabriel Vinicius de Souza Garcia (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

5.
Sinceridade é tão rara
mas não pode magoar.
É preciso dar a cara
e até saber perdoar.
André Luiz Santos (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

MENÇÃO ESPECIAL

1.
Venci um torneio com
sinceridade e razão.
Aprendi a achar o tom
na paciência e emoção.
Letícia Maria Martins Sakamoto (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

2.
Eu não tenho paciência
mas tenho a felicidade;
vivo com a convivência
de sua sinceridade.
Débora Evelim Silva de Souza (EE. “Cel. Eduardo José de Camargo” [Paraibuna/SP])

3.
Se não formos verdadeiros
não teremos a verdade;
todos os bons companheiros,
vivem com sinceridade.
David Silva do Amaral (EE. “Dr. Cerqueira César” [Paraibuna/SP])

4.
Sinceridade não é
só pensar, mas o agir;
é ter na verdade, fé
e ao amigo não trair.
Fabrício Batista de Lima (EE. “Cel. Eduardo José de Camargo” [Paraibuna/SP])

5.
Amo com sinceridade
vivo com muita alegria.
Amo este pais – verdade
sou alegre dia-a-dia.
João Pedro Castilho Braz (EE. “Cel. Eduardo José de Camargo” [Paraibuna/SP])

COMISSÃO JULGADORA:
Adamo Pasquarelli (SP); Cláudio De Morais – (SP); Maria Aparecida Stinglin – (PR); Mariléa Mendes Hipólito -(SP); Ademar Macedo (RN); Delcy Rodrigues Canales (RS); Francisco Garcia (RN); José Valdez Castro Moura (SP); Arlindo Tadeu (MG); Cidinha Frigeri (PR); Gislaine Canales (SC); Luiz Antonio Cardoso (SP); Zélia Maria Carvalho De Figueiredo (RN); Myrthes Mazza Masiero (SP)
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Fonte:
Maria Inez Fontes Rico. UBT-Paraibuna/SP

quarta-feira, 22 de abril de 2009

II Jornada Internacional de Mulheres Escritoras - Abril 2009

Montagem = José Feldman

II Jornada Internacional de Mulheres Escritoras - Abril 2009

ENCONTRO LITERÁRIO DE MULHERES IBERO-AMERICANAS / I ENCONTRO DE REDES DE ESCRITORAS

Para o evento a entrada será gratuita, basta contatar a organização para obter o convite.

I ENCONTRO LITERÁRIO DE MULHERES IBERO-AMERICANAS
I ENCONTRO DE REDES DE ESCRITORAS
“A IGUALDADE NÃO É UMA UTOPIA”
São José do Rio Preto - São Paulo - Brasil
23, 24 e 25 de Abril de 2009

Acontecerá em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, o evento II Jornada Internacional de Mulheres Escritoras, nos dias 23, 24 e 25 de abril de 2009.

O objetivo desse acontecimento é reunir mulheres escritoras de diferentes localidades, de variados estilos literários, de todas as classes sociais, em torno de um mesmo propósito: comunicar-se, expor e intercambiar seus pensamentos, conhecimentos e sentimentos por meio de seus textos.

A criação e elaboração desse projeto estão a cargo de Isabel Ortega, gestora cultural, rio-pretense residente na Espanha, que ao trazer para essa cidade um evento dessa envergadura, almeja inserir na agenda cultural dessa cidade mais um acontecimento de nível internacional a exemplo do Festival Internacional de Teatro.

ENCONTRO DE REDES

1. REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras (3.040 associadas) Brasil - Joyce Cavalcante, fundadora e presidente
2. RELAT - Rede de Escritoras Latino-americanas Argentina - Patrícia Suárez, membro da Relat
3. REI - Rede de Escritoras Indígenas - Brasil - Eliane Potiguara, fundadora e coordenadora
4. ANIDE - Asociación Nicaragüense de Escritoras - Nicarágua - Isolda Furtado - presidente executiva
5. LAC - Red de Mujeres Rurales de América Latina e del Caribe - Brasil - Maria Vanete Almeida, fundadora
6. AEH - Asociación de Mujeres Escritoras de Honduras - Honduras - Waldina Mejía, fundadora e presidente

PAISES PARTICIPANTES
Argentina – Brasil – Chile - Costa Rica – Espanha Honduras - México – Peru – Portugal - França

NOMES CONFIRMADOS
Os nomes já confirmados são: SILVIA PLAGER (Argentina) – NILZA AMARAL (Brasil) – ANA MARIA MARTINS (Brasil) - LYGIA FAGUNDES TELLES (Brasil) - ROSALIE GALLO Y SÁNCHES (Brasil- São José do Rio Preto) - “PIA BARROS”(Chile) - PIEDAD BONNET (Colômbia) - FERNANDO VARELLA MATEO (Editora Lengua de Trapo –Espanha) - DOMINIQUE KOOP (França) - AMADA PAREDONES (Jornalista – México) - WALDINA MEJÍA (Nicarágua) GLORIA DÁVILA (Peru).

A Jornada é um evento de mulheres escritoras, jornalistas, crítico-literária, mulheres que se dedicam à escrever e à comunicar. Especialistas na arte de cristalizar idéias e desenvolver a imaginação expressas em versos, narrativas, contos, dramaturgia, pesquisas, romances e todas as formas de composições literárias.

A originalidade está em uma Jornada que congrega mulheres escritoras, oferecendo-lhes um espaço para reflexão, discussão e intercâmbio, viabilizados pelo diálogo e pelo conhecimento de realidades e vivências entre escritoras de classes diversificadas e de lugares distintos do Brasil e do exterior.

Uma tribuna aberta para conhecer, mais de perto, mulheres que escrevem a memória histórica de sua gente, que poderão interagir com o público de jovens universitárias, com mulheres do campo, representantes dos setores representativos da sociedade local e regional.

Uma contribuição para aproximar escritoras já conhecidas da mídia e as ainda não tão conhecidas, mulheres premiadas e com muito sucesso no exterior, a seus atuais e futuros leitores, por meio de suas palestras e debates.

A Jornada tem a parceria do Sesc, Serviço Social do Comércio, Prefeitura de São José do Rio Preto, UNESP, Universidade estadual Sao Paulo, apoio de Rebra, Rede de Escritoras brasileiras, Academia Riopretense de Letras.

Os livros se farão presentes, mas os objetivos do projeto são: a interação e comunicação e a integração social das mulheres, escritoras, leitoras e futuras escritoras.

O espaço existirá com o intuito de: romper silêncios, criar possibilidades para novas perspectivas, pensar como agente transformador por uma sociedade mais dialogante e comunicativa. Indicar a necessidade de priorizar critérios de justiça e eqüidade social. Posto que:
“A igualdade não é uma utopia.”

Proposta

Reunir em São José do Rio Preto, estado de São Paulo, Brasil, mulheres escritoras de países de Ibero - América, com a finalidade de apresentarem seus trabalhos literários umas às outras e ao público presente.

• Encontros e intercâmbios de experiências entre mulheres escritoras do Brasil, de países ibero - americanos e de países convidados, visando criar mecanismos de efetiva comunicação através das redes de escritoras, editoras, tradutoras, pesquisadoras, jornalistas, educadoras, leitoras e futuras escritoras.

• Entender como escritoras às mulheres que escrevem, que são as jornalistas, pesquisadoras, críticos literários e culturais, pedagogas, etc.

• Conferências, teleconferências, mesas redondas e debates sobre temas relacionados com o universo literário feminino e temas pertinentes a todas as mulheres e homens dentro do âmbito literário, social, cultural e trabalhos de pesquisa.

• Promover eventos paralelos, conferências, vivências e mesas redondas nos auditórios da UNESP-IBILCE (campus S. J. Rio Preto). Com a participação da comunidade acadêmica na qualidade de convidada especial nas mesas redondas e outras atividades, recebendo certificado de participação no evento.

• Promover o primeiro “Encontro de Redes”, Abrindo caminho ao diálogo através da linguagem cultural dos países Ibero-americanos, fomentando os possíveis encontros e intercâmbios, nacionais e internacionais das mulheres e suas diversidades culturais e sociais.

O evento da Jornada, tem uma proposta firme, que é do intercambio cultural literário. Não cogitamos o evento dentro de um modelo comercial, ainda.

Cada escritora participante, poderá: trazer alguns de seus livros que podem ser vendidos pela equipe do evento, na área de convivência do Sesc, fazer lançamento de livros, no Sesc e no Shopping da Cidade. Cada participação tem 40 minutos.
Cada escritora convidada, deverá enviar o seu CV resumido, uma foto de alta resolução.

A Jornada este ano cria o Prêmio Lygia Fagundes Telles, a qual fará a abertura do evento, na quinta feira, às 10hs, no SESC

O evento recebe apoio do SESC, da UNESP-IBILCE, e principalmente do governo municipal através das Secretarias da Cultura, do Turismo, da Educação e da Mulher.

Há também equipes de apoio técnico e administrativo formado por membros da comunidade local para divulgação e suporte e, o Instituto Práxis: Alternativa de Sustentabilidade que presta consultoria e faz a produção do evento.

Estão apoiando o evento a REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras, e a UBE, União Brasileira de Escritores.

Paralelamente ao evento acontecerá o encontro de Redes, com a participação das seguintes redes: REBRA - Rede de Escritoras Brasileiras, RELAT - Rede de Escritoras Latino-americanas, REI - Rede de Escritoras Indígenas, ANIDE - Asociación Nicaragüense de Escritoras.

Fontes:
Isabel Ortega (Riopretense que reside em Madrid) – Diretora e idealizadora do evento.
Ana Paula Dias Rodrigues

Anayde Beiriz (Carta de Amor)



A carta é de 4 de julho de 1926.

“(...) O amor que não se sente capaz de um sacrifício não é amor; será, quando muito, desejo grosseiro, expressão bestial dos instintos, incontinência desvairada dos sentido, que morre com o objetivar-te, sem lograr atingir aquela atura onde a vida se torna um enlevo, um doce arrebatamento, a transfiguração estética da realidade... E eu não quero amar, não quero ser amada assim... Porque quando tudo estivesse findo, quando o desejo morresse, em nós só ficaria o tédio; nem a saudade faria reviver em nossos corações a lembrança dos dias findos, dos dias de volúpia de gozo efêmero, que na nossa febre de amor sensual tínhamos sonhado eternos.

Mas não me julgues por isto diferente das outras mulheres; há, em todas nós, o mesmo instinto, a mesma animalidade primitiva, desenfreada, numas, pela grosseria e desregramento dos apetites; contida, nobremente, em outras, pelas forças vitoriosas da inteligência, da vontade, superiormente dirigida pela delicadeza inata dos sentimento ou pelo poder selético e dignificador da cultura.

Não amamos num homem apenas a plástica ou o espírito: amamos o todo. Sim, meu Hery, nós, as mulheres, não temos meio termo no amor; não amamos as linhas, as formas, o espírito ou essa alguma coisa de indefinível que arrasta vocês, homens, para um ente cuja posse é para vocês um sonho ou raia às lides do impossível. Não, meu Hery, não é assim que as mulheres amam. Amam na plenitude do ser e nesse sentimento concentram, por vezes, todas as forças da sua individualidade física ou moral.

É pois assim que eu te amo, querido; e porque te amo, sinto-me capaz de esperar e de pedir-te que sejas paciente. O tempo passa lento, mas passa...

...E porque ele passa, e porque a noite já vai alta, é-me preciso terminar.

Adeus. Beija-te longamente, Anayde”
–––––––––––––––––
Uma das cartas de Anayde Beiriz a Heriberto Paiva é bastante revelador da personalidade ao mesmo tempo romântico e ousada da professora paraibana.

Fontes:
http://www.meiotom.art.br/
Imagem = http://www.aceav.pt/

Anayde Beiriz (1905 – 1930)



Anayde Beiriz (João Pessoa, 18 de fevereiro de 1905 — Recife, 22 de outubro de 1930) foi uma professora e poetisa brasileira.

O seu nome está ligado à História da Paraíba, devido à tragédia em que foi envolvida, juntamente com o advogado e jornalista João Duarte Dantas, com quem mantinha um relacionamento amoroso.

Poetisa e professora, ela escandalizou a sociedade retrógrada da Paraíba com o seu vanguardismo: usava pintura, cabelos curtos, saía às ruas sozinha, fumava, não queria casar nem ter filhos, escrevia versos que causavam impacto na intelectualidade paraibana e escrevia para os jornais.

Anayde Beiriz nasceu em 1905 em João Pessoa. Diplomou-se pela Escola Normal em 1922, com apenas 17 anos, destacando-se como primeira aluna da turma. Passou, assim, a lecionar, alfabetizando os pescadores da então vila de Cabedelo. Além de normalista, era poeta e amante das artes. Logo que se formou, passou a lecionar na colônia de pescadores perto de sua cidade natal. Em 1925, ganhou um concurso de beleza. Circulava também nos meios intelectuais, onde declarava-se publicamente a favor da liberdade e da autonomia feminina. Chamavam a atenção os seus olhos de cor negra, que lhe valeram o apelido, em seu círculo de amizades, de "a pantera dos olhos dormentes".

Sendo uma mulher emancipada para os costumes do seu tempo, Anayde perturbou a sociedade conservadora da Paraíba, nos anos 30. Ousou exprimir uma sensibilidade que chocou o modelo de moralidade prevalente: sua maneira de se vestir (o uso dos decotes), o corte dos cabelos, "à la garçonne", que eram pintados, as suas idéias políticas (quando as mulheres não tinham sequer o direito ao voto) e a maneira de vivenciar o amor livre causaram escândalo.

Em 1928, iniciou seu romance com o deputado João Dantas, que era adversário de João Pessoa, candidato à presidência da Paraíba. Em 1930, o Brasil sofreu reviravoltas importantes. A chamada política do "café com leite" centralizava o poder entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais. O bloco político, do qual a Paraíba fazia parte, interveio nas disputas políticas, que se tornaram violentas e as questões pessoais se misturaram às questões da vida pública.

A ligação amorosa entre João Dantas e Anayde Beiriz não era bem vista pela hipocrisia social, uma vez que não eram casados. Prato feito para os inimigos políticos de João Dantas, que sob as ordens de João Pessoa, arrombaram a casa, apropriaram-se da correspondência erótica do casal e publicaram-na nos jornais da cidade. Sensual e libertária, Anayde foi duramente exposta à sociedade paraibana. O que era uma invasão de cunho político, mobilizou todo o Brasil ao ganhar o contorno de uma grande paixão, vivida às escondidas.

No dia 26 de julho, João Dantas, furioso com a publicação de suas cartas de amor, correu pela cidade atrás do mandante e ao encontrá-lo disse: "Sou João Duarte Dantas, a quem tanto injuriaste e ofendeste". Matou com três tiros João Pessoa e logo em seguida foi preso. Este ocorrido serviu de pivô para uma convulsão nacional que sucumbiu na Revolução de 30. A morte de João Pessoa comoveu todo o Brasil, pois ele nesta época já era muito famoso, ao ter concorrido à presidência como vice de Getúlio Vargas. Em outubro daquele ano o movimento revolucionário foi deflagrado e Anayde passou a ser perseguida e apontada na rua como "a prostituta do bandido que matou o presidente."

Ela abandona sua casa e vai morar em um abrigo na cidade de recife. Lá passa a visitar João Dantas, preso imediatamente após o crime. Este é achado morto nos primeiros dias da Revolução, supostamente por suicídio, mas em circunstâncias pouco claras. A própria Anayde é encontrada morta em 22 de outubro daquele ano, supostamente por envenenamento, sendo enterrada como indigente no cemitério de Santo Amaro, e sua memória foi renegada durante anos pelos paraibanos. Sua imagem só se tronou emblemática quando foi elegida como uma das personagens míticas da história do Brasil, pelo movimento feminista. Mas, até hoje, sua memória causa desconforto naquela região.

Quase todas as cartas do diário deixam explícitas que a grande paixão de Anayde não foi o advogado João Dantas, mas o médico paraibano, que foi morar no Rio de Janeiro, e a quem ela chamava de “Hery”. Já o nome “Panthera dos olhos dormentes” era como amigos de Anayde já a chamavam antes dela conhecer Heriberto. Eles justificavam a designação porque diziam que, em seus contos, Anayde sempre colocava uma mancha de sangue e porque ela gostava de tudo que era vermelho. Tanto que, em carta, cujo teor completo está no livro de Marcus Aranha, Anayde revelou a Heriberto Paiva: “Crêem eles que eu sou trágica, que gosto desse amor que queima, dessa paixão que devora, dessa febre amorosa que mata...”.

Heriberto passou a chamá-la também de “pantera”, desde que ela lhe escreveu: “A pantera é bem humana, não é verdade, amor? Mansa, dócil, amorosa, em se tratando de ti; mas, para os outros. Eu queria poder esmagá-los, a todos... Contudo, gostei desse título de fera que eles me deram; escrevi um conto com esse nome e enviei-o para a ‘Tribuna do Pará’. Creio que brevemente será publicado”.

Hoje, a sua história, tematizada no teatro, no cinema e na literatura, instiga a pensar sobre a intersecção entre os fatos da vida privada e da vida pública, no contexto da história nacional. A encenação da vida de Anayde Beiriz nos chama a atenção para as "dobras do lado de dentro" da história oficial, isto é, a dimensão do intimismo no contexto da experiência pública. Ficou conhecida como a "Paraíba masculina, mulher-macho sim senhor".

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/
Mariana Várzea. em http://www.meiotom.art.br/
http://crazymann.kit.net/
http://www.memorialpernambuco.com.br/

Cultura na Cultura

Veja o local dos eventos, pois alguns são realizados em outras cidades e estados.
A Livraria Cultura participa da programação do ano França no Brasil com uma série de eventos. No dia da abertura oficial das comemorações, 22 de abril, a designer Sheila Dryzun lança os livros ‘O Pequeno Príncipe me disse’, inspirado no clássico de Antoine de Saint-Exupéry, que reúne impressões sobre a obra do autor, recolhidas em 37 depoimentos de personalidades brasileiras, entre elas Rita Lee, Luana Piovani e Luis Fernando Veríssimo, e a biografia do autor francês, registrada em ‘Antoine de Saint-Exupéry: a história de uma história’. Dryzun também inaugura uma mostra de fotos e filme inédito sobre vida do escritor de um dos livros mais traduzidos no mundo no espaço de exposições da Cultura do Conjunto Nacional. François d´Agay, sobrinho de Saint-Exupéry, virá ao país especialmente para prestigiar o evento e participar de bate-papo sobre a vida deu seu tio e a relação com ele no mesmo dia.

22 de Abril

18h30 – Palestra
Tema Antoine de Saint-Exupéry - A história de uma história
Palestrante Sheila Dryzun e François d´Agay
Local Livraria Cultura Conjunto Nacional (São Paulo)

18h30 – Noite de Autógrafos
Livro O PEQUENO PRÍNCIPE ME DISSE
Autor Sheila Dryzun
Local Livraria Cultura Conjunto Nacional (São Paulo)

18h30 – Noite de Autógrafos
Livro ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY
Autor Sheila Dryzun
Local Livraria Cultura Conjunto Nacional (São Paulo)

19h00 – Noite de Autógrafos
Livro CONVERSAS E VERSOS.COM.MARIA
Autor Maria José Barboni de Godoy
Local Livraria Cultura Bourbon Shopping Pompéia (São Paulo)

Em cada pincelada, um poema. Em cada verso, uma pintura. É assim, mesclando duas formas de expressão que Maria José Barboni de Godoy mergulha no autoconhecimento com foco nas experiências vividas, trazidas no livro ‘Conversas&Versos.com.Maria’, que será autografado nesta noite na Livraria Cultura. Na obra, o leitor capta em cada página os sentimentos da autora, expressos de maneira peculiar.

19h00 – Cinema
Tema Cineclube Cultura - "Arca russa"
Local Livraria Cultura Paço Alfândega (Recife)

Nesta noite, será exibido o filme ‘Arca russa’, obra filmada em um único plano-sequência, sem cortes, que dura 97 minutos e atravessa 35 salas de um dos maiores museus do mundo, o Hermitage, em São Petersburgo, transformando a tela de cinema em um quadro vivo por onde desfilam personagens importantes da história da Rússia; Pedro, o Grande; Catarina, a Grande; Catarina II, Nicolau e Alexandra.

19h30 – Palestra
Tema Hollywood CEO – Napoleão
Palestrante Ricardo Jordão Magalhães
Local Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (São Paulo)

Nesta quarta-feira, com base no filme ‘Napoleão’, Ricardo Jordão Magalhães estará na Livraria Cultura para uma palestra em que falará sobre liderança, tomada de decisão, comunicação e coragem. Por meio da história de Napoleão Bonaparte, o palestrante mostrará o que ele pode ensinar aos gerentes da era moderna sobre como engajar funcionários, mostrando que o papel do líder é influenciar as pessoas a se moverem em uma direção particular para atingir metas, missões e estratégias de empresa.

23 de abril

19h00 Noite de Autógrafos
Livro 154 SONETOS DE WILLIAM SHAKESPEARE
Autor Thereza Cristina Rocque da Motta
Local Livraria Cultura Conjunto Nacional (São Paulo)

A edição comemora os 400 anos do lançamento da primeira edição dos sonetos em 1609, no aniversário do Bardo, dia 23 de abril, também dia de São Jorge, patrono da Inglaterra. A tradução feita de forma livre, visa captar o sentido dos sonetos de Shakespeare, independente de sua métrica e forma, mantendo o conteúdo em primeiro lugar. A tradução completa dos sonetos veio em continuação ao trabalho iniciado em 2006 com a publicação de ‘44 Sonetos Escolhidos’, em que Thereza Christina Motta procurou aproximar a fala de Shakespeare ao linguajar em português moderno, mas guardando a expressão poética.

19h30 – Palestra
Tema Dia mundial do livro - Começar a escrever
Palestrantes Marcelo Carneiro, Nelson de Oliveira e Marcia Tiburi
Local Livraria Cultura Bourbon Shopping Pompéia (São Paulo)

24 de Abril

19h00 – Noite de Autógrafos
Livro É DO DENDÊ!
Autor Valéria Gomes Costa
Local Livraria Cultura Paço Alfândega (Recife)

25 de Abril

14h 30
Tema: Ópera e literatura - "A dama das camélias"
Palestrantes: Cláudio Picollo, Sonia Albano de Lima e Espaço Cultural Via das Artes
Local: Livraria Cultura Shopping Center Iguatemi - Av. Iguatemi, 777 - Lojas 04 e 05 - Piso 1 - Vila Brandina (Campinas)

A Livraria Cultura, em parceria com o Centro Universitário UNISAL e o Espaço Cultural Via das Artes, promove o projeto ‘Ópera e literatura’. No evento, os professores Cláudio Picollo e Sonia Albano de Lima apresentarão a obra ‘A dama das camélias’, e o Espaço Cultural Via das Artes promove um pocket show com o mesmo tema.

27 de abril

19h30 – Palestra
Tema: O centenário de Euclides da Cunha - A epopéia de Canudos
Palestrantes Antonio Hohlfeldt, Antonio Sanseverino,Luis Augusto Fischer, Marcia Ivana de Lima e Silva e Maria Regina Bettiol (mediação)
Local Livraria Cultura Bourbon Shopping Country (Porto Alegre)

Em 15 de agosto de 1909, uma das maiores promessas da literatura brasileira teve a vida interrompida por uma tragédia. Neste dia morria, no Rio de Janeiro, Euclides da Cunha. Escritor, funcionário público, repórter de guerra, poeta, sociólogo, cronista, engenheiro e viajante, escreveu a obra clássica ‘Os sertões’, que lhe rendeu fama internacional. Nesta segunda-feira, a Livraria Cultura recebe Antonio Hohlfeldt, Antonio Sanseverino,Luis Augusto Fischer, Marcia Ivana de Lima e Silva e Maria Regina Bettiol para uma palestra sobre o centenário do autor que, ao embrenhar-se na epopéia de Canudos, no arraial liderado por Antônio Conselheiro, rompe com antigas idéias sobre a região e redescobre um Brasil diferente da representação usual que dele se fazia em sua época. Os palestrantes irão revisitar o tema do livro sob, apresentando não apenas os aspectos tratados pelo autor como a geologia, botânica, zoologia e hidrografia, os costumes e a religiosidade sertaneja da região, mas sublinhando também a teoria literária.

28 de Abril

19h
Livro: NIETZSCHE E A AURORA DE UMA NOVA ÉTICA
Autor: Vânia Dutra de Azeredo
Local: Livraria Cultura Shopping Center Iguatemi - Av. Iguatemi, 777 - Lojas 04 e 05 - Piso 1 - Vila Brandina (Campinas)
Nesta terça-feira, a Livraria Cultura recebe a pesquisadora da PUC-Campinas, professora Dra.Vânia Dutra de Azeredo, para uma sessão de autógrafos do livro ‘Nietzsche e a aurora de uma nova ética’. Na obra, a autora propõe uma visão de conjunto da obra do filósofo alemão, partindo do pressuposto de que o móvel condutor das análises de Nietzsche está determinado pela afirmação incondicional da vida. É nessa afirmação que julga encontrar elementos para sustentar a hipótese da presença de uma ética no conjunto de sua obra afirmativa, que se inicia com “Assim falava Zaratustra”.

Fonte:
Informativo da Livraria Cultura

terça-feira, 21 de abril de 2009

Hilda Hilst (Aniversário de Nascimento)

Fonte:
Fotomontagem = José Feldman

Hilda Hilst (Tô Só)

Guto Maia (Mulher Só)
Vamo brincá de ficá bestando e fazê um cafuné no outro e sonhá que a gente enricô e fomos todos morar nos Alpes Suíços e tamo lá só enchendo a cara e só zoiando? Vamo brincá que o Brasil deu certo e que todo mundo tá mijando a céu aberto, num festival de povão e dotô? Vamo brincá que a peste passô, que o HIV foi bombardeado com beagacês, e que tá todo mundo de novo namorando? Vamo brincá de morrê, porque a gente não morre mais e tamo sentindo saudade até de adoecê? E há escola e comida pra todos e há dentes na boca das gentes e dentes a mais, até nos pentes? E que os humanos não comem mais os animais, e há leões lambendo os pés dos bebês e leoas babás? E que a alma é de uma terceira matéria, uma quântica quimera, e alguém lá no céu descobriu que a gente não vai mais pro beleléu? E que não há mais carros, só asas e barcos, e que a poesia viceja e grassa como grama (como diz o abade), e é porreta ser poeta no Planeta? Vamo brincá

de teta
de azul
de berimbau
de doutora em letras?

E de luar? Que é aquilo de vestir um véu todo irisado e rodar, rodar...
Vamo brincá de pinel? Que é isso de ficá loco e cortá a garganta dos otro?
Vamo brincá de ninho? E de poesia de amor?

nave
ave
moinho
e tudo mais serei
para que seja leve
meu passo
em vosso caminho.*

Vamo brincá de autista? Que é isso de se fechá no mundão de gente e nunca mais ser cronista? Bom-dia, leitor. Tô brincando de ilha.

Fontes:
* Trovas de muito amor para um amado senhor - SP: Anhambi, 1959
http://www.angelfire.com/ri/casadosol/toso.html
Pintura = http://www.overmundo.com.br/

Hilda Hilst (Poesias Avulsas)



CANTARES DOS SEM NOME E DAS PARTIDAS

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
======================

POEMAS AOS HOMENS DO NOSSO TEMPO

Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.

***********

Ao teu encontro, Homem do meu tempo,
E à espera de que tu prevaleças
À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras,
Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças
E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros,
Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa.
As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei
Minha própria rudeza e o difícil de antes,
Aparências, o amor dilacerado dos homens
Meu próprio amor que é o teu
O mistério dos rios, da terra, da semente.
Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu

Compaixão e ternura e paz na Terra
Se ainda encontrasse em ti, o que te deu.
===============================

ÁRIAS PEQUENAS. PARA BANDOLIM

Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores

Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.
=========================

TROVAS DE MUITO AMOR PARA UM AMADO SENHOR

Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.
(I)
* * *
Dizeis que tenho vaidades.
E que no vosso entender
Mulheres de pouca idade
Que não se queiram perder

É preciso que não tenham
Tantas e tais veleidades.

Senhor, se a mim me acrescento
Flores e renda, cetins,
Se solto o cabelo ao vento
É bem por vós, não por mim.

Tenho dois olhos contentes
E a boca fresca e rosada.
E a vaidade só consente
Vaidades, se desejada.

E além de vós
Não desejo nada.
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Anatol Rosenfeld (Hilda Hilst: Poeta, Narradora, Dramaturga)



É raro encontrar no Brasil e no mundo escritores, ainda mais neste tempo de especializações, que experimentam cultivar os três gêneros fundamentais de literatura — a poesia lírica, a dramaturgia e a prosa narrativa — alcançando resultados notáveis nos três campos. A este grupo pequeno pertence Hilda Hilst que, de início exclusivamente dedicada à poesia e mais conhecida como poeta — convém evitar o termo poetisa carregado de associações patriarcais — invadiu mais recentemente o terreno da dramaturgia e apresenta agora o primeiro volume de ficção narrativa. Ao lado de necessidades subjetivas, são sem dúvida também problemas de ordem objetiva que a levaram a estender a sua arte, de forma significativa, a domínios literários além daqueles da poesia. É preciso somente mencionar o fato de que uma visão antinômica da realidade se exprime de modo mais radical e aguçado no diálogo da obra dramática, no dia-logos, isto é, no espírito dividido de um gênero que surge depois de rompida a unidade espiritual da origem; unidade todavia que ainda assim subjaz à divisão já que de outro modo o próprio diálogo se tornaria impossível. Não será difícil mostrar que também as pesquisas na esfera da prosa ficcional, tal como praticadas nas obras deste volume, quase todas distantes dos padrões do conto, obedecem a imposições objetivas.

Hilda Hilst nasceu a 21 de abril de 1930 em Jaú, Estado de São Paulo. O pai, Apolônio de Almeida Prado Hilst, fazendeiro e poeta, era filho de Eduardo Hilst, imigrante que veio da Alsácia-Lorena ao Brasil, e de Maria do Carmo Ferraz de Almeida Prado. A mãe, Bedecilda Vaz Cardoso, era filha de portugueses. Hilda estudou durante oito anos como interna no Colégio de Freiras Santa Marcelina, em São Paulo, ambiente evocado na sua dramaturgia (A Possessa, Rato no Muro), na narrativa O Unicórnio, deste volume, e também na poesia:

Os amantes no quarto
Os ratos no muro
A menina
Nos longos corredores do colégio.

O tema multívoco dos ratos, aliás, ressurge numa das peças (Aves da Noite) e também na ficção narrativa, fato digno de nota por revelar a persistência dos motivos que se mantêm através da obra poética, dramática e narrativa de Hilda Hilst.

Depois de terminar o curso clássico na Escola Mackenzie, a poeta estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Formada, a jovem bacharel exerceu durante alguns meses a advocacia, profissão que, segundo confessa, a deixou "apavorada". Esse pavor se manifesta ainda na peça Auto da barca de Camiri, na qual se lê, a respeito do amor, que "essa asa na lei / não está prevista".

Hilda Hilst publicou seu primeiro livro de poesias aos vinte anos (Presságio, 1950), seguindo-se em rápida seqüência obras como Balada de Alzira (1951), Balada do Festival (1955) e outras, entre elas Trovas de Muito Amor para um Amado Senhor (1960). Uma seleção da sua obra poética madura encontra-se reunida em Poesia 1959/1967. O seu teatro, constituído de oito peças, permanece lamentavelmente inédito, embora O Verdugo tenha conquistado o Prêmio Anchieta de 1969. Algumas das peças foram encenadas pela Escola de Arte Dramática de São Paulo e por vários grupos amadores, devendo-se esperar que também o teatro profissional, mais cedo ou mais tarde, descubra o valor desta obra cênica, marcante pela qualidade literária e por introduzir uma voz inteiramente nova e original na dramaturgia brasileira moderna, raramente beneficiada pela colaboração criativa dos poetas.

Em 1957 e 1961 Hilda Hilst fez viagens maiores pela Europa, demorando-se na França, Itália e Grécia. Casou-se em 1968 com o escultor Dante Casarini.

Desde cedo seu interesse quase exclusivo se dirigiu para a criação poética. Nesta paixão foi estimulada pelo poeta e jornalista João Ricardo Barros Penteado, ao passo que deve a Alfredo Mesquita, fundador e durante longos anos diretor da Escola de arte Dramática de São Paulo, o incentivo para invadir o campo da literatura teatral. Entre os amigos a quem, por razões afetivas ou intelectuais, se sente ou sentia ligada, salientam-se Sergio Milliet, o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, Lygia Fagundes Telles, Bráulio Pedroso, José L. Mora Fuentes, Joy Kostakis e o poeta português Carlos Maria Araújo a quem dedicou, por ocasião da sua morte precoce, as sete estanças dos Pequenos Funerais Cantantes.

Dorme o amigo no seu corpo de terra.
E dentro dele a crisálida amanhece:
Ouro primeiro, larva, depois asa
Hás de romper a pedra, pastor e companheiro.

O tema da crisálida, do estado intermediário, latente, do vir-a-ser e da "irrupção" e transcendência é fundamental na obra de Hilda Hilst, tanto na poesia e dramaturgia como também na prosa narrativa do presente volume.

Com Gilberto Amado e Carlos Drummond de Andrade manteve, durante certo tempo, correspondência amiga; mas foi sobretudo Jorge de Lima, ao lado de Fernando Pessoa e Cecília Meireles, quem, entre os poetas de língua portuguesa, mais de perto a tocou. A epígrafe que escolheu para os Sete Cantos do Poeta para o Anjo (1962) é de Jorge de Lima:

Nunca fui senão uma coisa híbrida
Metade céu, metade terra...

O tema, reiterado nos Sete Cantos — "desde sempre caminho entre dois mundos" — e em outros poemas:

Tão grande ambivalência
Concedida aos homens
Terá sido dos deuses
Complacência?

—esse tema, intimamente ligado aos acima mencionados, irá ser a verdadeira substância das cinco narrativas de Fluxo-Floema.

A experiência poética de Hilda Hilst é ampla. Ao lado dos poetas lembrados, ama, ou pelo menos amava durante certa fase, a poesia de Höelderlin, Rilke, John Donne, Eliot, René Char, Saint-John Perse. alguns deles afinam, em maior ou menor grau, com as tendências místicas e metafísicas de Hilda Hilst, tendências que se situam, aproximadamente, na linha da tradição platônica e gnóstico-teosófica e que se manifestam também — e particularmente — nas elocubrações físico-geométricas da sua poesia e dramaturgia. Matemática e mística, por paradoxal que possa parecer, são terrenos que facilmente se avizinham, sobretudo na literatura contemporânea. Não surpreende que Hilda Hilst mostre, no campo da dramaturgia, pouco interesse por Bertold Brecht — embora goste de sua Mãe Coragem — e que prefira uma obra mística como O Dibuk, de An-Ski. Isso explica também sua inclinação por Ionesco e, sobretudo, por Beckett que, ao lado de Kafka e Camus, veio a ser, mormente como o narrador de Molloy, uma influência fundamental na sua ficção narrativa.

Experiência decisiva, não só de ordem literária e sim "existencial" (se é possível separar o que é inseparável para quem, como Hilda Hilst, a criação literária é uma atividade absolutamente vital) foi a leitura de Nikos Kazantzakis. Certamente a impressionaram profundamente, talvez em demasia para quem não afina tanto com o autor grego, a busca esotérica e por vezes excêntrica de verdade última, de unidade cósmica, ao lado da exaltação romântica da vitalidade e do vigor primevos. Hilda Hilst confessa que a leitura da Carta a El Greco chegou a "mudar a minha vida". É, com efeito, depois desta experiência — fundamentalmente mística — que se retirou de São Paulo, fugindo das "invasões cotidianas" e da multiplicidade de "contatos agressivos", para viver com o marido na sua fazenda perto de Campinas.

A poeta chegou à dramaturgia porque queria "falar com os outros"; a obra poética "não batia no outro". Era um desejo de comunicação (é difícil evitar o termo que, desde que deu o nome a uma teoria, faz de imediato pensar em canais) e a obra poética não lhe parecia satisfazer esse desejo, pelo menos não na medida almejada. Há, em Hilda Hilst, uma recusa do outro e, ao mesmo tempo, a vontade de se "despejar" nele, de nele encontrar algo de si mesma, já que sem esta identidade "nuclear" nào existiria o diálogo na sua acepção verdadeira. Pelo mesmo motivo chegou à ficção narrativa, depois do desengano — certamente provisório — que lhe causou a atitude cautelosa do teatro profissional.

É apenas por conveniência que os textos do presente volume (Fluxo-Floema — SP: Perspectiva, 1970) foram chamados de "ficção" ou "prosa narrativa". Para Hegel o gênero épico-narrativo é o mais objetivo. A ele se contrapõe, dialeticamente, a antítese subjetiva do gênero lírico, sendo o dramático a síntese, visto reunir, segundo Hegel, a objetividade épica e a subjetividade lírica. Semelhante diferenciação perde o sentido em face dos textos em prosa de Hilda Hilst, já que neles todos os g6eneros se fundem. Eles são épicos no seu fluxo narrativo que às vezes parece ter a objetividade de um protocolo, de um registro de fala jorrando, associativa, e transcrita do gravador; mas são, ao mesmo tempo, nas cinco partes — Fluxo, Osmo, O Unicórnio, Lázaro e Floema — a manifestação subjetiva, expressiva, torturada, amorosa, venenosa, ácida, humorística e licenciosa de um Eu lírico que extravasa avassaladoramente os seus "adentros", clamando com "garganta agônica", do "limbo do lamento", tateando e sangrando, em busca de transcendência e transfiguração. Entretanto, este Eu ao mesmo tempo se desdobra e triplica, assumindo máscaras várias, de modo que o monólogo lírico se transforma em diálogo dramático, em pergunta, resposta, dúvida, afirmação, réplica, comunhào e oposição dos fragmentos de um Eu dividido e tripartido, múltiplo, em conflito consigo mesmo. Contudo, as vozes (que não se manifestam no pretérito da narrativa, mas amalgamando as formas do presente lírico e dramático) submergem na corrente de uma linguagem de espantosa invenção, de barroca criatividade, vozes quase indistintas, visto a autora cuidar de não diferenciá-las pelos símbolos tipográficos corriqueiros. Deste modo se fundem de novo, quase irreconhecíveis, no Eu lírico, portador do rasante turbilhão verbal que, lançado contra pedras e obstáculos, forma redemoinhos de "floema" engasgado, detendo-se, gago, a língua se tornando objeto de si mesma, se autocomentando, se autocriticando e autoflagelando, chegando até à autodestruição, para depois recompor-se e prosseguir, levada pelo impulso da maré verbal.

Os textos, em conjunto, visam a enunciar a totalidade do homem através da sua multiplicidade — e essa visão prismática ou caleidoscópica forçosamente teria que recorrer a todos os gêneros para exprimir-se na sua plenitude. "Porque vê a mim como adãoeva, dúplice sim, tríplice sim, multifário, multífido, multífluo, multisciente, multívio, multíssono..."

Em cada um dos textos há três "personagens", melhor três máscaras que se destacam: Ruiska, Ruisis, Rukah (desdobrado em anão), cada qual se fragmentando e todos UM, Ruiska, que vive entre o poço e a clarabóia, lunar e solar ("Fluxo"); Osmo, Mirtza e Kaysa: Osmo telúrico-lunar, sem que na sua escuridão lhe falte lucidez e aspiração à luz ("Osmo"); os dois irmãos, a lésbica e o pederasta, cada qual com a sua parte feminina e masculina, e o Eu que vira unicórnio, não sem que haja referência meio envergonhada à Metamorfose de Kafka e aos rinocerontes de Ionesco ("O Unicórnio"); Marta, Maria e Lázaro — esse "solarizado", vontade de ressurreição, de transmutação, rompendo o casulo ("Lázaro"). ". . .como explicar (lê-se em "Fluxo") à crisálida que ela é casulo agora e depois alvorada. . . como explicar o vir-a-ser de um ser que só se sabe no Agora, ai como explicar o Depois de um ser que só se sabe no instante?" E ao fim, em "Floema", Koyo, Haydum e Kanah: Koyo na sua luta com Haydum — relação religiosa selvagem como o amor; Haydum, o "outro", que, como diz Hilda Hilst, não sabe o que procura, que busca sem cessar e a este os homens dão, talvez impropriamente, o nome de Deus. Estranho Deus teosófico que faz do homem cobaia, que o trata a porretadas como se fosse cão sarnento, enquanto ao homem cabe salvar este Deus, que, como consta de uma das peças, é o lobo do homem como o homem é o lobo de Deus.

Na linguagem nobre e austera de sua poesia Hilda Hilst não poderia dizer toda a gama do ente humano, tal como o concebe, nem seria capaz de, no palco, "despejar-se" com a fúria e a glória do verbo, com a "merdafestança" da linguagem, sobretudo também com a esplêndida liberdade, com a inocência despudorada com que invade o poço e as vísceras do homem, purificando-os com "dedos lunares" para elevar o escatológico ao escatológico, visto nesta obra mesmo as trevas e o "porco" — "sou porco com vontade de ter asas", diz Ruiska — se carregarem de sentido religioso. Nos poemas se lê:

Ser terra
E cantar livremente
O que é finitude
E o que perdura.
Unir numa só fonte
O que soube ser vale
Sendo altura.

Ou então:

Sou tantas
Tantos vivem em mim e pródiga descerro-me
Pródiga me faço larva e asa.

Mas só agora consegue cantar livremente. Larvas e asas, porcos, aves, serpentes e unicórnios — tudo se funde na multiplicidade do homem: semelhante visão forçosamente resulta num universo em que ressalta o grotesco-fantástico, o grotesco-burlesco, o grotesco-terrorífico e o grotesco-obsceno, unidos nesta obra única na literatura brasileira.

Rouah, o demônio, o maldito de "Lázaro", é irmão gêmeo de Jesus e, sendo nosso irmão, merece, também ele, respeito. O anão de "Fluxo", que vem do "intestino, da cloaca do universo, do cone sombrio da lua", diz a Ruiska, o porco com "vontade enorme de limpar o mundo": "Mas se eu ainda nào sei das minhas vísceras, se ainda não sei dos mistérios do meu próprio tubo, como é que vou falar dos ares de lá? . . . é justo falar do de cima se o de baixo nem sabe onde colocar os pés?"

Os textos, no seu todo, com a audácia da sua linguagem em que o sagrado se reveste de atributos diabólicos e o monstruoso, de cores celestes, são uma celebração ritual levada ao desvario e ao paroxismo; ritual destinado a convocar a plenitude múltipla do homem em toda a sua imanência para, ao mesmo tempo, transcendê-la e fazer vislumbrar "os ares de lá". No próprio elemento verbal, levando a língua, no fluxo e refluxo da maré e da ressaca, tanto a tropeçar, com passos ébrios e pesados, como a dançar, com "graça nos pés" e "leveza nos andares", Hilda Hilst encarna e ao mesmo tempo supera "o limite da carne" que "pesa sobre nós". "O pensamento discursivo e lento" (de que se queixa num poema) naufraga na corrente vertiginosa de uma linguagem conotativa de cujo ventre fecundo nasce, lembrando quadros de Bosch e Brueghel, o mundo casto e impudico, real e supra-real, profundamente natural e terreno e, ao mesmo tempo, alucinatório e fantasmagórico, das narrativas de Hilda Hilst.

Entre a verdade e os infernos
Dez passos de claridade
Dez passos de escuridão
.
São Paulo, 1970.

Fonte:
http://www.angelfire.com/ri/casadosol/criticaar.html

Hilda Hilst (1930 – 2004)



Hilda de Almeida Prado Hilst nasceu na cidade de Jaú, interior do Estado de São Paulo, no dia 21 de abril de 1930, filha única do fazendeiro, jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst e de Bedecilda Vaz Cardoso. Com pouco tempo de vida, seus pais se separaram, o que motivou sua mudança, com a mãe, para a cidade de Santos (SP). Seu pai, que sofria de esquizofrenia, foi internado num sanatório em Campinas (SP), tendo nessa época 35 anos de idade. Até sua morte passou longos períodos em sanatórios para doentes mentais.

Foi para o colégio interno, Santa Marcelina, na cidade de São Paulo, em 1937, onde estudou por oito anos. No ano de 1945 matricula-se no curso clássico da Escola Mackenzie, também naquela cidade. Morava, nessa época, num apartamento na Alameda Santos, com uma governanta de nome Marta.

Em 1946, pela primeira vez, visitou o pai em sua fazenda em sua cidade natal, Jaú. Em apenas três dias, no pouco tempo que passou com ele, perturbou-se com sua loucura. Em "Carta ao Pai" diz a biografada:

"Só três noites de amor, só três noites de amor", implorava o pai, sim, o pai, ele nunca fizera uma coisa como essa, sim, era Jaú, interior de São Paulo, um dia qualquer de 1946, sim, a filha deslumbrante, tremendo em seus 16 anos, sim, o pai a confundia com a mãe, a mão dele fechada sobre a dela, sim, o pai a confundia com a mãe, a confundia, sim?..."

Aconselhada pela mãe, em 1948 inicia seus estudos de Direito na Faculdade do Largo do São Francisco. A partir de então levaria uma vida boêmia que se prolongou até 1963. Moça de rara beleza, Hilda comportava-se de maneira muito avançada, escandalizando a alta sociedade paulista. Despertou paixões em empresários, poetas (inclusive Vinicius de Moraes) e artistas em geral.

Em 1949 é escolhida para saudar, entre os alunos de Direito, a escritora Lygia Fagundes Telles, por ocasião do lançamento de seu livro de contos "O Cacto Vermelho".

Hilda lança, nos dois anos seguintes, seus primeiros livros: "Presságio" (1950), e "Balada de Alzira" (1951).

Conclui o curso de Direito em 1952. Três anos depois publica "Balada do Festival".

No ano de 1957 viaja pela Europa por sete meses (junho a dezembro). Namora com o ator americano Dean Martin e, fazendo-se passar por jornalista, assedia, sem sucesso, Marlon Brando, outro galã de Hollywood.

Em 1959 publica o livro de poesia "Roteiro do silêncio" e "Trovas de muito amor para um amado senhor". José Antônio de Almeida Prado, primo da escritora, inspira-se em poemas desse último livro e compõe a "Canção para soprano e piano". Em outras oportunidades voltou a basear-se em textos de Hilda para compor alguns de seus trabalhos mais significativos. Os compositores Adoniran Barbosa ("Quando te achei") e Gilberto Mendes ("Trovas"), entre outros, também se inspiraram em textos da autora.

"Ode fragmentária" é lançado em 1961. Seu livro "Trovas de muito amor para um amado senhor" é reeditado por Massao Ohno.

É agraciada com o Prêmio Pen Club de São Paulo pelo livro "Sete cantos do poeta para o anjo", em 1962. Passa a morar na Fazenda São José, a 11 quilômetros de Campinas (SP), de propriedade de sua mãe. Abre mão da intensa vida de convívio social para se dedicar exclusivamente à literatura. Tal mudança foi influenciada pela leitura de "Carta a El Greco", do escritor grego Nikos Kazantzakis. Entre outras teses, defende o escritor a necessidade do isolamento do mundo para tornar possível o conhecimento do ser humano.

Muda-se para a Casa do Sol, construída na fazenda, onde passa a viver com o escultor Dante Casarini, em 1966. Morre seu pai.

Em 1967 redige "A possessa" e "O rato no muro", iniciando uma série de oito peças teatrais que escreveria até 1969. Lança "Poesia (1959 / 1967)".

Por imposição da mãe, internada no mesmo sanatório em Campinas onde estivera seu pai, casa-se com Dante Casarini, em 1968. Escreve as peças "O visitante", "Auto da barca de Camiri", "O novo sistema" e "As aves da noite". "O visitante" e "O rato no muro" são encenadas no Teatro Anchieta, em São Paulo, para exame dos alunos da Escola de Arte Dramática, sob direção de Terezinha Aguiar.

Em 1969 escreve "O verdugo" e "A morte do patriarca". A primeira recebe o Prêmio Anchieta. A montagem de "O rato no muro", sob a direção de Terezinha Aguiar, é apresentada no Festival de Teatro de Manizales, na Colômbia.

"Fluxo-Floema", sua primeira obra em prosa, é lançada em 1970. A peça "O novo sistema" é encenada em São Paulo, no Teatro Veredas, pelos Grupo Experimental Mauá (Gema), sob a direção de Terezinha Aguiar. Baseando-se nos experimentos do pesquisador sueco Friedrich Juergenson relatados no livro "Telefone para o além", Hilda Hilst iria se dedicar, ao longo desta década que se iniciava, à gravação, através de ondas radiofônicas, de vozes que, assegurava, seriam de pessoas mortas. No mesmo período anunciou a visita de discos voadores à sua fazenda. "O verdugo" é editado em livro, e é, até hoje, a única que não é inédita. Morre sua mãe, Bedecilda.

Em 1972 o Grupo de Teatro Núcleo, da Universidade Estadual de Londrina, sobre a direção de Nitis Jacon A. Moreira, encena a peça "O verdugo". Essa mesma peça é encenada no Teatro Oficina, em São Paulo, sob a direção de Rofran Fernandes, no ano seguinte, época em que foi lançado seu novo livro "Qadós".

"Júbilo, memória, noviciado da paixão" é lançado em 1974.

No ano de 1977 é publicado o livro "Ficções", que recebe o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), como "Melhor Livro do Ano".

Três anos depois, 1980, saem os livros "Poesia (1959/1979)", "Da morte. Odes mínimas", e "Tu não te moves de ti". Recebe da APCA o prêmio pelo conjunto da obra. Estréia a montagem de "As aves da noite" no Teatro Ruth Escobar, com direção de Antônio do Valle. Divorcia-se de Dante Casarini, mas o ex-marido continua morando na Casa do Sol.

Passa a fazer parte do Programa do Artista Residente da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 1982. Lança "A obscena senhora D". No ano seguinte publica "Cantares de perda e predileção", que recebe os prêmios Jabuti (da Câmara Brasileira do Livro) e Cassiano Ricardo (do Clube de Poesia de São Paulo).

Em 1984 saem os "Poemas malditos, gozosos e devotos". Dois anos depois, em 1986, publica os livros "Sobre a tua grande face" e "Com meus olhos de cão e outras novelas". 1989 marca o lançamento de "Amavisse".

Com "O caderno rosa de Lori Lamby", livro que consagra a nova fase iniciada em "A obscena senhora D", a escritora anuncia o "adeus à literatura séria" (1990). Justifica essa medida radical como uma tentativa de vender mais e assim conquistar o reconhecimento do público. A obra provoca "espanto e indignação" em seus amigos e na crítica. O editor Caio Graco Prado se recusa a publicá-la e o artista plástico Wesley Duke Lee a considera "um lixo". Lança "Contos d'escárnio/Textos grotescos e Alcoólicos".

O quarto livro dessa fase que, para muito, como dissemos, causou "espanto e indignação", "Cartas de um sedutor" é lançado em 1991. O livro "O caderno rosa de Lori Lamby" é traduzido para o italiano. Estréia, em São Paulo, a peça "Maria matamoros", adaptação do texto "Matamoros" que se encontra no livro "Tu não te moves de ti".

Em 1992 lança a antologia poética "Do desejo" e "Bufólicas", na verdade uma brincadeira quase infantil da autora, por muitos visto como uma paródia. Passa a colaborar com o Correio Popular, jornal diário de Campinas (SP), escrevendo crônicas semanais; o trabalho se estenderia até 1995.

No ano seguinte publica "Rútilo nada", num livro que também continha "A obscena senhora D" e "Qadós". "Rútilo nada" recebe o Prêmio Jabuti na categoria "Contos".

Em 1994, "Contos d'escárnio & Textos Grotescos" é traduzido para o francês.

No ano seguinte sai o volume "Cantares do sem nome e de partidas". O Centro de Documentação Alexandre Eulálio, da UNICAMP, adquire seu arquivo pessoal. A escritora sofre isquemia cerebral.

Em 1997, lança "Estar sendo. Ter sido". Seus poemas são lidos em Quebec, Canadá, juntamente com textos de Safo, Gabriela Mistral e Marguerite Yourcenar, entre outras autoras, no recital Le féminin du feu, durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher.

A edição bilíngüe (português-francês) do livro "Da morte. Odes mínimas" é publicada em 1998. Publica também "Cascos & Carícias: crônicas reunidas (1992-1995)", volume de textos que saíram no jornal "Correio Popular". Volta a se dedicar a questões sobrenaturais: afirma acreditar no contato dos mortos com a Terra através de mensagens enviadas via fax. Reafirma o desejo de construir em suas terras um centro de estudos da imortalidade.

Em 1999, lança a antologia poética "Do amor". Sob a coordenação do escritor Yuri V. Santos entra no ar seu site oficial: http://www.angelfire.com/ri/casadosol/hhilst.html.

"O caderno rosa de Lori Lamby" é levado ao palco sob direção de Bete Coelho e tendo no papel principal a atriz Iara Jamra.

Em 2000, lança "Teatro reunido" (volume 1)". Estréia, em Brasília, a adaptação teatral de "Cartas de um sedutor". Estréia, na Casa de Cultura Laura Alvin, no Rio de Janeiro, o espetáculo "HH informe-se", reunião e adaptação teatral de textos da autora. Inauguração, em dezembro, da "Exposição Hilda Hilst - 70 anos", evento criado pela arquiteta Gisela Magalhães no SESC Pompéia, em São Paulo.

Em 2001, estréia, no Rio de Janeiro, a adaptação teatral de "Cartas de um sedutor". A Editora Globo passa a ser responsável por toda sua obra publicada.

Agraciada, em 2002, com o Prêmio Moinho Santista - 47ª edição, categoria poesia.

Agraciada, em 2003, pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), na área de literatura, com o Grande Prêmio da Crítica pela reedição de suas "Obras completas".

Hilda Hilst faleceu no dia 04 de fevereiro de 2004, na cidade de Campinas (SP).

Obras da Autora:
Poesia:

- Presságio - SP: Revista dos Tribunais, 1950.
- Balada de Alzira - SP: Edições Alarico, 1951.
- Balada do festival - RJ: Jornal de Letras, 1955.
- Roteiro do Silêncio - SP: Anhambi, 1959.
- Trovas de muito amor para um amado senhor - SP: Anhambi, 1959 SP: Massao Ohno, 1961.
- Ode fragmentária - SP: Anhambi, 1961.
- Sete cantos do poeta para o anjo - SP: Massao Ohno, 1962. (Prêmio PEN Clube - S. Paulo)
- Poesia (1959/1967) - SP: Livraria Sal, 1967.
- Júbilo, memória, noviciado da paixão - SP: Massao Ohno, 1974.
- Poesia (1959/1979) - SP: Quíron/INL, 1980.
- Da Morte. Odes mínimas - SP: Massao Ohno, Roswitha Kempf, 1980.
- Cantares de perda e predileção - SP: Massao Ohno/M. Lídia Pires e Albuquerque Editores,1980 (Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro. Prêmio Cassiano Ricardo/Clube de Poesia de São Paulo.)
- Poemas malditos, gozosos e devotos - SP: Massao Ohno/Ismael Guarnelli Editores, 1984.
- Sobre a tua grande face - SP: Massao Ohno, 1986.
- Amavisse - SP: Massao Ohno, 1989.
- Alcoólicas - SP: Maison de vins, 1990.
- Do desejo - SP: Pontes, 1992
- Bufólicas - SP: Massao Ohno, 1992.
- Cantares do sem nome e de partidas - SP: Massao Ohno, 1995.
- Do amor - SP: Edith Arnhold/Massao Ohno, 1999.

Ficção:

- Fluxo-Floema - SP: Perspectiva, 1970. Qadós - SP: Edart, 1973.
- Ficções - SP: Quíron, 1977. (Prêmio APCA. Melhor livro do ano.)
- Tu não te moves de ti - SP: Cultura, 1980.
- A obscena senhora D - SP: Massao Ohno, 1982.
- Com meus olhos de cão e outras novelas - SP: Brasiliense, 1986.
- O caderno rosa de Lori Lamby - SP: Massao Ohno, 1990.
- Contos d'escárnio/Textos grotescos - SP: Siciliano, 1990.
- Cartas de um sedutor - SP: Paulicéia, 1991.
- Rútilo nada - Campinas: Pontes 1993. (Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro.)
- Estar sendo. Ter sido - SP: Nankin, 1997.
- Cascos e carícias: crônicas reunidas (1992 / 1995) - SP: Nankin, 2000 Antologias Poéticas:
- Do desejo - Campinas, Pontes, 1992.
- Do amor - SP: Massao Ohno, 1999.

Teatro :

- A Possessa - 1967.
- O rato no muro - 1967.
- O visitante - 1968.
- Auto da barca de Camiri - 1968.
- O novo sistema - 1968.
- As aves da noite - 1968.
- O verdugo - 1969 (Prêmio Anchieta - Conselho Estadual de Cultura, 1970)
- A morte do patriarca - 1969.
- Teatro reunido (volume I) - 2000. (com exceção da peça "O verdugo", todas as obras são inéditas).

Prêmios:

1962, o Prêmio PEN Clube de São Paulo, por Sete cantos do poeta para o anjo (Massao Ohno Editor, 1962).
1969, a peça O Verdugo arrebata o prêmio Anchieta, um dos mais importantes do país na época. A Associação Paulista dos Críticos de Arte (Prêmio APCA) considera Ficções (Edições Quíron, 1977) o melhor livro do ano.
1981, Hilda Hilst recebe o Grande Prêmio da Crítica para o Conjunto da Obra, pela mesma APCA.
1984, a Câmara Brasileira do Livro concede o Prêmio Jabuti a Cantares de perda e predileção (Massao Ohno - M. Lídia Pires e Albuquerque editores, 1983), e, no ano seguinte, a mesma obra recebe o Prêmio Cassiano Ricardo (Clube de Poesia de São Paulo).
1993, Rútilo Nada. A obscena senhora D. Qadós, (Pontes - 1993) recebe o Prêmio Jabuti como melhor conto.
2002, com o Prêmio Moinho Santista - 47ª edição, categoria poesia.
2003, pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), na área de literatura, com o Grande Prêmio da Crítica pela reedição de suas "Obras completas".

Fontes:
http://www.releituras.com/
http://pt.wikipedia.org/
Cadernos de Literatura Brasileira . São Paulo: Instituto Moreira Salles. n. 8, out de 1999.
Foto = http://flap2007.zip.net/

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Adail Maduro Filho (Aonde Vais?...)



Aonde vais,
Gigante pela própria natureza?
Hospedeiro do desatino
Retrato da incerteza?

Roubam-te as vestes,
Sugam-te o sangue verde e amarelo...
Até quando?
Até quando será permitido
Que emudeçam teus cantos e encantos?
Pois se é pálido susurro
A voz desse teu povo
Triste é o langor
Do Uapixana, macuxi, atroari
E tantas outras raças
Que vieram a sucumbir.

Aonde vais,
Impávido colosso?
Transportado há tantas décadas
Às plagas de Norte América.
Rico solo, densa floresta
Vai morrendo pouco a pouco
E bem pouco é o que nos resta.

Teu sorriso que espalhava tua grandeza,
Hoje só lágrima do medo,
Da vergonha e da incerteza.
Calvário penoso
Fruto da ignorância,
Do descaso, do desmando e da ganância
Aberração patente de quem ergue
Outra bandeira.

Triste sina do que fomos,
Do que somos.
Sub Mundo, Terceiro Mundo...
Aceitas sinonímias as mais pejorativas
E estás sempre parindo
Parindo filhos pros outros
Como se fosses filho da outra.

E assim serás,
Até que morras pequenino
Pois do teu povo heróico
O brado é retardante
Não ressoa e morre na garganta
Como pássaro engaiolado
De tão triste já não canta.

Aonde vais,
Gentil Pátria amada?
Sepultar teus heróis
Que morrem antes de nascer?
Pois no ventre desnutrido
Da mãe solteira
É inglória a luta para sobreviver
E é selado o destino do embrião:
Se acaso nasceres
Vai ganhar teu pão
Roubando e matando de armas na mão.

Aonde vais,
Pátria amada, idolatrada?
Se são bastardos
Os filhos deste solo
Do qual és mãe.

Aonde vais,
Se o sol da liberdade
Já nem raios tem?
Se é isso,
Que para os grupos dominantes
E de elite
É o que convém,
Aonde vais?
Com este triste e vergonhoso perfil
Ó gentil, Pátria amada
Brasil?
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Sobre o Autor
Adail Maduro Filho - Membro da Academia de Letras do Brasil. Poeta "crítico existencial contemporâneo". Suas poesias sob temas sociais e humanos enfocam sobretudo distorsões e aberrações entre o real e o simbólico que se quer apregoar como verdadeiro. Na atualidade, em nosso juízo, um dos maiores poetas "crítico existencialista" em nosso País. A poesia supra tem sido adotada por diversos segmentos supra-partidários e mesmo por correntes crítico partidárias, não só no Brasil, como em outros países da América do Sul. Adail Maduro Filho é formado em Educação Física, contando com especialização em Psicopedagogia.

Fonte:
Academia de Letras do Brasil
Imagem = montagem: José Feldman

Augusto dos Anjos (Aniversário de Nascimento)