domingo, 27 de novembro de 2011

Ademar Macedo (Homenagem ao Prof.. Garcia pela sua Data Natalícia)

ARGENTINA Felicidades Francisco! En este precioso dia. Va mi beso en un ventisco compartiendo tu alegria. –LIBIA BEATRIZ CARCIOFETTI- CEARÁ Garcia, meu professor, rogo a Deus como ninguém, que vivas, meu trovador, bem mais que Matusalém! –FRANCISCO JOSÉ PESSOA- MINAS GERAIS De muita festa e alegria é de domingo o cenário, pois nosso amigo Garcia tem o seu aniversário! –ALMIRA GUARACY REBÊLO– Não podia ser diverso a sina do bom Garcia: o seu nome é quase um verso e faz rima com poesia. –OLYMPIO COUTINHO– PARANÁ Grande data para a Trova é este alegre e belo dia. Faz-se um brinde à idade nova do amigo e mestre Garcia! –A. A. DE ASSIS Parabéns, nobre Garcia, neste teu aniversário, e que o bem da poesia o conduza ao centenário! –NEI GARCEZ– RIO DE JANEIRO Nas contas do meu rosário, - onde guardo as amizades, achei teu aniversário, cheio de felicidades!.... –DIAMANTINO FERREIRA– Para o Professor Garcia uma abraço bem apertado, desejando que o seu dia seja muito abençoado. –ESTER FIGUEIREDO– Parabéns, caro colega, grande Professor Garcia, que a Rosa da Trova rega com talento e simpatia! –RENATO ALVES– RIO GRANDE DO NORTE Nasceu pra ser Trovador! - Muitas rimas tem Garcia. Todas nascidas do amor, mas, uma é rica... Poesia! –FRANCISCO MACEDO– Meu Pai (Feliz Aniversário!!!) –MARA MELINNI– Pai, és meu farol, o meu guia quando a estrada é longa e escura... És a mão que me sustenta se uma dor me desventura... E, quando estou em perigo, pelos teus passos, eu sigo porque a trilha é mais segura. Tantos anos, e eu me lembro do teu colo e teu abraço... da menina que brincava, seguindo o pai, passo a passo... Eu cresci, mas a lembrança permanece na esperança dos versos que agora eu faço. Foram anos tão felizes e, apesar de algum tormento, juntos, sempre superamos a dor de qualquer lamento, Da nossa fé, todo dia, Deus fez brotar como guia, o melhor ensinamento. Teu rosto jovem, eu lembro, de uma aparência distinta... E os cabelos sem as cores que o tempo retrata e pinta... Mas o grisalho que cresce, e o branco que prevalece, foi de Deus, a cor da tinta. Ah, meu Pai, quantas lições eu tenho que agradecer... As mais simples que aprendi enfeitam todo o meu ser... Nenhuma tem mais valor do que o exemplo de amor que tu tens a oferecer! RIO GRANDE DO SUL A meu grande irmão Garcia, neste seu aniversário mando a alma em poesia, como fora um relicário! OLGA MARIA DIAS FERREIRA– SANTA CATARINA Grande mestre trovador, parabéns pelo teu dia. De Amizade és professor: - Felicidades Garcia!!! –ELIANA JIMENEZ– Ao meu amigo Garcia, desejo felicidade, neste dia, que é seu dia, mando um “beso” de amizade! GISLAINE CANALES– SÃO PAULO Ao Mestre dos Trovadores, grande Professor Garcia, vão todos nossos louvores, em especial no Seu Dia! AMILTON MACIEL– No correr do calendário, tão cheio de vai-e-vens, neste seu aniversário tenha os nossos parabéns !!! –COLAVITE E ROSELI– Além de mestre, um poeta!.. esse é o professor Garcia!.. - que esteja sempre completa sua taça de alegria! –HÉRON PATRÍCIO– Um ano a mais... uma festa! Dentre as mensagens que tens, na minha que é a mais modesta, vai “um mar”... de Parabéns! –DOROTHY JANSSON MORETTI– Este professor louvado ao bem-querer nos conduz... E, seu verbo abençoado surge em rajadas de luz ! –JOSÉ VALDEZ–
Fonte: Textos recebidos e organizados por Ademar Macedo

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 408) - Aniversário do Prof. Garcia


Uma Trova Nacional

Franciscos são pregadores
de lumes e boas novas...
Alguns, da fé, são pastores,
outros, pastoreiam Trovas.
–LISETE JOHNSON/RS –

Uma Trova Potiguar

27 de Novembro
é de festa, de alegria!
Pois é o natalício, lembro,
do nosso mestre Garcia.
–ROSA REGIS/RN–

Uma Trova Premiada

2010 - Intersedes/RJ
Tema: IMAGEM - M/H

Morre a tarde!...E ao fim do dia,
na imagem do Sol poente,
há tintas de nostalgia
do fim da tarde da gente!
–PROF. GARCIA/RN–

Uma Trova de Ademar

Para o Professor Garcia
fiz em verso um dossiê;
para dizer neste dia...
Meus Parabéns Pra Você!!!
–ADEMAR MACEDO/RN–

...E Suas Trovas Ficaram

As coisas simples, modestas,
encerram saber profundo.
Nasceu, sem plumas e festas,
O Maior Homem do mundo!
–LUCY SOTHER ROCHA/MG–

Simplesmente Poesia

Parabéns ao Trovador!!!...
–ADEMAR MACEDO/RN–

Peço a Deus que me dê inspiração
pra que eu possa através desta poesia
mandar meus parabéns de coração
ao Professor e Trovador Garcia.
E em versos escrever na sua lousa
os parabéns também de sua esposa
a quem ele devota seus louvores;
e para este nosso irmão que tanto brilha
eu mando os parabéns de cada filha,
e um abraço de todos Trovadores!

Estrofe do Dia

Pra cantar, hoje tenho bom motivo:
vejo abertas as portas da poesia
na passagem dos anos de Garcia,
um poeta espontâneo e criativo...
Numa trova que passa por seu crivo,
ninguém mais acrescenta correção;
tem o dom de escrever e a inspiração
que desceram das mãos do Criador;
tem a lira de exímio trovador
e a beleza de um grande coração!
–JOSÉ LUCAS DE BARROS/RN–

Soneto do Dia

Soneto ao Professor Garcia
–DELCY CANALLES/RS–

Mês de novembro - Mostra o Calendário
que o dia vinte e sete é especial.
Nessa data, festeja o aniversário
um "vate-trovador" fenomenal!

É o "Professor Garcia"- biliardário
de inspiração, que o torna sem igual,
poeta de valor - humanitário,
parceiro disputado no virtual!

Tem filhas lindas: Ava, Eva e Mara,
e uma esposa querida - joia rara,
rainha desse lar, cheio de amor!

Por teu trabalho! Pelo que tu vales,
te abraça, com carinho, esta Canalles,
festejando o teu dia, professor!!!

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

Affonso Romano de Sant'Anna (O Cronista é um Escritor Crônico)


O primeiro texto que publiquei em jornal foi uma crônica. Devia ter eu lá uns 16 ou 17 anos. E aí fui tomando gosto. Dos jornais de Juiz de Fora, passei para os jornais e revistas de Belo Horizonte e depois para a imprensa do Rio e São Paulo. Fiz de tudo (ou quase tudo) em jornal: de repórter policial a crítico literário. Mas foi somente quando me chamaram para substituir Drummond no Jornal do Brasil, em 1984, que passei a fazer crônica sistematicamente. Virei um escritor crônico.

O que é um cronista?

Luís Fernando Veríssimo diz que o cronista é como uma galinha, bota seu ovo regularmente. Carlos Eduardo Novaes diz que crônicas são como laranjas, podem ser doces ou azedas e ser consumidas em gomos ou pedaços, na poltrona de casa ou espremidas na sala de aula.

Já andei dizendo que o cronista é um estilita. Não confundam, por enquanto, com estilista. Estilita era o santo que ficava anos e anos em cima de uma coluna, no deserto, meditando e pregando. São Simeão passou trinta anos assim, exposto ao sol e à chuva. Claro que de tanto purificar seu estilo diariamente o cronista estilita acaba virando um estilista.

O cronista é isso: fica pregando lá em cima de sua coluna no jornal. Por isto, há uma certa confusão entre colunista e cronista, assim como há outra confusão entre articulista e cronista. O articulista escreve textos expositivos e defende temas e idéias. O cronista é o mais livre dos redatores de um jornal. Ele pode ser subjetivo. Pode (e deve) falar na primeira pessoa sem envergonhar-se. Seu "eu", como o do poeta, é um eu de utilidade pública.

Que tipo de crônica escrevo? De vários tipos. Conto casos, faço descrições, anoto momentos líricos, faço críticas sociais. Uma das funções da crônica é interferir no cotidiano. Claro que essas que interferem mais cruamente em assuntos momentosos tendem a perder sua atualidade quando publicadas em livro. Não tem importância. O cronista é crônico, ligado ao tempo, deve estar encharcado, doente de seu tempo e ao mesmo tempo pairar acima dele.

Fonte:
http://www.releituras.com/arsant_ocronista.asp

Bruna Luizi Coletti (O Último Salto)


Ela fechou os olhos e ergueu os braços para o céu cinza, esperando a chuva chegar. Ficou daquele jeito por exatamente 3 minutos até sentir a primeira gota, e sorriu. Continuou sorrindo enquanto as gotas finas engrossavam, ensopando os cachos leves de seu cabelo e seu vestido azul. Tentou abrir os olhos, mas as gotas de chuva escorriam pelo seu rosto e caiam salgadas nos olhos, fazendo arder. Abaixou os braços para limpar o sal das gotas. Quando abriu os olhos, parecia que o céu tinha decido até ali junto com a chuva. Olhou pra baixo e fitou as ondas agitadas. Ela também estava agitada. Era tudo cinza e pesado a sua volta. O céu estava cinza e pesado, a chuva começava a ficar pesada, assim como seus cabelos encharcados e seu vestido azul. Pensou ter ouvido alguém gritar seu nome na tempestade, mas sabia que não. Ninguém poderia ter seguido ela até ali. Aspirou o ar bem fundo até inundar seus pulmões de ar. O cheiro da água salgada e chuva era delicioso. Soltou o ar e aspirou novamente. Ia sentir falta do cheiro salobre de mar. Soltou e aspirou mais uma vez, na esperança de prender aquele cheiro lá dentro.

Ouviu seu nome no vento mais uma vez. Não era sua imaginação. Olhou para trás e viu um borrão de luz em meio a torrente de água que caia do céu. Talvez alguém a tivesse seguido. O vento rugia em seus ouvidos, e a confusão de sons era grande.

Aspirou uma última vez, o máximo que pode, e saltou. Foi contra o impulso de fechar os olhos. Queria assistir os 20 metros da queda.

Segurou as barras do vestido que teimavam em subir com o vento.

A pele ficou dormente quando mergulhou nas águas geladas do oceano. Pelo frio e pela força do impacto. Com o choque acabou aspirando muita água salgada que ardeu na garganta. Já não via muita coisa lá em baixo. A água espumava ao seu redor, e os olhos também ardiam. No último segundo sentiu medo. Quis nadar de volta à superfície, quis viver.

Uma onda desavisada a arremessou contra o penhasco, e ela não viu mais nada.

Em questão de segundos a chuva lá em cima cessou, o ventou parou de rugir e as ondas se acalmaram. A natureza do penhasco fez seu minuto de silencio.

Lá de cima se via apenas o vestido azul entre as ondas vermelhas de sangue.

Então o vento voltou a soprar e as ondas se agitaram novamente. E as nuvens cinzas de chuva se distraíram por apenas um segundo, quando o sol aproveitou para lançar um raio de luz para iluminar as lágrimas de quem fora deixado para trás.

Fonte:
http://www.releituras.com/ne_brunalc_salto.asp

Beatriz Abuchaim (A Moradora do Quinhentos e Três)


Ela era miúda, clara e parecia exausta. Não era uma preguiça de se arrastar entre uma tarefa e outra, e sim a expressão do esgotamento de alguém que tem sempre um problema urgente a resolver. Os traços delicados se desfiguravam com as sobrancelhas erguidas. A própria existência das coisas tinha para ela uma gravidade aguda. Segurava as juntas dos dedos umas contra as outras. A voz lhe escapava ansiosa, formando parábolas de sons, altos e baixos, baixos e altos. As mãos permaneciam contraídas, repousadas por sobre o vestido comprido. Só poderia se chamar Marieta. Parecia uma senhora, mesmo sendo um pouco mais jovem do que eu. Ela tinha uns trinta e cinco anos, no máximo quarenta. A gravidez evidente, a pele lisa ao redor dos olhos e o cabelo loiro, sem fios brancos nem tintura destoavam dos suspiros abortados, dos móveis cor de mogno e das feições endurecidas.

A sala de sua casa evocava o consultório de um dentista, antes da consulta. Todos os objetos estavam livres de bactérias. Imaginei-a despendendo uma tarde inteira para decidir a posição da réplica de “As meninas”, do Renoir. Uma vez ali, o quadro permaneceria imóvel, condenado ao encaixe perfeito do prego e a ausência de pó. Havia duas almofadas por sofá e uma por poltrona, fazendo um contraponto de cores: almofada verde no sofá marrom, almofada bege na poltrona verde. Os guardanapos de crochê esticados nas mesas. Ainda se confeccionam peças desse tipo, lembrei. Toalhas feitas à mão existiam para mim apenas nas tardes da infância, sustentando a compoteira com a ambrosia da vovó. Na casa de Marieta, os copos brilhavam, dentro da cristaleira, em filas regulares. Um exército sem camuflagem.

Fui convidada a sentar. Tive receio de estragar alguma coisa. Fiquei constrangida com minha própria figura: as pernas longas, o jeans desbotado, as unhas por fazer, o leve odor de nicotina. Me senti acomodada em uma mesa para crianças de pré-escola. Eu era imensa para estar ali. Tenho uma sensação de desconforto quando converso com uma pessoa que fala de modo correto o português, usando todos os erres e esses, conjugando com naturalidade os verbos, jamais se permitindo errar uma concordância. Cada frase proferida com essa minha língua de todos os dias parece uma ofensa. Frente a Marieta, mesmo o meu gesto mais educado seria falta de tato. Ela me observava bem de perto, não lhe escapava nada.

Cruzei as botas de bico fino, joguei os cabelos mechados para trás e deixei que ela me julgasse. Nada falei. Escutei as suas tentativas de conter a cólera. Marieta é o tipo da mulher que fica irritada com sua própria fúria. Me diverti vendo suas faces ruborizadas ao comentar sobre os ruídos no sábado à noite. Suas mãos se descruzaram e massagearam a cervical. Ela afirmava que aquela não era a minha primeira “festinha”. Marieta estava certa de que eu entenderia sua reclamação. Dali a alguns meses, o nascimento do bebê. Ela apenas desejava que eu cumprisse o regulamento do condomínio. Nem quisera falar com o síndico para não me deixar desconfortável. Será que ela não percebia que nada poderia ser mais impróprio do que aquele convite para visitá-la, feito a olhos baixos no elevador?

Morava há cinco anos em cima de Marieta e as duas únicas festas que dera, foram catalogadas por ela. Me sabia inocente de suas acusações de má vizinhança. Fiquei lembrando das noites com o Afonso. Ela teria escutado nossas carências após duas ou três garrafas de vinho? Marieta com seu maridinho, que penteia os cabelos para trás com gel em excesso e diz “pois não” ao abrir a porta do prédio para mim, incomodados com as farras do piso superior, do apartamento daquela mulher meio solteira, meio atriz, meio deprimida, que sempre esquece de pegar o jornal de domingo.

Separadas por alguns metros de concreto, vivíamos em estados de matéria distintos, eu tão líquida, ela tão sólida. Eu escorria pelas paredes de seu apartamento. Nada de festas, eu disse, mesmo não sabendo se cumpriria a promessa. Já na porta, pronta para voltar ao meu mar revolto, passei a mão na barriga de Marieta. Perguntei o nome do bebê. Por um instante ela descansou. O rosto se descontraiu, ganhou as feições de alguém que chega em casa ao final do dia e tira os sapatos. Me senti composta da mesma água que ela. Meus dedos firmaram junto ao seu ventre. “Getúlio”, ela me disse. Nome de velho, eu pensei, ao me despedir.

Fonte:
Projeto Releituras

Beatriz Abuchaim (1975)


Beatriz Abuchaim nasceu em Porto Alegre, em 1975.

É psicóloga, especialista em psicologia nos processos educacionais e mestre em educação (todos os cursos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

Trabalha como psicoterapeuta em consultório particular, tendo feito formação em psicoterapia psicanalítica no Instituto Abuchaim, onde atualmente é professora e supervisora. Freqüentou as oficinas de criação literária de Charles Kiefer e de Luis Antonio de Assis Brasil.

Participou das antologias de contos “Histórias de Quinta”, “Brevíssimos” (Editora Bestiário), “101 que contam” e “Oficina 36” (Nova Prova Editora).

"Habitantes de corpos estranhos" (antologia de contos para adolescentes) é seu primeiro livro-solo, publicado em 2008, pela Editora Projeto.

Fonte:
Projeto Releituras

Dagmar Braga (Poesias Avulsas)


CONSTRUÇÃO

Lanhada a pedra,
faço-me fio,
partilho, rasgo
entranha e estranho.

Quebrado o leme,
desoriento,
acolho vento,
maré e abismo.

Cavado o poço,
torno-me água,
mão retorcida,
lisura e barro.

Feito o silêncio,
lasso a palavra -
gume sequioso
de outra navalha.

PAISAGEM URBANA

no farol
estilhaço de vidro
fragmento de prisma
cinabre viscosidade

e um sonho coagulado em nossa retina

INFINITUDE

Ao derredor do tempo
(sorvo de luz e sombra)
o labirinto assoma

Não há porta que se abra
nem sina que nos sustente

O desafio
é a tessitura e o fio

Não há rastro ou memória
na solidão do exílio

Tudo — a um só tempo —
é pressentimento /
origem
tédio / espelho

Secreto e imenso — sempre —
o meu e o teu delírio.

PROSCRITOS


no exílio da manhã
o desamparo
a dois

quando cruzamos
olhares
urbanos desvalidos

forçado o esquecimento
banido o verbo

embora o corpo
estirado
de prazer e fúria

MADRUGADA

quando em silêncio arde o desespero
teu rosto assoma

tua mão acolhe o fogo e me desata
o descompasso

o dia serpenteia na garganta
um poema grita
germinando luz

Fonte:
Antonio Miranda

Dagmar Braga


Dagmar de Oliveira Braga nasceu em Pitangui, Minas Gerais.

Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Grerais (PUC Minas), especializou-se em Literatura Brasileira e depois cursou a pós-graduação em Jornalismo e Práticas Contemporâneas.

Professora, consultora aposentada pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a poeta trabalha atualmente como revisora de textos e é responsável pelo Espaço Cultural Letras e Ponto, onde também ministra Oficinas de Literatura.

Em 2008, Dagmar estreou com o livro de poemas Geometria da Paixão, publicado pela Anome Livros.

Para Affonso Romano de Sant`Anna “A poesia de Dagmar Braga é uma inscrição no silêncio, um diálogo com as sombras, uma caligrafia da solidão, um pressentimento e um suave delírio, aparentemente “unindo o nada a nada”, e, no entanto, nos fala de coisas humanamente familiares.”

Fonte:
Antonio Miranda

Estante de Livros (Letras e Ponto!)

ANTOLOGIA DOS OFICINEIROS DO LETRAS E PONTO

Organização: Dagmar Braga

Local: Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte

Longe de uma ideia da escrita como exercício solitário, “Oficina da Palavra” é resultado do trabalho de mais de 34 mãos. A antologia de crônicas, contos e poesias, da editora Asa de Papel, traz produções feitas por um grupo muito diverso de autores. Médicos, professores, arquitetos, estudantes e outros curiosos se reúnem em noites de oficinas literárias para abrir as portas da imaginação. O livro – fruto desses encontros – vai ser lançado na Biblioteca Estadual Luiz de Bessa, no dia 5 de dezembro, a partir das 19 horas.

A escritora Dagmar Braga – finalista do Prêmio Jabuti em 2009 – é responsável por costurar as 62 criações presentes na obra. Ela mantém o espaço cultural Letras e Ponto e coordena oficinas de criação literária há XX anos. Os encontros são abertos a qualquer interessado e o objetivo é escrever a partir da memória, da imaginação, da observação e da intertextualidade. O esforço de edição também é conjunto. Um tempo fica reservado para a leitura coletiva e todos têm a oportunidade de palpitar no texto do colega. O espaço cultural ainda acolhe outras atividades: saraus, debates, palestras, mostras e apresentações.

“Oficina da palavra” é a segunda antologia publicada pelo Letras e Ponto. Para Ronaldo Simões Coelho, autor mineiro com mais de 50 títulos, o novo livro oferece ao leitor um cardápio de fazer inveja a qualquer chef. “Do riso à lágrima, da curiosidade ao alívio, do querer mais à releitura, tudo aliado à vontade de recomendar aos amigos, parentes e aos conhecidos que procurem conhecer esses pratos servidos por autores plenos de delicados sabores”, comenta o escritor.

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QUARTAS HISTÓRIAS: CONTOS BASEADOS EM NARRATIVAS DE GUIMARÃES ROSA

Organização: Rinaldo de Fernandes

Com organização do escritor e professor de literatura Rinaldo de Fernandes, chega às livrarias a coletânea Quartas histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa. Editado pela Garamond (RJ), com ilustrações de Arlindo Daibert, o livro, cujo lançamento nacional será em São Paulo dia 20 de outubro/2006, no evento “Balada Literária”, traz 40 contistas brasileiros da atualidade, que recriam narrativas de Sagarana e passagens do Grande sertão: veredas. Traz também, numa seção inicial, textos sobre Guimarães Rosa de Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Antonio Carlos Jobim, Affonso Romano de Sant’Anna, Daniel Piza, Marcus Accioly e Sônia Maria van Dijck Lima. Os contistas que integram a coletânea são: Aleilton Fonseca, Amador Ribeiro Neto, André Sant’Anna, Antonio Carlos Secchin, Antonio Carlos Viana, Ataíde Tartari, Bernardo Ajzenberg, Carlos Gildemar Pontes, Carlos Ribeiro, Cecília Prada, Deonísio da Silva, Fabrício Carpinejar, Fernando Bonassi, Geraldo Maciel, Godofredo de Oliveira Neto, João Anzanello Carrascoza, José Castello, José Rezende Jr., Leila Guenther, Luzilá Gonçalves Ferreira, Marcelino Freire, Marcelo Carneiro da Cunha, Maria Alzira Brum Lemos, Marilia Arnaud, Mário Chamie, Miguel Sanches Neto, Nelson de Oliveira, Nilto Maciel, Paulo Franchetti, Pedro Salgueiro, Raimundo Carrero, Ricardo Soares, Rinaldo de Fernandes, Ronaldo Correia de Brito, Ruy Espinheira Filho, Sérgio Fantini, Silviano Santiago, Suênio Campos de Lucena, Tércia Montenegro e W. J. Solha.

Rinaldo de Fernandes, no texto de apresentação da obra, afirma: “a presente coletânea presta homenagem, respectivamente, aos 60 e 50 anos de lançamento das duas obras-primas de Guimarães Rosa [‘Sagarana’ e ‘Grande Sertão: veredas’]. Mas o livro não se resume a isso. Atesta o grande talento de autores brasileiros contemporâneos, alguns ainda bem jovens. Atesta a vitalidade do nosso conto mais recente, cujos praticantes pipocam por todas as regiões do país, numa profusão, por assim dizer, de textos de qualidade”. Afirma ainda: “Este livro poderá ficar como um marco da literatura brasileira contemporânea – pelo desafio de recriar um autor em princípio inimitável e pela versatilidade dos contistas. Trata-se, em linhas gerais, de um livro regionalista feito por autores que, à exceção de alguns poucos, não passaram pela experiência do campo”. E conclui: “Uma coisa importante: os contos [...] podem ser lidos independentemente de o leitor conhecer ou não as histórias originais de Guimarães Rosa. Certo: o conhecimento do texto do qual o conto partiu poderá facilitar a vida do leitor, clarear mais as coisas. Mas não o impedirá, em absoluto, de entender os contos aqui publicados. A coletânea cumpre ainda, agora em outra frente, o papel de despertar a curiosidade daqueles que desconhecem a obra do autor mineiro”.
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MIL TSURUS

Autor: Yasunari Kawabata
Tradução de Drik Sada

Tradicional cerimônia do chá serve de cenário para o autor expor a complexidade das relações humanas.

Publicado originalmente em capítulos por revistas japonesas, este romance foi escrito entre os anos 1949 e 1951, período de reconstrução de um Japão devastado pela Segunda Guerra. Nesse contexto em que a sociedade japonesa se reestruturava e também se defrontava com valores culturais vindos do Ocidente, Kawabata resgata valores tradicionais de seu país, fazendo da cerimônia do chá o pano de fundo para a história de Mil tsurus.

Kikuji Mitani é um jovem que, durante uma cerimônia do chá, reencontra duas antigas amantes de seu falecido pai, Chikako Kurimoto e a viúva Ota, e de repente se vê profundamente envolvido com elas. Enquanto Chikako tenta arranjar um casamento para Kikuji, este inicia um inesperado romance com a senhora Ota, que por sua vez tem uma filha chamada Fumiko, de quem Kikuji também irá se aproximar. Mas há ainda Yukiko, a delicada jovem pretendente a se casar com Kikuji, personagem que representa a serenidade, num ambiente repleto de ressentimentos e intrigas. Não é por acaso que a moça é descrita usando um lenço de seda ilustrado com tsurus, ave que simboliza nobreza e felicidade, na tradição japonesa.

Nessa história em que o passado, através da figura do pai do protagonista, desperta sentimentos em conflito, Kawabata demonstra, mais uma vez, seu profundo conhecimento da antiga cultura de seu país e enaltece a importância da arte oriental, representada nas cerâmicas seculares do ritual do chá.

Ao mesmo tempo em que discorre sobre a permanência da arte no decorrer dos séculos, sobrevivendo a gerações, o autor nos mostra o lado efêmero da vida e das relações humanas.

Fonte:
http://www.letraseponto.com.br/dicas.php

Emiliano Perneta (Ilusão) Parte 12


Poemas

Ao Euclides Bandeira

BAUCIS E FILEMON

Há de a Morte chegar um dia... E pois que bom
Se fosse como a de Baucis e Filemon!

Outono. A tarde vai num carro de veludo,
Lírio, rosa, carmim, e ouro, sobretudo.
A tarde gira, no passeio vesperal,
A luminosa flor estética do Mal.
Zéfiro, vendo-a, em seus vestidos sopra assim
Da flauta rude uns sons de folha de jasmim,
Uns sons de violeta e anêmona e açucena,
Uns sons que inda são mais leves do que uma pena,
E tão bons, e tão bons, que ao longe o mar semelha,
A subir e a descer, um rebanho de ovelha...

E os seus vestidos que são alvos como a paz,
Tingem-se de uma cor de sangue de lilás.
Ó tarde linda, ó tarde linda como Vênus,
Tarde de olhos azuis e de seios morenos.
Ó tarde linda, ó tarde doce que se admira,
Como uma torre de pérolas e safira.
Ó tarde como quem tocasse um violino.
Tarde como Endimion, quando ele era menino.
Tarde em que a terra está mole de tanto beijo,
Porém querendo mais, nervosa de desejo...
Tarde como no dia em que Júpiter louro,
Por amor de Danaê, desfez-se todo em ouro.
Tarde de se cair de joelhos, por encanto,
E de se lhe beijar a ponta de seu manto.
Ó que tarde sutil! ó luz crepuscular!
Com rosas no jardim e cisnes a boiar...

Outono lindo, lindo... Ao longo dos caminhos,
Como sempre, eles dois, velhinhos, bem velhinhos,
Inda mais uma vez olham essa paisagem,
Que, por assim dizer, é a sua própria imagem,
Terna como eles e com seus reflexos vagos
De ternura a tremer por sobre a flor dos lagos...

Paisagem verde, inda mais verde que um vergel,
Com abelhas, com sol, e com favos de mel...

“Que tarde linda, meu amor, que lindo outono!
Quem me dera dormir o derradeiro sono!”
– “Eu também, Filemon,” sorrindo Baucis diz,
“Já estou cansada, vê, de tanto ser feliz!” –
“Ó deuses imortais! ó piedosos céus!”
Mal, porém, mal porém tinham falado, quando
Pasmo viu Filemon Baucis se transformando
Numa tília, também ao mesmo tempo que ela
O via converter-se em carvalho, e singela,
Saudosamente, os dois se disseram adeus!
Janeiro – 1905

ESTÁTUA

... e olhou sua mulher para trás dele:
e converteu-se numa estátua de sal.

O salgueiro chora,
E o vento chora fino no salgueiro,
O vento chora triste... – Um Cavaleiro
(Ia passando sem olhar) olha e demora...

“Ah! – consigo murmura –
Nestes caminhos lôbregos, de joelhos,
Eu caminhei por sobre incêndios de loucura,
Num Éden prateado e com frutos vermelhos!

Outrora aqui vibrei meus lírios de alvoroço!
A lança de ouro às mãos rutila! à fronte o casco
De ouro a relampejar! e moço! e tudo moço!
Ó moço de Damasco! ó sonho de Damasco!

Turbilhões sensuais de proserpinas doidas!
Cantáridas em flor, brancas, morenas, todas
Luxurioso amei! amei! Eram tão belas!
– Ó Poentes de Outono! ó Luas! ó Estrelas!

Nuvem, que uma tormenta azulada de beijos
Eletriza, lirial nuvem dos meus desejos!
Na minha alma, cruéis, dormem fundos espaços,
Cova sinistra! Cruz Vermelha dos Abraços!

Barco esguio a dançar, carregado de aroma,
Seda, púrpura, arminho e veludo da Pérsia,
– Leito brando da minha angústia e minha inércia,
Em balanço, ondulando, uma entre mil assoma.

Alva!... não a beijei!... Minha vida foi como
Em choupos verdes a correr um passarinho.
Para quando guardei o acre, esquisito pomo,
Ó Desejo escarlate! ó flor cheia de espinho?

Ora o Valpúrgio!... Só, como espectro de lua,
A Lembrança!... um palor diluído em folha rubra!
Quando evitar que o tempo o mármore polua,
E o musgo cresça, e as almas frágeis cubra?

Tudo em perfume se resume, que apunhala,
E a Demência derrama em asperges de hissope!

– Eia pois! eia pois! a caminhos de opala!...”

E o Cavaleiro toca o cavalo a galope.

Foge. Um Anjo, porém, melancólico implora...
Chama-o de longe um Anjo: – Olha mais uma vez!
Estas ruínas, ó Cavaleiro, bem vês,
São tua adaga de ouro e teu arnês de outrora! –

E era o Anjo a açucena endoidecida no Horto,
E a sua voz, luar do Paraíso Perdido!...
Luar de um círio sobre o azul de um lírio morto...
Luar de Além, do Além, além do Indefinido!...

Olha. Não vendo então que via, por seu mal,
O Nu... mais nu! O Nu de um nu de Apodros nuda!
Um esqueleto nu!...
E ei-lo que se transmuda,
– Outra mulher de Ló – numa Estátua de sal!
Abril – 1898

AZAR

Ao Silveira Neto

A galope, a galope, o Cavaleiro chega:
Rei, ó meu bom senhor! com tua filha cega.

– Hoje, teu adivinho assim traçou no ar:
A frota d’El-Rei perdeu-se no alto mar!

Eu, ao descer a noite, ouvi cantar o galo:
Foi a Rainha que fugiu com um teu vassalo.

Teus exércitos, ó! as brônzeas legiões,
Morreram nos areais da Líbia como leões!

Nos teus domínios sopra o vento Noroeste:
A mangra, o gafanhoto, a seca, a alforra, a peste.

Uivam! Lobos? o Mar? o Vento? o Temporal?
Não. É a plebe que arrasta o teu manto real.

Lá vêm as três, ó Rei, lá vêm as três donzelas...
Tende piedade, meus irmãos, orai por elas!

Vêm tão brancas dizer que as noras sensuais
D’El-Rei mataram seus maridos com punhais.

Tuas pratas, teu ouro, e mais ricas alfaias,
Roubam do teu palácio os fâmulos e as aias.

Teu diadema, o cetro, as plumas e os Broquéis,
Em poeira, e sangue, e sob a pata dos corcéis!

O povo reza, que doçura! É bom que reze!
Pela tua alma... Já são horas... Quantas?... Treze.

Maldito seja quem Trono nem Reino tem!
Maldito seja o Rei! Maldito seja! Amém!

No vinho que te dão, e no teu melhor pomo,
No manjar mais custoso, onde entre o cinamomo,

Na linfa clara, vê, no leito ebúrneo, sei,
Nas palavras, no ar, dão-te veneno, Rei!

Ouvem os Arlequins missa, todos de tochas,
E estão vestidos de sobrepelizes roxas.

Resmungam baixo teu nome as velhas, e assim
Queimam em casa, cruz! a palma e o alecrim.

Estão rezando por ti muitos padre-nossos;
Os cães estão, porém, à espera de teus ossos.

Ó ventos! ó corvos! que estais grasnando no ar!
Eis o cadáver do bom Rei de Baltazar!

Dlom! dlem! dlom! dlem! Ouve, bom Rei, de serro a serro
Os sinos dobram, ai! dobram por teu enterro.

Ó ventos! ó corvos! que estais grasnando no ar!
Eis o cadáver do bom Rei de Baltazar!

Ventos, ó funerais! ventos, lamentos roucos,
Ó ventos roucos, ó redemoinhos loucos!

Dlom! dlem! dlom! dlem! Bom Rei, teus ossos não são teus,
Nem o teu trono é teu! Louvado seja Deus!

Nem a tua alma é tua, ó Rei, depois de morto,
Pois demônios estão dançando num pé torto!

Maldito seja quem Trono nem Reino tem!
Maldito seja o Rei! Maldito seja! Amém!

E a galope, a galope, o Cavaleiro esguio
Vai pregar a outro Reino: a Doença, a Noite, o Frio!
Julho – 1898

Fonte:
Emiliano Perneta. Ilusão e outros poemas. Re-edição Virtual. Revista e atualizada por Ivan Justen Santana. Curitiba: 2011