sábado, 13 de outubro de 2012

Amadeu Baptista (Poemas Avulsos)


“A NOITE CAI”

A noite cai e o poeta parte para a cidade.
 O alforge vai cheio de sedimentações, beringelas, 
 leiras de feijão, e um potente holofote,
 para iluminar o tempo.

Recém-chegado da província, cabe-lhe 
 manusear o livro, o alfa, o ómega, ainda que 
 abomine tanto tumulto, tantos carros que 
 passam, tanto grito,

e se creia um centauro nas avenidas novas. Os
 bairros, as áleas rectilíneas, ampliam a 
 indiferença, havendo em tudo um poder

infernal de crateras sobre os muros, destroços
 nas janelas, marchas forçadas, farpas.

(Do livro “Atlas das Circussntâncias” . Ed. “Lua de Marfim”)

SONETO EXPOSTO

(ou uma certa ideia de memória do país)

O desengonçado trânsito cavernícola.
 A eterna crise com os dentes afiados.
 Um país de paisagens marítimas e vinícolas,
 em que uns são filhos e outros enteados.

O recorte da serra na distância.
 Os pardais semoventes sobre as praças.
 Alguns homens sombrios com a ânsia
 de não serem roídos pelas traças.

O redil organizado como um caos.
 Uns quantos menos bons e outros muito maus.
 Uma planície, uma cidade, um chaparral.

E em volta disto o mar, sempre indiferente
 do que queira ou não queira a sua gente.
 E fica no soneto exposto Portugal.

“TEMPLO DE LUXOR”

Sei agora que o gato tem espírito,
 um dom poético, uma expressão
 reveladora, perante o fogo
 é um brilho, sobre a água
 uma forma de ser que subtilmente
 usa os sentidos alerta para falar
 o idioma principal, esse mistério
 de prevalecer na crença
 da invocação egípcia, uma presença
 divina entre o silêncio, a vertigem
 e a intensidade que emerge do espaço
 e avassala as colunas, a impressiva
 modulação dos arcos, os blocos
 inclinados para dentro
 para que a rapidez inclua nos testículos
 uma parte devoradora e outra felina,
 uma parte excessiva e outra ágil
 nas sete mortes
 que antecedem o admirável suicídio.

O PINTOR APLAUDIDO PELA INSPIRAÇÃO

sou a inspiração que o pintor procura 
 em lugares desabridos e raramente encontra. 
 ele procura-me onde ninguém suspeita,
 e eu existo e não existo, sem que possa
 revelar a minha presença imperscrutável. 
 às vezes nem uma sombra sou e o pintor 
 não pode mais fazer do que lançar o olhar 
 sobre os desígnios do mundo, 
 a decifrar a amplitude da luz 
 que reiteradamente lhe entrego
 quando o vento e a memória reproduzem 
 os decisivos sinais do desvendamento. 
 ele prepara a tela, estica-a na madeira, cria 
 as condições para que o abismo funcione 
 e, com o olhar, arrisca procurar-me no mistério 
 em que a limpidez esboça uma formulação de vozes 
 e presenças complexas. inspiro-o, inspiro-o, sempre,
 e o seu olhar é dramático e abrupto, a convergir
 num julgamento sumário, uma ameaça
 em que o sangue assume a dimensão de um incêndio,
 uma devastação. onde estou? onde está a linguagem
 que comigo vem? 
 onde estarei antes mesmo de, na sua nuca, 
 me tornar implícita no que quer que pense? 
 onde estarei na cabeça do pintor? 
 onde lhe inflijo o golpe para que tudo desvende
 para nada desvendar, levando-o 
 a uma folha de nogueira e uma marca na carne como adivinhação 
 e indício seguro de um prodigioso esplendor? 
 essa marca lacera-o,
 essa marca impele-o para um exercício 
 de hipóteses entre as escolhas inúmeras 
 e, num momento, o pintor decide-se por uma ideia simples, 
 cabendo-lhe aguardar que o rastilho magnífico se incendeie. 
 o meu rastilho, a inspiração, o confronto inevitável 
 com o clarão que lhe sitia as têmporas e ele sabe existir 
 quando opta entre este e aquele pincel de cerdas muitas espessas,
 ou liberta o óleo na superfície danada que o mata em cadeia
 e lhe coloca no coração insuperável
 a última questão que a pintura levanta. 
 o pintor é bravio, evoca a distância, transpõe a agitação,
 faz coincidir a incoincidência com o tumulto e o uso, 
 semicerrando as mãos, sentindo no pescoço
 as forças avassaladoras e vitais que o entregam
 à tarefa de dar corpo ao corpo da existência.
 sem que me veja, o pintor pressente-me, 
 convoca-me, aceita-me, 
 e as cores soltam-se-lhe das mãos, remontam à inocência.
 o pintor é um eremita a perscrutar
 a pedra, sondando-lhe o interior, a ver
 na escuridão uma seara povoada por infinitas
 legiões de camponeses que mergulham as mãos na luz 
 e, como anjos, 
 vislumbram no horizonte imperfeito um mar de trigo a arder,
 sempre a arder, na distância. 
 o pintor procura-me,
 procura-me em lugares desabridos, procura-me
 do início ao fim da vida, sempre a supor
 que só me encontrará pela possibilidade perpétua
 do desencontro, esta pedra, esta colheita, tudo quanto
 irradia pelo centro nervoso do pintor 
 sempre que a inquietação sobrevem e a cegonha 
 e a garça cortam o ar irrespirável,
 ou um fio de azeite flui na malga nacarada e azul,
 ou o leite fumegante se derramada,
 lentamente se derrama para que a visão prevaleça
 e o latido de um cão negro, mais do que ouvir-se ao longe, possa ver-se. 
 o pintor sabe, ou suspeita, insidiosamente,
 que a linguagem, qualquer linguagem, é um clarão.
 e o meu assédio é total, brutal, eficaz. 
 entrego o poder de sonhar ao pintor e ele constrói
 destruindo, e destrói, construindo, 
 sobrepondo as camadas de tinta numa organização 
 envolvente e transgressora, prefigurando no caos 
 a maciez do espanto e o orvalho da força. 
 não havia no mundo esta irrisão, não estava esta mão
 a segurar o encarnado na tela omnisciente,
 não podia esta asa reflectir na treva a indefectível
 aventura, mas, de repente, a alguma coisa 
 qualquer coisa se acrescenta, 
 o lento corrupio emerge da criação, 
 a luz faz-se,
 apartam-se as águas, 
 há o homem, há a mulher.
 e eu a atormentá-lo sempre, a perseguir o artista,
 a zurzir-lhe nos ombros a vara da aflição e do fascínio, 
 a prender-lhe aos cabelos a escuridão das casas 
 e dos lugares em que concebe um traço e outro, 
 um espaço e outro espaço. 
 ali está a árvore dos seus mortos, 
 aqui está a mãe a espevitar o lume, 
 naquele berço os filhos que há-de ter
 e há-de ver crescer, 
 ali está, no exacto lugar em que a luz oscila,
 a figura subtílima que só em sonhos pode ver, 
 o quadro. 
 o quadro, ainda,
 com todas as suas ramificações obscuras 
 e os seus lados brilhantes. 
 inspiro-o, inspiro-o sempre. 
 e o pintor recomeça,
 a obra há-de fazer-se. a boca solta 
 vários sentidos nesse único sentido, a boca 
 regurgita o negro e a alegria.
 de novo o levo a preparar a tela, de novo prende e liga
 as coisas entre si, esta tesoura apara, 
 aquele grampo une, segura
 esta travessa os paus duma jangada que o pintor quer 
 encontrar para rumar ao sul. 
 é agora um jovem e vai-se enamorar.
 no ar incendiado a rapariga passa e o pintor 
 perscruta-a com o coração. 
 a uma janela, penteia-se, a mulher,
 e sente-se o seu perfume a invadir o ar.
 tens nome, rapariga? e o pincel responde com a densa 
 intrepidez de quem está no incêndio para morrer
 e pôr o corpo todo na pincelada breve. 
 eis os cabelos negros, essa camisa branca. 
 e um seio desenha-se. na farta cabeleira 
 alastra a luz perfeita, como se a luz soltasse,
 naquela zona escura, toda a paixão que assiste
 a quem desvenda a terra. 
 tens nome, rapariga? e o pintor procura-a, 
 procura-me o pintor,
 e não sabe se existo ou se não existo,
 e como assim o induzo à maldição de sempre,
 ou lhe segredo ao ouvido o que não quer ouvir. 
 encontram-se no real todos os vestígios 
 com que se armam as cenas, os sinais poderosos 
 que há nos gritos dos homens. 
 os símbolos que utiliza são do chão que lhe chegam,
 anota na vertigem a vertigem dos dias.
 os homens que conhece possuem um vigor
 que a si mesmo ultrapassa. 
 um deles é um amigo, morreu assassinado. 
 morreu por pouca coisa.
 quando matam alguém porque tem fome apenas 
 e é pão que reclama , morre-se sempre 
 por muito pouca coisa. de madrugada o mataram, 
 à queima-roupa o mataram, 
 com um tiro na nuca, porque pedia pão 
 e era pintor também. 
 o pintor interpreta esta morte como se lhe tivessem 
 disparado o revólver na boca, 
 o sangue cai em flocos como se estivesse a nevar
 e a neve em presença fosse uma pintura vermelha,
 extensa, obsessiva, aterradora.
 o pintor amplia a verosimilhança dos temas,
 procura e procura-me, procura
 e encontra-me,
 e eu inspiro-o a que aja.
 havia um animal numa certa casa antiga, 
 tantas vezes o viu que acabou por esquecê-lo. 
 até que, ali onde trabalha, entregue a pensamentos
 que não pode explicar, o viu surgir do nada, a voar
 sobre os quadros. então aconteceu
 que impôs à tela branca o animal acossado
 e o pintou assim, num duplo encantamento
 de o estar a ver ali e onde o vira quando, 
 não mais que um menino, representava a noite
 com pequenas estrelas traçadas a carvão.
 esse animal, sou eu, obviamente,
 que em várias noites venho por montanhas
 e vales a inspirar, 
 a conspirar,
 para despertar no pintor o que em si dorme há séculos
 e em pura fúria persiste sob o eterno interdito
 ou essa lâmpada, 
 a balbuciante lâmpada da tristeza. 
 a linguagem, qualquer linguagem, é um clarão.
 e eu instigo o pintor a que me procure
 para que sobre as coisas outra coisa perdure.
 algumas destas figuras são o pintor a sonhar.
 algumas destas figuras são o pintor a sofrer.
 aqui, ali, onde quer que me encontre e te encontre
 o pintor não pode esmorecer. talvez
 seja possível entre a penumbra ver. a inspiração,
 a pintura, são uma revelação incerta,
 sem limites,
 onde os vendavais circulam.
 e não há refúgio para sobreviver.
 nesse clarão, às vezes, os sinais luminosos
 que estão em toda a parte,
 mas permanecem invisíveis porque não sabemos,
 ou porque não podemos, ainda, procurar,
 aparecem, 
 tal como acontece ao espírito do artista,
 visível a olho nu,
 nas obras que executa.

Fontes:

Amadeu Baptista (1953)


Amadeu Baptista nasceu no Porto/Portugal a 6 de Maio de 1953. 

Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto. 

É membro da Associação Portuguesa de Escritores e do Pen Clube Português. 

Colaboração dispersa em jornais, revistas, livros colectivos e antologias nos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, E.U. A., Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália, México, Portugal, Roménia e Uruguai. 

Poemas seus foram traduzidos para alemão, castelhano, catalão, francês, hebraico, italiano, inglês e romeno. 

É divulgador em Portugal de poetas espanhóis e hispano-americanos. 

Fundou e co-dirigiu (com Álvaro Holstein Ferreira e Vergílio Alberto Vieira) a publicação Babel – fascículos de poesia, e co-organizou (com Egito Gonçalves) a revista Orfeu 4. 

Organização de antologias: Quanta Terra!!! - Poesia e Prosa Brasileira Contemporânea, 2001; Álbum de Acenos – Antologia de Poesia e Fotografia, 2001; Poesia Digital – 7 poetas dos anos 80, em col. com José Emílio-Nelson, Porto, 2003. 

Integrou 

o Júri do Grande Prémio de Poesia APE/CTT relativo ao ano editorial de 1993, 1997 e 2003; 

o Júri do Grande Prémio de Literatura Biográfica APE/C.M. do Porto relativo ao ano editorial de 1997 e  

o Júri do Grande Prémio do Conto APE/Câmara de Vila Nova de Famalicão, relativo ao ano editorial de 1999. 

Obras publicadas
As Passagens Secretas, Coimbra, 1982; 

Green Man & French Horn (in A Jovem Poesia Portuguesa/2, em col.), Porto, 1985; 

Maçã [Prémio José Silvério de Andrade – Foz Côa Cultural, 1985], Porto, 1986; 

Kefiah, Viana do Castelo, 1988; 

O Sossego da Luz, Porto, 1989; 

Desenho de Luzes (edição galaico-portuguesa), Corunha, Galiza, Espanha, 1997; 

Arte do Regresso (pelo primeiro capítulo deste livro, Cúmplices, recebeu o Prémio Pedro Mir, na categoria de Língua Portuguesa, promovido pela revista Plural, da Cidade do México, em 1993), Porto, 1999; 

As Tentações, Santarém, 1999; A Sombra Iluminada (in Douro: Um Percurso de Segredos, em col.), s/l, 2000; 

A Noite Ismaelita, Guimarães, 2000; 

A Construção de Nínive, Porto, 2001; 

Paixão (Prémio Vítor Matos e Sá, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2001 e Prémio Teixeira de Pascoaes, 2004), Porto, 2003; 

Sal Negro (in Sal Negro Sal Branco com 25 fotografias de Rosa Reis) Almada, 2003; 

O Som do Vermelho – tríptico poético sobre pintura de Rogério Ribeiro, Porto, 2003; 

O Claro Interior [Prémio de Poesia e Ficção de Almada – 2000 / poesia], Almada, 2004; 

Salmo (com a reprodução de um desenho de Rogério Ribeiro), Porto, 2004; 

Negrume (com desenhos de Ana Biscaia), Lisboa, 2006; 

Antecedentes Criminais (Antologia Pessoal 1982-2007), Vila Nova de Famalicão, 2007; 

O Bosque Cintilante [Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, 2007], Vila Nova de Azeitão, 2007 (ed. fora do mercado); 

Balada da Neve e Outros Poemas, Maputo, Moçambique; 

Outros Domínios (Clamor por Florbela Espanca) – [Prémio Literário Florbela Espanca, 2007], Vila Viçosa, 2008; 

O Bosque Cintilante [id.], Porto, 2008. 

Fonte:
Jornal de Poesia

José de Alencar (Ao correr da pena) 17 de setembro: A Primavera


(Crônicas publicadas no “Correio Mercantil”, de 3 de setembro de 1854 a 8 de julho de 1855, e no “Diário do Rio”, de 7 de outubro de 1855 a 25 de novembro do mesmo ano, ambos os jornais do Rio de Janeiro).

Estamos na primavera, dizem os folhetins dos jornais, e a folhinha de Laemmert, que é autoridade nesta matéria. Não se pode por conseguinte admitir a menor dúvida a respeito. A poeira, o calor, as trovoadas, os casamentos e as moléstias, tudo anuncia que entramos na quadra feiticeira dos brincos e dos amores.

Que importa que o sol esteja de icterícia, que a Charton enrouqueça, que as noites sejam frias e úmidas, que todo o mundo ande de pigarro? Isto não quer dizer nada. Estamos na primavera. Os deputados, aves de arribação do tempo do inverno, bateram a linda plumagem; a Sibéria fechou-se por este ano, os buquês de baile vão tomando proporções gigantescas, as grinaldas das moças do tom são perfeitas jardineiras, a Casaloni recebe uma dúzia de ramalhetes por noite, e finalmente os anúncios de salsaparrilha de Sands e de Bristol começam a reproduzir-se com um crescendo animador.

Come, gentil spring! Vem, gentil quadra dos prazeres! Vem encher-nos os olhos de pó! Vem amarrotar-nos os colarinhos da camisa, e reduzir-nos à agradável condição de um vaso de filtrar água. Tu és a estação das flores, o mimo da natureza! Vem perfumar-nos com as exalações tépidas e fragrantes da Rua do Rosário, da Praia de Santa Luzia, e de todas as praias em geral!

Doce alívio dos velhos reumáticos, esperança consoladora dos médicos e dos boticários, sonho dourado dos proprietários das casinhas dos arrabaldes! Os sorveteiros, os vendedores de limonadas e ventarolas, os donos dos hotéis de Petrópolis, os banhos, os ônibus, as gôndolas e as barracas, te esperam com a ansiedade, e de suspirar por ti quase estão ficando tísicos (da bolsa).

Esta semana já começamos a sentir os salutares efeitos de tua benéfica influência! Vimos uma estrela do belo céu da Itália eclipsada por uma moeda de dois vinténs, e tivemos a agradável surpresa de ouvir o 1º ato do Trovatore e um epeech da polícia, tudo de graça.

Alguns mal intencionados pretendem que a noite não foi tão gratuita como se diz; mas deixai-os falar; eu, que lá estive, posso afiançar-vos que o espetáculo foi todo de graça, como ides ver,

A autoridade policial depois de participar que ficava suspensa a representação e que os bilhetes estavam garantidos, sendo por conseguinte aquela noite de graça, como esta notícia excitasse algum rumor, declarou formalmente, e com toda a razão, que se acomodassem, porque a polícia, quando tratava de cumprir o seu dever, não era para graças.

Os namorados que tiveram duas noites de namoro pelo custo de uma, os donos de cocheira que ganharam o aluguel por metade do serviço, o boleeiro que empolgou a sua gorjeta sem contar as estrelas até a madrugada, aqueles que lá não foram, não só riram-se de graça, como acharam nisto uma graça extraordinária.

Muito olhar suplicante vi eu nos últimos momentos, humilhando-se diante de um rostozinho orgulhoso e ofendido, clamar com toda a eloqüência do silêncio: grazia! grazia! É preciso advertir que o olhar estava no Teatro Provisório, e por isso não se deve admirar que falasse italiano; além de que, o olhar é poliglota e sabe todas as línguas melhor do que qualquer diplomata.

Finalmente, para completar a graça deste divertimento, as graças com os seus alvos vestidinhos brancos se reclinavam sobre a balaustrada dos camarotes, cheias de curiosidade, para verem o desfecho da comédia. E a este respeito lembra-me uma reflexão que fiz a tempos, e da qual não vos quero privar, porque é curiosa.

Os gregos, como gente prudente e cautelosa, inventaram unicamente três graças, e consta que viveram sempre muito bem  com elas. Nós, de mal avisados que somos, queremos ter em todos os divertimentos, nos bailes, nos teatros e nos passeios uma porção delas, sem refletir que, logo que se ajuntarem muitas, podem formar necessariamente um grupo de dez graças.

Maldito calembur! Não vão já pensar que pretendo que as graças tenham sido a causa de tudo isto, nem também que todo aquele desapontamento fosse produzido por alguma graça da Charton. A prima-dona estava realmente doente, e, aqui para nós, suspeito muito os meus colegas folhetinistas de serem a causa daquela súbita indisposição com o formidável terceto de elogios que entoaram domingo passado. Lembrem-se que os elogios e os aplausos comovem extraordinariamente um artista. Ainda ontem vi como ficaram fora de si as tímidas coristas, unicamente porque lhe deram duas ou três palmas!

Em toda esta noite, porém, o que houve de mais interessante foi o fato que vou contar-vos. Um velho dilettante do meu conhecimento, ainda do tempo do magister dixit, e para quem a palavra da autoridade é um evangelho, teve a infeliz lembrança de justamente nesta noite encomendar um magnífico buquê para oferecer à Charton no fim da representação. Apenas se declarou o relâche par indisposition, o homem perdeu a cabeça, e, o que foi pior, com os apertos da saída perdeu igualmente a bengala, que lá deixou ficar com os ares de novo um chapéu comprado pela Páscoa.

No outro dia, o homem, que tinha seus hábitos antigos de comércio, viu-se em sérias dificuldades. Não podia deixar de acreditar, à vista da declaração da polícia, que o espetáculo da noite antecedente fora de graça; mas, ao mesmo tempo, tinha de dar saída no livro de despesas ao dinheiro que gastara com o aluguel do carro, com a gorjeta do boleeiro, com o par de luvas, com o buquê da Charton, o custo da bengala e o estrago do chapéu. Coçou a cabeça, tomou a sua pitada, e afinal escreveu o seguinte assento: Importe de um espetáculo gratuito no Teatro Provisório – 26$000!

O meu dilettanti ainda não sabia que a palavra grátis é um anacronismo no século XIX, e, quando se fala em qualquer coisa de graça, é apenas uma graça, que muitas vezes torna-se bem pesada, como lhe sucedeu. Provavelmente, depois deste dia, o velho lhe aditou ao seu testamento um codicilo proibindo terminantemente ao seu herdeiro os espetáculos gratuitos.

Assim a crônica futura desta heróica cidade consignará nas suas páginas que, pelo começo da primavera do ano de 1854, tivemos um divertimento de graça. Os nossos bisnetos, não falo dos militares de boca aberta , hão de pasmar quando lerem um acontecimento tão extraordinário, e, se nesse tempo ainda estiver em uso o latim, clamarão com toda a força dos pulmões: Miserabile dictu!

Depois de uma semelhante noite, era natural que os dias da semana corressem, como correram, monótonos e insípidos, e que o baile do Cassino estivesse tão frio e pouco animado. Entretanto aproveitei muito em ir, pois consegui perder as minhas antipatias pela valsa, a dança da moda. É verdade que não era uma mulher que valsava, mas um anjo. Um pezinho de Cendrillon, um corpinho de fada, uma boquinha de rosa, é sempre coisa de ver-se, ainda mesmo em corrupios.

Fiz a amende honorable de minhas opiniões antigas, e, vendo nos rápidos volteios da dança voluptuosa passar-me por momentos diante dos olhos aquele rostinho iluminado por um sorriso tão ingênuo, não pude deixar de fazer uma comparação meio sentimental e meio cosmogônica, que talvez classifiqueis de original, mas que em todo o caso é verdadeira.

Quando o mar, que Shakespeare disse  ser a imagem da inconstância, revolveu o globo num cataclisma e cobriu a terra com as águas do dilúvio, foi uma pomba o emblema da inocência, que anunciou aos homens a bonança, trazendo no bico um raminho de oliveira. Se algum dia uma paixão de loureira vos revolver a alma, e deixar-vos o desgosto e a desilusão, há de ser um anjinho inocente como aquele quem vos anunciará a paz do coração, trazendo nos lábios o sorriso do amor o mais casto e mais puro.

Fonte:
José de Alencar. Ao Correr da Pena. SP: Martins Fontes, 2004.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Olivaldo Junior (Maria, as Moedas e um Menino em Dúvida)


Escrevo, para o Dia de Nossa Senhora Aparecida e das Crianças, breve história que me ocorreu à noite.

A música Romaria foi a primeira que aprendi a cantar, quando eu tinha um ano de idade, mais ou menos.

Não tenho sentido vontade de aprender novas músicas, pois que as velhas ainda resistem ao tempo. Meu tempo é o de fechar as cortinas e arrumar os papéis (coisa que não faço faz tempo), arrumando, também, minha alma. Não sei. Os papéis, amarelos, deixaram rastros na alma, bagunçada demais, desde criança, Maria. 

MARIA, AS MOEDAS E UM MENINO EM DÚVIDA

Era igreja pequena, mas cheia de afrescos, sinais do talento de gente do povo, tão cheia de fé que nem sabe que a tem. A igreja, embora singela, trazia nela um bom nome, o de Nossa Senhora, Aparecida, em louvor. Louvor a quem? A Nosso Senhor. 

A cidade onde ficava essa igreja também era mini, mas super feliz com a ideia de que Nossa Rainha guardava os fiéis. Um deles era um pobre menino que não tinha quase nada a perder. Os pobres hão de ter mais de uma chance de aprender sobre o Céu e suas coisas divinas, porque têm muito pouco a perder. Perdido, perambulava e só.

Um dia, onze de outubro de um ano qualquer, quando a fome apertava cada fibra do estômago daquela criança, teve a súbita imagem da caixinha dourada que abrigava as moedas de Nossa Senhora, bem aos pés de Maria. Não pensou duas vezes. Roubar!

A igreja estava quase vazia. Os olhos de cada imagem, sucintos, caíam sobre as costas do pobre enquanto ele catava as mais de vinte moedas do claustro de ofertas. 

Na rua, com as moedas cantando nos bolsos, calava no peito uma dúvida atroz: onde iria comer? Gastaria, ou guardaria o dinheiro para quando tivesse mais fome que a fome sentida nos últimos dias? Não sabia. Os passos, mais rápidos que sempre os soubera, corriam nas beiras do asfalto, querendo chegar. Não tinha parada. Chorou.

Assim, ao cruzar outra esquina, deu de cara com a triste mulher, de longo vestido, com criança nos braços, parecendo chorar, pois não dava para ver os seus olhos pedintes com a cabeça materna junto ao pobre bebê. A mulher não pediu. Ele não pararia! Mas, nos bolsos, cantando sem letra, as moedas pediam como se rogassem a ele que as deixasse com ela, vã mendiga no olho da rua. Cego de fome, deu de ombros, mas não “fugiu”. Parou, dando as moedas à pobre, que, num gesto sem força, fez menção de sorrir. A vida é sem jeito!, pensou ele, faminto, chorando. Chorava, mas era bondoso.

Caindo o sol, à tardinha, numa praça sem nome, o menino deitou-se. Não sabia rezar, mas olhou para o céu. Cada estrela era um sopro de luz sobre um triste e apagado menino. A fome doía. O corpo penava. O menino morreu. A mesa, no Céu, à espera dos justos e de quem amou, não seria, àquela noite de festa, mais um sonho sem nexo. A mendiga (meu Deus!) tinha dado ao menino franca entrada pra o Céu, aparecendo ali.

Fonte:
O Autor

Antônio Baracat Habib Neto (Poemas)


O poeta é de Itabuna/ BA

BEDUÍNA

Vem comigo Beduína..., arde o meu peito
No braseiro sem fim da nostalgia !...
Vem comigo que a lua já irradia
Seus raios argentinos no meu peito;

Vem comigo que dorme insatisfeito,
Quando a noite tão triste beija o dia,
O coração que outrora se perdia
No delírio do amor quase perfeito,

Vem comigo, formosa peregrina,
Pela estrada silente da ternura,
Para o templo bendito que fascina...

Vem comigo que a estrela da ventura,
Teus passos pelas noites ilumina,
Ó filha do deserto, casta e pura !...

(Extraída do Livro Versos de um Khalifa pág 37).

DESEJOS

Tu sabes que sei o que sentes
Tanto quanto sabes o que sinto
Por que retarda tanto nosso abraço?
Vens, e verás que não minto

Dás dois passos para mim...
Recuas três e te afastas...
Por que não cedes e me sacia
Livrando-me de saudades nefastas.

Tu avanças,retrocedes...
Recúas,me atormenta
Por que não te entregas duma vez?
Te demoras e o meu desejo aumenta

Que se rompa o muro levantado
Por preconceito vão,ultrapassado
Vens depressa,eu te espero...
Dupla força tens o grito sufocado

QUALQUER COISA
Acróstico

Qualquer coisa escreverei
Um poema formarei
Antes que inspiração se vá
Lá eu deixarei
Qualquer coisa escrita
Uma vaga lembraça
E o inicio de uma criança
Relembrando sua infancia

Com papel e caneta
O menino pensou
Isso é só começo
Sabia o que falava
Agora é um grande poeta que por aqui passa

CANTA TEUS AMORES
Acróstico 

C laras águas do mar
A qui vim megulhar
N as tuas ondas,minhas mágoas hei de afogar
T rás de volta o meu sorriso
A inda adormecido

T oca este coração
E sgotado de bater em solidão
U ne novamente esta paixão
S audosa e sincera

A onde que que eu vá
M eu pensamento em ti estará
O meu amor não pode esperar
R azão do meu viver
E elouquece-me de prazer
S erei teu até morrer.…

Fontes:
– O Autor
– http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=46554

Ialmar Pio Schneider (Sonetos)



VENTO DO MAR 

 Vento que sopras furibundo 
 e vens meus sonhos despertar, 
 as tristezas de todo o mundo 
 parece que trazes do mar... 

 Ouvindo o lamento profundo 
 sempre constante a marulhar, 
 quedo-me triste, me confundo 
 co’a voz misteriosa do mar... 

 Altas horas, cada segundo 
 teimas o meu corpo abraçar, 
 quando em reflexões me aprofundo 
 para obter segredos do mar…

SONETO 

Comemora-se no Brasil, o Dia Nacional da Leitura (a partir de 2009 - Lei nº 11.899). 

A distração do espírito é a leitura 
e os grandes mestres nos ensinam tal; 
nas obras-primas, vasto cabedal 
a mente encanta e o pensamento apura... 

A existência tem fases de amargura, 
pois há um confronto assaz fenomenal: 
de um lado luta o bem e de outro o mal 
e o que vence por fim é o que perdura. 

Escrevam, romancistas, seus romances ! 
Cantem, poetas, salutar poesia ! 
Porquanto houver na vida tantos transes, 

não vão morrer as páginas aflitas 
e nem há de ficar a imagem fria 
das criações pra todo sempre escritas.

DIA DA CRIANÇA

Julgavas que este amor não encontrasse 
pedras e espinhos pela estrada afora, 
mas são os sofrimentos e a demora 
o que fazem eterno o que é fugace. 

Repara-me nos olhos e na face 
para ver quanta mágoa me devora, 
por não ter alma cândida e sonora 
a fim de ser o que teu sonho amasse. 

Deixemos de torturas e cansaços, 
reclina-te serena nos meus braços, 
confia em mim na maior esperança... 

Faz de conta que nada mais existe, 
então verás alguém que foi tão triste 
convertido na mais alegre criança…

SONETO   ÍNTIMO

 Enfrenta teu destino sem alarde; 
 que ninguém saiba o que te vai na mente... 
 Não te lastimes, murmurando: “É tarde !” 
 Esquece o teu passado, indiferente... 

 Também não fujas, como vil covarde, 
 à luta que te espera, e simplesmente 
 pede ao Senhor que te proteja e guarde 
 em Sua bondade infinda, onipotente. 

 Encontrarás, enfim, sabedoria 
 para atingir a meta projetada, 
 sem falso orgulho, mágoa ou rebeldia; 

 porque tua fé com força redobrada 
 renascerá com flores de alegria, 
 enfeitando pra sempre tua estrada.

CATULLO DA PAIXÃO CEARENSE 
Soneto em homenagem póstuma – In Memoriam 

Faz-me lembrar o tempo de menino, 
no lar paterno, lá na velha aldeia, 
com minha mãe, irmãos e irmãs, na ceia, 
de noitezinha, ao bimbalhar do sino... 

Depois, eu contemplava a lua cheia 
e perguntava aos céus: qual meu destino, 
neste mundo que roda e cambaleia, 
com momentos de luz e desatino?!... 

E ouvia a minha voz na voz do vento, 
dizendo que eu tivesse paciência, 
estudasse, aprendesse e na paixão 

de adquirir maior conhecimento, 
ingressasse no reino da sapiência... 
Que lindo era o Luar do meu Sertão !…

Fonte:
O Autor

José de Alencar (Ao Correr da Pena) Primeira Parte: 3 de setembro: Conto de Fada


(Crônicas publicadas no “Correio Mercantil”, de 3 de setembro de 1854 a 8 de julho de 1855, e no “Diário do Rio”, de 7 de outubro de 1855 a 25 de novembro do mesmo ano, ambos os jornais do Rio de Janeiro).


O título que leva este artigo me lembra um conto de fada que se passou não há muito tempo, e que desejo contar por muitas razões; porque  acho-o interessante, porque me livra dos embaraços de um começo, e me tira de uma grande dificuldade, dispensando-me da explicação que de qualquer modo seria obrigado a dar. Há de haver muita gente que não acreditará no meu conto fantástico; mas isto  me é indiferente, convencido como estou de que escritos ao correr da pena são para serem lidos ao correr dos olhos.

Um belo dia, não sei de que ano, uma linda fada, que chamareis como quiserdes, a poesia ou a imaginação, tomou-se de amores por um moço de talento, um tanto volúvel como de ordinário o são as fantasias ricas e brilhantes que se deleitam admirando o belo em todas as formas. Ora, dizem que as fadas não podem sofrer a inconstância, no que lhes acho toda a razão; e por isso a fada de meu conto, temendo a rivalidade dos anjinhos cá deste mundo, onde os há tão belos, tomou as formas de uma pena, pena de cisne, linda como os amores, e entregou-se ao seu amante de corpo e alma.

Não serei eu que desvendarei os mistérios desses amores fantásticos, e vos contarei as horas deliciosas que corriam no silêncio do gabinete, mudas e sem palavras. Só vos direi e sito mesmo, é confidência, que, depois de muito sonho e de muita inspiração, a pena se lançava sobre o papel, deslizava docemente, brincava como uma fade que era, bordando as flores mais delicadas, destilando perfumes mais esquisitos que todos os perfumes do Oriente. As folhas se animavam ao seu contato, a poesia corria em ondas de ouro, donde saltavam chispas brilhantes de graça e espírito. 

Por fim, a desoras, quando já não havia mais papel, quando a luz a morrer apenas empalidecia as sombras da noite, a pena trêmula e vacilante caía sobre a mesa sem forças e sem vida, e soltava uns acentos doces, notas estremecidas como as cordas  da harpa ferida pelo vento. Era o último beijo da fada que se despedia, o último canto do cisne moribundo.

Assim se passou muito tempo; mas já não há amores que durem sempre, principalmente em dias como os nossos, nos quais o símbolo de constância é uma borboleta. Acabou o poema fantástico no fim de dois anos; e um dia o herói do meu conto, chamado a estudos mais graves, lembrou-se de um amigo obscuro, e deu-lhe a sua pena de ouro. O outro aceitou-a como um depósito sagrado; sabia o que lhe esperava, mas era um sacrifício que devia à amizade, e por conseguinte prestou-se a carregar aquela pena, que já adivinhava havia de ser para ele como  uma cruz pesada que levasse ao calvário.

Com efeito, a fada tinha sofrido uma mudança completa: quando a lançavam sobre a mesa, só fazia correr. Havia perdido as formas elegantes, os meneios feiticeiros, e deslizava rapidamente sobre o papel sem aquela graça e faceirice de outrora. Já não tinha flores nem perfumes, e nem centelhas de ouro e de poesia: eram letras, e unicamente letras, que nem sequer tinham o mérito de serem de praça, que serviria de consolo ao espírito mais prosaico.Por fim de contas, o outro, depois de riscar muito papel e de rasgar muito original, convenceu-se que, a escrever alguma coisa com aquela fada que o aborrecia, não podia ser de outra maneira senão – Ao correr da pena

De feito, começou a escrever ao correr da pena, e como se trata de conto fantástico, não vos admirareis de certo se vos achardes de repente e sem esperar a ler o que escreveu. Estou persuadido que não gastareis o vosso tempo a censurar o título, que vale tanto como qualquer outro. Quanto ao artigo, correi os olhos, como já vos disse, deixai correr a pena; e posso assegurar-vos que, ainda assim, nem uns nem a outra correrão tão rapidamente como os ministros espanhóis diante das pedradas e do motim revolucionário de Madri.

Já sabeis em que deu toda esta história, e por isso prefiro contar-vos outras notícias trazidas pelos dois últimos paquetes a respeito da questão do Oriente, que , segundo uma observação muito espirituosa, tomou para a Áustria certo caráter medicinal de muita importância. Napier, como velho teimoso, continuava de namoro ferrado com a soberba Cronstadt, que em negócio de amores parece-me ter mais fé nos cossacos do que nos ingleses velhos. Entretanto por prudência o nosso almirante foi-se arranjando com Bommarsund para passar o inverno. Bem mostra que é inglês e teimoso. Jurou que havia de passar, e, como não lhe deixam passar o canal, embirrou que havia de passar o inverno. Queira deus, porém, que não seja o inverno que passe por ele!

Enquanto os ingleses na Finlândia se conservam frios, não por causa dos gelos do norte, mas sim por causa do fogo da Rússia, os ingleses de Londres saíram do sério e deram a mais formidável pateada em Mário, o belo tenor, que cantava Cujus animam  numa noite de representação em Convent-Garden.. A história desses motim teatral, contada pelo folhetim do Constitutionnel, deveria ser bem estudada por grande número dos nossos dilettanti, que se contentam em fazerem um barulho insuportável no teatro, desaprovando pobres artistas sem mérito, e deixando em paz os únicos responsáveis de semelhantes atos.

O povo de Londres é mais positivo; depois de ter desaprovado os cantores, obrigou a vir à cena o empresário, e a todos os seus speechs respondeu um só grito uníssono: money, money. A coisa não prestava, exigiam a restituição do dinheiro, o que era muito justo: até dez horas pagaram-se bilhetes recambiados! O empresário teve de repor dinheiro de sua algibeira, mas no dia seguinte Mário foi aplaudido com três salvas estrepitosas no romance da Favorita.

Decerto, a causa desta demonstração a favor de Mário não foi unicamente a sua bela voz de tenor e a sua presença agradável, mas também a influência da Favorita, que ainda nos desperta tantas emoções e na qual os parisienses, mais felizes do que nós, vão recordar atrasados ouvindo a Stoltz, que se esperava devia cantar no primeiro meado de agosto na ópera de Paris. Também nós tivemos esta semana nossas recordações bem doces da Stoltz e  da Favorita e lembramo-nos com saudade de Arsace na noite do concerto Malavazi, que esteve brilhante em todos os sentidos. Nada faltou, houve de tudo, e até desgostosos, que sentiam que ainda faltava alguma coisa; o que isto era não sei; é provável que fosse o chá do costume, que, a falar a verdade, não atino com o princípio higiênico por que foi banido dos concertos.

Além destas recordações, tivemos a nossa festa musical na segunda-feira, noite do benefício do Ferranti. O ator simpático cantou como nos seus bons dias, e desempenhou primorosamente a cena dos Prigioni de Edimburgo, que, à custa de esforços seus, foi o mais bem ensaiado possível. Nesta noite as mãos pagaram os prazeres do ouvido, num e noutro sentido, e, depois de muitas salvas de aplausos, consta-nos que o nosso barítono brilhante saiu do teatro mais brilhante do que nunca entrara.

Tão feliz como Ferranti não foram dois inspetores de quarteirão lá das bandas de São Cristóvão, que faziam o seu benefício à nossa custa, sem nem ao menos terem a delicadeza de nos advertirem. A polícia, que nem sempre está ocupada em dar passaportes e prender negros fugidos, assentou que, sendo a semana de benefícios, devia também fazer o nosso, o do público, demitindo-os, isto é, dispensando aqueles honrados cidadãos do grande obséquio que nos faziam em servir-nos de graça.

O excesso em tudo, porém, é prejudicial, e o benefício, quando não é pedido, é incômodo, como essa resolução dos números dos bilhetes de teatro que ontem foi posta em vigor. Tiram-nos os lenços e as marcas, que eram mais pitorescas e mostravam  no público uma delicadeza louvável. Acharam que isto era mau; dessem-nos coisa melhor, e não pusessem em homem grave na dura necessidade de ir ao teatro lírico recordar a tabuada. Além de não se saber que número terão as travessas e mochos, se pertencerão aos inteiros, aos quebrados ou aos décimos, faço idéia em que apertos não se verá um pobre homem que não souber ler ou que for míope, a procurar o tal número constante de um pedacinho de papel microscópio, que precisamente no momento necessário, e como para fazer pirraça, some-se no labirinto de uma carteira ou nas profundezas de um desses bolsos à maneira, de vastas dimensões!

Quando vi pela primeira vez enfileirados pelos recostos das cadeiras aqueles batalhões de números brancos, que sem licença e com a maior sem-cerimônia do mundo se iam retratando a daguerreótipo nas costas das nossas pobres casacas, julguei que aquilo seria uma medida policial, por meio da qual os agentes ocultos poderiam seguir fora do teatro algum indiciado ou suspeito de importância, que fosse reconhecido no salão. Mas nunca pensei que, quisessem ainda numerarem os bancos as casacas dos dilettanti, quisessem ainda numerar-lhes os assentos, e obrigar um homem a comprar por dois mil réis o direito de estar preso numa cadeira e adstrito a um número como um servo da gleba.

Também o que nos faltava era justamente uma nova questão de bancos, embora de espécie diferente, porque a outra, a das sociedades comanditárias, já vai ficando velha e está quase a ir fazer companhia à do Oriente, à dos seiscentos contos e outras, que provavelmente hão de reaparecer daqui a algum tempo, como está sucedendo na Câmara dos Deputados com a das presas da independência.

O crédito proposto pelo Ministério da Marinha tem sido combatido por falta de uma liquidação regular; mas tudo induz a crer que desta vez o negócio ficará decidido. E depois disto, neguem-me que o Brasil seja um gigante! Uma criancinha que só aos trinta anos lhe começam a sair as primeiras presas! A falar a verdade, já era mais que tempo de soltarem-se estas malditas presas, por causa das quais andam presas tantas algibeiras.     

Falemos sério. – A independência de um povo é a primeira página de sua história; é um fato sagrado, uma recordação que se  deve conservar pura e sem mancha, porque é ela que nutre esse alto sentimento de nacionalidade, que faz o país grande e o povo nobre.Cumpre não marear essas reminiscências de glória com exprobrações pouco generosas. Cumpre não falar a linguagem do cálculo e do dinheiro, quando só deve ser ouvida a voz da consciência e da dignidade da nação.

Com essa questão importante tem ocupado a atenção da Câmara a discussão de um projeto do Sr. Wanderley sobre a proibição do transporte de escravos de uma para outra província. Este projeto, que encerra medidas muito previdentes a bem da nossa agricultura, e que tende a prevenir, ou pelo menos atenuar uma crise iminente, é combatido pelo lado da inconstitucionalidade, por envolver uma restrição ao direito de propriedade. Entretanto a própria Constituição autoriza a limitar o exercício da propriedade em favor da utilidade pública, que ninguém contestará achar-se empenhada no futuro da nossa agricultura e da nossa indústria, principal fim do projeto.

Por hoje basta. Vamos acabar a semana no baile da Beneficência Francesa, onde felizmente não há, como em Paria, a quête feita pelas lindas marquesinha, e onde teremos o duplo prazer de beneficiar aos pobres e a nós mesmo divertindo-nos. 

Fonte:
José de Alencar. Ao Correr da Pena. SP: Martins Fontes, 2004.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 695)



Uma Trova de Ademar  

O vento da minha Fé, 
de maneira enternecida, 
sopra, mas deixa de pé 
as dunas da minha vida! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Quem desfia a vida aos gritos 
nunca é dono do que faz; 
como ter sonhos bonitos 
quem não tem a própria paz. 
–Nilton Manoel/SP– 

Uma Trova Potiguar  

Mais vale amar, sem receios, 
numa entrega destemida... 
Do que não sentir os veios 
da doce fonte da vida! 
–Mara Melinni/RN– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Numa trova amoldo e sinto, 
além do tema proposto, 
um pensamento sucinto 
formulado com bom gosto. 
–Miguel Russowsky/SC– 

Uma Trova Premiada  

2010   -   ATRN-Natal/RN 
Tema   -   AUSÊNCIA   -   1º Lugar 

Cadeira velha, esquecida, 
sem dono e sem mais ninguém... 
Só a saudade atrevida 
reclama a ausência de alguém.
–Prof. Garcia/RN– 

U m a P o e s i a  

Quando a vida faz convite 
Pra o homem ser sofredor, 
Primeiro vem a paixão 
Mais tarde vem o amor, 
Depois do amor a saudade 
Depois da saudade a dor. 
–Edmilson Ferreira/PI– 

Soneto do Dia  

SONETO.
–Fagundes Varela/RS–

Desponta a estrela d'alva, a noite morre.
Pulam no mato alígeros cantores,
E doce a brisa no arraial das flores
Lânguidas queixas murmurando, corre.

Volúvel tribo a solidão percorre
Das borboletas de brilhantes cores;
Soluça o arroio; diz a rola amores
Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.

Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma
Às carícias d'aurora, ao céu risonho,
Ao flóreo bafo que o sertão perfuma!

Porém minh'alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
- Oh! mundo encantador, tu és medonho!

Concurso de Crônicas Laura Ferreira do Nascimento (Resultado Final)


1º LUGAR
Colar de pérolas
LETÍCIA MAURA CONSTANT PIRES - Paris/França.

2º LUGAR
Em família
MOACIR LOPES POCONÉ NETO - Lagarto/ Sergipe.

3º LUGAR
O senador
AGLIBERTO CERQUEIRA - Santana do Parnaíba / SP.

4º LUGAR
O protegido
MARLI RIBEIRO DE FREITAS – São Paulo/SP.

5º LUGAR
Nepotismo
RAFAEL ALVARENGA GOMES - Cabo Frio/RJ.

Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com

X Concurso Literário Faccat - Jornal Panorama (Resultado Final)


Contos

1º lugar
Afluência perene
Vicente Orsi Vargas | Taquara-RS

2º Lugar
Entre asteroides e flores
Celso Luis Rossi | Taquara-RS

3º Lugar
Um fim completamente vermelho de sangue
Mariana Muniz Dudzig | Igrejinha-RS

Poesias

1º Lugar
O fim do (nosso) mundo
Denise Müller Garateguy | Canoas-RS

2º Lugar
Poeminha dos últimos tempos
Cristiano Vargas dos Santos | Parobé-RS

3º Lugar
A pequena história do mundo
Sofia Wilhelms Wolf | Igrejinha-RS

Crônica

1º Lugar
O fim de nós mesmo
Veridiana Tomazi Ghesla | Gramado-RS

2º Lugar
O fim do Mundo
José Antônio Cordeiro | Igrejinha-RS

3º Lugar
Lembrete: o mundo acaba hoje e recomeça amanhã.
Vanessa Cristiane Garcia Tavares | Taquara-RS

Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com

XXXI Concurso Literário da Uniso (Resultado Final)


Em cerimônia realizada (04/10) na Uniso, em Sorocaba, foram divulgados os selecionados do XXXI Concurso Literário organizado pelo curso de Letras da referida instituição. 

O evento contou com sorteios de livros, participação em vídeo de autores que estavam em outras cidades e regiões, com transmissão do áudio ao vivo e com acompanhamento em tempo real através do twitter.

Segue o resultado final do concurso:

Microcontos

1º Lugar - Obrigações
de Tatiana Luques - Tatuí/SP

2º Lugar - Alice na Cidade Maravilhosa
de Rodrigo Domit - Rio de Janeiro/RJ

3º Lugar - Retratos do Cotidiano
de Lenon Silva Alves - Salto/SP

Videominuto

1º Lugar - Micro Holy Bugle
de Tiago Alves - Sorocaba/SP

2º Lugar - Vide Verso
de Geraldo Trombin - Americana/SP

3º Lugar - Circo no Trânsito
de Nivaldo Joaquim - São José/SC

Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com

43º Concurso Literário de Contos de Paranavaí (Resultado Final)


SELECIONADOS CONTO - NACIONAL

Chuva: Briga de cachorro grande
Vitor Perrella
Curitiba / PR

O reconstruído
Rafael Bonavina
São Paulo / SP

Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado
Gilberto Garcia da Silva
Praia Grande / SP

Estação graffiti
Graça Carpes
Niterói / RJ

A francesa
Henrique Bon
Nova Friburgo / RJ

SELECIONADOS CONTO - REGIONAL

O Roscoph e a Trinca Ferro
Renato Benvindo Frata

O homem que aprendeu a viver
Marcela Oliveira

Serenata romântica
Moreira Felix

Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com

Concursos Literários da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (Resultado Final)


Com inscrições gratuitas (e voltados para os escritores de MS), a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras promoveu recentemente dois Concursos Literários: a 1ª edição do “Concurso de Poesias Oliva Enciso” e o “Concurso de Contos Ulisses Serra” (edição 2012), este já tradicional na história da ASL. E, após as seleções e julgamentos (por comissão própria) dos muitos trabalhos inscritos em ambos os certames, sagraram-se vencedores os seguintes textos/autores: 

Poesias: 
1º Lugar: “O vestido” (autor: Reginaldo Costa de Albuquerque - de Campo Grande/MS); 
2º Lugar: “Menina do Taquaral” (autora: Sylvia Odinei Cesco - de Campo Grande/MS); 
3º Lugar: “Vigília” (autor: Edilberto Gonçalves Pael - de Campo Grande/MS). 

Contos: 
1º Lugar: “O melhor roubo da história” (autora: Isloany Dias Machado - de Campo Grande/MS); 
2º Lugar: “O primeiro amor” (autora: Maria Gorete de Moura - de Campo Grande/MS); 
3º Lugar: “Alma Serena - Uma Lição Terena” (autora: Carina Souza Cardoso - de Campo Grande/MS). 

Conforme Editais/regulamentos dos concursos, os autores classificados em 1º, 2º e 3º lugares serão premiados, respectivamente, com 80, 60 e 50 exemplares da próxima edição da Revista da Academia [que incluirá as publicações dos textos vencedores], bem como com placas alusivas às respectivas classificações. A entrega da premiação será em solenidade aberta a ser marcada pela ASL, que estará comemorando 41 anos de fundação. 

Com distribuição gratuita e dirigida, a Revista da ASL está na 22ª edição. 

Fonte: 
Http://concursos-literarios.blogspot.com 

VI CLIPP - Concurso Literário de Presidente Prudente (Resultado Final)


319 participantes
1015 textos inscritos

Lançamento do livro dia 27 de outubro, às 19h, no IBC, durante o 3º Salão do Livro de Presidente Prudente.

Adelmo dos Santos- “A intocável beleza das flores”
Adriana Maria Russo Moysés Harger- “Meu país”
Alceu Tiburcio dos Reis- “Em algum bar do passado”
Aline Cruz- “Versões de uma tragédia”
Amélia Marcionila Raposo da Luz- “Duelo”
Ana Carolina de Souza Alencar- “Moleque Destino”
Ana Claudia de Souza de Oliveira- “Vai, Carlos, vai ser Drummond na vida”
Ana Cristina Mendes Gomes- “Xô, Flangos!”
André Kaires-“ A insustentável estranheza do ser”
André Luiz Alves Caldas Amóra- “Sina”
André Telucazu Kondo- “O haicai”
Angelo Pessoa Martins- “Das verdades invertidas”
Antônio Baracat Habib Neto- “Sinfonia Khayamniana”
Aparecida Gianello dos Santos- “Particularidades”
Arai Terezinha Borges dos Santos- “Paralelas”
Aurélio Gimenez- “Crise”
Bianca Crepaldi Mendes- “Espinhos”
Bruno Fernandes Zenóbio de Lima- “Dominos Dei”
Caio Henrique Solla- “Ao pó”
Camila Ribeiro Mendes- “Bodas de prata”
Carlos Alberto Muzille- “Muralha”
Carlos Bruni Fernandes- “Cinzas da quarta-feira”
Caroline Nader Gervasoni- “12 anos”
Cássia Regina Geraldo- “Alinhavo e depois costuro”
Clarissa Damasceno Melo- “Diamantes”
Cláudio José Mendes Barbosa- “Meu mundo”
Cleusa Cardoso- “Amor multiplicado”
Coracy Teixeira Bessa- “Clara”
Danielle Martins Santos- “A Bela e a Fera”
Davi Menossi Gonzales-“O assalto ao trem pagador”
Debora Rodrigues Rocha- “Convite”
Deidemar Alves Brissi- “Dúvidas sobre Poliana”
Denivaldo Piaia- “Menino Medroso”
Diego Ramos Mileli- “Aleluia, á sábado!”
Dinis Reis Sutil Muacho- “José Maria”
Diogo Maluf de Souza Vaz de Faria- “Em teu nome clamar”
Dirce Meira França Caldeira- “Liberdade abstrata”
Edgar Borges- “Promessas”
Edgley Silva Gonçalves- “Asas”
Edileuza Bezerra de Lima Longo- “ Despedida”
Edson Teixeira Lopes- “Rotina”
Eduardo Aleixo Monteiro- “Soneto da necessidade”
Elaíse de Mello Barbosa- “O belo, o bom e o verdadeiro”
Elias Araujo- “Os olhos”
Eliza de Oliveira Cardoso-“Essa menina”
Eni Allgayer- “Tempestade”
Fernanda Mulin de Assis- “Semear palavras”
Fernanda Resende Ramos- “A vida é um labirinto”
Fernando Marcelo Olmo- “Casal perfeito”
Gabriel Troian Trevisan- “Mês que vem”
Geraldo Magela de Fátima Filho- “Contraponto”
Geraldo Trombin- “Internetic.à.beça”
Gisele Aparecida de Souza Santos- “Cotidiano Nacional”
Gisele Galindo- “Clausura”
Gustavo Fontes Rodrigues- “Intimidade”
Idalina Gonçalves de Queiroz Santos- “Uma canção”
Irismarqueks Alves Pereira- “A decisão”
Jacqueline Salgado- “Libidinagem”
Joana Neusa da Silva- “Fragmento”
João Elias Antunes de Oliveira- “Lâmpadas”
João Lisboa Cotta- “O dever e o desejo de Piatã”
Jorge Alberto Alves Menenzes- “Dia cinzento”
José Marques- “ Devaneios do coração”
José Massoco- “ O amor de mãe”
José Paulino Júnior- “Diversão para toda família”
José Ronaldo Siqueira Mendes- “Partida de truco”
Joyce Galdino Gomes- “Fuga”
Jussara Athayde Albertão- “Sopro de vida”
Jussara C. Godinho- “Alento”
Kleberson Marcondes Gonçalves- “Idas e vindas”
Leandro Andreo Rodrigues-“Artista de rua”
Leonardo de Oliveira Barros- “Cantiga”
Leonícia Aleixo Mussa- “Lágrimas”
Lucas Corrêa Mendes- “Cura”
Luciana Magalhães Athan da Silva- “Busca”
Luciano Esposto- “Viagem dos mundos”
Luiz Aparecido de Lima- “Na eternidade...”
Luiz Cláudio Alves de Oliveira- “ Ella Fitzgerald e um dia verde”
Mailson Furtado Viana- “Gota”
Marcelo Saldanha das Neves- “Metades”
Maria Aparecida Pereira de Souza-“Paradoxo”
Maria Apparecida S. Coquemala- “O caçula”
Maria Regina Prieto Sementino Bomfim da Silva- “Roupa Branca”
Marilene Aparecida Gianello Sobral- “A poetisa pobre”
Mathias Mendes de Souza- “Se fosse”
Maurício Fregonesi Falleiros- “Pode, Arnaldo!”
Michele de Morais Duarte Navarro- “Diálogo sobre o afeto”
Murillo Altafine- “Gente abençoada”
Natanael Otávio- “A odisséia de Henrique (O pequeno vendedor)”
Nédia Sales de Jesus- “Leila e o piano”
Nejme Maria Zakir Campeão- “O velho cão”
Newton de Souza Nazareth- “O valor do homem”
Nilton Chiaretti- “Abril”
Osvaldo Batista de Oliveira- “ A Dona Felicidade”
Patrik Oening Rodrigues- “Enfim o silêncio”
Paulo Franco- “O inefável do tempo”
Pedro Diniz de Araújo Franco- “Quem ama, não mata?”
Pedro Felippe Bernardi Menossi- “Pela metade”
Pétilin Assis de Souza- “Eu gosto”
Rafael Leopoldo Antonio dos Santos Ferreira- “Velhice”
Rafael Prado dos Santos- “Trocas”
Raphael Souza Cardoso- “O marujo e o vagalume”
Rebeca Martins Lala da Silva- “Micaela”
Reginaldo Costa de Albuquerque- “Cadeira de balanço”
Renato Vieira Ostrowski- “Stress de Caranguejo”
Robson da Silva Rodrigues- “Prólogo”
Robson Leandro Soda- “Habeas Corpus”
Rodrigo Domit- “O vulto na cadeira vaga”
Roosevelt Coutinho Lacerda- “Pomba errante”
Roque Aloisio Weschenfelder- “A loucura”
Rosana Banharoli- “Maria Madalena e o Rio de Janeiro em sua visão do paraíso”
Rubens Cavalcanti da Silva- “Madame Prata-Taxidermia”
Rubens Shirassu Júnior- “A enterrada viva”
Ruth Hellmann Claudino- “Lua enamorada”
Sandra M. de Jesus de Lima e Silva- “O outro lado da face”
Sarah Nadim de Lazari- “ Décadence Avec Élégance”
Sérgio Bernardo- “Martelo”
Sergio da Silva Santos- “A vastidão complexa de tua alma” e “O Muro”
Sérgio Edvaldo Alves- “Pincelada”
Sérgio Pereira de Souza- “Palimpsesto de paixão”
Sidclei Nagasawa- “12 de outubro”
Silvanilda Thethê da Silva- “Graças do que fui”
Sinézio de Souza- “O adeus”
Sonia Teresa Almeida dos Santos- “Pé de valsa”
Tatiana Alves Soares Caldas- “Noite Feliz”
Thiago Jefferson dos Santos Galdino- “In-versos da morte”
Vanessa Xavier da Silva- “Tempo”
Victor Soares Rodrigues Pereira- “Marcas”
Vinícius Flores Branco- “Voz do poeta”
Vinicius Pereira Marrafão- “Que eu apague”
Wellington Mariano da Silva-“Eterno eu”
Weslley Moreira de Almeida- “Inventório: estórias de inusitações

Fonte:
Http://concursos-literarios.blogspot.com