quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 750)


Uma Trova de Ademar


Uma Trova Nacional 

Vendo a sogra na cozinha, 
o genro sente o transtorno: 
dá dois beijos na galinha 
e põe a sogra no forno! 
–Alcyr Souto Maior/RJ– 

Uma Trova Potiguar  

Esta velha de ar absorto, 
que quer ser adolescente; 
debutou quando o mar morto, 
ainda estava doente. 
–Aparício Fernades/RN– 

Uma Trova Premiada  

2010   -  Ribeirão Preto/SP 
Tema   -  TURISTA   -  M/E 

Meu marido é um “veranista”... 
Adora uma “temporada”... 
“Comparece”.. igual turista... 
uma vez por ano e...”nada”! 
–Jaime Pina da Silveira/SP– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Barulho na copa. A moça 
com modos nada serenos: 
– Que foi Maria? Mais louça? 
– Qual o quê, patroa. Menos! 
–Eno Teodoro Wanke/PR– 

Uma  Poesia  

Ensinei meu avô tomar Viagra, 
minha avó me pediu também tomou, 
com uma hora o velho se animou 
e disse ele vem cá velhinha magra; 
venha ver como o homem se consagra 
dos mais fortes de todos os animais, 
e a velhinha ali, caiu pra trás, 
era dentro do quarto o velho veio, 
fiz a cama dos dois torar no meio 
e o que é que me falta fazer mais? 
–Pedro Bandeira/PB– 

Soneto do Dia  

SOCIOLOGIA. 
–Lisindo Coppoli/SP– 

Resolvido a lutar contra a indigência, 
Hoje, cheio de nobres intenções, 
Cuida o governo das populações 
Com a sociologia, a nova ciência. 

SESC, SENAI, seguro, previdência 
E muitas outras boas instituições 
São, em nosso país, inovações 
Que ao povo suavizam a existência. 

Nada disso existia antigamente; 
O pobre era animal desprotegido: 
Trabalhava e comia, unicamente. 

Hoje em dia é outra coisa! Não se come. 
Mas existe o sociólogo incumbido 
De estudar e medir a nossa fome. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Carlos Lúcio Gontijo (Minha BH interior)


(Aos 115 anos de Belo Horizonte, em 12 de dezembro de 2012)

Pampulha, Praça 7, Afonso Pena e Pirulito
Tudo ali é rito de cativante fonte de prosa
Horizonte embebido em aragem de luz
Soa o sino da Igreja da Boa Viagem
Abraço floresce tal qual sina de semente
Cultivada no regaço do Parque Municipal
O bate-papo termina no chope de um bar
Balcão de boteco se transforma em beira-mar
Toda Belo Horizonte cheira a Mercado Central
Mineiro é sinônimo de encontro marcado
Ressabiado como se meeiro de algum ouro fosse
Nunca se perde nem anda a esmo
Tem a si mesmo como provinciana capital
Tece arte e canta no ?clube da esquina? do amor
Por isso percebe em BH o seu próprio interior!

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 749)




Uma Trova de Ademar  

Sem ter culpabilidade, 
eu vivo ainda os lampejos 
que você, nesta saudade 
faz brotar dos meus desejos. 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Potiguar  

Quando a luz do sol clareia, 
do sono, meu corpo acorda; 
e em noite de lua cheia 
minha inspiração transborda. 
–Tarcício Fernandes/RN– 

Uma Trova Premiada  

2012   -  Clube Trov. Capixabas/ES 
Tema   -  PESCADORES   -  3º Lugar 

Quando os Pescadores poetas, 
Nas águas vão se inspirar, 
Jogam as redes inquietas 
E puxam versos do mar 
–Roberto Tchepelentyky/SP– 

..E Suas Trovas Ficaram  

Janela, a bem da verdade, 
teu ranger, esse chiado, 
são gemidos de saudade 
na voz rouca do passado. 
–Ernesto Tavares de Souza/SP– 

Uma  Poesia  

Eu também nunca mais tive a virtude 
de voltar à casinha onde nasci 
de correr no terreiro onde corri 
nos arroubos de minha juventude. 
Os meus sonhos de infância na verdade 
guardo todos nas páginas da memória, 
se os meus sonhos fizeram minha história 
vão fazendo o meu livro de saudade! 
–Prof. Garcia/RN– 

Soneto do Dia  

D E S E J O. 
–Diniz Vitorino/PB– 

No meu último instante, quero acesas 
as estrelas banhadas de neblinas, 
e, ao sussurro de orquestra montanhesas, 
dançar valsas com rosas bailarinas. 

Satisfeito soltar as lágrimas presas, 
da alcova luminosa das retinas. 
derramar todas elas, sem tristezas, 
no gramados das chãs esmeraldinas. 

Beber gotas do pólen fecundado, 
sobre o colo do galho esverdeado, 
onde a flor engravida sem sentir! 

Deleitar-me na paz que envolve a fonte 
morrer bêbado fitando o horizonte, 
vendo a lua deitar-se pra dormir!...

Mil Poemas para Gonçalves Dias (Participe!!!)


Dilercy Adler, psicóloga e poeta, está organizando, com o Instituto Histórico e Geográfico de São Luiz , Maranhão, onde mora a antologia Mil Poemas a Gonçalves Dias.Leia no meu post imediatamente anterior.

A participação é sem ônus para os poetas.

Tendo participado da antologia a Neruda, de Alfred Asís, ela agora, está nesse trabalho brasileiro-e convida a todos que escrevem Poesia a essa inclusão.Como aplaudimos, Alfed Asís, já faz escola, com seu exemplo.

Segundo a poetamiga Dilercy, ainda não foi alcançado o número de mil autores.Então, corram com seus poemas ao grande poeta que, fora do País, lembrava "Minha terra tem palmeiras/onde canta o sabiá/as aves que aqui gorjeiam/não gorjeiam como lá"

A antologia terá lançamento em 2013.

Clevane Pessoa
hana.haruko2@gmail.com

"Lembro a todos a importância da participação na Antologia em homenagem a Gonçalves Dias, ainda não completamos a meta dos 1000 poemas. Gostaria de contar com a participação dos queridos confrades e confreiras e fazer saber a todos que a nossa querida confreira Ilda Costa Brasil prestou uma inestimável contribuição à nossa homenagem a gonçalves Dias mediando os seus alunos na construção de poesias desse seu trablho reultou quantitativo razoável de jovens participantes!!! 

Saudações Gonçalvinas,
Dilercy Adler"
(dilercy@hotmail.com)

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 748)




Uma Trova de Ademar  

Só seu regresso conforta, 
mas já estou delirando... 
Sempre que alguém bata à porta 
penso que é você voltando! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Em sonhos ouço teus passos, 
e numa ilusão só minha, 
eu sinto até teu abraço, 
acordo e choro sozinha. 
–Neoly Vargas/RS– 

Uma Trova Potiguar  

Quem deixa a vida pacata,
pra se prender a tormentos,
tem nó, que nunca desata,
no cordão dos sentimentos.
–Marcos Medeiros/RN– 

Uma Trova Premiada  

2007   -  Nova Friburgo/RJ 
Tema   -  MENSAGEM   -  2º Lugar 

Nos momentos de incerteza, 
a mensagem de afeição 
pode estar na sutileza 
de um simples toque de mão. 
–Adilson Maia/RJ– 

...E Suas Trovas Ficaram  

O devaneio profundo
pelos caminhos da mente,
liberta a gente do mundo
que oprime o mundo da gente! 
Aloísio Alves da Costa/CE– 

Uma  Poesia  

Eu não sei em que lugar 
ouvi e guardo comigo, 
que ter fortuna e ser só, 
faz do ricaço um mendigo, 
aliás, muito pior, 
pois nem no Céu tem abrigo! 
–José Ouverney/SP– 

Soneto do Dia  

COVA 
–Antônio Roberto Fernandes/RJ– 

Cova é palavra que, naturalmente, 
lembra morte, mistério e nos espanta 
pois cova tanto é o lar de uma serpente 
como, na Iria, foi o altar da santa. 

Na cova o lavrador deita a semente 
pra que ela morra e gere nova planta. 
Sempre uma cova espera pela gente 
e quem se deita lá não se levanta. 

Mas na lavoura da felicidade 
somos a terra, o fruto e a semente 
– mistério da humaníssima trindade – 

pois se louco de amor seu corpo enlaço 
penetro em sua cova e, de repente, 
deliro... e morro... e me sepulto... e nasço!

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 747)



Uma Trova de Ademar  

Tive amores - não sei quantos - 
Saudades tive, é verdade. 
Mas sei... derramando prantos, 
ninguém mata uma saudade! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Nossas almas em pedaços 
se uniram por desatinos, 
pois são também de fracassos 
Que se lapidam destinos! 
–João Batista X. Oliveira/SP– 

Uma Trova Potiguar  

A tímida luz da lua, 
que me inebria de encanto.. 
veio iluminar a rua, 
acalentando o meu pranto! 
–Eva Yanni Garcia/RN– 

Uma Trova Premiada  

1965   -  Bandeirantes/PR 
Tema   -  SOLIDÃO   -  3º Lugar 

A mais cruel solidão
é a do cego (sina triste),
vivendo na escuridão,
sabendo que a luz existe.
–Gilvan Carneiro da silva/RJ– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Morre Cristo, o palestino 
e, na vida transitória, 
a história do seu destino 
muda o destino da história.
–Hegel Pontes/MG– 

Uma  Poesia  

Não revelo meu segredo, 
se temo ventos ao léu... 
Relâmpago é luz que acende; 
se um trovão faz escarcéu, 
eu penso: é festa de arromba 
dos anjinhos, lá no céu! 
Vanda Fagundes Queiroz/PR– 

Soneto do Dia  

FIM DE JORNADA. 
–José Antonio Jacob/MG–

Enquanto minha pena versifica 
Versos de amor em minha caderneta 
Vejo passar o tempo na ampulheta, 
- Mas na ampulheta o tempo sempre fica!

Tanta saudade sua não se explica... 
Desenho um coração com a caneta 
E dentro dele um nome clarifica... 
Arranco a folha e a guardo na gaveta.

Finda a jornada vou ao bar ao lado, 
Para esquecer o amor da minha vida 
Tranquei lá no escritório o nome amado...

E, ainda, cansado dessa solidão, 
Eu peço uma caneta e uma bebida 
E escrevo o nome dela no balcão.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 746)



Uma Trova de Ademar  

O tempo, já quase em fuga, 
para aumentar meu desgosto, 
fez nascer mais uma ruga 
entre as rugas do meu rosto! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Um desejo singular 
me ocorre, claro e preciso: 
devararinho beijar 
ternamente o teu sorriso. 
–Jeanette De Cnop/PR– 

Uma Trova Potiguar  

Em sinal de advertência, 
pela a agressão à floresta... 
a flora pede clemência: 
- Preserve o que ainda resta! 
–Djalma Mota/RN– 

Uma Trova Premiada  

2011   -  ATRN-Natal/RN 
Tema   -  VERTENTE   -  10º Lugar 

Quando a tristeza malvada
mareja os olhos da gente,
forma-se, então, a enxurrada
que desce feito vertente...
–Antonio Colavite Filho/SP–

...E Suas Trovas Ficaram  

Chega a noite...aumenta o frio... 
e esta revolta em meu peito, 
se faz maior que o vazio, 
que tu deixaste em meu leito!... 
–Aloísio Alves da Costa/CE– 

Uma  Poesia  

Penso o céu como o esplendor 
do grande encontro fraterno, 
e a vida aqui como a trilha 
de retorno ao Lar Paterno, 
onde de braços abertos 
nos espera o Amor eterno. 
–A. A de Assis/PR– 

Soneto do Dia  

DESPEJADAS.
–Haroldo Lyra/CE–

Trocou su’alma santa e o mais sutil
traço de vida calma e intemerata,
pelo vesgo contágio da ribalta 
que lhe acena com brilho mercantil.

Na luxúria, no beijo que arrebata
das entranhas da carne o gozo vil,
paga o preço que a fama discutiu
nas premissas que o vero não retrata. 

E colhe entre os abraços repentinos,
os laivos dos amores clandestinos,
em cavilosas juras gotejadas,

que tão cedo lhe explodem em desenganos,
martírio desses tratos levianos:
o alto custo das ninfas despejadas. 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Uma Pequena Pausa

Amanhã estarei viajando para São Paulo para realizar um tratamento de saúde, e deverei me ausentar por alguns dias, até dia 12, onde será dificil o acesso a internet. Este período não haverá postagens, salvo consiga alguma lan house proxima de onde estarei.

Espero que compreendam, e enfatizo que podem continuar enviando seus textos para pavilhaoliterario@gmail.com, que ao retornar irei colocando-os no blog.

Obrigado
José Feldman

Francisco Pessoa (O que é que Ele falta fazer mais!)


A. A. De Assis (Revista Virtual de Trovas “Trovia” – n. 156 – Dezembro de 2012)





Neste Natal eu vou pôr 
minha boca na janela 
para você, por favor, 
deixar o seu beijo nela...
Antônio Roberto

Deus de amor, eu vos suplico:
dai-me a glória deste dom:
não de afirmar: "– Eu sou rico!",
mas de sentir: "– Eu sou bom!"
Aparício Fernandes

Como a gaivota perdida,
que o vento arrasta nos braços,
perdi o rumo da vida,
quando seguia os teus passos.
Hegel Pontes

Que alegria pode haver
no Natal, com maior brilho, 
que esperar amanhecer
no olhar em festa de um filho?
JG de Araújo Jorge

A Lua, que nos clareia,
é diferente de quem,
recebendo luz alheia,
não ilumina...ninguém!
João Freire Filho

Festejo tanto e bendigo
vitórias que os outros têm, 
que a vitória de um amigo
parece minha também!
Luiz Otávio

Se a visita é cansativa,
use o truque da vovó:      
diga que é hora votiva,
puxe a reza. É uma vez só...
Amilton Maciel – SP

Fugindo pela janela,
o “dom juan” quis “dar no pé”.
– Um fantasma!, gritou ela.
E o marido: – Agora é!
Angélica V. Santos – SP

Já perdi a compreensão:
vejam só quanta maldade!
Me curei do coração,
para morrer de saudade...
Ari Santos de Campos – SC

No verão ela anuncia
que o nudismo é a sensação
e o que só o marido via,
agora todos verão!
Arlindo Tadeu Hagen – MG

No trabalho a vida é dura...
minha grana é tão ausente,
que vendi a dentadura
pra comprar pasta de dente!
Clenir Neves – Austrália

Eu e o sapo temos tosca
maneira de encher o papo:
feliz, ele engole mosca
e, eu, à força, engulo sapo.
José Lucas de Barros – RJ

Na linguagem do sertão,
pra facilitar a rima,
helicóptero é “avião
com um papavento em cima”...
Osvaldo Reis – PR

São dois no espaço de um só,
de agarradinhos que estão…
E a moça, após o forró,
terá direito a pensão!
Therezinha Brisolla – SP

Vem vindo um tempo sem bombas,
sem tanques e sem canhões.
Falcões darão vez às pombas,
e os fuzis aos violões!
A. A. de Assis – PR

Numa hora como esta,
uma trova outra atropela:
são que nem moças na festa,
cada qual quer ser mais bela!
Adamo Pasquarelli – SP

Na minha dor pus de pé,
com esperanças sem fim,
a fortaleza da fé
que existe dentro de mim.
Ademar Macedo – RN

Não me negues teu retrato
que isso é tola precaução,
pois já o tenho de fato
gravado no coração!
Agostinho Rodrigues – RJ

Se temos paz, temos tudo,
pois ela nos satisfaz!
Conheço gente, contudo,
que tem "tudo", menos paz!
A. M. A. Sardenberg – RJ

Quem quiser ser um artista
tem que seguir as canções,
passar a vida na pista
para abalar corações.
Antonio Cabral Filho – RJ

Evita os tortos caminhos,
que o céu não vem por milagre;
o tempo apura os bons vinhos,
e, os maus, transforma em vinagre.
Antonio Juraci Siqueira – PA

Sem notar que a vida passa,
esta emoção me extasia:
Meus netos correm na praça
onde, em criança, eu corria!
Carolina Ramos – SP

A vida me revigora
lembranças que tanto amei.
E dos sonhos junto agora
os retalhos que guardei!
Conceição Abritta – MG 

Rasguei carta, telegrama,
fotos, bilhetes de amor,
mas ao deitar nesta cama
rasga-me o peito esta dor!
Conceição de Assis – MG

Esquece do amor o canto,
não vivas nesta ilusão;
com isso afastas o pranto,
libertas teu coração!
Cyroba Ritzman – PR

Ao teu cais, meu barco atado,
por um nó frouxo demais,
vai sendo, aos poucos, levado
para os braços de outro cais...
Darly O. Barros – SP

Eu vejo Deus na magia
dos versos simples que teço,
Deus é rima, amor, poesia,
é  fim,  é meio,  é começo!
Delcy Canalles – SC

Não há palavra nenhuma
tão grande quanto “saudade”,
que em sete letras resuma
a dor e a felicidade!
Diamantino Ferreira – RJ

Pego o barco, empunho o remo,
e, entre as mil pedras do rio,
da vida ao limite extremo
eu me entrego ao desafio.
Dorothy J. Moretti – SP

A um solitário que afronta
os ermos do coração,
a multidão amedronta
muito mais que a solidão...
Edmar Japiassú Maia – RJ

Desse bilhete velhinho
o passado não se apaga;
onde falta um pedacinho,
a saudade cobre a vaga...
Élen de Novaes Félix – RJ

Saudade é uma dor pousada
nos ombros da solidão:
felicidade passada,
vedada a repetição.
Eliana Jimenez – SC

Desta emoção incontida
não faço nenhum alarde...
E culpo demais a vida,
por te encontrar muito tarde.
Ercy Marques de Faria – SP

Velho mosteiro em ruínas,
longe das ondas do mar,
ondas que beijam cantinas
a ti não querem beijar.
Evandro Sarmento – RJ

Desperto e fico tristonho,
é triste o meu despertar,
ver acabado o meu sonho
antes do sonho acabar!
Francisco Garcia – RN

Os meus amigos são tantos
de uma bondade sem fim,
que não preciso ter prantos
pois eles choram por mim!
Francisco Pessoa – CE

Velho – carrego esperanças,
adubando a vida em flor:
quem não cultiva as lembranças
mata as raízes do amor.
Gabriel Bicalho – MG

De São Francisco a pobreza,
tão pobre como ninguém...
Mas quem me dera a riqueza
de ser pobre assim também!
Gasparini Filho – SP

Meus lábios apaixonados 
bebem o orvalho dos teus,
desses teus lábios molhados
que sonham com os lábios meus!
Gislaine Canales – SC

A esperança é uma resposta
com malícia de mulher:
– Sabendo o que a gente gosta,
promete o que a gente quer…
Izo Goldman – SP 

Menos triste, mais cantante...
seria o mundo sem dor,
se ouvisse o som cativante
da doce palavra Amor!
JB Xavier – SP

Nossas almas tão unidas
num mistério sedutor;
parece que de outras vidas
já nutriam grande amor!
João Batista X. Oliveira – SP

Transformou nosso destino
uma pequena criança,
pois junto a Jesus menino
nasceu no mundo a esperança!
Jeanette De Cnop – PR

Um gosto de fim de festa,
tristeza, desilusão.
É tudo enfim que nos resta
depois que os sonhos se vão...
João Costa – RJ

Tanta gente em si perdida,
entre sombras se escondendo.
Cada dia é outra vida
que em disfarces vai morrendo...
José Feldman – PR

É num desabafo mudo
que muita gente se trai,
deixando o olhar dizer tudo
que com palavras não sai!
José Ouverney – SP

De antemão lá vai o aviso:
flor é amor maior, carinho,
paz e tudo que preciso...
Bem melhor ser flor que espinho!
Laérson Quaresma – SP

Eu tenho perseverança
e à tristeza me anteponho:
garimpeiro da esperança,
sempre vivi do meu sonho.
Luiz Carlos Abritta – MG

Pra ser feliz nesta vida
não é preciso inventar.
Basta um prato de comida,
um grande amor e... sonhar!
Maria Lúcia Fernandes-RJ

Quem planta em terras fecundas
colhe bons frutos – e mais:
cria raízes profundas
à prova de vendavais.
Mª Madalena Ferreira – RJ

Nunca temerei fracassos,
chegarei mesmo sozinho.
Quem segue do pai os passos
sabe as curvas do caminho...
Manoel Cavalcante – RN

Janela do meu encanto,
de alcance manso e profundo...
À noite, levas meu pranto;
de manhã, trazes meu mundo!
Mara Melinni – RN

Se caem do céu as águas
com tanta beleza e encanto,
por que desencanto e mágoas
há nas águas do meu pranto?
Mª Conceição Fagundes – PR

Para encantar a velhice,
ser tranquilo, sonhador,
há que desde a meninice
plantar sementes de amor.
Marina Valente – SP

Garoto, olhando pro céu,
vê chuva e sonha enxurrada;
faz barquinho de papel,
com bilhete à “namorada”.
Mário Zamataro – PR

Ouço os ecos do meu pranto
desde o dia em que partiste;
hoje vivo em desencanto,
num viver... amargo e triste!
Maurício Friedrich – PR 

Digo que a insônia é bendita
quando traz a inspiração
para a poesia infinita
dormir em meu coração.
Marcos Medeiros – RN

Quando é longa e dura a estrada,
nós sempre aprendemos tanto,
que as conquistas, na chegada,
têm sempre o dobro do encanto.
Olga Agulhon – PR

Na estação do meu anseio,
nos perdemos de nós dois...
– Não foi o trem que não veio,
fui eu que cheguei depois!...
Pedro Mello – SP

No seco botão de rosa,
que me deste em tenra idade,
vejo a ponte afetuosa
que me conduz à saudade.
Renato Alves – RJ

Eu comprei uma ampulheta
pra entender o tempo assim.
Mas só vi a silhueta
de um vai e volta sem fim.
Renato Leite Goetten – PR

Sou rio, minha querida,
correndo para o seu mar
para adoçar sua vida
sem pena de me salgar.
Roberto Acruche – RJ

Qual a brisa, calmamente,
ou ligeira ventania,
passa o tempo – "indiferente",
dia e noite... noite e dia...
Ruth Farah – RJ

No refúgio desmanchamos,
quando ficamos a sós,
esses nós que carregamos
no fundo de todos nós!
Selma Patti Spinelli – SP

Destemido e dedicado,
companhia cativante.
Com meu pai sempre ao meu lado,
sou forte como um gigante!
Vânia Ennes – PR

No livro, em que foi guardada
para lembrar nosso amor, 
morre a flor, desidratada,
pois “pranto” não rega a flor
Wandira Fagundes Queiroz – PR
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Visite:
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http//www.falandodetrova.com.br/   
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Nathan de Castro (Para Brincar de Sombras)


Ialmar Pio Schneider (Efemérides Poética: Novembro)



Nota: Na formatação da imagem onde está Eça de Queiro, leia Queiróz - 
perdoe a falha, 
José Feldman

SONETO A GONÇALVES DIAS 

Falecimento do poeta em 3.11.1864- In Memoriam -

Poeta das palmeiras e também 
dos indígenas, com força genial, 
cantou grandes amores que ninguém 
houvera feito assim sentimental... 

Lendo seus versos a saudade vem 
me visitar de modo especial, 
da minha terra que palmeiras tem 
onde o sabiá modula sem igual. 

Gonçalves Dias, vate da natura, 
és um astro que em nosso céu fulgura, 
com tuas mais românticas poesias... 

Soubeste transmitir a inspiração 
que as Musas te trouxeram na soidão 
do mundo ideal das alegorias !

SONETO A CARLOS MAGALHÃES DE AZEREDO 

- Falecimento do poeta em 4.11.1963 aos 91 anos. - In Memoriam -. 

Quando leio sonetos dos poetas, 
velhos românticos de antigamente, 
sinto quão suas musas são diletas 
nos versos que escreveram docemente... 

Poesias inspiradas e discretas, 
mas também outras, de romance ardente, 
que tudo dizem, atingindo as metas 
que se propunham, na paixão ingente. 

Leio Carlos Magalhães de Azeredo, 
o seu ´´Verão e Outono´´, em que demoro, 
curtindo um verso no final do enredo 

em que ele escreve: ´´Doce e amargo encanto ! 
São tuas próprias lágrimas que choro !´´ 
E aprendo, então, como é tão forte o pranto...

A RUI BARBOSA 

Nascimento do escritor Rui Barbosa em 5.11.1849 – In Memoriam -

Rui Barbosa 
Literato 
Foi de fato 
Rei da Prosa. 

Escritor 
Mui correto 
Tão dileto 
Prosador. 

Assombrou 
C´o saber 
Tão profundo... 

Pois honrou 
Seu dever 
Neste mundo.

SONETO ALEXANDRINO A AMADEU AMARAL 

Nascimento do poeta Amadeu Amaral em 6.11.1875 – In Memoriam -

“Rios”, “Sonhos de Amor”, e “A um Adolescente”, 
são sonetos de escol que leio comovido, 
porque me fazem bem neste dia envolvente 
pela nublada luz do céu escurecido... 

E fico a meditar, trazendo para a mente, 
os poemas “A Estátua e a Rosa”, em sublime sentido; 
“Prece da Tarde”, quando exsurge a voz do crente 
como um sopro de amor no caminho escolhido... 

Estou perante o mestre Amadeu Amaral, 
cujos versos serão sempre muito admirados, 
como régio cultor da nobre poesia... 

Além do mais, ficou sendo vate Imortal, 
pois eleito ele foi por membros consagrados 
de nossa Brasileira Excelsa Academia !

SONETO A FÉLIX ARVERS 

Falecimento do poeta francês Félix Arvers em 7.11.1850 –  In Memoriam -

Quem num soneto soube engendrar um mistério, 
para cantar o amor resguardado em segredo, 
que o fizesse sofrer um tormento tão sério, 
sem conseguir lhe dar um venturoso enredo?! 

Romântico poeta, empunhando o saltério 
da inspiração febril de timidez e medo, 
passou por este Mundo, adotando o critério 
de não se declarar porque seria alpedo... 

Pois aquela que amava, ao dever sempre presa, 
prosseguia ao seu lado, ostentando a beleza 
que Deus lhe deu e vai cumprindo seu mister... 

porque vivendo com tamanha seriedade, 
há de permanecer por toda Eternidade, 
na poesia qual a misteriosa mulher !

SONETO PARA CECÍLIA MEIRELES 

Nascimento da poeta em 7.11.1901 – In Memoriam -

Procuro viajar nestes poemas 
que me emocionam tanto e permaneço 
conhecendo em mais variados temas, 
a vida alegre ou triste em que padeço... 

Procurei fazer versos, de tropeço 
em tropeço, p´ra resolver problemas 
que enfrentei no viver, desde o começo, 
quando me apareciam os dilemas. 

Um dia encontrei doce poesia 
melancólica, plena de ternura, 
mas também sempre límpida e correta. 

São horas de tristeza e nostalgia 
que me suscitam a feliz candura, 
de Cecília Meireles, a poeta !

SONETO A ARTHUR RIMBAUD 

Falecimento do poeta francês em 10.11.1891 – In Memoriam -

Jovem poeta que parou bem cedo 
de fazer versos plenos de emoção... 
Soneto de “Vogais” em cujo enredo 
cada uma tem a significação. 

Sua obra não foi simples arremedo 
de alguém que pensa apenas na ilusão; 
não se sabe do enigma nem do medo 
de a poesia dar continuação... 

O certo é que depois, quando indagado 
se era parente de Rimbaud, dizia: 
“Eu nunca ouvi falar !” E assim calado 

continuou pelo resta da vida, só, 
com sua nova e vã filosofia 
em que se sabe que seremos pó !

SONETO A AUGUSTO DOS ANJOS 

Falecimento do poeta em 12.11.1914 – In Memoriam -

Leio seus versos de poeta ousado, 
e me comovo com a verve forte, 
que se deprime qual um condenado, 
a cada instante lamentando a sorte. 

Mas foi um grande, embora desgraçado, 
sem ter um lenitivo que o conforte, 
em cada verso um passo encaminhado 
rumo ao destino que o esperava: a morte ! 

E sendo um vândalo destruidor, 
andou por ´´templos claros e risonhos´´, 
como num pesadelo com pavor... 

Então, num ímpeto de iconoclastas, 
´´quebrou a imagem dos seus próprios sonhos´´, 
´´erguendo os gládios e brandindo as hastas´´!

SONETO A JOSÉ SARAMAGO 

Nascimento do escritor em 16.11.1922 – In Memoriam -

Nobre escritor, poeta e romancista, 
em cujas páginas busquei seguir 
seu ideal de enfático humanista, 
pelo qual labutava a refletir. 

Com o Chico Buarque, na entrevista 
que dava ao Jô Soares, fez sentir 
a sua indignação de socialista, 
ao perguntar: Por quê? Ao assistir 

aos acampados da Reforma Agrária, 
que sob à lona preta sem conforto, 
sonhavam com um pedaço deste chão 

pra formar uma gleba societária. 
E assim, permanecendo mais absorto, 
era o retrato da desilusão !

SONETO A CRUZ E SOUSA 

Nascimento do poeta em 24.11.1861 – In Memoriam -

Poeta das Visões e dos Mistérios, 
Evocando outros mundos de Quimera 
Onde devem viver seres etéreos 
Que por aqui passaram n´outra Era... 

São espíritos cuja Vida austera 
Atravessaram cá momentos sérios, 
Sem conhecer a eterna Primavera, 
Hoje ouvindo dos Anjos os saltérios... 

São as almas que o Vate Cruz e Sousa 
Evocava em seus versos: “ais perdidos 
Das primitivas legiões humanas?!” 

Lembramos que sua alma ora repousa 
Por Mundos para nós desconhecidos, 
Mas plenos de canções... louvor... hosanas...

APÓS LER CRIME DO PADRE AMARO DE EÇA DE QUEIROZ 

Nascimento do escritor em 25.11.1845 – In Memoriam -

Uma história de amor que nos surpreende, 
libélulo ao celibato imposto, 
lança no espírito feroz desgosto 
que por maior esforço não se entende. 

São os mistérios que jamais se aprende: 
uma existência trágica ao sol-posto 
penetra o cérebro e no próprio rosto 
dá contrações de nervos e se estende. 

O mundo estupefato ao Padre Amaro 
lançará seu desprezo inconformado, 
pois mesmo que procure achar amparo 

na vã filosofia de um idílio, 
surgirão tão fatal como o pecado 
a pobre Amélia morta e morto o filho...

SONETO  A GREGÓRIO DE MATOS

Falecimento do poeta em 26-11-1696 – In Memoriam -

Gregório de Matos – Boca do Inferno, 
assim o apelidou o poviléu, 
apesar de às vezes ser mui terno 
e descantar também bênçãos do céu... 

Na Bahia causavam escarcéu, 
suas notas satíricas e hodierno, 
se despertou talvez algum labéu, 
há de ficar seu estro sempiterno... 

Vejo que a data do seu nascimento, 
será sete de abril?! ou vinte e três, 
ou vinte de dezembro?! Não é certa... 

Mas sei que foi poeta de talento, 
e tudo o que escreveu, e disse, e fez, 
mostra a coragem de sua alma aberta…

Fontes:
Colaboração do poeta
Imagem = montagem por J. Feldman

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 745)



Uma Trova de Ademar  

Esses meus versos doridos 
que estão bem perto do fim, 
são retratos coloridos 
que eu mesmo tirei de mim... 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Com altivez, disse um dia:
- “Ir procurar-te? Jamais!”
Mas a saudade vadia
não respeita o “nunca mais”...
–Domitilla Borges Beltrame/SP– 

Uma Trova Potiguar  

Se Deus do céu me inspirasse, 
eu faria, como prova; 
uma trova que ganhasse 
qualquer concurso de trova. 
–Zé de Sousa/RN– 

Uma Trova Premiada  

2008 - Porto Alegre/RJ 
Tema - ESCOLHA - 3º Lugar 

A vida é feita de escolhas:
os acertos, festejamos...
O duro é virar as folhas
nas tantas vezes que erramos...
–Milton Souza/RS– 

...E Suas Trovas Ficaram  

A todo mundo insinuas
que não mando no que é teu,
mas tenho saudades tuas
e o dono delas sou eu. 
–Colbert Rangel Coelho/MG– 

U m a P o e s i a  

Enxerga a vida melhor 
quem ama todos iguais; 
Pois os pecados do amor, 
têm sentenças veniais, 
quem peca amando quem ama 
tem perdão entre os mortais! 
–Prof. Garcia/RN– 

Soneto do Dia  

CONTINUIDADE. 
–Giuseppe Artidoro Ghiaroni/RJ– 

Existe um cão que ladra quando eu passo,
como se visse um bêbedo, um mendigo.
E no entanto, esse cão foi meu amigo,
como tantos amigos que ainda faço.

À noite, com que alegre estardalhaço
vinha encontrar-me no portão antigo;
enquanto a dona vinha ter comigo
e, sorrindo, apoiava-se ao meu braço.

Hoje ele faz a outro a mesma festa
e ela o mesmo carinho, tão honesta
como se nem notasse a transição.

Eu rio dessa triste brincadeira,
mas quando uma mulher é traiçoeira,
não se pode confiar nem no seu cão!

Teatro de Ontem e de Hoje (As Mãos de Eurídice)


Monólogo de Pedro Bloch, estréia com Rodolfo Mayer no papel do homem que retorna à sua antiga casa, depois de perder o dinheiro e a amante. O imenso sucesso de bilheteria deve-se ao fato de a montagem aproximar o ator da platéia, tornando-a confidente de seu drama.

Na divulgação do espetáculo, anuncia-se que "Rodolfo Mayer representará sozinho, a mais curiosa e original das peças, descendo para a platéia e fazendo-a participar do espetáculo!" 

A ação se passa na casa onde o protagonista deixa mulher e filhos para viver uma aventura. Ao retornar, sete anos depois, pobre e abandonado pela amante, encontra a casa vazia. Vasculhando gavetas, vai descobrindo o que se passou na sua ausência. O título se refere às mãos da amante, Eurídice, hábeis na banca do cassino onde Gumercindo Tavares perde sua fortuna. Depois do sucesso no Brasil, Rodolfo Mayer se apresenta em Lisboa, onde o público se mostra igualmente compungido com a personagem, como mostra o trecho da crítica assinada por F.F.:

"Um homem regressa a casa sete anos depois de a haver abandonado. É um farrapo. Perdeu as ilusões, a fortuna, a alegria de viver. O seu cérebro doente é como uma imensa tela onde se projetam e sobrepõem imagens aparentemente desconexas dos dias longínquos: o rosto e as mãos da mulher amada; o pano verde da roleta; a confusão do lar distante. Ele está doente, tem os nervos abalados, à porta da loucura. Regressa a casa e a encontra vazia e procura, interrogando as paredes, vasculhando nas gavetas, saber o que se passou - encher o vazio do largo parêntesis da sua ausência. Pouco e pouco, como quem junta as pedras do 'puzzle' da própria existência, a realidade define-se. E o final acorda nele o arrependimento da vida que não viveu, num desespero patético de recuperar o tempo para sempre perdido".1

Tanto a crítica portuguesa quanto a brasileira elogiam, em Rodolfo Mayer, a máscara expressiva, a interpretação cuidada, a força dramática e a intensa comunicação com o público. Sua representação dá ao espectador a impressão de um real desnudamento psicológico, com verdade e, para espanto da platéia, com lágrimas autênticas e visíveis.

Apresentada, entre 1950 e 1970, 30 mil vezes em dezenas de encenações de 45 países, o sucesso da peça mostra, segundo o crítico Sábato Magaldi, "que o mau gosto e a subliteratura não são privilégio brasileiro, argentino ou mexicano, mas se repartem um pouco por todos os continentes".2 Em artigo para o Jornal da Tarde, por ocasião da remontagem realizada em São Paulo em 1970, Magaldi descreve a peça:

"Acontece que, perdida a fortuna no jogo e nos presentes, Gumercindo pediu à Eurídice que empenhasse ou emprestasse uma das jóias que lhe havia dado, para sair da difícil situação, e ela replicou: "Não me separarei destas jóias nunca! São as únicas recordações de um amor que já findou". Aí Gumercindo deu-lhe dois tiros e voltou da Argentina, dizendo: "Para salvar os filhos é preciso acabar com todas as Eurídices do mundo".

"(...) como Gumercindo e o público precisam ser informados do que se passou, Pedro Bloch deixa na casa abandonada uma gaveta providencial, que contém toda a história da família. (...) A ordem dos papéis é perfeita: primeiro um boletim com as notas do filho Ricardinho, depois receita de estreptomicina, a seguir conta do sanatório e por último telegramas de pêsames. Gumercindo se desvaira. Há também uma carta do Dr. Frederico, apaixonado pela mulher, atestando a fidelidade dela durante todos esses anos: "Só eu sei da pureza que você possui, do que você tem sofrido, da sua dedicação, do seu grande amor por Gumercindo". E Gumercindo, que subtraiu as jóias das mãos da Eurídice assassinada, pode dizer, no final, para a esposa ausente: "Eu quero cobrir as suas mãos de jóias. Eu quero as suas mãos, Dulce. Dulce! Eu voltei, Dulce! Eu voltei!"

"Provavelmente o sucesso da peça está em que Pedro Bloch atingiu a quintessência do lugar-comum e do melodrama. E encontrou atores, como Rodolfo Mayer, que levam às últimas conseqüências o estilo do monólogo, impressionando a platéia pela sinceridade e pela técnica interpretativa, aliás bastante envelhecida".3

Notas 
1. F.F. 'As Mãos de Eurídice'. A Notícia, Lisboa, s.d.
2. MAGALDI, Sábato. 'As Mãos de Eurídice'. Jornal da Tarde, São Paulo, 1970.
3. MAGALDI, Sábato. Op. Cit.

Fonte:

Olivaldo Junior (O Nascer do Girassol)


Quando Ele fez o mundo, também fez o girassol. Girassol, no começo de tudo, era a flor como a conhecemos hoje. Mas nunca se voltava para cima. Ele tinha medo! O Sol (assim mesmo, em letra maiúscula) era o que dava medo no pobre e cabisbaixo girassol, que nunca (nunca!) olhava para o céu.

Até que um dia, como se isso fosse muito importante, pousou um pássaro no arbusto ao lado de onde estava o primeiro girassol que foi criado. A beleza daquele pássaro atiçou a curiosidade da flor, que, encabulada, contemplava apenas de banda o que aquela ave tinha de belo. Era o pássaro dela.

Passou um vento, e, com ele, um bando de outras aves, iguais àquela que havia pousado tão perto daquela flor. A esperança de amizade estava prestes a partir. O girassol, num gesto tênue, pouco a pouco se virou para ver aonde iria seu amigo passarinho. Foi quando viu o Sol. Grande, quente, imponente e gritante Sol! Não se lembrou do pássaro. Encantou-se pela luz solar, sem poder deixar de olhá-la, nem um minuto a menos sequer. Nascia, enfim, o girassol.

Fonte:
O Autor

Jornais e Revistas do Brasil (Correio da Bahia)


Período disponível: 1872 a 1877 
Local: Salvador, BA 

As últimas décadas do século XIX no Brasil foram um período de intenso debate político em torno de questões ligadas ao abolicionismo, republicanismo, centralismo monárquico e federalismo. Esses debates ocorriam, sobretudo, na imprensa, e a proliferação de jornais, muitos dos quais de existência efêmera exemplifica um pouco esse quadro. A imprensa baiana não fugia à regra, de modo que as cisões partidárias em torno dessas questões também se refletiam nos seus principais jornais.

 Representante do pensamento conservador dissidente na província, O Correio da Bahia foi fundado em 1871, tendo como redatores Inocêncio Marques de Araújo Góes Júnior e Eunapio Deiró. De 1872 a 1876, a direção coube a Aristides A. Milton e Artur Rios, além do mesmo Innocêncio. A partir de 1876 a direção ficou a cargo de Manoel Luiz de Azevedo. De publicação diária, o jornal pertencia à Associação Tipográfica da Bahia, que havia sido fundada em 20 de outubro de 1870. Seu administrador até 1873 era Guilermino Alvares da Costa Dorea, sucedido por Augusto de Oliveira Mendes até o último número.

 Em suas páginas publicavam-se informes oficiais sobre os atos dos ministérios do Império brasileiro e da Presidência da província. A parte comercial informava as cotações oficiais de moedas estrangeiras e os rendimentos alfandegários. Havia também anúncios de serviços e produtos variados, desde meias para senhoras até brinquedos para meninos, ou serviços de dentista, advogados e até modistas e costureiras. Outra seção informava os horários dos trens da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco e da Companhia Bahiana de Navegação a Vapor.

 Publicado em edições de quatro páginas, a assinatura anual custava 12$000, a mensal 1$000 e a avulsa 80 rs. A Biblioteca Nacional possui 529 edições digitalizadas e disponíveis neste site.

Fonte:
http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/correio-da-bahia