quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Caldeirão Poético LXVI


Benjamim Silva
Cachoeiro de Itapemirim/ES, 1886 – 1954, Rio de Janeiro/RJ

ESCADA DA VIDA

Julguei da vida haver galgado a escada,
essa escada de mármore polido,
que nos conduz à estância desejada
de um grande bem, raríssimo atingido.

Hoje vejo, porém, que quase nada
consegui, afinal, haver subido:
— ficou-me longe o termo da jornada
em que eu, exausto, me quedei vencido.

Pelos desvãos da escada mal me erguendo,
já sem noção e sem a fé que anima,
nem sei se vou subindo ou vou descendo...

Por isso, os seus extremos jamais acho:
vejo degraus olhando para cima,
vejo degraus olhando para baixo.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Carmen Cinira
Rio de Janeiro/RJ, 1902 – 1933

SER MULHER

Ser mulher não é ter nas formas de escultura,
no traço do perfil, no corpo fascinante,
a beleza que, um dia, o tempo transfigura
e um olhar deslumbrado atrai a cada instante.

Ser mulher não é só ter a graça empolgante,
o feitiço absorvente, a lascívia e a ternura;
ser mulher não é ter na carne provocante
a volúpia infernal que arrasta e desfigura...

Ser mulher é ter na alma essa imortal beleza
de quem sabe pensar com toda a sutileza
e no próprio ideal rara virtude alcança...

É ter, simples e pura, os sentimentos francos,
E, ainda no fulgor dos seus cabelos brancos,
sonhar como mulher, sentir como criança!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Celso Vieira
Recife/PE, 1878 – 1954

MENDIGOS

Quantas vezes trilhamos, desgraçados,
da vida humana os ásperos caminhos:
vós, em busca de esmolas, fatigados,
eu, fatigado, em busca de carinhos!

Aos que tiveram sedas e brocados,
invejais a riqueza, ó, pobrezinhos!
E eu mais invejo ainda os namorados,
— aves que dormem no frouxel dos ninhos.

Como — de porta em porta —  sem abrigo,
Noite e dia seguis, aflito eu sigo,
de coração em coração, assim...

E assim, lastimo as esperanças mortas,
Pois, como para vós, fecham-se as portas,
Os corações se fecham para mim!
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Ciro Vieira da Cunha 
(pseudônimo João da Ilha)
São Paulo, 1897 – 1976, Rio de Janeiro

CARNAVAL DE UM PIERRÔ

Carnaval! Carnaval! A turba louca
passa gritando pela rua em fora...
Nos "bars" e cabarés champanhe espoca
e a gente bebe até que venha a aurora...

Canta na rua um ébrio de voz rouca
versos canalhas que a ralé adora...
É quase madrugada... Em minha boca
amarga o sonho que meu peito chora...

Espero Colombina, alva de cal,
de olheiras de carvão e de olhos baços
que vem trazer-me ao quarto o Carnaval...

O doce Carnaval do meu desejo:
— As brancas serpentinas de seus braços
e o confete vermelho de seu beijo...
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Cláudio de Cápua
São Paulo/SP, 1945 – 2021, Santos/SP

MOCIDADE

Lindo tempo o do sonho e da vontade!
Sem palavra, sequer, que bem o exprima,
o pensamento a erguer-se bem acima
da montanha da vida em claridade!

Tempo feliz da nossa mocidade
que a luz do amor e da ilusão sublima,
quando tudo nos prende e nos anima
ao fio e à teia da felicidade!

Não há quem não conheça, e, conhecendo,
não dê tudo de si para que nunca
deste tempo de paz vá se esquecendo.

Mágoas? Feliz de quem puder vencê-las,
e ver que a mão de alguém seus passos junca
de pérolas, de rosas e de estrelas!

Fonte:
Vasco de Castro Lima. O mundo maravilhoso do soneto. 1987.

Júlia Lopes de Almeida (Arte culinária)

Para saber comer, é preciso não ter fome. Quem tem fome não saboreia, engole. Ora, desde que o enfarruscador ofício de temperar panelas se enfeitou com o nome de arte culinária, temos uma certa obrigação de cortesia para com ele. E concordemos que é uma arte pródiga e fértil. Cada dia surge um pratinho novo com mil composições extravagantes, que espantam as menagères (
donas de casa) pobres e deleitam os cozinheiros da raça! Dão-se nomes literários, designações delicadas, procuradas com esforço, para condizer com a raridade do acepipe. Os temperos banais, das velhas cozinhas burguesas, vão-se perdendo na sombra dos tempos. Falar em alhos, salsa, vinagre, cebola verde, hortelã ou coentro, arrepia a cabeluda epiderme dos mestres dos fogões atuais. Agora em todas as despensas devem brilhar rótulos estrangeiros de conservas assassinas, e alcaparras, trutas, manteiga dinamarquesa (o toucinho passou a ser ignominioso), vinho Madeira para adubo do filet, enfim tudo o que houver de mais apurado, cheiroso e... Caro!

As exigências crescem, ameaçam-nos e, sem paradoxo, somos comidos pelo que comemos. Isto vem à propósito de uma exposição de arte culinária que se fez, há pouco tempo, em Paris. Imaginem como aquilo deve ser encantador e apetitoso!

Quem já viu as vitrines das charcuteries (
delicatessens), das crémeries, das confeitarias, etc., e que sabe com quanto mimo e elegância são expostos os queijos, os paios e os pastéis, entre buquês de lilases e fofos caixões de papéis de seda bem combinados, crespos e leves como plumas, imagina que de novidades graciosas se juntarão no Palácio da Indústria.

Naturalmente, cada expositor é um arquiteto e um artista na combinação das cores. Fazem-se castelos de biscoitos, torres engenhosas de chocolate, de creme, de morangos, onde tremulem, em cristalizações policromas, as gelatinas de frutas ou de aves, refletindo luzes entre lacinhos de fita e flores frescas, porque o francês tem a preocupação gentilíssima de deleitar sempre os olhos alheios.

Abençoada mania!

O que eu invejo não são as trutas, nem os champignons, nem o seu foiegras, porque tudo isso temos nós aqui e mais muitas coisas que eles lá desconhecem. O que eu invejo é aquela facilidade, aquela graça das exposições que se sucedem e se multiplicam e que não podem deixar de ser úteis, porque abrem a curiosidade e ensinam muito.

A cozinha francesa tem-se intrometido em toda a parte.

A Inglaterra opõe-lhe forte resistência com as suas batatas cozidas e presunto cru; mas a nossa, por exemplo, está muito modificada por ela. Entretanto, temos pratos característicos, só nossos e que eu teimo em achar gostosos.

Infelizmente falta-lhes o chique, o lado onde se possa atar a tal fitinha ou colocar o buquê de violetas do inverno ou do muco da primavera. O feijão preto com o respectivo e lutuoso acompanhamento não se presta por certo para a coquetterie de um adorno mimoso, mas nem por isso deixa de ser da primeira linha. Depois temos os pratos baianos, o afamado vatapá e outros, quentes e lúbricos, e o churrasco do Rio Grande, e o cuscuz de S. Paulo, e tantos que eu ignoro e que descobrem, demonstram, por assim dizer, as tendências, o temperamento do povo.

Um país como o Brasil tão vasto e variado não teria proporções mais curiosas para realizar uma exposição neste gênero? Só de frutas, que, tratando-se da mesa, tem todo o lugar, e de doces... Imaginem: faríamos um figurão! Geralmente caluniam-se as frutas brasileiras e parece-me tempo de lhes irmos dando a merecida importância. Não há nenhum brasileiro que conheça todas as frutas do seu país. O europeu desdenha-nos nesse sentido; esquece-se de que em muitos lugares do Paraná, Minas e Rio Grande, desenvolvem-se peras magníficas, damascos, cerejas, nozes, etc. E as frutas e as hortaliças indígenas? Inumeráveis! O que falta à nossa gourmandise (gula) é poder agrupá-las, poder escolher, na mesma terra, estas ou aquelas, e isso só se poderá fazer se houver aqui, algum dia, como agora em Paris, quem dê importância à mesa, e procure, por meio de exposições, facilitar esse ramo de comércio, educar o povo, e dar-lhe um elemento novo de prazer e de saúde.

A exposição parisiense tem ainda um fito, e é a sua principal recomendação e a mais elevada, — é o de ensinar, por meio do exemplo, a cozinhar bem. Um dos seus cantos é ocupado por M. Charles Driessens, que segundo leio, luta há dez anos com desesperada energia para fazer entrar o ensino da cozinha no programa do Estado. Este tal M. Driessens tem várias escolas de cozinha, e ali trabalham umas cinquenta discípulas, mostrando a toda a gente como se deve fazer um creme, estender uma massa, temperar uma salada, grelhar um bife ou enfeitar uns pezinhos de carneiro com papelotes e rosetas.

As senhoras não nasceram para falar em camarões, carne ou palmito, em público; mas, senhores românticos, lembrai-vos de que nem sempre nos bastam o brilho das estrelas nem o murmulho das ondas para conversar com as amigas!

Fonte:
Júlia Lopes de Almeida. Livro das Donas e Donzelas. Belém/PA: UNAMED. Publicada originalmente em 1906.
Disponível em Domínio Público.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Edy Soares (Manuscritos (Di)versos) – 33: Nostalgia


 

Carolina Ramos (Meus Gatos) parte 2

E ao voltar da música, para focar os felinos, faço-o de forma gradativa. - Lembro-me do "Diálogo dos gatos", aquela interessante peça de Rossini, deliciosamente cantada com humor por diferentes duplas e corais. Música que ameniza a saudade dos meus bichaninhos. Música que ainda gosto de ouvir, sempre que, de longe em longe, retorna num vídeo enviado por algum amigo internauta e que me faz lembrar aqueles diálogos noturnos dos gatos malandros de dorso arqueado, que, empoleirados nos muros, quebram o aconchego da vizinhança, a intercalar agressividade e sedução, à serenidade das noites, com aquelas exacerbações repentinas que, por vezes, chegam a  estremecer os que as ouvem sob as cobertas.

Quantos gatinhos passaram por mim, deixando saudades, tais como aquele mimado gatão preto que, por conta de um acidente, tivera as patas traseiras inutilizadas e mal se podia mover, sendo alimentado com muito carinho, sempre a me receber com miados carinhosos, modulados pela gratidão.

Como terá ele chegado a mim? Não sei. Lembro-me apenas do dia em que o apresentei a outro gato, talvez como ele aparecido à minha porta, quando, com desagradável surpresa, recebi um violento e sonoro "chega pra lá"!

- Enciumada, aquela miniatura de pantera conseguira forças para mostrar o poder de suas garras - o que me fez recuar de um salto!

Entendi logo não ser nada fácil lidar com ciúmes, em qualquer caso! Menos ainda, com ciúmes felinos, municiados de garras ligeiras bastante afiadas!

Com o mesmo problema de atropelamento, adotei uma gatinha meiga, de pelo rajado. Tratada com muito carinho, chegou a recuperar-se, levando vida normal.

Não me recordo de lhe ter dado um nome, porém, lembro-me bem do alerta de um veterinário, que, após detalhado exame, prevenira que aquela gatinha jamais poderia enfrentar uma gravidez - o que, por azar, inevitavelmente, acabou por acontecer.

Naquele tempo, não se falava em castração, coisa corriqueira em nossos dias, embora ainda me custe aceitar a ideia. No caso da tal gatinha, entretanto, teria sido a sua salvação.

Chegada a hora crítica, o mesmo veterinário, amigo de meu pai, chamado às pressas, solicitou minha ajuda para conter aquela "mãezinha" atormentada, que se mostrava demasiado agressiva, em virtude das dores que enfrentava. Eu teria cerca de dezesseis anos, ou pouco mais, e, apesar dos cuidados, não escapei de levar dolorosa mordida numa das mãos. Porém, o mais triste foi saber que a pobre gatinha, depois de sofrer tanto, teria que ser sacrificada. Não havia outra qualquer solução!

Abandonei o campo de ação e chorei pranto sentido, não pela dor da mordida, mas por saber da inutilidade do sofrimento daquela infeliz mãezinha sem esperanças.

Minha emoção impressionou o jovem veterinário, que chegou a afirmar não ter conhecido ninguém com tanto sentimento a ponto de derramar sentidas lágrimas, ante a impossibilidade de salvar um pobre animalzinho condenado.

Bem mais tarde, minha mãe revelaria as pretensões matrimoniais daquele rapaz, que, emocionado pelas circunstâncias, pensara ter encontrado par ideai, sendo descartado por um pai zeloso, sem que a ingenuidade de quem fora pivô da história, sequer sonhasse com o que acontecia nos bastidores.

- Mais dois gatos merecem citação: - Tuca - andar macio, alvinegra, focinho metade preta, outra metade branca, o que lhe dava um ar gaiato de eterna mascarada. Apareceu... foi bem acolhida... e como chegou, desapareceu... Sem deixar rastro.

Lembro-me também daquele gatinho simpático, rajado de amarelo, por isso mesmo chamado de Douradinho e algumas vezes de Gold, sempre na pontinha dos pés, a esfregar a cabeça nas pernas de todos... Sempre a pedir e a esbanjar carinho.

Nunca o vi arquear o dorso, arreganhar-se, bufar, ou estapear alguém. Era um gatinho meigo por natureza! Se houver um céu especial para bichinhos de boa índole, Gold lá estará, com certeza, a dourar tudo ao seu redor. 

E muitos outros bichanos, chegados e bem recebidos, partiram sem marcar presença.

Fonte:
Carolina Ramos. Meus Bichos, Bichinhos e… Bichanos. Santos/SP: Ed. da Autora, 2023.
Enviado pela autora.

Professor Garcia (Reflexões em Trovas) XXXIX


A criança vai para escola:
vai faminta e não cochila,
leva os sonhos na sacola
mas, falta o pão, na mochila!
= = = = = = = = = 

Ama a vida, honra teu nome,
não perca a tua altivez;
que o tempo tudo consome,
mas, poupa a nossa honradez!
= = = = = = = = = 

Ao ver, ó cego, o sorriso,
no teu rosto sem visão,
percebo o quanto é preciso
sentir Deus no coração!
= = = = = = = = =

Ave das noites sem luz,
o mocho, vagando em vão,
enfim, nos braços da cruz,
quebra a cruz da solidão!
= = = = = = = = = 

Em meio a tanto abandono,
se não creiais, vinde e vede,
que a velha rede sem dono
chora a ausência de outra rede!
= = = = = = = = = 

Essa saudade grisalha,
que em mim, se fez mendicância,
é fogo que se agasalha
nas palhas de minha infância!
= = = = = = = = = 

Eu não invejo o teu ouro,
mesmo sem prata em meu teto;
porque meu rico tesouro
vem do garimpo do afeto!
= = = = = = = = = 

Eu sinto a dor da floresta,
ao ver que o mundo sem dó,
ri do pouco que nos resta
aos poucos virando pó!
= = = = = = = = =

Há na luz do entardecer,
um sossego tão agudo,
que o poeta pode antever
que há silêncio em quase tudo!
= = = = = = = = = 

Meia noite!... E, sobre as ondas,
ao delírio me conduz,
a lua fazendo rondas
e enchendo as ondas de luz!
= = = = = = = = = 

Mundo afora, enfrento atrito,
e a todo instante, empecilho;
parece que eu trouxe escrito
meu destino de andarilho!
= = = = = = = = = 

Na mocidade, não cabe,
os bens que a vida nos deu;
mas, na velhice, se sabe
tudo que o tempo escreveu!
= = = = = = = = = 

Não sei por que me confortas.
Pois, eu nem sei quem tu és;
se o canto das horas mortas,
cai feito pranto aos teus pés!
= = = = = = = = =

Não temas!... Ergue-te agora,
que o Sol com tanto esplendor,
não lamenta e também chora
quando reflete na flor!
= = = = = = = = = 

No amor, há muitas surpresas;
não penses que me atrapalho...
Pode haver brasas acesas
sob as cinzas do borralho!
= = = = = = = = = 

O amor, tem seus atavios,
tem adereços e encantos,
e em meio aos seus desafios,
rolam mágoas, riso e prantos!
= = = = = = = = = 

O tempo, aos poucos, descreve
e, mostra com seus desvelos,
meus dias da cor de neve
no branco dos meus cabelos!
= = = = = = = = = 

O tempo, em silêncio, avança
e, neste silêncio mudo,
não leva tudo que alcança
mas leva um pouco de tudo!
= = = = = = = = = 

O tempo, nos dá de sobra,
exemplos com seus hiatos;
mas, muitas vezes, nos cobra,
respostas por nossos atos!
= = = = = = = = = 

Ouço a neblina e, à distância,
pelo toque, a noite inteira,
conto os segundos da infância
pelos pingos da biqueira!
= = = = = = = = = 

Por que preconceito e ódio,
com gênero, raça e cor?...
Assim, ninguém sobe ao pódio
da paz, da glória e do amor!
= = = = = = = = = 

Quando alguém, à fé, se entrega,
e crê na fé que o conduz,
não sente a cruz que carrega,
se do outro, carrega a cruz!
= = = = = = = = = 

São tantos os caracóis
nos arco-íris matinais,
que as nuvens, bordam lençóis
nos arcos dos seus varais!
= = = = = = = = = 

Se a sorte nunca te ajuda,
não percas nunca a esperança,
que o próprio destino muda
e a sorte volta e te alcança!
= = = = = = = = =

Sorrio, que o riso acalma;
e, essa calma que preciso,
é alimento de minha alma
que vem da fonte do riso!
= = = = = = = = = 

Vão para o mar!... E, entre os seus,
quer do cais, quer dos barrancos,
lenços brancos dando adeus
aos sofridos lenços brancos!
= = = = = = = = = 
Fonte:
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Enviado pelo trovador.

José Feldman (Viagem ao Mundo Fantástico da Babilônia)


(Dedicado ao meu amigo Andréa Righetti)

Onde? Filme? No Brasil? Onde fica? O que tem de fantástico?

Mas, que você, caro leitor, ficou curioso, com certeza ficou e, apesar de livros como o Guia dos Curiosos ou o Mundo Curioso da Natureza, sempre vem à mente aquilo que nossos pais, os pais deles, os pais dos pais, e assim por diante, diziam: “Meu filho! A curiosidade matou o gato!”.

Fique tranquilo! Após esta leitura, ninguém morrerá, nem de raiva – pelo menos, eu acho.

Nossa história de passa em uma cidade do interior de São Paulo.

Não! Ela não se chama Babilônia!

O nome dela é Piracicaba. 

Todo mundo lembra da música “O Rio Piracicaba...” e assim por diante. Se não lembra, não fique chateado, eu também não lembro.

Mas, vamos diminuir a nossa esfera localizacional (“êta” palavra chique, que deixa qualquer um mais perdido do que cego em tiroteio), e vamos para a Rua Boa Morte.

Gente! Os piracicabanos que me perdoem, mas um nome deste é assustador. Eu é que não vou passar nesta rua, sozinho, à meia-noite. Dá o que pensar um nome assim. 

Quando você entra na rua deveria haver uma Agencia de Plano Assistencial Boa Morte, com direito a escolha de terreno e advogado para efetuar o testamento. Percorrendo a rua, no meio dela, uma casa funerária e ao final, um cemitério.

- Ô, cumpadi. Pronde ocê vai?

- Prá  Boa Morte.

- Pêsames, finado.

Vamos lá! Pensa um pouco! Um nome destes! Cruz Credo!!!!! 

Será que o Bairro se chama Pé na Cova?

Bom! Deixemos estas elocubrações de lado e que sendo boa a morte, resolvi aproveitar a boa vida e fui a um restaurante me fartar no pecado da gula (esta é uma Boa Morte: Comendo bem). 

O restaurante chamado Babilônia. Não sei não. Talvez Sodoma e Gomorra casasse mais com o nome da rua. Mas, Babilônia dá um ar de paraíso na Boa Morte.

Entremos neste Éden de delícias, que é comandado pelo César italiano de nome Andrea.

Mas, para não pensarem que eu estou fazendo propaganda do dono que é o Andrea, nascido na Itália (uma dúvida fica de repente: Babilônia é colônia italiana?), não vou chama-lo de Andrea, usarei um nome fictício que faz jus aos nomes italianos de seus antepassados. Portanto, Andrea, passa a ser chamado de Toshio Nakama. Portanto, Babilônia é comandada pelo valoroso carcamano Toshio Nakama, que veio da Itália, não recordo bem, mas acho que nas costas de uma tartaruga.

Imagino que seja, pois demorou tantos anos para chegar aqui no Brasil.

Ecco! Tutto bona gente!

Enfim, após a saudação habitual pro-forme: “Ave, Toshio. Os que vão morrer te saúdam”, o banquete estava servido. Uma mesa enorme com iguarias finas dos mais profundos rincões das Itália: feijão, linguiça, palmito, tutu, lazanha. Resumindo, uma salada russa.

Como o leitor pode perceber, nosso amigo Toshio Corleone não discrimina nações.

Mas, o que torna este restaurante fantástico, o que faz viajarmos na Babilônia de nossos sonhos é o molho que é servido por um indivíduo que é uma mistura de Corcunda de Notre Dame com o ator Jean Reno, isto é, é de dar pena, parece uma trombada de dois trem-bala. Este molho, se chama Righetti. 

E o bacana de tudo é que quando as pessoas vão lá, vão para comer o Righetti.

- Porque você vai tanto no Babilônia?

- Adoro comer o Righetti.

Vão lá! O Righetti é fantástico!

Concomitantemente (êta palavra linda, e enooooooooooooooorme. Não sei bem o que significa, mas que é bacanona é!), depois que todos comem o Righetti, Toshio Nakama percorre as mesas observando a todos e animando com o seu bom-humor. Afinal por lá tudo é bom. Bom apetite, bom humor, boa morte...ahhhh! A Boa Morte outra vez!

Todos que saem de lá se sentem transportados aos Jardins da Babilônia, um paraíso perdido, ainda mais porque comeram o famoso Righetti.

Finalmente, para não encerrar sem uma boa mensagem a quem suportou esta crônica até agora, que li não lembro onde:

“O discípulo veio ao mestre Zen, lamentando-se, em plena fossa:

- É curta a vida! É curta a vida!

O mestre Zen, porém aproveitando as mesmas palavras, com variante na pontuação, solucionou:

- É curta a vida, é? Curta a vida!”
------------------------

Observação: O Restaurante Babilônia onde Toshio Nakama me aguarda todos os dias com um machado na mão (não sei porquê), fica na Rua Boa Morte, 1262, em Piracicaba. Não esqueçam de dizer que querem comer o Righetti.

(Piracicaba 23 outubro 2009)

José Feldman (Biografia atualizada)

José Feldman nasceu na cidade de São Paulo, no dia 27 de setembro de 1954. Aos 6 anos de idade aprendeu a jogar xadrez com seu pai. Desde os 10 anos mostra aptidão para a escrita, ao 
escrever pequenos contos baseados em personagens de história em quadrinhos. Com cerca de 13 anos de idade, escreve as suas primeiras poesias. Na época já lia muitos livros e revistas.

Primeiros livros foram a coleção de Monteiro Lobato dada por seu pai. Com cerca de 15 anos de idade participou de concursos de poesia sem sucesso. Desde 1973, com uma fome enorme de conhecimento, realizou vários cursos, como Filosofia no Instituto Palas Athena, Italiano na Associação de Cultura Afro-Brasileira, Inglês no Instituto Roosevelt e Instituto Norte Americano, Leitura Dinâmica e Desinibição e Criatividade, no Instituto Dynamics Cymel, Arte Dramática no Instituto Macunaíma, Filosofia no Centro de Estudos Filosóficos Pró-Vida, além de diversas palestras e encontros de literatura.

Em 1975, devido a enfermidade de seu pai, auxilia-o na direção de clube de xadrez no Instituto Cultural Israelita Brasileiro (ICIB), assumindo definitivamente a diretoria em 1978, sendo reeleito sucessivamente até o ano de 1996. Neste período, foi também auxiliar de diretoria, arbitro e professor de xadrez no Xadrez Clube Sorocaba e no Clube de Regatas Tietê. Foi jogador no 3. tabuleiro pelo ICIB em Torneios interclubes a nível regional e nacional e 1. Tabuleiro pelo Xadrez Club Sorocaba na Categoria Especial.

Também, no ICIB, pertenceu a diretoria cultural, promovendo diversos eventos musicais, além da Oficina de Trovas, ministrada pelo grande trovador Izo Goldman, e revelando talentos musicais dos jogadores do departamento de xadrez. Neste período começa a dar maior ênfase também à literatura, ao fazer, na Casa Mário de Andrade (Oficina da Palavra) o curso de Poesia Viva, com a poetisa Eunice Arruda, curso de literatura com Mario Amato, Ficção Cientifica na literatura e no cinema com o escritor de renome internacional, André G. Carneiro, além da Oficina de Trovas com Izo Goldman.

No xadrez, como organizador, diretor, arbitro, granjeou a admiração e o respeito de grandes jogadores, o que o fez elevar o clube da 3ª categoria para a categoria especial. Criou também um boletim enxadristico denominado “J’Adoube” (eu arrumo), direcionado a todos os níveis de jogadores, com partidas, notícias, estudos, piadas enxadrísticas, etc., e com tempo obteve a adesão de colaboradores com desenhos artísticos, poemas, etc. (na época não havia computador, era tudo na máquina de escrever e mimeógrafo).

Em 1977, viveu uma tragédia, como ele mesmo denomina "tragédia shakesperiana", em crônica que escreveu. Yasmin era filha de libaneses muçulmanos, teve uma filha ilegítima, abandonada pelo pai biológico ainda na gravidez e pela família, expulsa como impura. Feldman (apesar de judeu) era apaixonado por ela e se juntou a ela assumindo a paternidade da menina (Samara). Aos três meses de idade da menina, foram assaltados, e a garota assassinada. Um mês depois, Yasmin se suicida. Feldman, desesperado, sem poder contar seu caso aos pais, na época da guerra árabe-judeu, se entrega aos estudos e trabalho cerca de 21hs por dia. 

Entregue de corpo e alma à literatura, continuou tentando ainda concursos de poesia na Livraria Freitas Bastos e Scortecci, mas ainda sem sucesso. Com as trovas, obteve pela primeira vez uma menção honrosa no Concurso de Cruz Alta (RS).

Casou-se em 1995 com a poetisa escritora e tradutora paranaense Alba Krishna Topan, a qual conhecera no curso de Ficção Científica, na Casa Mario de Andrade. Foi em 1999 para Curitiba, onde ficou longe da literatura e do xadrez. Não conseguindo se adaptar ao clima, mudou-se para a cidade de Ubiratã, a cerca de 70 km de Cascavel (PR).

Em Ubiratã, começou a se firmar ao ser eleito em 2001 como vice presidente da diretoria provisória, da Associação dos Literatos de Ubiratã (ALIUBI), tendo contato com poetas da região.

Registrou-se como Delegado da Delegacia de Ubiratã, pela União Brasileira de Trovadores do Paraná, auxiliando na elaboração do Boletim Paraná em Trovas com a presidente da UBT Paraná Vânia Ennes, o secretário Nei Garcez e o grande trovador A. A. de Assis.

Participou de concursos de contos em Portugal e França. Também participou de torneios de xadrez regionais, sagrando-se campeão, terceiro e segundo lugares, respectivamente, em 3 torneios em três anos consecutivos.

Criou o Blog Pavilhão Literário Cultural Singrando Horizontes (http://singrandohorizontes.blogspot.com/) seguindo os mesmos moldes do boletim, com muito mais conteúdo, postados diariamente, iniciado ao final de dezembro de 2007.

Com isto, começou a ficar mais conhecido devido a sua divulgação dos escritores, sendo convidado no mês de junho de 2008 a efetuar uma palestra na Academia de Letras de Maringá, onde discursou sobre o Panorama da Literatura no Brasil. Muitos escritores começaram a enviar seus textos e livros para apreciação crítica. 

Em novembro de 2008, a convite do escritor Sorocabano Douglas Lara, passou a ser membro da ONE (Ordem Nacional dos Escritores), recebendo juntamente com sua esposa, o medalhão das mãos do presidente da ONE, José Verdasca, em 2008, em Sorocaba.

Nas palavras de Vãnia Maria Souza Ennes, presidente da UBT Estadual do Paraná: "É com grata emoção que a diretoria da UBT Estadual do Paraná vem acompanhando seu magnífico trabalho, há mais de 1 ano. Dia após dia, Feldman, você se supera na arte de produzir, criar e disseminar a cultura poética e literária no âmbito nacional e internacional. Cada vez mais, podemos observar a sua sensibilidade que está exposta, claramente, no Pavilhão Literário Cultural Singrando Horizontes, desde dezembro de 2007 a março de 2009 e que muito orgulha o nosso Paraná. É um belíssimo desempenho cultural!!! A oportunidade de poder apreciar seu site, ler, reler, participar, aprender com ele, são atitudes que nos induzem seguir adiante e, nos fazem muito bem. Portanto, receba nossos mais calorosos aplausos com as saudações trovadorescas."

O Professor Garcia, de Caicó/RN diz: A União Brasileira de Trovadores desde sua criação, em meados de 1960, tem atraído centenas, diria mesmo, milhares de valorosos adeptos ao movimento que na minha míope visão, continua crescente e em plena ascensão. José Feldman é mais uma dessas descobertas e que além de ser um apaixonado pela trova, presta a todos nós um imenso trabalho, na divulgação de todos os gêneros poéticos do Brasil, através de suas cobiçadas páginas virtuais, que as envia para o maior número de trovadores por todos os recantos. Bem mais do que louvável, o trabalho profícuo do poeta, trovador e escritor Feldman. Tive o prazer de conhecer José Feldman em Curitiba há alguns anos, e me surpreendi com seu espírito bonachão de poeta. Sente-se em suas belas Trovas, que neste corpo tão grande, pulsa um coração piedoso de criança, que ama o seu próximo, e devota um carinho especial também pelos seus animais de estimação, cães, gatos, etc. prova de sua tamanha generosidade.”

Em 2011 radicou-se definitivamente em Maringá/PR, com sua esposa Alba Krishna, 7 gatos e 2 cadelas. Em 2016 integrou a Delegacia de Arapongas, pela UBT, tendo André Ricardo Rogério como delegado.

Em 2015, a convite do Conde Carlos Ventura passou a pertencer como Imortal Correspondente na Academia de Letras Brasil-Suiça, cadeira n. 145, escolhendo o patrono: Mário Quintana. Ocasião em que foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural Euclides da Cunha desta academia.

Em 2017, a convite do presidente Luís Antonio Cardoso, da Academia Rotary de Letras, Artes e Cultura (ARLAC) de Taubaté/SP, tornou-se Acadêmico Correspondente no Grau de Oficial (1. Grau), quando lhe foi conferido também o Prêmio "Mahatma Gandhi" de Liderança pela Paz, da Academia Rotary de Letras, Artes e Cultura de Taubaté/SP

A. A. de Assis, de Maringá/PR diz:
Há uma palavra moderninha – bookaholic, que na verdade nem é tão moderninha assim, porém me pareceu com jeito de chique e vem aqui a calhar. Foi a melhor maneira que achei para definir o escritor, pesquisador e animador cultural José Feldman, paulistano radicado há alguns anos em Maringá. Bookaholic é a pessoa excessivamente apaixonada por livros. Em português, um sinônimo próximo seria bibliófilo. Feldman é assim: gosta de cães e gatos, mas sua paixão enormemente maior é pelos livros. Lê tudo, em todos os momentos disponíveis. E quase tudo que lê ele transcreve em seus vários blogues, para alegria de milhares de leitores. Ele é o maior divulgador de textos alheios via internet. O maior propagador da arte literária no país.

Em 2018, a convite da presidente da AVIPAF (Academia Virtual Internacional de Poesia, Artes e Filosofia), Isabel Furini passa a ocupar a cadeira 35 desta academia.

Segundo Isabel Furini, de Curitiba/PR:
Dizer que Feldman é poeta é como dizer que os leões rugem ou que o musgo se adere à pedra. Para Feldman, a Poesia é parte de sua natureza, e poetizar é uma maneira de revelar a sua essência. Penso que Feldman é daquele tipo de trovador que “respira poesia”. Há pouco tempo li uma crítica sobre esse conceito, onde a autora esbravejava que só se pode respirar oxigênio. Mas poetas são pessoas singulares. Suas almas vibram com o fazer poético. Autores como Feldman poetizam os sentimentos, os pensamentos, as sensações, as ideias, a própria vida.

O que surpreende em Feldman é sua capacidade de expressar o seu eu lírico e de encantar o leitor. Seus versos são bem construídos. Com suas Trovas consegue definir os sentimentos: “Saudade é dor pungente”, “A inveja é uma erva daninha, destrói as boas ações.”. Outras Tróvas cantam à natureza: “ A natureza se esmera com flores, beleza infinda”. Algumas Trovas são de cunho místico, como as dedicadas ao dia da Páscoa. Outras ainda, trazem um alerta ecológico: “o homem, sem pestanejar, as árvores põe ao chão”.

Em 2021, o presidente Luiz Antonio Cardoso, da Academia Internacional da União Cultural, o empossa como acadêmico.
 
Ainda neste ano funda a Confraria Brasileira de Letras junto com um artista plástico de Curitiba, que falece neste mesmo ano, uma academia virtual, assumindo então a Presidência desta entidade.

Participou da Comissão Julgadora de diversos Concursos de Trovas e de Poesias.

Reside na cidade de Maringá/PR, desde 2010.

Nas palavras de Carolina Ramos, de Santos/SP: 
”Quando se tem um ideal na vida, tudo parece mais fácil de ser realizado. Só assim, é possível explicar a capacidade ímpar de José Feldman em levar avante a tarefa espontânea à qual, há tanto tempo, se entrega, na missão auto imposta de espalhar Trovas, poesias e textos de seus amigos e irmãos de jornada, por este Brasil afora. É isto o que Feldman faz, passando por cima de seus próprios problemas e cansaços, fazendo, do bondoso coração, um ninho de afetos que a todos acolhe com fraternal carinho, estendendo ainda sua ternura aos cães e gatos que lhe servem de companhia através da vida. 

Em audaciosa imagem, José Feldman é uma espécie de “gralha azul” que, em vez de semear pinhões, semeia letras e versos, reflorestando o Brasil com esse viço poético que desperta a sensibilidade - em tempos atuais, sob constante ameaça de ser sufocada pelo árido e pesado concreto do dia-a-dia. 

Sensível, sofrido, faz ele de sua vida um barco que enfrenta tempestades e mares revoltos, com o estoicismo de poucos, e, sem esmorecer, digita, altas horas, as páginas que cria, repletas de obra alheia e, nas quais, quem menos aparece é seu próprio nome. 

Difícil enumerar, sem pecado de omissão, os inúmeros blogs e jornais virtuais por ele criados e alimentados com dedicação digna de ressalto. Entre eles: - Pavilhão Literário Singrando Horizontes, O Voo da Gralha Azul, Coleção Memória Viva, Paraná Poético, Cavalgada de Trovas do Paraná, Almanaque Paraná, Trova Brasil, Chuva de Versos, etc. 

Feldman esmera-se, agora, em ampliar ainda mais sua obra divulgadora, reativando o que chamou de Florilégio de Trovas, que dá cobertura às várias Seções da UBT, divulgando Trovas e fotos de seus associados. Só isto bastaria para justificar um carinhoso e expressivo reconhecimento desta entidade trovadoresca.

Afetivo e impulsivo, por vezes, Feldman não hesita em dar um passo atrás para desfazer mal entendidos, ciente de que, o caminhar por esta vida, não nos isenta de tropeços que uma amizade sincera não possa suplantar. Este é José Feldman, cujo coração fraterno bate mais forte pelos que o cercam, do que, na verdade, em proveito próprio.” 

Algumas Premiações Literárias:

Poesias:

- III Prêmio Literário Gonzaga de Carvalho. ALTO (Academia de Letras de Teófilo Otoni). 10. Lugar. 2018.
- IV Prêmio Literário Gonzaga de Carvalho. ALTO (Academia de Letras de Teófilo Otoni). 12. lugar. 2019.
- 30. Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônicas da ALPAS (Academia Internacional de Artes, Letras e Ciências "A Palavra do Século XXI"). 2019.
- Concurso Literário Virtual da ALAP, Academia de Letras e Artes de Paranapuã/RJ. 1. lugar. 2020.

Trovas:

IV Jogos Florais de Cruz Alta/RS. Trova destaque. 1992.
XVI Jogos Florais de Santos. Menção Especial. 2014.
XXVII Jogos Florais de Bandeirantes/PR. vencedor com 2 trovas. 2014.
Concurso de Trovas de Taubaté. 1. Lugar e Menção honrosa. 2015.
XI Jogos Florais de Cantagalo/RJ. 12. lugar. 2015.
I Concurso Nacional de Trovas de Itapema/SC. 1. e 7. lugar. 2015.
XVIII Jogos Florais de Curitiba. 3. e 11. lugar. 2015.
Concurso de Trovas da UBT Natal/RN. 1. Lugar. 2015.
LVI Jogos Florais de Nova Friburgo/RJ. Humor. Menção Honrosa. 2015.
XXVIII Jogos Florais de Ribeirão Preto. Humor. 1. Lugar. 2015.
Concurso de Trovas Orlando Woczikosky (Curitiba). 13. lugar. 2016.
XX Concurso de Trovas do CTS/UBT Caicó/RN. 11. lugar. 2021.
XXI Jogos Florais de Curitiba/PR. 10. lugar. 2021.
I Concurso de Trovas Três Fronteiras, da UBT Foz de Iguaçu/PR. 5. e 9. Lugar.
LXIII Jogos Florais de Nova Friburgo/RJ. Menção especial. 2022.

Entidades:

- Confraria Brasileira de Letras (CBL) Cadeira n. 1 - Patrono: André Carneiro - Presidente Nacional.
- Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG (ALTO) - Acadêmico correspondente
- Academia Rotary de Letras, Artes e Cultura (ARLAC) de Taubaté/SP - Acadêmico Correspondente no Grau de Oficial (1. Grau)
– Academia Internacional da União Cultural
- Academia Virtual Internacional de Poesia, Artes e Filosofia (AVIPAF) - Cadeira n. 35 – Patrono: Apollo Taborda França
- Poetas Del Mundo - Cônsul de Maringá desde 2011.
- Movimento União Cultural - Conselheiro Internacional
- Academia Virtual Brasileira de Trovadores
- União Brasileira dos Trovadores/Delegacia de Campo Mourão/PR - Sub-Delegado, desde 2021.
- União Brasileira dos Trovadores/Delegacia de Arapongas/PR - delegado de 2016 a 2019.
- União Brasileira dos Trovadores/Delegacia de Ubiratã/PR - delegado de 2001 a 2010.
- Associação dos Literatos de Ubiratã (ALIUBI) (vice-presidente 2001 - 2003).
- Academia de Letras Brasil-Suiça . Cadeira n. 145 - Patrono: Mário Quintana
- Ordem Nacional dos Escritores (ONE).
- União Hispanomundial de Escritores (UHE).
- Casa do Poeta Lampião de Gaz, de São Paulo.
- Sociedade Mundial dos Poetas.
- Ordem dos Cavaleiros Templários (OCT).
- Ordem Sagrada do Templo e do Graal (OSTG).
- Antiga e Mistíca Ordem Rosae Crucis (AMORC).
- Pró-Vida, Integração Cósmica.

Honrarias:

- Medalha de mérito cultural Euclides da Cunha da Academia de Letras Brasil-Suiça, em Berna/Suiça. 2015;
- Comenda por Mérito Cultural da Academia Pan Americana de Letras e Artes. 2016;
- Medalha de Mérito Cultural da Academia Brasileira de Trovas. 2016;
- Medalha de Mérito Cultural "Heitor Stockler de França", da União Brasileira dos Trovadores/Estado do Paraná. 2016;
- Prêmio "Mahatma Gandhi" de Liderança pela Paz, da Academia Rotary de Letras, Artes e Cultura de Taubaté/SP. 2017;
- Prêmio Monteiro Lobato do Movimento União Cultural. 2018.

E-books que organizou:

- Almanaque O Voo da Gralha Azul (16 números)
- Boletim Literário Singrando Horizontes (13 números)
- Almanaque Chuva de Versos (475 números)
- Almanaque Paraná (12 números)
- Trova Brasil (18 números)
- O Encanto das Trovas Estaduais (15 números)
- O Encanto das Trovas Seções (3 números)
- Florilégio de Trovas (31 números)
- Folhetim Literário Desiderata (10 números)
- Doce Aconchego das Trovas (3 números)

Publicações Impressas

- Canteiro de Trovas. 2018.
- Coleção Terra e Céu. Trovas de José Feldman e de Izo Goldman+. 2016.

Participação em Livros Impressos:

Prefácio:
- Isabel Furini. Passageiros do Espelho.
- Isabel Furini. Corvos de Vam Gogh:antologia poética (Apresentação do pintor holandês Vincent Van Gogh).2012.
- Isabel Furini (org.) A Arte poética de Carlos Zemek. 2020.
- Dinair Leite. 11 Rostos: antologia poética. 2015.

Trovas:
- Vânia Maria Souza Ennes. Paraná em Trovas. (trova e fortuna crítica). 2008.
- Carolina Ramos (org.). União Brasileira dos Trovadores. A Trova. Raízes e florescimento. (trova e Mencionado no livro). 2013.
- Vânia Maria Souza Ennes. Manjar de Trovas (trova e fortuna crítica). 2015
- Domitilla Borges Beltrame (org.) UBT. Meus irmãos, os trovadores vol. 2 (2 trovas). 2016.

Crônicas:
- Isabel Furini (org.). Livro de cronicas .

Poesias:
- Revista Literária da Academia de Letras de Teófilo Otoni, Café com Letras (poesia). 2013.
- Edição comemorativa de 35 anos do Movimento Poético em São Paulo (poesia). 2016.
- Coletânea dos Poetas de Maringá - IV. (poesia). 2016.
- Luciano Dídimo (org.). 100 sonetos de 100 poetas. 2019.
- XV Coletânea de Poesias da ALIUBI (poesia). 2019.
- Isabel Furini (org.) A Arte poética de Carlos Zemek. (poesia). 2020.
- Sandra Veroneze (org.). Poetas pela paz (poesia). 2020.

Possui o blog http://singrandohorizontes.blogspot.com.br em atividades desde 2007, com cerca de 17.000 artigos e uma média de 7 mil leitores/mês, e mais de 2.800.000 leitores.

Contatos, colaborações pelo email: gralha1954@gmail.com 

domingo, 6 de agosto de 2023

Isabel Furini (Poema 48): Identidade

Fonte: Isabel Furini. Flores e Quimeras. 2017. Ebook.   

Fabiane Braga Lima (Esperança...)

Eu não sei qual é a tua idade, ou de onde és, também não sei se és um escritor ou escritora. Se for um escritor ou escritora, eu quero te dar um conselho, dê tempo ao tempo, não ultrapasse o tempo e nem troque o certo pelo incerto.

Não queira assassinar os sentimentos seus e alheios, guarde-os somente contigo. O nosso país mudou, olhe tudo ao nosso redor, distópico, utopia e de repente tudo virou uma grande piada sem graça dita por um piadista sem talento.

Mas, vamos nos permitir pelo menos, acreditando que tudo de ruim irá passar. Então, não troque o certo pelo incerto, respeite o tempo, para que juntos, possamos ter esperança, de que ainda vale a pena, contar boas histórias e sermos honestos...!

Fonte:
Enviado por Samuel da Costa

Flora Munhoz da Rocha (Dezesseis batizados)

Esta é a história atrevida de um astuto vigarista de audácia sem precedentes. O homem teve a petulância de batizar o filho dezesseis vezes. Verdade. Não há exagero — dezesseis vezes. Toda vez que acabava o dinheiro em casa, ele não tinha dúvida, saía atrás de um padrinho de posses e já marcava em nova igreja um novo batizada. Logrou engenheiros, advogados, gente que não tinha nada de boba. Madrinha não tinha, era sempre Nossa Senhora. Ele sabia que mulher esmiuça as coisas e acabaria descobrindo.

Sabemos que é costume entre a classe mais humilde, os padrinhos vestirem o afilhado no dia do batizado. Mas padrinho, quanto mais importante, menos tempo tem para se preocupar com enxovalzinho, então iam dando dinheiro, que era o que o pai do menino queria.

Embolsando o dinheiro recomeçava a trajetória do batizado seguinte. Já nem embaraço sentia mais. Entretanto, o raciocínio dele não abrangeu todas as hipóteses. Só na Caixa Econômica ele tinha três compadres e, conversa vai, conversa vem, os padrinhos do menino se certificaram do logro - meu marido, Jofre Cabral e, se não me engano, o terceiro era o Orlando Loyola.

Jofre foi o que mais se sentiu ludibriado. Ele, com seu entusiasmo peculiar, não sabia fazer nada pela metade e, além do dinheiro para o camisolão branco, pendurou no pescoço do menino cordão de ouro com medalha de São Judas Tadeu, abriu caderneta de poupança e no dia até conduziu-os no seu belo carro à Igreja Santa Felicidade, por causa da promessa que o malandro garantiu ter feito por ocasião do nascimento do garoto.

Sua vigarice merecia sério corretivo, e quando o acusaram de haver cometido um sacrilégio, pendendo os braços para o lado ficou com uma cara de choro totalmente ridícula, se justificando: "Não vejo gravidade nisso, quanto mais batizado meu filho for, melhor para ele, fica mais filho de Deus".

Recordo de que quando ouvi essa história, lembrei de outra muito parecida de quando na nossa casa éramos crianças e um dos meus irmãos, que tinha o apelido de Pedro Malazarte, fizera a primeira comunhão quatro vezes. Ele era levado da breca e vivia sendo convidado a se retirar dos colégios de padre e a cada vez que trocava de internato, afirmava nunca ter feito a primeira comunhão por causa dos doces, da vela na mão, do dia de folga.

Acho que foi por isso que escutei sem espanto a história dos dezesseis batizados.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Flora Camargo Munhoz da Rocha, ex-primeira dama do Estado (1951), cronista, (1911-2014) nasceu em Curitiba-PR onde viveu a maior parte de sua vida. Com a criação do estado da Legião Brasileira de Assistência, atuou no campo social: implantou quarenta postos de puericultura nas cidades do interior; em Curitiba, fundou a Creche Branca de Neve e a Cidade dos Meninos para recuperação e ensino profissionalizante de até trezentos adolescentes. Colaborou, por muitos anos, na Gazeta do Povo, no Jornal da Imprensa e na revista O Cruzeiro. Seu conto "Elisa" teve os direitos comprados pela Rede Globo, que o adaptou para o programa "Você decide"; e seu poema "Canção nupcial" foi musicado pelo maestro Eleazar de Carvalho e apresentado em récita de gala pela Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro. Recebeu várias condecorações, destacando-se a Lateraeclésia (Vaticano) em 1956 e o título de Vulto Emérito pela Câmara Municipal de Curitiba em 1978. Fundadora da fundação da Academia Feminina de Letras do Paraná, exerceu a vice-presidência durante a primeira gestão. Foi membro da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil, do Centro de Letras do Paraná, do Centro Paranaense Feminino de Cultura, da União Cívica Paranaense, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, da Sala do Poeta, da Academia de Letras José de Alencar, da Academia Feminina de Letras do Paraná e da Academia Paranaense de Letras. Publicou Apontamentos (1954, crônicas); Crônicas de Domingo (1956); Três menos Um (1956, peça teatral); O Armazém de Seu Frederico (1973, contos); Domingo a Gente se Fala (1975, crônicas); Ida e Volta (1976, flagrantes de viagens); A Beleza de Ser Criança (1977); O Sofá Azul (1980); Bento Munhoz da Rocha Netto e A Imagem que Ficou (1985); Quadros sem Molduras (1986); Entre sem Bater Memórias (1998).

Fontes:
– 300 Histórias do Paraná: coletânea. Curitiba: Artes e Textos, 2004.