terça-feira, 31 de julho de 2012

Nilton Manoel (São Paulo é Esperança Todos os Dias)

homenagem aos 450 anos de São Paulo
1
No meu antigo toca discos,
ouço com muita atenção,
lindas canções de outrora:
- "São Paulo  Quatrocentão",
da "Rapaziada do  Brás"...
O "Trem das Onze me traz",
saudade e muita emoção.
2
O trem pelos velhos trilhos,
a história do povo escreve!
e a cidade em seu cenário
sempre arrojada se atreve
a plantar modernidade;
sofra a gente com a saudade,
o progresso não é breve.
3
São Paulo, não perde tempo,
inova, protege, acolhe,
quer sua gente contente
não há garoa que molhe,
o entusiasmo dessa sina;
quem vence sua rotina
dá vida aos sonhos que escolhe.
4
O povo quer movimento,
quer cenário, quer ação,
quer futuro e conforto
pela glória da nação...
Todo mundo quer ter paz,
como é bom sonhar no Brás,
há poesia nesse chão!
5
Sou paulista do interior
e passo a vida na estrada,
quem gosta de movimento
quer vida facilitada:
- ao modernismo dou fé,
por todo lado dá pé,
se a cidade é bem cuidada...
6
Quando estou na capital
tenho eficiente o transporte;
seguro, rápido, alegre,
em toda estação o bom porte
que, nem posso imaginar
sem metrô pra trabalhar...
Ser pontual é ser forte!
7
A inspiração não me falta
e até me lembro que, a gente,
há trinta e cinco anos tem,
esse serviço excelente
que movimenta a cidade
e dá ao povo a vontade,
de viver mais... felizmente!
8
São estações variadas
espalhadas pela cidade,
elevados, com plataformas
e na sua versatilidade,
põe no cenário, poesia,
integra-se com a ferrovia,
caminho de prosperidade.
9
Entre fixas e rolantes,
gente que faz movimento
no ganha pão habitual...
páro, olho e  meu pensamento
cola imagens que, resumo
para as falas de consumo...
Reportagens do momento!
10
Quem tem vida solidária
dá valor à cortesia:
por favor... muito obrigado...
dá licença... que poesia,
nas convenções sociais;
todos nós somos serviçais,
pelo pão de cada dia.
11
Jânio Quadros fez história
melhorou a imagem do Brás.
com novas edificações
e o povo cheio de paz,
se orgulha a todo o instante,
por ser sempre o Bandeirante,
de eras que não voltam mais...
12
Nossa vida que é cíclica,
deve a Anchieta, o jesuíta,
que nem sabia, Senhor!
a vida rica e catita
que sua instalação
da história da fundação,
seria plena e bonita.
13
Na seqüência do transporte
o tempo não segue à toa
e o cenário num instante
de São Paulo da garoa
vai e volta com o metrô
rápido como um alô
de celular... Coisa boa!
14
Na integração, a saudade
que traz Maria Fumaça
é recompensa gostosa
é vida cheia de graça
é tempo cheio de glória
é povo que faz a história
nas estações em que passa.
15
Sertanejo, deslumbrado,
da capital do Interior,
Paro e olho como poeta
e fotografo com amor,
a cidade velha e a nova...
Faço haicai, cordel e trova,
São Paulo em tudo tem cor.
16
Fora e dentro da paisagem
do metrô, pelas estações,
a moda que inventa moda
tem espaço de emoções,
nos projetos culturais,
além de artes visuais
concertos e belas canções
17
Viajando, cheio de sonhos,
o usuário com vigor,
faz a vida mais contente,
tem no metrô, o esplendor,
do minuto brasileiro.
Sabe que tempo é dinheiro
e dinheiro é vida e valor.
18
Nestes bons trinta e cinco anos
dos quais dez Companhia
de Trens Metropolitanos.
São Paulo que é poesia.
tem seus pontos cardeais
movimentos cordiais,
na vida do dia a dia...
19
Entre túneis e superfícies.
neste cenário bacana,
paz pelas quatro estações
com as vitrines de Ikebana...
Esculturas e poesia...
O jornal de todo o dia...
É obra que de Deus emana.
20
Nesse progresso incomum
de terra quatrocentona
dos cafezais à indústria
ao comércio em maratona
o povo que se desdobra...
O imigrante tudo cobra
da cidade que emociona.
21
Cenário amigo é o Metrô!
solidário,  nada esconde...
Relembre através da história
a vida dura do bonde,
no meu relógio de ponto...
Todo mês quanto desconto!
A rapidez corresponde.
22
"São Paulo dos meus amores"
treze listras das bandeiras
progressista a todo o instante
de vida gentil de ordeira
cidade que se desdobra,
urbanidade que sobra
pela pátria brasileira.
23
Nesta vida, coisa boa,
meu trem das onze, é fulgor,
corre até a meia-noite;
é transporte de valor
é segurança de fé
é sorriso que dá pé
é verso de cantador...
24
Vai-e-volta, gente bonita,
da pátria do bom cidadão
em sua faina diária,
carteira assinada ou não
que, São Paulo que é formiga
também é cigarra e abriga
a saga da Educação.
25
Neste  mundo transversal
temas escolares tantos,
em seu cenário tem vida...
Num programa, com encantos
comunitários, o fascínio,
dá a todos tirocínio
da grandeza em todos cantos.
26
No "Ação Escolar" projeta
a influência, positiva,
do metrô pela cidade...
Movimento que motiva,
no urbanismo, novos lares,
é nos bancos escolares,
consagra-se em voz ativa.
27
Os conceitos cidadãos
são plenos em toda parte
faz da cultura de então
dar vivas a vida com arte
que o visual é fartura
que encanta, fascina e apura,
É saber que se reparte...
28
Como patrimônio público
paisagístico e de transporte
Metrõ é riqueza da história,
trouxe à vida a melhor porte,
é tudo que o povo queria...
Foguete de todo o dia
do meu trabalho, o suporte.
29
São Paulo é renovação,
canteiro da arquitetura,
pátria de nossos estados
onde se sonha fartura...
Ambição a luz do dia
de noite sonho e poesia...
Vive-se bem... A vida é dura!
30
Por todas as linhas que passo,
por todos sonhos que planto
a trabalho ou a passeio
O metrô tem seu encanto
viajo em paz, sossegado,
feliz e cheio de agrado
e meus limites suplanto.
31
Recordo dos velhos tempos
do transporte e nossa história...
Museu Gaetano Ferolla
têm muito da trajetória...
O bondinho da novela
se à saudade dá trela?
Metrô é conforto e glória!
32
Salve os metroviários. Viva!
gente amiga e de paz!
quem trabalha por São Paulo,
é ordeiro em tudo que faz.
Viva minha gente de fé,
em Sampa tudo da pé!...
Viva o Metrô!  Viva o Brás!
 -------------------
NILTON MANOEL
Pedagogo (hab/ supervisão. direção; PCP  1996 / 2002 ), professor de Língua Portuguesa, Jornalista (MTb), Contabilista (CRCsp), Escritor, Ativista Cultural, 3 gestões de Conselho Municipal de  Cultura; autor de Cem anos de jornalismo escolar, Didática da Trova, Trovas da Juventude, Poetas de Ribeirão Preto.

Fonte:
O Autor

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A. A. de Assis (Revista Virtual Trovia n. 152 - agosto de 2012)

Inesquecíveis

Na carta, ao dizer-te quanto
a saudade me consome,
as reticências do pranto
quase apagaram meu nome.
Carlos Guimarães

Saudade de tal maneira
esta noite me abraçou,
que eu ontem dormi solteira,
mas hoje... não sei se sou...
Jesy Barbosa
Ora é brando, ora é demais:
assim o amor da mulher:
– Ela o gradua à vontade,
nunca como a gente quer...
Jorge Beltrão

São as mulheres formosas
como os rosais dos caminhos:
de longe, mostram as rosas;
mostram, de perto, os espinhos.
Leonardo Henke

Para ajustar meu vestido,
não quero fitas nem laços,
mas um cinto, meu querido,
formado pelos teus braços!
Lola de Oliveira

Longe de ti, triste eu passo
(se vivo mesmo, nem sei...).
É cada trova que faço
um beijo que não te dei...
Luiz Otávio

Brincantes

Tem muita trova que choca,
e é natural que aborreça...
Exemplo: a trova-minhoca,
que não tem pé nem cabeça!
Antônio da Serra – PR

Contrariando o que se diz,
sempre na mais alta “estima”,
no futebol, mãe de juiz
é a única que tem rima.
Dorothy J. Moretti – SP

Tive tantas namoradas...
Tantas... Tantas... Que castigo!
Hoje estão todas casadas;
nenhuma delas comigo!
Hélio de Castro – PR

Severino tem oitenta!
Raimundinha, vinte e dois!
Mas, quando o velhinho esquenta,
fica o forró pra depois!…
Jaime Pina da Silveira – SP

Se queres testar o amigo,
em grana não fales não.
Como diz ditado antigo,
perdes o amigo e o carvão...
Jair Amaral – RJ

Certo cupim se deu mal
pois um dia aconteceu:
era tão “cara-de-pau”,
que outro cupim o comeu!
José Ouverney – SP

Constipado, dor de tédio,
piriri, bichim-de-pé...
melhor que qualquer remédio
é um gostoso cafuné...
Osvaldo Reis – PR

Ao vir “de fogo” recua
gritando, após a topada:
– Que faz um poste na rua
às duas da madrugada?!
Therezinha Brisolla – SP

Líricas e filosóficas

Dentre os bens que o filho espera
receber por transmissão,
tesouro nenhum supera
o exemplo que os pais lhe dão.
A. A. de Assis

Na gaveta do meu peito
tranquei a dor da saudade,
para ela saber direito...
o que é sofrer de verdade!
Ademar Macedo – RN

Eu sou poeta da vida,
do bem, do amor, da verdade;
da fé sentida e vivida,
da santa e eterna saudade!
Aloísio Bezerra – CE

É híper minha saudade,
é súper minha emoção;
tão grande é minha vontade,
que quase perco a razão!
A.M.A. Sardenberg – RJ

Frente al mar te estoy pensando,
que te regrese le pido;
sentada estoy recordando
lo que contigo he vivido.
Ángela Desirée – Venezuela

Cobriste-me com teu manto
de amor e dedicação.
Hoje me restam o pranto
e exemplos de doação.
Angela Stefanelli – RJ

Na distante mocidade,
só taperas construí...
Pela vida, na verdade,
eu passei, mas não vivi.
Angélica Villela Santos – SP

Cai a tarde... a alma descansa,
vendo o mar de calmas águas...
– Ah! se essa maré, tão mansa,
pudesse lavar-me as mágoas!!!
Carolina Ramos – SP

Se o encanto de viver
propicia tal vivência,
o que mais vale é o saber
que nos traz a experiência.
Cidinha Frigeri – PR

Praia...  Sentado na areia,
sem nuvens de tempestade,
enquanto a mente vagueia
alguém chora de saudade!
Diamantino Ferreira – RJ

Beleza é ter a prudência
de uma vida pura e calma,
onde a nossa consciência
não cria rugas na alma!
Dilva Moraes – RJ

Igual à chuva torrente
que corre ocupando espaços,
sinto meu desejo ardente
à procura dos teus braços.
Djalma da Mota – RN

Felicidade almejada
no meu futuro eu diviso:
– Em teus olhos, a alvorada;
no teu corpo, o paraíso.
Eliana Jimenez – SC

Vivo em constante conflito,
entre o delírio e a razão:
– meu sonho alcança o infinito...
meus pés... tropeçam no chão.
Elisabeth Souza Cruz – RJ

Neste instante derradeiro,
em que nada mais restou,
sou errante marinheiro
que na saudade afundou...
Ester Figueiredo – RJ

Faz da vida uma lavoura
e semeia com fervor,
que, em vez de milho e cenoura,
colherás feixes de amor!
Flávio Stefani – RS

Pelas manhãs vou buscando
minha esperança perdida.
Há sempre um sonho vagando
nas alvoradas da vida!
Francisco Garcia – RN

Com a visão embaciada
e o caminhar pouco ereto,
vejo o esplendor da alvorada
pelos olhos do meu neto.
Francisco Pessoa – CE

Quanta gente nos ilude
e julgamos ser verdade
aquela máscara rude
que finge sinceridade.
Gabriel Bicalho – MG

Meu verso é meu companheiro
no cenário da ilusão
e o universo, imenso, inteiro,
se torna pequeno então!
Gislaine Canales – SC

Lembra a lágrima um gemido
de ternura e redenção,
que não chega ao nosso ouvido,
mas comove o coração.
Humberto Del Maestro – ES

O bilro, velho instrumento,
que entrelaçou tantas rendas,
tece, agora, num momento,
as rimas de minhas lendas.
Ieda Lima – RN

Alvorada... e um desalinho
numa cor acinzentada
mostra o vazio de um ninho
no silêncio da queimada!
J. Batista Oliveira – SP

Meu pai nada me falava
quando me via nervoso.
Aprovava ou reprovava
num olhar doce e bondoso.
J. B. Xavier – SP

Em vez de mel, chocolate,
restou-me um outro sabor:
nos meus lábios, mertiolate
"curando" beijos de amor...
Jeanette De Cnop – PR

Parecendo estar brincando
no céu, em formações várias,
as nuvens vão desenhando
figuras imaginárias...
Jesse Nascimento – RJ

Quero um relógio, querida,
cujo mágico processo
atrase a tua partida
e abrevie o teu regresso.
João Costa – RJ
Floresta amiga, perdoa
o fogo, a serra, a agressão:
a humanidade ainda é boa,
certos homens é que não!
João Freire Filho – RJ

Mostrarão progressos falsos,
as cidades adiantadas,
enquanto houver pés descalços,
em suas ruas calçadas...
José Fabiano – MG

No teu corpo perfumado,
no brilho do teu olhar,
tem um castelo encantado,
castelo do eterno amar.
José Feldman – PR

Por estar na solidão, / tu de mim não tenhas dó. / Com
 trovas no coração, / eu nunca me sinto só. Luiz Otávio

O tempo riscou-me a face,
causou-me danos medonhos,
porém, por mais que tentasse,
não me envelheceu os sonhos.
José Lucas de Barros – RN

Quando vens, só de passagem
no escasso tempo, mas pleno,
o amor faz grande a coragem
e o medo fica pequeno!...
Lucília Decarli – PR

Eu, você: todo um amor.
Reinava a felicidade!
Partiste... e agora sou dor...
sou solidão... sou saudade!
Luiz Antonio Cardoso – SP

Tudo ele faz com amor
e traz o céu na bagagem;
na verdade, o trovador
de Deus na Terra é a imagem
Luiz Carlos Abritta - MG

O sorriso de uma criança
enche de paz nosso mundo;
é prenúncio de esperança,
tesouro de amor profundo.
Luíza Nelma Fillus – PR

Nas entrelinhas do fim,
sou poema inacabado;
êxtase final de mim
sem ter a ti do meu lado.
Marcos Medeiros – RN

Volto pela mesma estrada,
a trilha nem foi desfeita...
Solidão me fez calada,
ante a saudade à espreita!
Mª Conceição Fagundes – PR

Transformar piada velha em quadrinha rimada
é um recurso que empobrece demais a trova.


Iluminando o meu ser,
o teu sorriso comprova
que com cada alvorecer
o meu amor se renova.
Mª Luíza Walendowsky – SC

Mamãe, tua idade avança
e eu, triste, não me consolo,
porque sou sempre a criança
que precisa do teu colo!...
Maria Nascimento – RJ

Um coração, sem amor,
um amor, sem se entregar,
são como... um vaso sem flor
e um barco... longe do mar...
Marisa Olivaes – RS

A vida é tênue fumaça,
é uma linha de retrós...
Dizem que é o tempo que passa,
mas quem passa somos nós!
Ma. Thereza Cavalheiro – SP

Trovador, de olhar atento,
repara no que acontece
e registra o sentimento
em versos que o sonho tece.
Mário Zamataro – PR

É de candeia em candeia
que clareio meus caminhos...
Tanta luz só me norteia
para encontrar teus carinhos.
Messody Benoliel – RJ

Criança não é brinquedo,
é inocente criatura;
se às vezes ela tem medo,
é por falta de ternura.
Neiva Fernandes – RJ

Separando nossas vidas,
um imenso abismo existe.
Mas, por pontes já caídas,
volta o amor e ainda existe.
Olga Agulhon – PR

Os trovadores, com certeza, têm um pedaço
de arco-íris preso na goela. – Cecy de Assis

Ao ver-te, só de passagem,
em minha vida vazia,
me sinto escrava da imagem
de uma louca fantasia.
Olga Maria Ferreira – RS

Pequenino, o Deus menino
trabalhava com seu pai.
Toda empresa, por destino,
nasce em casa, voa e vai...
Olivaldo Júnior – SP

Segredos... quem não os tem?
Os meus segredos bendigo:
os maus – não conto a ninguém;
os bons – eu guardo comigo!
Selma Spinelli – SP

Na beleza da alvorada
quando o sol desperta o dia,
no clarão da madrugada
minha alma canta em poesia.
Sônia Sobreira – RJ

Destino – senhor  medonho –
que, às vezes, com falso embalo,
mostra a magia de um sonho,
mas não nos deixa alcançá-lo!
Thereza Costa Val – MG

Assim é porque Deus fez,
será assim porque Ele quer.
A revolta não tem vez
nem força ou poder sequer.
Vidal Idony Stockler – PR

No grande palco da vida,
temos de ser bons atores,
pois a dureza da lida
não favorece amadores.
Wanda Mourthé – MG

Quanta vinda, quanta ida?
Quanta sombra e quanta luz?
Quanta morte em cada vida?
Quanta culpa, quanta cruz?
Wanderlino T. Leite Netto – RJ

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Sexteto em Sextilhas (Parte 6)

151 – Assis 
Quem não canta já levanta
espantando a freguesia,
pois que até na luz do sol
joga um balde de água fria,
dessa forma se fechando
para o encanto da poesia.

152 – Ademar
Não tenho sabedoria,
mas sei falar quase tudo;
não sou bom em português,
é fraco o meu conteúdo;
mas para fazer poesia
não é necessário estudo!

153 – Delcy
Ademar,  tu negas tudo
que o Senhor te deu de graça,
a  vida te fez um sábio,
mas a modéstia te abraça...
e  até a  própria   desdita,
com tua coragem,  passa!

154 – Prof. Garcia
Penso na vida que passa
ligeira como quem voa,
no amor que se faz presente
no lar de cada pessoa,
e em tudo quanto se alcança
na graça de quem perdoa!

155 – Gislaine
Perdão é como a lagoa,
bem profunda e em calmaria,
segue encantando em beleza,
proporcionando alegria             
aos que nela, então, navegam,
em seu barco de poesia!

156 – Zé Lucas
Se alguém me ofender, um dia
eu posso estender-lhe a mão,
porque sempre acreditei
na beleza do perdão,
que, além de agradar a Deus,
dá mais vida ao coração.

157 – Assis
Eu dou-lhes plena razão
e acrescento, do meu canto:
é quando a ofensa mais dói
que o perdão tem mais encanto,
pois, tendo a força do herói,
tem a grandeza do santo.

158 – Ademar
O meu perdão entretanto
sempre darei, de verdade;
para mim não custa nada,
nem mesmo vale a metade
das contas que eu vou pagar
no reino da eternidade!

159 – Delcy
Se eu tiver a honestidade
de sempre o bem praticar,
não me preocupa o futuro,
pois viver e poetar
garantirão a ventura
de um dia, no céu, entrar!
 
160 – Prof. Garcia
Eu vivo sempre a rezar
neste mundo em desatino,
peregrinando no tempo
igualmente a um beduino,
que leva o terço na mão
e a fé na luz do destino!
 
161 – Gislaine
Um grão de fé, pequenino,
move até uma montanha;
vamos ter fé, meus irmãos,  
por ela, fazer campanha,
e, num mundo,assim, melhor,
todo o ser  humano  ganha!

162 – Zé Lucas
Que a fé remove montanha,
o Santo de Nazaré,
pelo evangelho de Marcos,
disse em nome de Javé;
no entanto, nada remove
quem nega a força da fé. 

163 – Assis
Digo e repito, de pé,
e sei que também dirás:
que  hão de todos ir às ruas
tal qual Jesus manda e faz,
levando nas mãos - nas duas -
a fé e a esperança e a paz.

164 – Ademar
É num instante de paz,
que eu, humilde trovador,
sinto minha alma liberta
de mágoas, prantos e dor
buscando as inspirações
pra fazer versos de amor!

165 – Delcy
Para ser bom trovador,
buscamos inspiração
na fé, no amor, na amizade,
na  ternura  e  na  afeição,
e versejamos  melhor,
trovando com o coração!
 
166 – Prof. Garcia
É na força da oração,
que a inspiração nos convém.
Quando dobramos o orgulho
erguemos um grande bem,
vão-se as tristezas da vida
e os desenganos também!
 
167 – Gislaine
Inspiração todos têm,
basta só saber amar,
estando, as musas, presentes,
não nos deixarão chorar...
Faremos versos na vida
em nosso eterno sonhar!

168 – Zé Lucas
Já cheguei a me espinhar
pela beleza da flor;
buscando um lugar ao sol,
expus-me à chuva e ao calor
e, pela felicidade,
tornei-me escravo do amor.

169 – Assis
Tem tanta bondade a flor,
tanta ternura e carinho,
que por filho ela adotou
o feio e agressivo espinho,
ao qual, paciente, insiste
em botar no bom caminho.

170 – Ademar
Meu verso trilha o caminho
traçado com sutileza;
tem a leveza da pluma
e a força da correnteza,
a ligeireza de um gato
e o poder da natureza! 

171 – Delcy
Considero uma riqueza,
sempre que amanhece o dia,
ter  um  cardume de  versos
para  pescar  a  poesia,
e,  com eles,  realizar
uma  grande  pescaria!

172 – Prof. Garcia
No mar onde a poesia,
beijando as ondas passeia;
meu barco cheio de encanto
por todo canto vagueia,
buscando as ondas dos versos
para adormecer na areia!

173 – Gislaine
A minha musa é sereia,
pois, como eu, adora o mar,
nem a mais alta das ondas
 faz a gente fraquejar,
velejamos pelos mares
num eterno navegar!       

174 – Zé Lucas
Quando a Lua beija o mar,
declarando amor infindo,
o céu, como testemunha,
faz-se mais terno e mais lindo;
rola um poema nas ondas
que a praia espera sorrindo.

175 – Assis
Alô, outono, bem-vindo
ao nosso belo hemisfério.
É um tempo um tanto fechado,
cercado de algum mistério,
mas bom pra pensar na vida
quando a levamos a sério.

176 – Ademar
A poesia tem mistério
de um belo e perfeito enlace.
mesmo que derrame pranto
por sobre as rugas da face,
não põe tristeza nas rimas
do verso quando ele nasce.

177 – Delcy
Que a tua ideia eu abrace,
com  relação à  poesia,
que eu amo desde criança,
que só me traz  alegria!
Com ela, as tristezas fogem
na  vida do dia-a-dia!
 
178 – Prof. Garcia
Que bom na vida seria
um sono à luz do luar,
onde um poeta cantasse
linda canção de ninar,
e a lua beijasse os lábios
dos versos que vem do mar!
 
179 – Gislaine
Faz parte, o eterno sonhar,
da minha vida, é verdade,
a poesia mora em mim,
num viver só de irmandade;
nas tristezas e alegrias,
ela  traz tranquilidade!

180 – Zé Lucas
Quero cantar a saudade
da distante meninice,
num poema que atravesse
da mocidade à velhice,
faça tudo que não fiz
e diga o que eu nunca disse.

Jandira Barreto Pereira Maués. (Trovas da Escola Municipal Florestan Fernandes 5a. a 8a. Séries)

Quem na palavra se adestra,
imenso poder transporta
pois o verbo é chave mestra
capaz de abrir qualquer porta!
Antônio Juraci Siqueira

Trovas de Breno Lopes

Minha mãezinha querida,
Neste dia tão feliz,
Ofereço com alegria
Esta lembrança que eu fiz.

Antigamente eu cantava
Como cantava o sabiá
Mas agora eu não canto
Porque eu já vou “macaquear”.

Certo dia mamãe me disse:
Você vai se machucar
Como não lhe dei ouvido,
Comecei a me ralar.

Toda vez que você passa
Defronte do meu portão,
Eu dou grito de alegria,
Tão grande é minha emoção.

Trovas de Huelen Joaquim

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Por favor me diga logo
Onde anda o meu amor.

Toda vez que você passa
defronte do meu portão,
o meu coração dispara
quase morro de emoção.

Trovas de Jéssica Nunes
Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Você é meu amado
E eu sou um beija-flor.

Toda vez que você passa
defronte do meu portão,
fico logo apaixonada
pensando em meu amorzão.

Trovas de Layane Caroline

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Sabiá da goiabeira
Vá dançar com seu amor.

Toda vez que você passa
Defronte do meu portão
Vai chegando de mansinho,
Mexendo o meu coração.

Para a lua deixo um cheiro
Para o sol uma canção
Pra você que é minha mãe
Um beijo de coração.

Trovas de Leandro Guimarães

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Vou vivendo esta magia,
Procurando o meu amor.

Toda vez que você passa
Defronte do meu portão
A menina mais bonita
Mora no meu coração.

Trovas de Michele Santos

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador
Eu fico à toa, de bobeira
E esqueço até minha dor.

Atravessei sete mares
Fazendo o que sou capaz,
Arriscando a minha vida
Só por causa de um rapaz.

Você é o meu cantar
E o meu rapaz de amar,
Mas o eu dia escurece
Sempre que você me esquece.

Toda vez que você passa
Defronte do meu portão,
Fico olhando a sua graça
Com amor no coração

A mãe dele é esperança
E tem dele um cheiro de flor,
Minha mãe é muito linda
Quem me cria é seu amor.

Trovas de Sâmara Souto

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Me conta teu segredo
Que eu te dou o meu amor.

Toda vez que você passa
Defronte do meu portão,
Fico olhando muito triste
Com dor no meu coração.

Mina mãe é tão bonita,
Ela é igual uma flor,
Ela é a flor divina
Que me dá o seu amor.

Trovas de Thayane

Sabiá da laranjeira
Passarinho cantador,
Tu sumiste tão depressa
Sem encontrar o meu amor.

Toda vez que você passa
Defronte do meu portão,
Meu coração bate forte
Dum, dum, dum, dum, dum, dum, dão!

Trovas de Thiago S. Rosário

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Quando sobe na mangueira
Vai junto com meu amor.

Toda vez que você passa
Defronte do meu portão
Fico a olhar maravilhado
Com o coração na mão.

Minha mãe é tão querida,
Minha mãe é tão legal,
Minha mãe é minha vida
Porque faz o meu nescau.

Trovas de Wilhiam Clei

Sabiá da laranjeira
Passarinho cantador
Vai voando bem depressa
pra encontrar o meu amor.

Toda vez que você passa
Defronte do meu portão
Vai me dar dor de cabeça
Pois é grande a emoção.

Ó mãe, quando eu morrer
Não quero reclamação
Pois o pouco que eu fiz
Eu deixo de coração.

Trovas de Aurélio Jonatan

Vou plantar um pé de cravo
No meio do teu jardim
Nele vou mandar um beijo,
Você manda outro pra mim.

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Eu vou mandando um beijinho
Pra menina meu amor.

Mangueira da minha terra,
Cai manga no meu jardim,
Vou te mandar uma flor,
Você, um beijo para mim.

Trovas de Juliane Nascimento
Toda vez que você passa
Defronte do meu portão
Dia e noite vão passando
Só não passa esta emoção.

Vou plantar um pé de cravo
No meio do teu jardim
Pra colher todos os beijos
Que você guardou pra mim.

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Vai cantando, vai voando
Acordar o meu amor!

Vou plantar um pé de cravo
No meio do teu jardim;
Vou dizer-te bem mansinho
Que nosso amor não tem fim.

Sabiá da laranjeira
Passarinho cantador,
Tem ciranda no teu canto,
No teu canto tem amor.

Mangueira da minha terra,
Mangueira do meu amor,
Tanto longe quanto perto
Não esqueço o teu amor.

Quando chove na cidade,
Olho triste para o céu
À espera do meu amado
Que partiu lá pra Portel...

Trovas de Joyce Nunes

Vou plantar um pé de cravo
No meio do teu jardim
Pra dizer pra todo mundo:
Quero você até o fim!

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador,
Vou dizer a todo mundo
que você é meu amor.

Mangueira da minha terra
Que dá mangas com sabor,
Vou dizer para o mundo inteiro
Que você é o meu amor.

Trovas de Leandro da Conceição

Vou plantar um pé de cravo
No meio do teu jardim.
Vou querendo, enquanto isso,
Você todinha pra mim.

Sabiá da laranjeira,
Passarinho cantador
Eu queria ter certeza
Que você é meu amor.

Mangueira da minha terra,
Minha fruta é o muruci;
Para ser um bom poeta,
Tem que ser “seu” Juraci.

Trovas de Lucas Farias

Mangueira da minha terra,
Passarinho cantador,
No teu canto tem ciranda,
No teu canto tem amor.

Mangueira da minha terra,
Passarinho cantador,
Vai voando, vai cantando
Acordar o meu amor.

Fonte:
Jandira Barreto Pereira Maués. Trilogia Contos e poesias da Escola Municipal Florestan Fernandes.

Machado de Assis (Badaladas – 2 de março de 1873).

Ia começar estas badaladas com algumas reflexões acerca da Batalha de Aquidaban, cujo aniversário foi ontem, quando recebi da Eternidade uma carta importante, assinada por um nome ainda mais importante do que ela: uma carta de Montesquieu.

A carta vinha acompanhada de um bilhete, que dizia assim:

“Dr. Semana. — Dê-me um cantinho de seu jornal e insira nele a carta junta, favor de que lhe será grato o seu constante leitor. — Montesquieu.”

Não hesitei um momento; mandei inserir a carta que o leitor verá com olhar de respeito e veneração; ei-la:

MONTESQUIEU AO SENADOR JOBIM

Eternidade, sem data.

Exmo. Sr. — Acabo de ler o discurso que V. Excia. Proferiu há dias no senado brasileiro, e conversando com os meus amigos, patrícios e coimortais Voltaire e Rousseau, fomos de opinião que é um discurso digno de ser lido, meditado e comentado.

Verdade é que o nosso Voltaire — sempre brincalhão e sarcástico — ao passo que lhe teceu grandes louvores, fez um reparozinho de má língua. O exemplo foi contagioso, e o nosso Rousseau fez outro, o que me obrigou também a fazer um terceiro, sem que todos três valham um cominho.

Que quer Exmo.sr.? Em alguma coisa se há de ocupar a eternidade. Há lá nesse mundo quem se afadigue em matar o tempo. Oh! Se soubessem o que é matar a eternidade! O tempo, Sr. Senador, não é preciso matá-lo; ele morre por si mesmo. Não se lembrará V. Excia. Daquele verso do nosso Racine, creio eu:

Le moment ou je parle est déjà loin de moi.

Pois aí tem a imagem do tempo. Que necessidade há, pois, de matar um sujeito que nasce caduco e vive a morrer? A eternidade é outra coisa; é a presença constante e impassível de uma coisa que nunca mais acaba e isto é o que se deve entreter com palestras, leituras e reflexões.

Líamos, pois, o discurso de V. Excia., e refletíamos a respeito das suas várias doutrinas, quando o nosso Voltaire, entrando no ponto em que V. Excia. fala das relações entre os climas e os governos, exclamou:

— Cite o autor!

E dizendo isto piscou o olho a mim e ao João Jacques, dando a entender que eu, primeiro, e ele depois trataríamos da teoria expendida anonimamente por V. Excia.

O João Jacques riu-se a bandeiras despregadas. Eu, porém, tomei defesa de V. Excia. como me pediam a verdade e a justiça.

— O senador Jobim, disse eu, pode estar obrigado a não citar o autor; pode ser que fosse tirar a idéia da algibeira de Aristóteles, e que Aristóteles lhe recomendasse o mais profundo silêncio. Aquele grego é um bom homem; socorre a muita gente nas suas precisões; e eu mesmo (não é por me gabar) obedeço ao evangelho, não sabendo muita vez a minha esquerda o que a minha direita distribui. Voltaire — le petit Arouet, como lhe chamamos aqui — ia abrindo a boca para falar, mas eu fiz-lhe um sinal e continuei assim:

— Demais, a teoria dos climas na mão do Sr. Jobim apresentou-se com roupagens novas. A idéia de que a imaginação é incompatível com a eleição direta é absolutamente nova debaixo do sol. A afirmação de que “nos países do norte não há governo que se anime a praticar nenhum atentado contra a razão e a justiça”, transtorna algumas idéias recebidas na história. Mas que é tudo isso senão o cunho da originalidade do orador?

Os dois filósofos calaram-se, vencidos pela minha demonstração. Mas não foi longo o silêncio. Rousseau, que lia para si o resumo do discurso, bateu com a mão no joelho e exclamou:

— Cite o autor! Cá está mais uma:
“. . . Os homens bons assustam-se, e antes querem um leão que os devore, que um milhão de ratinhos que os roam!”

— Isto é meu!acudiu Voltaire, dando pulo.

E depois de ler:

— S. Excia. honra-me muito fazendo suas as minhas palavras, mas era justo citar o meu nome, e bem assim transcrever-me fielmente. O que eu disse foi: —“J’aimerai mieux vivre sous la patte d’un lion, que d’être continuellement exposé aux dents d’un millier de rats.” Foi isto o que eu disse; e pode ser que no Brasil, quem não cita exatamente as palavras de outro, esteja dispensando de lhe citar o nome. Em todo caso não tira isso o mérito do discurso. . .

Aqui, Exmo. sr. meti-me eu também a censor, mais por brincar que por outra coisa, e sobretudo levado pelo mau exemplo dos dois filósofos. Lia o discurso e dei com isto: “ Essa outra invenção, também imensamente ridícula, — o rei reina e não governa. É um trocadilho insuportável, e que foi inventado na França pelo Sr. de Narbonne...”

— Agora citou o Sr. Jobim, disse eu, mas creio que citou erradamente. O aforismo é do Sr. Duvergier de Hauranne, se não estou enganado . . .

— Seja como for, não se pode negar o mérito do discurso.

— Não se pode, repetimos nós!

E aqui tem V. Excia. fielmente contada a nossa conversação a respeito do discurso de V. Excia. Sinto havê-lo lido em resumo, mas pelo resumo se admira a íntegra.

Nós aqui, Exmo.sr., apreciamos e lemos tudo o que se diz nas câmaras brasileiras. Lá de longe em longe levamos uma estopada; mas se esse mundo é de compensações, não menos o é esta eternidade em que vivemos, e onde me acho ao seu dispor, como quem é De V. Excia.

Atento venerador e criado muito obrigado,

MONTESQUIEU.

Ando há dias a perguntar a toda a gente se é certo que no teatro de Pedro II apareceu um dominó (imitação de outro que, a serem verídicos os jornais, apareceu este ano em Paris) com uma inscrição singular nas costas.

Ninguém me sabe responder. Seria peta ou só encontro as pessoas que o não viram? Dizem-me que era um dominó azul com fitas amarelas; nas costas trazia um letreiro assim:

P

A

Mais de um quis decifrar o enigma e nada. Afinal um bom velho, Champolion do Carnaval, deu com a chave do mistério, e leu: Allons souper (A long sous p).

— É, respondi, dando-lhe o braço.

— Há na rua Uruguaiana um botequim francês com uma tabuleta em que se lê:

CAFÉ
DE
ALSACE
ET
LORAINE.

Com este cotilhão termino o meu sarau.

Até domingo.

Dr. Semana
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Nota:
Dr. Semana é o pseudonimo que Machado usava nestas cronicas


Fonte:
Obra Completa, Machado de Assis, Rio de Janeiro: Edições W. M. Jackson,1938. Publicado originalmente na. Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, de 22/10/1871 a 02/02/1873.