terça-feira, 3 de julho de 2012

Lygia Bojunga Nunes (Corda Bamba) Parte 1


Este livro, Corda bamba, inicia uma nova fase da criação artística de Lygia Bojunga Nunes, em que, abandonando o campo do maravilhoso, o espaço imaginário passa a ser ocupado somente pelo humano, e as obras tornam-se mais realistas.

 A narrativa é a história da viagem de Maria para dentro de si mesma. Filha de equilibristas e ela mesma artista de circo, assistiu à morte de seus pais durante um espetáculo e desde então tem na Mulher Barbuda e Foguinho (o engolidor de fogo), seus companheiros e amigos, a segurança de que necessita. A avó, mulher rica e dominadora, para quem o dinheiro compra tudo, decide cuidar de sua educação. Em casa dela, Maria encontra todas as coisas de que precisa, exceto a principal: amor, compreensão. Sentindo-se presa e reprimida, Maria começa a investigar o seu eu interior.

Estrutura

 O livro é estruturado em doze capítulos pequenos, cujos títulos funcionam como sínteses do conteúdo a ser abordado. A obra está construída sobre um duplo ponto de vista, a impotência e o processo de liberação da criança, e anuncia, na própria divisão estrutural dos capítulos a intenção de manter-se em equilíbrio no interior dos espaços propostos: a impotência permeia seis dos doze capítulos do texto (1, 2, 3, 6, 9, 10), enquanto que a luta pela liberação transparece nos seis capítulos restantes (4, 5, 7, 8, 11, 12). A situação de impotência é percebida por meio da submissão que Maria sofre na casa de sua avó, na aula particular, em face do sistema autoritário, hostil e insensível. Márcia, Marcelo, Foguinho e Barbuda são personagens rebeldes ao sistema, por isso marginalizadas. Essas personagens são exploradas materialmente, como a Velha da História, mostrando-se impotentes também diante do mundo adulto autoritário.

 A estrutura da narrativa é organizada numa narrativa-base e em encaixes com outras narrativas que vão se cruzando. A história é narrada em ordem cronológica, com analepse dos episódios do passado rememorados e com prolepse dos desejos e planos futuros. Há a história da Maria, narrativa principal, e a ela, conforme vão surgindo outros personagens secundários, novos dados são acrescentados. Além da narrativa ir crescendo, avançando em relação ao problema proposto, os novos dados a explicitam e enriquecem-na.

 A organização estrutural da narrativa lembra os contos em que o personagem é uma história virtual que é a história de sua vida. Todo novo personagem significa uma nova intriga.

 Lygia Bojunga Nunes utiliza-se da técnica da “história-dentro-da-história” e trabalha sua narrativa em dois planos: o horizontal, em que se desenvolvem os fatos seqüenciais vividos pelos diversos personagens, e o vertical, no qual a narrativa se volta para os problemas interiores de cada um.

 Dividindo a obra em dois eixos narrativos, o real e o imaginário, Lygia Bojunga Nunes trabalha de forma lúdica, demonstrando como Maria supera sua amnésia. A personagem é conduzida à psicanálise por meio do jogo de portas coloridas. Sempre partindo de sonhos, o narrador permite uma leitura tanto fantástica quanto verídica do texto, sem prejudicar sua estrutura global. A passagem do plano da realidade para o plano fantástico não é bem delimitada. Não aparece discriminado de forma concreta o que acontece realmente com Maria e o que ela sonha, mantendo-se a história também indecisa entre o realismo e o fantástico. É graças a esse recurso que a natureza infantil da narrativa se preserva, permitindo que seu leitor-criança a compreenda, tanto enquanto ação como enquanto introspecção.

 Existe uma semelhança entre a estrutura morfológica da obra e a de um conto de fadas. A Velha da História, da mesma forma que o narrador de Corda bamba, conta uma história humana como na tradição do conto de fadas. É possível observar também outros elementos do conto de fadas em Corda bamba. Maria é a heroína que sai em busca de sua identidade, de sua auto-afirmação. A bruxa é a avó, visto que ela faz o papel da antagonista. Ela é a vilã, causadora de toda infelicidade. Primeiramente, opõe-se ao namoro dos pais de Maria. Em seguida, rapta Maria, trazendo tristezas ao casal e causando, indiretamente, a morte deles e a amnésia de Maria. A fada seria o avô, Pedro, pois é ele quem presenteia Maria com o objeto mágico, o talismã, no caso a corda, que a levará ao passado, fazendo com que Maria realize uma regressão à sua vida uterina e liberte-se dos seus traumas. Além disso, é seu Pedro quem irá ajudá-la a realizar seu desejo de passar as férias na Bahia com os amigos do circo, convencendo sua avó a deixá-la ir.

 O final de Corda bamba também se assemelha com os contos de fadas, visto que termina com um final otimista, com os problemas solucionados, apontando uma expectativa de futuro, com sentimento de esperanças e desejos de novas realizações. O fato de Maria ter elaborado a dor da morte dos pais e ter compreendido o seu passado ajudou-a a conquistar a sua própria identidade.

 Percebe-se, portanto, que a mensagem de Lygia Bojunga Nunes é sempre aberta às soluções de cada leitor, sempre questionadora e instigante.

 Outra característica de Corda bamba semelhante ao conto de fadas é a linguagem carregada de simbolismo.

 O fato de a história ficar entre a realidade e a fantasia faz com que se preserve a natureza infantil da narrativa, permitindo que seu leitor-criança a compreenda, tanto enquanto ação como enquanto introspecção. Além disso, a sua estrutura morfológica é a mesma do conto de fadas, identificando-se com a criança, embora a autora tenha concentrado demasiados elementos psicanalíticos na sua narrativa para o público infanto-juvenil.

Narração

 Em Corda bamba, pode-se perceber dois níveis narrativos: narrativa do primeiro nível e do segundo nível. Na narrativa do primeiro nível, inclui-se a história de Maria. Ao relatar a história da protagonista, o narrador posiciona-se como extradiegético-heterodiegético, ou seja, é um narrador do primeiro nível que não participa, como personagem, da história narrada, conta uma história em que está ausente, conforme o exemplo a seguir:

As duas vinham andando pela calçada — a mulher Barbuda e Maria. De mão dada. A mulher Barbuda usava saia, barba e uma sacola estourando de cheia; Maria, de calça de brim, um embrulho debaixo do braço, ia levando a tiracolo um arco enfeitado com flor de papel, quase do tamanho dela...
 Foguinho estava parado na esquina tirando um coelho da meia: andava treinando pra ser mágico. Há anos que ele comia fogo no circo, mas agora tinha dado pra ficar de estômago embrulhado cada vez que engolia uma chama, tinha dias, que só de olhar pras tochas que Barbuda trazia, o estômago já se revoltava todo.

 Na narrativa de segundo nível, estão presentes a história da Velha e a história de Dona Maria Cecília. Por serem histórias com um universo diegético distinto do que é descrito no relato intradiegético, inseridas que estão nas recordações de Maria, pode-se dizer que são narrativas de nível metadiegético. O narrador da narrativa de segundo nível é a Velha Contadora de História, personagem da narrativa intradiegética. Ela se torna narradora da história na narrativa de segundo nível, posicionando-se como narrador intradiegético-homodiegético, ao contar a sua própria história. E a Menina, como personagem do universo ficcional do primeiro grau, passa a ser narratário intradiegético, pois é ela o destinatário imediato do discurso da Velha, conforme o exemplo: “Outro dia tua avó chegou e perguntou ‘Quer casa e comida de graça?’ Desconfiei; só olhei”. A expressão “tua avó” indica que a Velha está falando diretamente com a Maria, revelando a existência da relação narrador/narratário entre a Velha Contadora de História e a Maria.

 Após relatar a sua história, a Velha Contadora de História conta a história de Dona Maria Cecília, dividindo-a em quatro partes, conforme as mudanças de marido:

A Velha largou a comida. Se indireitou na cadeira. Anunciou:
 — História do primeiro casamento de Dona Maria Cecília Mendonça de Melo. — Se sentiu meio empanturrada; resolveu ficar de pé pra ver se a comida descia mais depressa. Anunciou de novo: — História do primeiro casamento! Dona Maria Cecília sempre gostou de homem de bigode; e de homem de bigode chamado Antero, ... Fim do primeiro casamento.
 (...)
 — Segundo! Dona Maria Cecília Mendonça de Melo sempre gostou de homem de óculos; e de homem de óculos chamado João Felipe,... Pronto, fim do segundo.

 Quanto ao foco narrativo, distingue-se 3 modalidades de focalização:

 1) Narrativa não-focalizada, ou de focalização zero, em que o narrador domina totalmente a história, controlando e manipulando todos os relatos. Nessa modalidade, o narrador oferece ao leitor apenas os dados por ele selecionados.

 2) Narrativa de focalização interna, que se caracteriza por estar centrada na consciência de uma ou mais personagens da história. Aqui, só é possível ao narrador relatar aquilo que as personagens conhecem. Ela se divide em fixa, variável ou múltipla. Será fixa, quando o foco se centra em uma só personagem, ocorrendo, eventualmente, uma intromissão do narrador. Será variável, quando houver uma alternância de pontos de vista. E será múltipla, quando um grupo de personagens centra o foco de visão sobre o mesmo acontecimento, neste caso, a narrativa traduz a perspectiva de todos.

 3) Narrativa de focalização externa, que se constitui pela representação de elementos externos observáveis das personagens, do espaço e dos eventos. O narrador posiciona-se de forma restrita, podendo relatar apenas o que qualquer observador hipotético vê externamente. Esse tipo de focalização é comum no início das narrativas, em que se observa a descrição de uma personagem, de um ambiente ou de um acontecimento que antecede à chegada do protagonista. O autor aponta, contudo, possíveis ocorrências dessa modalidade no desenrolar da narrativa, quando há mudanças no foco narrativo, o que não resulta no rompimento da harmonia e coerência da obra.

 Um determinado modelo de focalização não é constante em toda narrativa, nem se verifica em todo o conjunto de uma obra. Desta forma, é comum verificar-se a alternância de focalização, tanto do modelo interno para externo, como do ponto de vista de uma personagem para o de outra.

O tempo da história e o tempo do discurso

 Lygia Bojunga Nunes entrelaça as três dimensões do tempo – passado, presente, futuro – para narrar a história de Maria.

 O momento presente refere-se à vida de Maria, desde a sua chegada à casa de sua avó até o telefonema de Barbuda, convidando-a a ir junto com eles a Bahia.

 Os capítulos “A chegada”, “Janelas”, “Conversa de orelhão”, “Quico sonhava muito”, “O passeio”, “Aula particular” e os primeiros parágrafos do capítulo “Portas novas” fazem parte desse período.

 O passado intercala-se no momento presente, após o sexto capítulo, e refere-se ao momento em que Maria, por meio de sonhos ou imaginação, revive sua história, desde o namoro de seus pais até o instante do acidente deles no circo.

 Os capítulos “Márcia e Marcelo”, “O barco”, “O roubo”, “O presente de aniversário” e “Tempo de chuva” correspondem a esse momento.

 O tempo futuro relaciona-se com os acontecimentos antecipados que poderão ocorrer na vida de Maria. A parte final do capítulo “Portas novas” compreende esse período.

 Portanto, a narrativa é uma seqüência duas vezes temporal: há o tempo da coisa-contada e o tempo da narrativa (tempo do significado e tempo do significante).

 Em Corda bamba, o narrador relata acontecimentos que já ocorreram. Ao analisar a ordem em que os fatos são narrados, percebe-se que o tempo da história e o tempo do discurso não seguem a mesma seqüência, ocorrendo uma anacronia – diferentes formas de discordância entre a ordem da história e a da narrativa. Nota-se que a história inicia-se in medias res, com a chegada de Maria à casa de sua avó. Ela segue linearmente até o sétimo capítulo, “Márcia e Marcelo”, e, a partir daí, os fatos da sua vida presente são colocados de lado, para deixar os acontecimentos do passado virem à tona.

 Quando o período dos eventos relatados antecede ao da narrativa primeira, a anacronia é denominada analepse. Além disso, esta será externa se a sua dimensão temporal for anterior à cronologia da diegese. Portanto, os episódios a que Maria assiste ao abrir as portas, nos quais são exibidos acontecimentos de sua vida passada e de seus pais, constituem analepses externas, pois todos os fatos narrados se realizam antes da ida de Maria à casa de sua avó, quando se inicia o tempo da diegese.

 A analepse segue até o penúltimo capítulo, “Tempo de chuva”. No entanto, ela se divide em três etapas, que são entremeadas pelo momento presente. A primeira analepse inicia-se no sétimo capítulo, “Márcia e Marcelo”, quando ocorre o deslocamento espacial e temporal da vida da personagem na narrativa. O alcance, ou seja, o período de tempo que compreende essa anacronia, é de vários anos: “Dona Maria Cecília Mendonça de Melo, que vinha zangada, parecendo uns dez anos mais moça”. O tempo diegético recua para um período que antecede o nascimento de Maria, na época em que seus pais se conheceram e começaram a namorar, visto que todos os fatos a serem relatados são conseqüências dessa relação afetiva. A sucessão de acontecimentos que formam a analepse organiza-se conforme o ponto de vista da protagonista, visto que ela vai selecionando os episódios mais relevantes de seu passado, que vão ajudá-la no desbloqueio de seus traumas interiores.

 A segunda analepse ocorre quando é retratado o momento em que Maria foi raptada pela avó, separando-a de seus pais e do circo. Nesse período, ela estava com 4 anos. “E uma menina de quatro anos brincando sozinha, empurrando um barco de papel, fingindo que o chão era água”. O alcance dessa analepse é de 3 anos, ou seja, dos 4 aos 7 anos da personagem, pois quando Maria empurra a porta encostada, o aniversário dela de 7 anos se descortina: “E na sala tinha uma festa de aniversário: a Menina estava fazendo sete anos.”.

 A terceira analepse é constituída pelas cenas das portas azul e vermelha. Elas abrangem o período compreendido entre o reencontro de Maria com os pais e o momento da morte deles, ou seja, dos “sete anos, dez meses e dezoito dias” aos 10 anos: “a Menina tinha chegado nos dez anos que Maria tinha”. Desta forma, o relato dessa analepse é o desfecho da anacronia temporal iniciada no capítulo “Márcia e Marcelo”, quando Maria inicia sua regressão ao passado. E, assim, o fim dessa anacronia dá continuidade à cronologia interrompida, pois a narração retoma, a partir desse momento, o tempo da diegese, voltando ao momento presente, no capítulo “Portas novas”.

 Sendo assim, os acontecimentos vividos por Márcia, Marcelo e a Menina seguem o desenrolar cronológico da vida de Maria, permitindo-lhe, ao contemplá-los, reviver todo seu desenvolvimento e identificar-se com a Menina. Verifica-se, ainda, que Maria acompanha o crescimento da personagem mirim durante a sucessão dos episódios do passado, e, no momento em que o estágio existencial da Menina atinge o de Maria, as duas figuras se unem, ou seja, Maria incorpora totalmente os elementos pretéritos até então esquecidos.

 Se o tempo da história for colocado em ordem cronológica, pela data mais remota, pode-se dizer que ela se inicia com a história de Dona Maria Cecília contada pela Velha da História, no décimo capítulo, “O presente de aniversário”.

 A dama da sociedade casa-se por quatro vezes e, em um dos três primeiros casamentos, tem uma filha – Márcia. Sabe-se que Márcia é fruto de um dos três casamentos de Dona Maria Cecília, porque, quando Maria abre a porta branca, vê apenas retratos de três maridos.

 Em seguida, continua no momento em que Márcia e Marcelo se conheceram, começaram a namorar e resolvem casar-se – mais ou menos 10 anos antes – no sétimo capítulo, “Márcia e Marcelo”. Segue-se no oitavo capítulo, “O barco”, momento em que Maria nasce. Prossegue-se no nono capítulo, “O roubo”, no qual há o relato do rapto de Maria. Nesse período, Maria está com 4 anos.

 Sabe-se que, nesse momento, Dona Maria Cecília tinha sido abandonada pela quarta vez e por isso resolve tomar a neta da filha, conforme o relato da Velha da História. Em seguida, continua no capítulo “O presente de aniversário”, momento em que Maria está fazendo 7 anos. Depois, segue-se no capítulo “Tempo de chuva”, em que se relata o reencontro dos pais com Maria. Nessa fase, ela está com “sete anos, dez meses e dezoito dias”. Prossegue até ela completar 10 anos, quando os pais falecem.

 A partir de então, a história continua no primeiro capítulo, “A chegada”, quando Maria foi morar com a Dona Maria Cecília. Verifica-se que Maria não havia se encontrado com sua avó há três anos, desde o dia em que sua mãe conseguiu reencontrá-la: “Mas deixa eu ver, você não cresceu muito nesses três anos”. A ida à casa da avó ocorre um mês após a morte dos pais.

 Observa-se que depois de alguns dias, Barbuda ligou para Maria, conforme informação dada no capítulo “Conversa de orelhão”.

 Sabe-se que, no dia seguinte em que Maria foi morar com a avó, ela já a levou à escola.

 No mês seguinte, Maria irá iniciar seus estudos em uma escola, e ela está tendo aula particular para recuperar os conteúdos atrasados: “— É. A escola vai começar no mês que vem e elas falaram que na minha idade eu tenho que ir pra quarta série mas eu não posso ir pra quarta série se eu não sei essas coisas todas que precisa saber”.

 O tempo da história continua nos outros dois capítulos, “Quico sonhava muito” e “O passeio”. São capítulos que, a princípio, constituem relatos de um sonho durante uma noite.

 No capítulo seguinte, o sonho continua como se os episódios vivenciados por Quico fossem reais, criando ambigüidade. Percebe-se que esse sonho tem duração de uma noite.

 O próximo capítulo, “Aula particular”, descreve o período de uma hora de aula que Maria está tendo com Dona Eunice. No entanto, a duração do discurso narrativo é longa, a narrativa caminha lentamente, dando a impressão de que a aula demora a passar. O efeito de sentido que se obtém com esse recurso é demonstrar o estado angustiado de Maria, que não vê a hora de acabar a aula.

 A partir desse capítulo, as recordações de Maria são narradas por meio das analepses, demonstrando que a protagonista, aos poucos, rememora seu passado.

 Esse fato revela que Maria, após ter revivido alguns acontecimentos de sua vida, fica pensativa, como se estivesse digerindo essa experiência vivida para poder relembrar mais fatos do seu passado. Dessa forma, Maria se empenha em novas recordações. As lembranças dessa segunda analepse são muito fortes e deixam Maria triste, sem vontade de rememorar mais nada, como pode ser verificado pelo seguinte trecho: “E perdeu a vontade de contar. E perdeu a vontade de sair na corda também; passou uma porção de dias sem voltar no corredor”. Maria era calada, mas com Quico ela conversava, contava-lhe suas recordações. Esse fato deixa Quico desapontado, pois, ao indagar se ela foi “passear na corda”, com o que poderia inferir se ela havia relembrado mais algum fato, Maria se desculpa.

 Enfim, passa-se um mês desde a chegada de Maria à casa de Dona Maria Cecília. Pode-se chegar a essa conclusão pelo fato de, ao conversar com Barbuda por telefone, Maria dizer que a escola começaria no mês seguinte, e ela teria que passar em um teste, para poder ingressar na quarta série. Além disso, quando Maria chegou à casa da avó, Dona Maria Cecília fala que Quico estava passando uma temporada em sua casa, pois seus pais estavam viajando e viriam buscá-lo dali um mês: “Quico deve ficar mais um mês aqui com a gente”. No dia do teste de Maria, chegou um telegrama dos pais de Quico, dizendo que viriam buscá-lo na segunda-feira. Quico foi embora, entristecendo mais ainda Maria, que não conseguiu prestar atenção na prova e foi um fracasso.

 Pode-se observar que esse período de um mês em relação ao alcance da analepse, da distância temporal que retrocedeu, é de vários anos. Embora o tempo decorrido da história tenha sido de um mês, a informação que foi relatada no período alcança muitas décadas.

 Em seguida, há o relato de que Maria, depois do teste, chega em casa cansada debaixo de uma chuva terrível, e dorme logo depois do jantar. Ao acordar de manhã cedo, fica olhando a chuva bater na janela do quarto, e isso desencadeia uma lembrança do circo: “uma japonesa que tinha trabalhado no circo, e que se equilibrava de sombrinha em vez de vara ou de arco”. Essa lembrança faz com que ela volte ao passado, ocorrendo, assim, a terceira analepse.

 Ao final da terceira analepse, o tempo da história e o tempo do discurso se encontram. No último capítulo, “Portas novas”, há o relato de que fazia quase uma semana que Barbuda havia escrito uma carta a Maria, convidando-a a passar um tempo na Bahia, em casa de seu irmão. Ela estava telefonando para saber a resposta, pois iria, no dia seguinte, direto de São Paulo a Bahia caso ela não fosse junto. Se ela fosse, passaria pelo Rio de Janeiro. Maria não vai, pois sua avó não a deixa. Além disso, Maria informa sua amiga, de forma bem reticente, que se lembrou de todo o seu passado, e Barbuda ouve, sem dar muita importância ao fato, finalizando o telefonema.

 Desta forma, Maria, após recordar todo o passado, para acostumar-se com suas descobertas, simbolicamente volta várias vezes ao corredor comprido e escancara as portas já visitadas, sem medo de rever seus conteúdos. Essa atitude demonstra que ela conseguiu superar os traumas, libertando-se de seus temores e imagens, que estavam reprimidos no seu inconsciente. Experimentando novamente, de forma consciente, todas as emoções e situações bloqueadas, vindas à tona durante o processo de recordação do passado, Maria pode dar novo encaminhamento à sua trajetória existencial.

 Em seguida, surgem portas novas, com quartos vazios, que Maria preenche com planos futuros, seus desejos, seus sonhos. Esses relatos com projetos futuros caracterizam uma prolepse, pois ocorre a antecipação do tempo narrativo, expondo acontecimentos que poderiam ocorrer no futuro. É uma prolepse externa, uma vez que a temporalidade da antecipação excede a cronologia das ações da história. E as prolepses externas têm a função de epílogo, como se comprova pela análise do último parágrafo de Corda bamba. Nele, trata-se do final da história da personagem, com a antecipação de acontecimentos possíveis na sua trajetória futura. O livro encerra sintomaticamente com o catálogo de projetos mentalizados pela protagonista, porque demonstra que Maria reconquistou o passado e também desprendeu-se dele, desenvolvendo recursos para viver independentemente o futuro.
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continua...

Fonte: 
Alice Atsuko Matsuda Pauli - Dissertação de Mestrado - Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Universidade Estadual Paulista. Disponível em Passeiweb

Concurso de Contos do Projeto Livro de Graça na Praça (Vencedores)


A Academia Mineira de Letras (AML) ajudou na escolha dos três vencedores do concurso realizado pelo Sistema Fecomércio Minas, Sesc, Senac e Sindicatos. 

O Concurso de Contos Literários, realizado pelo Sistema Fecomércio Minas, Sesc, Senac e Sindicatos, selecionou três contos para publicação em uma obra literária, que será distribuída no evento Livro de Graça na Praça, em setembro deste ano. Dezenas de pessoas participaram da seleção. Os textos vencedores, que serão publicados junto aos textos de outros autores consagrados, são:

“Elvis”, de Carlos Henrique Gomes de Campos – Belo Horizonte (MG);

“BH?”, de André Telucazu Kondo – Jundiaí (SP);

“Pai, um conto sem ponto”, de Fabiano A Salim, Ilhéus (BA).

Neste ano, o Concurso Literário teve como tema a cidade "Belo Horizonte". Os contos selecionados são inéditos e falam sobre a capital mineira. Dentre os critérios de seleção, os representantes da Academia Mineira de Letras – que fizeram a seleção dos textos - observaram objetividade, clareza e originalidade de cada manuscrito. 

Livro de Graça na Praça

Há 10 anos, o Projeto Livro de Graça na Praça é realizado em Belo Horizonte, viabilizando a distribuição gratuita de livros em praça pública. O objetivo é incentivar a produção literária e promover a aproximação do público leitor com os escritores mineiros. Assim como nos anos anteriores, em 2012, o evento será realizado em setembro. 

A iniciativa é do autor José Mauro Lourenço da Costa e se mantém com o apoio de entidades como o Sistema Fecomércio Minas, Sesc, Senac e Sindicatos, e de empresas privadas. 

Fonte:
http://concursos-literarios.blogspot.com 

Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso (Prazo: 10 de setembro)


Organização: 
Comissão Central organizadora da 8ª Feira do Livro de Santa Rosa/RS - 
Contato: concursodecontosvicentecardoso@gmail.com

Regulamento: 

A Comissão Central organizadora da 8ª Feira do Livro de Santa Rosa, com a finalidade de estimular a produção literária local, e o intercâmbio com escritores brasileiros e de outros países institui edital que regulamenta a 2ª edição do Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso. 

1- Poderão participar escritores, maiores de 18 anos. 

2- O tema será: contos de fantasia e/ou ficção científica. 

3- Os textos deverão ser em língua portuguesa - digitados em Word ou BrOffice – fonte Arial – tamanho 12 – espaçamento simples – justificado – máximo de 4 laudas. 

4- Os textos serão enviados para o endereço eletrônico concursodecontosvicentecardoso@gmail.com no campo assunto virá “Concurso Internacional de Contos Vicente Cardoso” com arquivo em anexo nomeado “Texto” constando o texto sem identificação do autor, apenas pseudônimo. Também um outro arquivo nomeado “DadosPseudonimo” sendo que no lugar de Pseudônimo virá o pseudônimo escolhido. Por exemplo, se o pseudônimo for “Adalio” o arquivo será nomeado “DadosAdalio”. Neste arquivo constarão: pseudônimo, nome real, endereço, endereço eletrônico, telefone e breve currículo do autor. Poderão ser enviados até 2(dois) textos por participante. A cada e-mail corresponderá apenas 1(um) texto anexo. Portanto quem desejar inscrever-se no concurso com dois textos deverá enviar 2(dois) e-mails. 

5- Os textos devem ser inéditos de publicação em livro na mídia papel. Publicação em livro sem registro ISBN ou e-book não quebram o ineditismo da obra. 

6- Aos cinco primeiro colocados serão entregues: 

- 1º colocado: diploma constando colocação, 15 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso e uma cesta de livros de escritores santa-rosenses; 
- 2º colocado: diploma constando colocação, 10 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso e uma cesta de livros de escritores santa-rosenses; 
- 3º colocado: diploma constando colocação e 9 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso. 
- 4º colocado: diploma constando colocação e 8 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso. 
- 5º colocado: diploma constando colocação e 7 exemplares da coletânea com os textos premiados no concurso. 

7- Todos os autores que tiverem textos selecionados para participar da coletânea receberão diploma com esta menção. 

8- A coletânea terá registro ISBN e será lançada na 8ª Feira do Livro de Santa Rosa que acontecerá de 7 a 10 de Novembro de 2012 na Praça da Bandeira e Centro Cultural. 

9- Ao enviar seus textos os autores estarão cedendo os direitos autorais da obra enviada para publicação em livro, e-book, áudio livro e PDF a comissão organizadora da 8ª Feira do Livro de Santa Rosa. 

10- Os textos poderão ser enviados até 10 de Setembro de 2012 exclusivamente via internet conforme consta no artigo 4º deste regulamento. 

11- Esta vedada a participação de integrantes ou familiares dos integrantes da comissão central da 8ª Feira do Livro de Santa Rosa e de familiares dos membros da comissão julgadora deste concurso. 

12- Os contos serão julgados por uma comissão de alto nível literário, indicada pela Comissão Central da 8ª Feira do Livro de Santa Rosa, cuja decisão será soberana, à qual não cabem recursos sobre o resultado do concurso. 

13- As inscrições fora das normas do concurso não serão aceitas. 

14- É de responsabilidade exclusiva do concorrente a observância e regularização de toda e qualquer questão relativa a direitos autorais sobre a obra inscrita. 

15-Este edital atende ao disposto na Lei Federal nº 9.610 de 12/02/1998 sobre direitos autorais. 

16-Os premiados concordam e permitem a divulgação de seu nome e imagem para a divulgação do concurso, sem qualquer ônus para os realizadores. 

17-Os participantes declaram estar cientes e de acordo com este regulamento. 

18-Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos pela Comissão Central da 8ª Feira do Livro de Santa Rosa.

Fonte:
http://concursos-literarios.blogspot.com 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Doze em Ritmo de Sextilhas (Parte 3)


49 – Assis
Pelo bem da Pátria amada            
e de toda a humanidade,
cuidemos para que a Terra,
alvo de tanta maldade,
volte a ser um paraíso
que hospede a felicidade.

50 – Delcy
Que bom que seja verdade
a hospedagem da ventura
na Humanidade inteira,
e em cada criatura,
e que a Terra do Brasil
se banhe em paz e ternura!

51 - Elisabeth
O nosso Brasil - Ventura
da Perfeição que é  Divina...
Solo fértil, poderia,
se houvesse mais disciplina,
ser a terra prometida
que a Igualdade descortina!

52 - Prof. Garcia
Ouvir a voz da campina,
sentir o cheiro das flores,
namorar com as estrelas,
e a lua, dos sonhadores,
só quem não tem sentimentos
não vê tantos esplendores!

53 – Gislaine 
É bom viver entre amores, 
entre carinho e ternura, 
com novas aspirações 
a vida se faz mais pura, 
e esquecendo o que foi triste 
teremos a paz futura.  
  
54 - Hélio 
Eu enxergo a formosura 
na rosa que me extasia, 
no borbulhar da cascata, 
ao alvorecer do dia; 
e no luar prateado 
sinto a musa que me guia. 
  
55 – Mílton
A natureza extasia,
nos deixa, às vezes, sem voz...
Quem maltrata estas belezas
sempre é autor de crime atroz.
é nosso dever cuidar
do que Deus fez para nós.

56 – Ouverney 
Foram seis dias e, após,
Deus descansou, com razão,
divino suor na face,
sorriso de aprovação;
completara-se o conjunto:
Criador e criação. 

57 – Tadeu 
Sou grato de coração
à fé que me faz amar
este Deus que move o mundo.
Por poder assim pensar, 
agradeço todo dia
a bênção de acreditar! 
  
58 – Thalma 
Também por acreditar 
               em Deus, nosso Criador, 
é que agora, de mãos postas, 
mesmo sendo um pecador, 
eu sei que só é feliz 
quem pratica a Lei do Amor. 
  
59 - Vanda 
Merece graça e louvor 
quem crê, mesmo sem ter visto. 
Se a Lei do Amor rege a Vida, 
cada filho é tão benquisto, 
que anseio, em troca, afirmar: 
"Eu amo... portanto, existo". 
  
60 - Zé Lucas
Amar como Jesus Cristo,
nesta vida, eu não garanto,
pois sou mísero mortal,
sem virtude para tanto,
e amar daquela maneira
já é tarefa pra santo.

61 - Assis
 A vida é cheia de encanto
quando a pessoa tem fé;
o mundo fica mais belo,
mesmo violento como é,
visto que a fé faz milagres
e põe a esperança em pé.

62 - Delcy 
Que faz milagres a fé 
não podemos duvidar. 
Se  chegar um cataclismo 
a atingir o nosso  lar, 
o remédio que buscarmos 
a fé nos leva a encontrar!  

63 - Elisabeth
Também vou colaborar 
com meu pensar  irrestrito 
de que o bem supera o mal 
e o Amor vence o conflito,
pois quem faz esta aliança 
alcança Deus no Infinito! 
  
64 - Prof. Garcia 
Este gesto tão bonito
a mão de Deus agradece,
se a fé remove montanhas,
remove o mal que aparece,
fé plantada em terra seca
também brota, nasce e cresce!

65 – Gislaine
É  grande o valor da prece,
aumenta nossa esperança,
pois carrega,  em si, a paz    
sonhada desde criança,
nos aproxima de Deus
e aumenta a nossa confiança!

66 – Hélio
Cumprindo a nova aliança,
Deus mandou seu filho amado,
que pendurado na cruz
teve o sangue derramado,
para si chamou a culpa,
redimiu nosso pecado.

67 – Mílton
Este Deus ressuscitado
deu ao mundo nova cor,
ensinou, deixou provado
que todo ser tem valor
e nos deixou por legado
o seu exemplo de amor.

68 - Ouverney 
Exemplo, seja qual for,
é um cristalino legado,
por isso, muita atenção,
porque qualquer passo dado,
há sempre um "sem rumo" atrás,
seguindo o rastro deixado. 

 69 - Tadeu
Não há nada mais sagrado
que se deva respeitar
do que a crença das pessoas
e o direito de rezar
pois, seja em que crença for,
o importante é acreditar!

70 – Thalma
Necessário é repensar
nossos atos como irmãos,
se temos feito a contento
nosso dever de cristãos, 
pois a salvação do mundo
também jaz em nossas mãos.

71 – Vanda
Os gestos tornam-se vãos,
se no mar da Vida eu remo,
julgando que tudo posso,
tudo faço e nada temo...
Quem nos conduz ao bom porto
é o Timoneiro Supremo!

72 - Zé Lucas
Eu sei manejar o remo
no balanço da jangada,
sentindo o vento do mar
e as ondas da larga estrada,
mas, sem o remo da fé,
todo esforço dá em nada. 
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Parte 1 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/06/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-1.html
Parte 2 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-2.html 

Fonte: 
Doze em Ritmo de Sextilhas: Debate pela Internet. 20.02.2010 a 22.12.2010., 2012.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 595)


Imagem acima:
Ademar Macedo, "O Poeta do Amanhecer", sendo homenageado pela UBT da cidade de São Paulo, recebe das mãos da presidenta Selma Patti Spinelli, um quadro com uma poesia da poetisa e trovadora Maria de Lourdes Paiva. (No Centro)



Uma Trova de Ademar  

Amigos que valem ouro, 
nós deveremos mantê-los 
guardados qual um tesouro 
para nunca mais perdê-los! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Plantei amor num canteiro,
em dupla cumplicidade,
mas perdi o companheiro
e então colhi a saudade!
–Maria de Lourdes Paiva/SP– 

Uma Trova Potiguar  

Na fauna de estimação 
tem bicho como tu és. 
Com plumas feito pavão 
mas sem olhar para os pés! 
–Marcos Medeiros/RN– 

Uma Trova Premiada  

2004  -  Nova Friburgo/RJ 
Tema  -  REFÚGIO  -  M/H 

No refúgio desmanchamos,
quando ficamos a sós,
esses nós que carregamos
no fundo de todos nós!
–Selma Patti Spinelli/SP– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Quando um povo escravo acorda,
pondo fim ao jugo insano,
a mão de Deus põe a corda
no pescoço do tirano ...
–Joubert de Araujo/ES– 

U m a P o e s i a  

Eis um quadro que me encanta:
o mar num balanço infindo,
o céu inspirando o mundo,
as campinas se vestindo
de roupagem verdejante
e a viva flor do semblante
de uma criança sorrindo! 
–José Lucas de Barros/RN– 

Soneto do Dia  

CRENÇA. 
–José Antonio Jacob/MG– 

Quando firmava o azul e o sol abria 
Ao dia a sua bem-aventurança 
O homem bom repartia à vizinhança 
Toda espécie de estima que sentia. 

E ele acordava cheio de esperança 
De vir o dia - após um novo dia - 
Só para dar-lhe apreço e cortesia 
Na sua ingênua crença de confiança... 

Depois curvava a fé que lhe convinha 
À soleira da porta, de tardinha, 
E fiava as horas, crédulo a sorrir... 

E a noite o recolhia nesse afã 
De estar sempre esperando esse Amanhã 
E sempre esse Amanhã tardando a vir...

domingo, 1 de julho de 2012

Pedro Mello (Mágoas)

Soneto enviado pelo autor

Doze em Ritmo de Sextilhas (Parte 2)


25 - Assis
Essa turminha me encanta:
doze vates de almas limpas,
engrandecendo a amizade
e alçando a poesia às grimpas,
mostram-se craques na rima
e na métrica supimpas.

26 - Delcy
Somos gente de almas limpas, 
como  disse  o  Mestre  Assis,
guiados  por  José  Lucas
que, hoje, faz anos, feliz!
12  de  março é  teu dia
e a Pátria, Zé, te bendiz!

27 - Elisabeth 
Aniversário feliz, 
imagino a grande festa, 
o tempo é de Ação de  Graça, 
por mais que seja modesta, 
a vida é o melhor presente 
e eu sei que ninguém contesta! 

28 - Prof. Garcia
Ninguém no mundo contesta
a graça que a vida tem,
se este poeta tão justo
fez da vida um grande bem;
completou setenta e seis
e vai viver mais de cem!

29 – Gislaine
 É o meu desejo também,
ao nosso amigo querido
 e aos outros dez das sextilhas,
 versando em grande sentido
 com sua musa especial,
 essa musa do Cupido!

30 - Hélio
 No trajeto percorrido
 Zé Lucas chegou à glória,
 pôs no livro “cainhada”
 parte dessa sua história;
 e “o balanço da canoa”
 deu seqüência à trajetória.

31 - Milton
Tem gente que conta história
com motivo ou sem motivo,
Tem gente que, para os outros,
é um apoio, um lenitivo,
tem gente - como o Zé Lucas -
que é na vida exemplo vivo!!!

32 - Ouverney
É por isso que eu cultivo
à Trova bons sentimentos;
consegue unir em segundos
vocações e pensamentos;
de Arlindo a Zé, presta o preito,
eternizando momentos.

 33 - Tadeu
 Em todos os meus momentos,
vou louvar até o fim
tudo o que a Trova me deu
e o porquê de agir assim
é saber que a Trova fez
um homem melhor de mim!

34 – Thalma 
Trovas, sonetos... Enfim
qualquer forma  de poesia
para mim é um lenitivo,
é calmante que alivia
toda dor que me persegue
e alegra o meu dia-a-dia.

35 - Vanda  
Fugindo à desarmonia, 
no Bem vivemos imersos, 
numa redoma de paz, 
onde os males mais diversos, 
sublimamos com ternura... 
e um punhadinho de versos!

36 - Zé Lucas
Na partitura dos versos,
tento doces harmonias,
porque é mais feliz, no mundo,
quem, tecendo fantasias,
faz da existência um poema
e o canta, todos os dias! 

  37 - Assis
 Que fácil é em nossos dias
o Brasil unificar...
Basta que a gente decida
pôr alguns versos no ar,
sonhando ou filosofando
ao som do nosso cantar!

 38 - Delcy
 Gostamos  de  sextilhar,
seja com Sol ou neblina,
por isso convido a todos
pra cantar uma heroína,
que hoje faz aniversário:
a  querida  Elis  Regina!

 39 - Elisabeth
Lembrando de Elis Regina
jamais se esquece a canção
de Jobim.... Águas de Março...
Que chova lá no Sertão,
não chova tanto em São Paulo,
pois é triste a inundação!

40 -  Prof. Garcia 
Quando chove no sertão, 
a natureza se agita: 
O sabiá, rei da voz, 
em todo canto ele grita; 
e em cada nota que entoa 
deixa a canção mais bonita!

41 - Gislaine
Cantar é  forma infinita;                 
se for Trova, é mais sublime
semeá-la no mundo inteiro,
trazendo a paz, nos redime 
dos pecados que tivermos !
Quem trova não se deprime!   

42 – Hélio
 A coisa que mais redime
 as belezas do sertão
 é a chuva que molha a terra
 e pinta de verde o chão,
 faz jorrar uma cascata
 que entoa a nova canção.

43 - Milton
A chuva, que molha o chão,
nem sempre é bem entendida:
"Tempo bom"? - Hoje tem sol...
"Mau tempo"? -Chuva bandida...
Esquecem que ela traz água,
e a água é a fonte da vida!!!

44 - Ouverney
Com desperdício se lida
mas está certo o poeta:
não só por mover moinhos,
sem água tudo se afeta;
entra em pane a natureza 
e o ciclo não se completa. 

45 - Tadeu
 O uso de forma incorreta
das águas tem de mudar
pois hoje há tanta fartura
que é triste de imaginar
que, aos nossos filhos e netos,
ela poderá faltar!

46 – Thalma
Não devemos ignorar
o  valor que a água tem...
Se desperdiçá-la é crime,
poupá-la é um enorme bem.
Mas se ela faltar de vez
não vai ser bom pra ninguém!

47 - Vanda  
 Água... luz... e quanto bem 
 Deus nos deu, em abundância! 
 O Bem seja cultivado 
 sempre, em qualquer circunstância, 
 e se eternize, inspirando 
 versos que encurtem distância... 
  
48 - Zé Lucas
Temos água em abundância
nesta terra abençoada,
mas, para que não se acabe,
precisa ser preservada,
pois água é fonte de vida
e, sem vida, o mundo é nada!
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Fonte:
Doze em Ritmo de Sextilhas: Debate pela Internet. 20.02.2010 a 22.12.2010., 2012