quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Adega de Versos 110: Luiz Otávio

 

Francisco Brito de Lacerda (Funéreos adereços)


Ainda moço, meia-idade, nomeado Coletor de Rendas na Linha Sul, Neco Pacheco foi viver em Irati. Logo fez amigos, comandando certas iniciativas. Organizar um baile, por exemplo, tira-lhe muito gosto.

Naquele 31 de dezembro, sexta, depois do almoço, o aventureiro coletor se ocupava em decorar um salão para o grande baile de Ano Novo. Até uma quadrilha ia ser dançada.

Sentiu-se tonto, de repente, o nosso Neco Pacheco. Pôs as mãos no peito, onde se localizava a dor cruelíssima que o fazia rebentar os botões da camisa; pálido, deitado no assoalho, a cabeça apoiada numa almofada, ele suava em bicas.

Quando o médico chegou, Neco tinha acabado de morrer. Fretado um trem especial para levar o corpo a Curitiba, umas cem pessoas, entre amigos e parentes, esperavam a chegada do comboio na plataforma.

O trem encostou depois das onze da noite. O caixão lilás, enfeites dourados, saindo do bagageiro pelas mãos dos parentes mais próximos (um em cada alça), foi transferido para o coche, ao qual estavam atrelados quatro cavalos brancos, o arreamento guarnecido com negros laços de cetim.

Devagar, o coche subia a Rua Barão. Seguiam-no os acompanhantes. Um Desembargador, amigo da família, a cada passo tirava o relógio da algibeira, como a conferir quanto faltava para meia-noite.

No instante em que o enterro achava-se prestes a atingir a esquina da Barão com Rua Quinze, começou o esfuziar de foguetes, que estouravam nos céus de Curitiba.

Batiam os sinos da Catedral, festivos. Ouvia-se à distância o apito das fábricas. Era o ano novo que chegava.

Na calçada, perplexa melindrosa, fita na testa, lábios muito pintados, só faltava bater palmas à passagem do funeral. Moço sensível, um primo do morto sentia-se personagem de melodrama.

Cutucando o acompanhante, que caminhava ao seu lado e fingia não ouvir o foguetório, ele disse:

"Bons-anos!"

"Bons-anos", o outro retribuiu.

Bem nessa hora, a vara de um foguete caiu entre os cavalos, que ameaçaram disparar. Quase derrubando a cartola, o cocheiro conseguiu conter os animais.

Com o enterro perto da Praça Tiradentes, os sinos da Catedral tinham silenciado. Raros foguetes ainda subiam nas bandas do Pilarzinho. Permanecia no ar o triste apito de um engenho.

Já se podia dizer que era sábado, primeiro de janeiro.

Fonte:
300 Histórias do Paraná: coletânea. Curitiba: Artes e Textos, 2004.

Luiz Poeta (Poemas Escolhidos) – 17 –


 AMANTE É QUEM AMA

Somos amantes sem sê-lo,
Mesmo epidermicamente,
Somos mesmo sem sabê-lo,
Somos amantes na mente.

Se um corpo alheio, ao vê-lo,
Sentimos um calor fremente
E, num átimo, por tê-lo,
Ansiamos de repente...

Mesmo estando tão presente
A pessoa que nos ama,
Mesmo estando até na cama
Em carícias envolventes...

Traímos o que nos sente,
Sem, todavia, traí-lo,
Sentimos o amante ausente,
Sem, entretanto, senti-lo.

E não depende da gente
Lembrar alguém no momento
Do amor mais forte e envolvente,
Repleto de sentimento.

Traímos no pensamento,
Sem toques e sem contatos,
Portanto, se não há ato,
Não traímos, tão-somente.

Se em pensamentos traímos...
Traímos!... mas quem reclama?
Porque, quando nos unimos,
Amante é aquele que ama.
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BÊNÇÃO SEM GRAÇA

Se a mágoa do que diz que é mais cristão
que o outro, é maior que perdoar,
que graça há em chamar alguém de irmão,
trazendo incompreensão no próprio olhar?

Se a arrogância opõe-se ao perdão
em quem fala de amor sem nem amar,
que bênção cabe nesse coração
que diz o que Deus diz... sem praticar?

Comete estelionato, o pregador
que não consegue ver, no próprio espelho,
o quanto é prepotente ante os demais

porque, quem se apoia num joelho,
querendo levantar-se, ante o Senhor,
jamais será melhor que os seus iguais.
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CARAS VITRINES ESPELHOS

Viver não é sofrer de forma avara,
A tara de uma dor que o ser inventa,
É ver em cada espelho, nova cara
A cada vez que a dor nos violenta.

É rir, quando o espelho se depara
Com a cara que a tristeza nos empresta
Porque a flor que fere é a que sara
A dor de cada cara em cada aresta.

Viver é conviver com cicatrizes;
Felizes são aqueles que guardaram
As marcas do seu tempo de aprendizes
E tatuaram dores que sararam.

Espelhos são os olhos da razão;
Vitrines são desejos coloridos
Da alma que transforma em sedução,
Apenas sentimentos refletidos.

Amar implica dar algum sentido
Ao tempo que se tem, e transformar
O dom de abençoar o amor vivido
No brilho que abençoa o próprio olhar.
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MINHA MAJESTADE

Não deixes meu olhar dormir no teu,
Eu corro o doce risco de sonhar
A história linda e triste de um plebeu
Que foi pela rainha se encantar.

Não deixes meu o olhar se apaixonar.
O calabouço escuro de uma dor
É o final feliz de um sonhador
Que um dia descobriu o que é amar.

A ponte levadiça se fechou
E dentro do Castelo, eu percebi
Que em cada verde bosque onde vivi,
Não vi que a liberdade se escondeu.

Amei o teu olhar no meu olhar...
Narcisos é que amam refletir
Seus rostos, mas se o espelho lhes mentir,
Vaidosos, eles tentam se matar.

Se esse teu rei souber dos meus anseios
De amar sua rainha... hás de convir,
A sua espada em mim, há de brandir
E exterminar meus trôpegos enleios.

Mas mesmo assim, teu servo passional
Há de sonhar... Quem há de me impedir?
Que eu morra, vendo o teu olhar sorrir,
...assim, te tornarei mais imortal.

Se sou um camponês, que volte e voe...
Pois quem nasceu no bosque é passarinho
E quando o céu azul é o caminho,
Que eu busque em cada bosque que me abençoe.
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TEU ENREDO

Abençoa o enredo da tua história,
Que possui sensacionais alegorias,
E se lembras de tuas lindas fantasias
Tu manténs as alegrias na memória.

Ouve o disco... resgata teus sentimentos
E escreve-os!... teu sorriso é um bom passista,
Que ao dançar, acaricia a própria pista
No instante dos mais doces pensamentos.

O teu coração e bom percussionista
Da emoção que te abençoa a vida inteira
E se a vida é uma batida passageira,
Tens bem mais que um coração por baterista.

Teu amor nem sempre foi bom ritmista,
Porque às vezes ele é muito passional,
Porque faz teu coração pulsar tão mal.
Que tua dor se torna bem mais intimista.

Teu enredo ainda tem muita avenida,
Tua escola tem muito que desfilar
E se esse teu coração sabe sambar,
O teu samba-enredo é tua própria vida.
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Fonte:
Luiz Poeta. Nuvens de versos. Campo Mourão/PR: Ed. Jfeldman, 2020.

Graciliano Ramos (O olho torto de Alexandre)

— Esse caso que vossemecê escorreu é uma beleza, seu Alexandre, opinou seu Libório. E eu fiquei pensando em fazer dele uma cantiga para cantar na viola.

— Boa ideia, concordou o cego preto Firmino. Era o que seu Libório devia fazer, que tem cadência e sabe o negócio. Mas aí, se me dão licença... Não é por querer falar mal, não senhor.

— Diga, seu Firmino, convidou Alexandre.

— Pois é, tornou o cego. Vossemecê não se ofenda, eu não gosto de ofender ninguém. Mas nasci com o coração perto da goela. Tenho culpa de ter nascido assim? Quando acerto num caminho, vou até topar.

— Destampe logo, seu Firmino, resmungou Alexandre enjoado. Para que essas nove-horas?

— Então, como o dono da casa manda, lá vai tempo. Essa história da onça era diferente a semana passada. Seu Alexandre já montou na onça três vezes, e no princípio não falou no espinheiro.

Alexandre indignou-se, engasgou-se, e quando tomou fôlego, desejou torcer o pescoço do negro:

— Seu Firmino, eu moro nesta ribeira há um bando de anos, todo o mundo me conhece, e nunca ninguém pôs em dúvida a minha palavra.

— Não se aperreie não, seu Alexandre. É que há umas novidades na conversa. A moita de espinho apareceu agora.

— Mas, seu Firmino, replicou Alexandre, é exatamente o espinheiro que tem importância. Como é que eu me iria esquecer do espinheiro? A onça não vale nada, seu Firmino, a onça é coisa à toa. Onças de bom gênio há muitas. O senhor nunca viu? Ah! Desculpe, nem me lembrava de que o senhor não enxerga. Pois nos circos há onças bem ensinadas, foi o que me garantiu meu mano mais novo, homem sabido, tão sabido que chegou a tenente de polícia. Acho até que as onças todas seriam mansas como carneiros, se a gente tomasse o trabalho de botar os arreios nelas. Vossemecê pensa de outra forma? Então sabe mais que meu irmão tenente, pessoa que viajou nas cidades grandes.

Cesária manifestou-se:

— A opinião de seu Firmino mostra que ele não é traquejado. Quando a gente conta um caso, conta o principal, não vai esmiuçar tudo.

— Certamente, concordou Alexandre. Mas o espinheiro eu não esqueci. Como é que havia de esquecer o espinheiro, uma coisa que influiu tanto na minha vida?

Aí Alexandre, magoado com a objeção do negro, declarou aos amigos que ia calar-se. Detestava exageros, só dizia o que se tinha passado, mas como na sala havia quem duvidasse dele, metia a viola no saco. Mestre Gaudêncio curandeiro e seu Libório cantador procuraram com bons modos resolver a questão, juraram que a palavra de seu Alexandre era uma escritura, e o cego Firmino desculpou-se rosnando.

— Conte, meu padrinho, rogou Das Dores.

Alexandre resistiu meia hora, cheio de melindres, e voltou às boas.

— Está bem, está bem. Como os amigos insistem...

Cesária levantou-se, foi buscar uma garrafa de cachimbo e uma xícara. Beberam todos, Alexandre se desanuviou e falou assim:

— Acabou-se. Vou dizer aos amigos como arranjei este defeito no olho. E aí seu Firmino há de ver que eu não podia esquecer o espinheiro, está ouvindo? Prestem atenção, para não me virem com perguntas e razões como as de seu Firmino. Ora muito bem. Naquele dia, quando o pessoal lá de casa cobrou a fala, depois do susto que a onça tinha causado à gente, meu pai reparou em mim e botou as mãos na cabeça: — “Valha-me, Nossa Senhora. Que foi que lhe aconteceu, Xandu?” Fiquei meio besta, sem entender o que ele queria dizer, mas logo percebi que todos se espantavam. Devia ser por causa da minha roupa, que estava uma lástima, completamente esmolambada. Imaginem. Voar pela capoeira no escuro, trepado naquele demônio. Mas a admiração de meu pai não era por causa da roupa, não. — “Que é que você tem na cara, Xandu?” perguntou ele agoniado. Meu irmão tenente (que naquele tempo ainda não era tenente) me trouxe um espelho. Uma desgraça, meus amigos, nem queiram saber. Antes de me espiar no vidro, tive uma surpresa: notei que só distinguia metade das pessoas e das coisas. Era extraordinário. Minha mãe estava diante de mim, e, por mais que me esforçasse, eu não conseguia ver todo o corpo dela. Meu irmão me aparecia com um braço e uma perna, e o espelho que me entregou estava partido pelo meio, era um pedaço de espelho. “Que trapalhada será esta?” disse comigo. E nada de atinar com a explicação. Quando me vi no caco de vidro é que percebi o negócio. Estava com o focinho em miséria: arranhado, lanhado, cortado, e o pior é que o olho esquerdo tinha levado sumiço. A princípio não abarquei o tamanho do desastre, porque só avistava uma banda do rosto. Mas virando o espelho, via o outro lado, enquanto o primeiro se sumia. Tinha perdido o olho esquerdo, e era por isso que enxergava as coisas incompletas. Baixei a cabeça, triste, assuntando na infelicidade e procurando um jeito de me curar. Não havia curandeiro nem rezador que me endireitasse, pois mezinha e reza servem pouco a uma criatura sem olho, não é verdade, seu Gaudêncio? Minha família começou a fazer perguntas, mas eu estava zonzo, sem vontade de conversar, e saí dali, fui-me encostar num canto da cerca do curral.

“Com a ligeireza da carreira, nem tinha sentido as esfoladuras e o golpe medonho. Como é que eu podia saber o lugar da desgraça? Calculei que devia ser o espinheiro e logo me veio a ideia de examinar a coisa de perto. Saltei no lombo de um cavalo e larguei-me para o bebedouro, daí ganhei o mato, acompanhando o rasto da onça. Caminhei, caminhei, e enquanto caminhava iame chegando uma esperança. Era possível que não estivesse tudo perdido. Se encontrasse o meu olho, talvez ele pegasse de novo e tapasse aquele buraco vermelho que eu tinha no rosto. A vista não ia voltar, certamente, mas pelo menos eu arrumaria boa figura. À tardinha cheguei ao espinheiro, que logo reconheci, porque, como os senhores já sabem, a onça tinha caído dentro dele e havia ali um estrago feio: galhos rebentados, o chão coberto de folhas, cabelos e sangue nas cascas do pau. Enfim um sarapatel brabo. Apeei-me e andei uma hora caçando o diacho do olho. Trabalho perdido. E já estava desanimado, quando o infeliz me bateu na cara de supetão, murcho, seco, espetado na ponta de um garrancho todo coberto de moscas. Peguei nele com muito cuidado, limpei-o na manga da camisa para tirar a poeira, depois encaixei-o no buraco vazio e ensanguentado. E foi um espanto, meus amigos, ainda hoje me arrepio. 

“Querem saber o que aconteceu? Vi a cabeça por dentro, vi os miolos, e nos miolos muito brancos as figuras de pessoas em que eu pensava naquele momento. Sim senhores, vi meu pai, minha mãe, meu irmão tenente, os negros, tudo miudinho, do tamanho de caroços de milho. É verdade. Baixando a vista, percebi o coração, as tripas, o bofe, nem sei que mais. Assombrei-me. Estaria malucando?

“Enquanto enxergava o interior do corpo, via também o que estava fora, as catingueiras, os mandacarus, o céu e a moita de espinhos, mas tudo isso aparecia cortado, como já expliquei: havia apenas uma parte das plantas, do céu, do coração, das tripas, das figuras que se mexiam na minha cabeça. Refletindo, consegui adivinhar a razão daquele milagre: o olho tinha sido colocado pelo avesso. Compreendem? Colocado pelo avesso. Por isso apanhava os pensamentos, o bofe e o resto. Tenho rolado por este mundo, meus amigos, assisti a muita embrulhada, mas essa foi a maior de todas, não foi, Cesária?”

— Foi, Alexandre, respondeu Cesária levantando-se e acendendo o cachimbo de barro no candeeiro. Essa foi diferente das outras.

— Pois é, continuou Alexandre. Só havia metade das nuvens, metade dos urubus que voavam nelas, metade dos pés de pau. E do outro lado metade do coração, que fazia tuque, tuque, tuque, metade das tripas e do bofe, metade de meu pai, de minha mãe, de meu irmão tenente, dos negros e da onça, que funcionavam na minha cabeça. Meti o dedo no buraco do rosto, virei o olho e tudo se tornou direito, sim senhores. Aqueles troços do interior se sumiram, mas o mundo verdadeiro ficou mais perfeito que antigamente. Quando me vi no espelho, depois, é que notei que o olho estava torto. Valia a pena consertá-lo? Não valia, foi o que eu disse comigo. Para que bulir no que está quieto? E acreditem vossemecês que este olho atravessado é melhor que o outro.

Alexandre bocejou, estirou os braços e esperou a aprovação dos ouvintes. Cesária balançou a cabeça, Das Dores bateu palmas e seu Libório felicitou o dono da casa:

— Muito bem, seu Alexandre, o senhor é um bicho. Vou botar essas coisas em cantoria. O olho esquerdo melhor que o direito, não é, seu Alexandre?

— Isso mesmo, seu Libório. Vejo bem por ele, graças a Deus. Vejo até demais. Um dia destes apareceu um veado ali no monte...

O cego Firmino interrompeu-o:

— E a onça? Que fim levou a onça que ficou presa no mourão, seu Alexandre?

Alexandre enxugou a testa suada na varanda da rede e explicou-se:

— É verdade, seu Firmino, falta a onça. Ia-me esquecendo dela. Ocupado com um caso mais importante, larguei a pobre. A onça misturou-se com o gado, no curral, mas começou a entristecer e nunca mais fez ação. Só se dava bem comendo carne fresca. Tentei acostumá-la a outra comida, sabugo de milho, caroço de algodão. Coitada. Estranhou a mudança e perdeu o apetite. Por fim ninguém tinha medo dela. E a bicha andava pelo pátio, banzeira, com o rabo entre as pernas, o focinho no chão. Viveu pouco. Finou-se devagarinho, no chiqueiro das cabras, junto do bode velho, que fez boa camaradagem com a infeliz. Tive pena, seu Firmino, e mandei curtir o couro dela, que meu irmão tenente levou quando entrou na polícia. Perguntem a Cesária.

— Não é preciso, respondeu seu Libório cantador. Essa história está muito bem amarrada. E a palavra de seu Alexandre é um evangelho.

Fonte:
Disponível em Domínio Público.
RAMOS, Graciliano. Histórias de Alexandre. Publicado originalmente em 1944.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Dorothy Jansson Moretti (Álbum de Trovas) 29

 

Aparecido Raimundo de Souza (Engasgada)

DOMINGO, ONZE da manhã. Horário de pico. Restaurante lotado. Almoço sendo servido a toda velocidade. Nenhuma mesa disponível. Na calçada, uma fila quilométrica de pessoas espera a vez para ingressar. Ao lado do pianista tocando repertórios populares, uma família ocupa a mesa cinquenta e dois. Não outra, senão os consanguíneos do desembargador Sizino de Albuquerque Garranchoso (encabeçado por ele), sua esposa Beatriz, as duas filhas, Sara e Simone e também o único filho varão, Sizino de Albuquerque Garranchoso Junior. Almoçam tranquilamente enquanto o músico, ao instrumento, muda o tom das notas, passando a executar melodias românticas. 

Numa mesa um pouco afastada, a de número sessenta e um, se vê capitaneada pelo doutor Moacir Fortunato, delegado de polícia. O insigne representante da lei se faz acompanhar também da sua prole. Por esta razão, está sentada à sua beira, a esposa, dona Mara, companheira de quarenta anos e o casal de filhos, Augusto, de vinte e Liliane, de vinte e dois. Os garçons, num vaivém incessante, transitam em ziguezagues servindo os muitos pratos do cardápio, sem falar nas garrafas de cervejas e refrigerantes, bem ainda, para alguns mais exigentes, o vinho ao ponto e o champanhe espumante. Todos estão radiantes, em particular o delegado Moacir Fortunado, em vista da Liliane, a sua mais velha, comemorar a passagem de seu natalício. De repente, o pai coruja dá início a uma cantoria de parabéns, na qual ao ser terminada, incrivelmente toda a galera, em peso se solidariza, irmanada, ajudando o velhote no tradicional cumprimento do “viva à aniversariante”, culminando as felicitações com estrondosas palmas embaladas pelo pianista que interrompe o que executa e passa a mandar brasa num improvisado “Parabéns pra você”. 

As famílias, naquele recinto, com gente saindo pelo ladrão, nunca se viram. Até aquele momento, todo o pessoal se fazia desconhecido uns aos outros. Nada, portanto, os unia em algo comum. Apenas os alinhavam o almoço no mesmo espaço seguido da solidariedade e do carinho da troca de gentilezas. Ao saírem dali, possivelmente jamais se esbarrariam. Cada grupo distinto seguiria o seu caminho permanecendo as lembranças do evento oculto nas memórias inesquecíveis de um instante imperdível que se perpetuou. Entretanto, meia hora depois, talvez menos, dona Mara é acometida por um piripaque repentino. Se engasga com alguma coisa que engoliu por descuido e o alimento, sabe-se lá por qual motivo, a faz entrar em estado de pânico. 

De fato, a senhora passa a se sentir mal, a se debater, desesperada, dando a impressão, aos demais, que se sufocava com alguma entalação imprevisível. Seu estado se torna crítico. Em questão de segundos, os garçons, irmanados em suporte de socorro, tentam reanimar a pobre criatura livrando-a do desconforto. As ações por eles tomadas não surtem o efeito pleiteado. A infeliz, aos poucos, está perdendo o chão, ficando cada vez mais carente de cuidados e próxima de uma prostração infernal. O dono aparece, solidário e visivelmente nervoso, bem como o gerente. Alguns clientes palpitam... dão sugestões, enfim, um grupo se junta aos contratempos visíveis do senhor Moacir Fortunato. 

Extremamente prestativo, ao tomar conhecimento daquele bafafá inesperado, e, em face do agito e de pessoas falando ao mesmo tempo, Sizino Junior salta da sua cadeira, na cinquenta e dois e corre à beira de dona Mara. Em contínuo, agarra a mulher pelas costas, levanta-a do chão com uma força jamais vista pelos presentes. Seu Moacir Fortunato, da sessenta e um, o marido, meio que apatetado, investe, furioso e aos berros, contra o impetuoso rapaz, bem como o filho Augusto. Prestes estão, pai e filho, a pegarem o maluco pelos fundilhos (o miserável, do nada, e, em meio a uma plateia pasma e endoidecida), que num ato impensado e sem nenhum tipo de explicação, agarrou dona Mara e a suspendeu em pleno ar. Todavia o quadro se faz inverossímil. Dona Mara é salva do desditoso engasgo. 

Sizino em curto interregno, ao invés de um muito obrigado, ouve uma chuva de impropérios, como “vamos pegar o desgraçado na porrada? Onde já se viu desrespeitar uma senhora honesta, tomando-a pelas costas e, pior, ao lado de seu marido e filhos”’? Em meio ao pandemônio desfigurado que se segue, alguém tem a infeliz ideia de mandar ligar para a polícia: 

— Meu senhor, chama os “home”! – grita o careca da mesa quarenta e nove.

— Bem pensado.  Este safado precisa ir direto para a cadeia, sem mais perda de tempo – corrobora a idosa da trinta e oito:

Augusto, o filho, mais abestalhado que o pai, dá o alerta:

— Pai, pelo amor de Deus, para que chamar uma viatura? O senhor é a polícia. Acaso vai chamar a si mesmo? –  Prende o cara.

O pai, coça a cabeça, ainda desatinado:

— É mesmo. Havia me esquecido...

Espumando de raiva e ódio, seu Moacir tonitrua voz de prisão à Sizino, exibindo seu distintivo da Civil acompanhada de uma poderosa arma em punho. As barbas de ser linchado, contudo, Sizino, o salvador de dona Mara, se faz ouvir, gritando a plenos pulmões e acima do estardalhaço para que todos lhe deem atenção: 

— Calma, gente. Por favor, me escutem. Sou médico. Eis aqui a minha credencial. Esta senhora se engasgou. Como podem ver, está agora, fora de perigo. Apliquei nela um procedimento de compressão abdominal, ou como no dia a dia dos hospitais conhecemos como “Manobra de Heimlich.” 

O senhor Moacir, estanca. Diante da identificação exibida não só para ele, como para os demais em encorpada roda, muda a postura. Guarda a arma. Enfia o par de algemas no bolso. Aos prantos, o velho desaba se debulhando em lágrimas. Chorando, abraça a esposa e os filhos. Em seguida, pede desculpas e estende os braços em atitude de agradecimento ao clínico que, por graça divina, estava no local na hora certa e se prontificou a socorrer a mulher em apuros descomedidos: 

— Meu filho – diz seu Moacir à Sizino. Me perdoe. Tudo aconteceu de forma tão rápida... como iríamos supor que uma pessoa tão jovem fosse um médico e viesse em socorro de minha querida esposa?   

O restaurante, ao saber do ocorrido se solidariza, e, como era de se esperar, termina com uma centena de cumprimentos e vivas atrelado a um “Deus lhe pague” sincero e sem rancores. O fato é seguido de palavras elogiosas "apogeado" com uma salva de palmas e algazarras calorosas. Aquela cena inusitada contagia até os que engrossavam a enorme fila na calçada em frente. O senhor Moacir Fortunado, delegado de polícia, em profundo agradecimento, não permite que o desembargador Sizino de Albuquerque arque com a conta. Correndo ao caixa, sem que ninguém perceba, toma para si os haveres dos gastos da família do ilustre esculápio. 

O melhor de tudo acontece em sequência. Uma profunda amizade entre os dois líderes consolida aquele inesperado encontro, mudando para sempre a vida de todos os partícipes. A partir daquele bagunçado almoço, uma alicerçada e desinteressada união se propaga entre os Albuquerque e os Fortunatos. O ápice foi tão difundido que redundou em noticiário e saiu na televisão com destaque nos jornais do começo de noite. Dois meses depois, no mesmo restaurante, igual mesa, o jovem médico Sizino Júnior, filho do desembargador Sizino de Albuquerque pede publicamente ao líder da família Fortunato, em noivado, com aliança e tudo o que tem direito, a filha dele, a linda e esfuziante Liliane. Após o “sim” e as bênçãos de ambas as famílias, numa euforia açodada se fez ouvir quando os pombinhos se beijam acalorados, e, claro, ovacionados por uma nova e desta vez mais robusta e tonitruante gritaria em embalos de “vivas e vivas” ao mais novo elegante e majestoso casal.  

Fonte:
Texto enviado pelo autor

XVII Jogos Florais de Cantagalo-RJ (Trovas Premiadas)


ESTADUAL    

TEMA: LUTA

1º lugar
Sandro Pereira Rebel
Niterói/RJ 
Quantas vidas nesta terra
na violência se consome,
inclusive numa guerra   
onde a luta é contra a fome.
= = = = = = = = = 

2ºlugar
Sandro Pereira Rebel
Niterói/RJ
Anseios de liberdade
são sempre a força motriz
que conduz a humanidade
às lutas por ser feliz.
= = = = = = = = = 

3º lugar
Cléber Roberto de Oliveira
São João de Meriti/RJ
Não à guerra fratricida!...
Jamais lhe darei valor:
- Luta em que há perda de vida
é luta sem vencedor!
= = = = = = = = = 

4ºlugar
Jessé Nascimento
Angra dos Reis/RJ
Sou atrevido, confesso, 
pois ao lutar pelo amor, 
nem sempre meus atos meço: 
busco ser o vencedor!
= = = = = = = = = 

5º Lugar
Alba Helena Corrêa
Niterói/RJ
Quem, por si, chega à vitória,
pela luta, com amor,
merece o troféu da glória:
é, de fato, um vencedor!
= = = = = = = = = 

6º Lugar
Therezinha Tavares
Nova Friburgo/RJ
A luta desaparece
neste mundo conturbado
quando a paz se fortalece
no coração desarmado.
= = = = = = = = = 

7º Lugar
Marialice  Araujo  Velloso
São Gonçalo/RJ
Quando  a  dor  atinge   a  vida 
e  a  luta  se  faz  presente ,
o  amor  de  Deus  , sem  medida, 
em  seu  colo , ampara  a gente .
= = = = = = = = = 

8º Lugar
Ariete Regina Fernandes Correia
Rio de Janeiro/RJ
 Canudos reuniu fiéis,
que fugindo da  opressão ,
enfrentaram coronéis ,
na luta, em pleno sertão.
= = = = = = = = = 

9º Lugar
Cléber Roberto de Oliveira
São João de Meriti/RJ
 Pobre vive a combater
na dureza que o ameaça:
se não luta pra comer,
não sobrevive à desgraça!...
= = = = = = = = = 

10º Lugar
Therezinha Tavares
Nova Friburgo/RJ
 Vou trilhando sem barreiras
o mapa da minha vida.
Não me detenho em fronteiras,
minha luta é decidida!
= = = = = = = = = 

11º Lugar
Eunice Gonçalves Pereira da Silva
Rio de Janeiro/RJ
Tudo conquistei com luta,
um dia de cada vez...
Com muita garra, labuta,
esperança e sensatez.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

NACIONAL   

TEMA SERTÃO

1º Lugar
Mara Melinni
Caicó/RN
 Na aridez de um chão sem cores,
os sonhos brotam, sem fim…
E a esperança planta flores,
no Sertão que habita em mim.
= = = = = = = = = 

2º Lugar
Renata Paccola
São Paulo/SP 
 Por pulsar um sonho agreste
entre as veias do sertão
é que o mapa do nordeste
tem forma de coração!
      = = = = = = = = = 

3º Lugar
Antônio Francisco Pereira
Belo Horizonte/MG
De mudança, na estação,
meu velho pai disse assim:
Eu saio do meu sertão,
mas ele não sai de mim.
= = = = = = = = = 

4º Lugar
Francisco Gabriel
Natal/RN
 Perde, a vida, os seus encantos
quando há seca no sertão,
com sobra d’água nos prantos
por faltar água no chão.
= = = = = = = = = 

5º Lugar
Carolina Ramos
Santos/SP
Neste sertão brasileiro, 
há tanta beleza, tanta...
que o sol aplaude primeiro
e só depois se levanta!!!
     = = = = = = = = = 

6º Lugar
Romilton Faria
Juiz de Fora/MG
O sertão e o sertanejo,
feito madeira de entalho,
são forjados no manejo
do tempo… vento… e trabalho.
      = = = = = = = = = 

7º Lugar
César Defilippo
Astolfo Dutra/MG
Sertão, por ter te deixado
semeio saudade a eito,
a lembrança é feito arado      
que abre covas no meu peito...
      = = = = = = = = = 

8º Lugar
Carolina Ramos
Santos/SP
 Quando o sertão se espreguiça
à luz branda, a cada aurora,
 cada galho é uma premissa
da força que ali vigora!
        = = = = = = = = =  

9º Lugar
Fernando Antônio Belino
Sete Lagoas/MG
 O sertão, às vezes penso,
mais que seca e terra quente,
é um milagre sempre intenso,
que brota dentro da gente!
        = = = = = = = = = 

10ºLugar
Maria Dulce de Lima Pessoa
Tabira/PE
 Filha brava dos sertões,
eu me sinto tão feliz,
que me esqueço dos senões
ao  chamá-lo meu país
= = = = = = = = =        

11º Lugar
José Manuel Veloso Galvão 
São Paulo/SP
Na agudeza da visão,
foi que Euclides viu, no fundo,
nos confins, lá do sertão,
os confins do fim do mundo!
= = = = = = = = =         

12º Lugar
Cipriano Ferreira Gomes
São Paulo/SP
A vida pôs-me a leilão 
e eu recebi em saudade,
quando deixei o sertão, 
comprado pela cidade.
        = = = = = = = = = 

13º Lugar
Márcia Jaber
Juiz de Fora/MG
 Guarda, em seu ventre, a semente
e espera a fecundação...
Chega a chuva, qual presente,
faz florir todo o sertão.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

NOVO TROVADOR 

TEMA SONHO

1º Lugar
Wilton di Cali 
Guarulhos/SP
Se a tristeza vem de dia,
para enfrentá-la eu disponho
da força desta alegria,
que eu carrego em cada sonho.
= = = = = = = = = 

2º Lugar
Wilton di Cali 
Guarulhos/SP
O sonho do trovador
é único e verdadeiro:
ensinar que só o amor,
modifica o mundo inteiro.
= = = = = = = = = 

3º Lugar
Ana Lúcia Camargos Cordeiro
Belo Horizonte/MG
Eu sou pescador de sonhos...
Garimpeiro de ilusão!  
Vivo momentos  risonhos,
afastando a  solidão!
= = = = = = = = = 

4º Lugar
Leonora Brandão 
Taubaté/SP
Com as lanternas acesas
vou rompendo a escuridão,
que mantinha as dores presas
no sonho de solidão!
= = = = = = = = = 

5º Lugar
Júlia Fernandes Heimann 
Jundiaí/SP
A cismar sempre me ponho
feito uma eterna aprendiz
e, quantas vezes, em sonho
mudo a minha diretriz...
= = = = = = = = = 

6º Lugar
Marcelo Matsuda Fuji 
Taubaté/SP
Cerrando os meus olhos parto,
para uma terra distante...
nos lindos sonhos reparto
meus versos a todo instante.
= = = = = = = = = 

7º Lugar
Leonora Brandão 
Taubaté/SP
Uma tristeza surgindo
nesta noite... maldição...
até em um sonho, invadindo
toda alma e meu coração!
= = = = = = = = = 

8º Lugar
Júlia Fernandes Heimann 
Jundiaí/SP
Sonhos vêm e sonhos vão,
pois fazem parte da vida;
uns nos trazem ilusão,
outros a dor da partida...
= = = = = = = = = 

9º Lugar
Janete Francisco Sales Yoshinaga 
São Paulo/SP
Busco o sonho no infinito
se a saudade me assedia,
pois eu espero e acredito
que te encontrarei um dia!
= = = = = = = = = 

10º Lugar
Janete Francisco Sales Yoshinaga 
São Paulo/SP
No território do sonho
encontrei o meu amor,
e o mundo ficou risonho.
Não me acordem, por favor!
= = = = = = = = = 

11º Lugar
Giselda da Silva Vieira Pereira
Olinda/PE
Eu sinto imensa saudade
dos meus sonhos de criança,
de uma infância sem maldade
onde reinava a esperança.
= = = = = = = = = 

12º Lugar
Norma Bezerra de Brito 
Brasília/DF
Sonhei que era um trovador
fiz serenata ao luar,
trovas, cantigas de amor,
para o meu bem conquistar!
= = = = = = = = = 

13º Lugar
Artur Laizo 
Juiz de Fora/MG
Tenho a mente povoada
de muitos sonhos contigo.
Mas faltou nessa toada
que tu sonhasses comigo.
= = = = = = = = = 

14º Lugar
Wilton di Cali 
Guarulhos/SP
O sonho tem o poder
de resgatar a alegria
que se perde no sofrer,
do viver de cada dia.
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HUMORÍSTICO 

TEMA: HOMEM

1º Lugar
Elias Pescador
São Paulo/SP
Pouco depois de assaltar,
diz o homem, ladrão bondoso:
- Moço, eu vou te acompanhar,
porque aqui é perigoso!...
= = = = = = = = = 

2º Lugar
Renata Paccola
São Paulo/SP   
É, sem dúvida nenhuma,
Ricardo um homem fiel:
vai levando, uma por uma,
sempre a um único motel!
 = = = = = = = = = 

3º Lugar
Edmar Japiassú Maia 
Miguel Pereira/RJ 
Vazam chuveiros...torneiras...
o homem vai à bancarrota.
Tanto estresse com goteiras
e ainda sofre de Gota!
= = = = = = = = = 

4º Lugar
Arlindo Tadeu Vagen
Juiz de Fora/MG
Tanto apanhou que não quer
outro namoro jamais:
o seu fraco era a mulher 
de um homem forte demais!
= = = = = = = = = 

5º Lugar
Manoel Cavalcante
Pau dos Ferros/RN
Vi um homem tão alto um dia...
tão alto, mas tão altão... 
que eu acho que ele devia
ser chamado de Inflação. 
= = = = = = = = = 

6º Lugar
Paulo Cezar Tórtora
Rio de Janeiro/RJ
Eu subo pelas paredes
quando a vizinha se assanha,
nem preciso corda ou redes,
me chame de Homem-Aranha.
= = = = = = = = = 

7º Lugar
Francisco Gabriel
Natal/RN
O homem enfraquece a guarda,
sofrendo grande revés,
depois que a sua espingarda
passa a atirar para os pés.
= = = = = = = = = 

 8º Lugar
A. A. de Assis
Maringá/PR
Coitado... era um homem rico...
perdeu tudo... está quebrado...
– Até para “pagar  mico”
tem que pedir emprestado!...
= = = = = = = = = 

9º Lugar
Elvira Drummond
Fortaleza/CE
Começou com a costela…
mas Deus passou da medida
e deu à mulher (só à ela)
as rédeas do homem na vida.
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10º Lugar
Elvira Drummond
Fortaleza/CE
Frente à mulher que o deseja,
um homem “canta de galo”.
Logo descobre, ora veja,
que virou o seu vassalo…
= = = = = = = = = 

11º Lugar
Gilvan Carneiro da Silva
São Gonçalo/RJ
Diante dele sou anão...
Veja que braço, que músculo!
Você não é homem não?
Sou, mas com "h" minúsculo...
= = = = = = = = = 

12º Lugar
Lucrécia Welter Ribeiro
Toledo/PR
O Homem-Aranha desiste, 
e recolhe a velha rede,
após ler o aviso, o chiste:
“Proibido pés na parede”.
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13º Lugar
Jessé  Nascimento
Angra dos Reis/RJ
Após briga e muito alarde, 
a mulher, então reclama: 
- Onde estás, homem covarde? 
- Estou embaixo da cama...
= = = = = = = = = 

14º Lugar
Therezinha  Tavares
Nova Friburgo/RJ
Eu quero a "loura" e a "branquinha"!
o homem bêbado gritou.
Hoje faço uma farrinha!..
...em dois goles desmaiou!
= = = = = = = = = 

 14º Lugar
Arlindo Tadeu Vagen
Juiz de Fora/MG
Cordato como ele é,
homem assim não se encontra;
não come contra filé 
pra não parecer do contra.
= = = = = = = = = 

15º Lugar
Lucília Alzira Trindade Decarli
Bandeirantes/PR
De terno branco, engomado,
o homem vai para a seresta;
cai na sarjeta, o coitado,
e a lama, ali, "faz a festa!"
= = = = = = = = = 

15º Lugar
Jérson Lima de Brito
Porto Velho/RO
Fraudando o globo do bingo,
um homem, contrário às leis,
confunde o lado do pingo:
era a nove, não a seis!