quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 685)



Uma Trova de Ademar  

Na “derradeira viagem” 
que nós faremos decerto, 
busco, com fé, a passagem 
para ver Jesus de perto! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Amizade é sol que aquece 
aonde quer que se vá; 
nem sempre o sol aparece 
mas se sabe que está lá. 
–Myrthes Mazza Masiero/SP– 

Uma Trova Potiguar  

Numa casa de fazenda 
vê-se aranha pequenina 
com o seu tear de renda 
tecendo sua cortina. 
–Prof. Maia/RN– 

Uma Trova Premiada  

2005   -   ATRN-Natal/RN 
Tema   -   FÉ   -   15º Lugar 

A fé, de crenças tamanhas,
é um rio largo e bendito
que vai transpondo montanhas
e deságua no infinito! 
–Eduardo Toledo/MG– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Que pena, que uma pequena 
não teve pena de mim. 
E eu que dela fui ter pena, 
fiquei depenado assim... 
–J. Revoredo Neto/RN– 

U m a P o e s i a  

Casa sem luxo e sem graça
já quase virando escombros
reduto de malassombros
fazendo susto a quem passa,
telha suja de fumaça 
pela chaminé deixada,
cinza de lenha queimada
se espalhando pelo o ar;
tem muito o que se contar
de uma casa abandonada.
–Júnior Adelino/PB– 

Soneto do Dia  

PRIMAVERA. 
–Oscar Macedo/RN– 

Ei-la que vem triunfal. A Natureza 
para recebê-la, cobre-se de flores, 
no seu augusto trono de princesa; 
cheia de luz , de graça e de esplendores. 

Flora sorri de gozo e de surpresa 
vendo-a chegar. As aves multicores, 
vão esperá-la, alegres na devesa. 
O sol desprende em luz os seus fulgores. 

Que beleza, por tudo quanto eu vejo! 
Ouço na brisa, o doce som de um beijo 
das ninfas que se entregam pelo amor. 

É essa a doce quadra dos amantes. 
Numa festa de luzes cintilantes, 
canta e sorri a Natureza em flor.

Mia Couto (Os Negros Olhos de Vivalma)


Há mulheres que procuram um homem que lhes abra o mundo. Outras buscam um que as tire do mundo. A maior parte, porém, acaba se unindo a alguém que lhes tira o mundo.

Este foi o destino de Vivalma, mulher entre as mulheres, cheia de desgraça, nem o Senhor punha oração nela. Mulher gorda, exibia os seios em cacho, carnes de muito volume e herança. Tanta redondeza, aliás, suprimia a curva. Vivalma era esposa do latoeiro Xidakwa, homem zangadiço e com nervo florindo na pele.

A volumosa senhora saía de manhã para o serviço de sentar no bazar, em banca rente ao chão. Eram tão poucas e abreviadas as coisas que vendia que ela nunca fazia as contas. A vida é um por enquanto no que há-de vir. Vivalma se deixava no assento, mais vagarosa que orvalho. Até a mão dela poupava esforços, num mesmo gesto de ida e volta: para lá, enxotava mosca; para cá, chamava cliente. Seus braços eram tão curtos que nem era capaz de arregaçar as mangas.

Pois Vivalma se dava a conhecer pelo modo como zarolhava, olho deitado abaixo. Razão de que o marido lhe batia, por dádiva daquela palha. Nem carecia de motivo:  o murro era a língua dele, vingança de lhe fugirem desejos de sua vista. Todos se admiravam: Xidakwa até que parecia tranquilinho, sonolento, incapaz de violência. Mas os hematomas no rosto da mulher, o sangue pisado lhe enchendo a cotidiana pálpebra dela, eram provas indesmentíveis. Todos punham a devida pena na vendecora. Tão batidinha, coitada. E ainda por cima, sempre no mesmo olho. As colegas lhe sugeriam:

-  Você podia pedir a ele para variar-se: cada vez num lado, cada vez no outro- .

Ela sorria, parecia isenta de pensamento. A gordura era sua única resposta. Ela sabia: mais se engorda, menos se sofre. Com o volume a dor vai ficando mais e mais distante, perdida lá nas curvas das entranhas. As vendeiras lhe puxavam o brio:

-  Mas você Vivalma, nem viva nem alma?- 

Quem fala consente? E a mulher gorda suspirava:

-  Deus me reze, minhas amigas- .

Ela é que sabia. Xidakwa, seu marido, enganava era nas aparências. Ele era um mosca-viva, esgazelado, tratando-lhe a berro e fogo. Outros já lhe tinham chamado as atenções. Mas o latoeiro varria os reparos, explicando:

-  A vida é dura de mais para aceitar carícia: cabedal se cose é com dedal- .

As colegas do bazar insistiam:

-  Ora, Vivalminha, lhe deixe de vez, esse homem não vale uma vida. Você é como o nariz: toda a vida no meio, sem nunca fazer escolha- .

Em silêncio, Vivalma amealhava suas razões. Não que houvesse segredo: para ela, aquela era a ordem do mundo, estavam-se cumprindo destinos. Nem ela nem ele teriam tempo para uma outra ocasião. O mundo dele era de outra razão, um confim. Ele lhe queria à razão de pontapés? Que fosse. Ela não tinha querer nem ser. E quem não tem vontade, não tem lamento.

E era sem lamento que ela regressava a casa, tardes a fio, sempre última das vendedoras. Demorava os vinte  e quatro ponteiros no caminho. Perto de casa colhia uma flor mas, ao entrar no portão, a deitava no chão. No pátio se acumulavam pétalas brancas, secreto e perfumado lençol da noiva que nunca houve.

Até que, um dia, o olho negro de Vivalma se apresentou piorado, em feio e ampliado derrame. As vendeiras transbordaram-se. Não, aquilo era demais! E se conluiram para desafiar o marido violento. Sem que Vivalma suspeitasse, umas delas lá foram a casa de Xidakwa. Enquanto pisavam aquele mar de flores desfeitas souberam o espantável: que o dito marido, Xidakwa, há tempo que se fora, amanteado com outra. As vizinhas diziam e comprovavam. Os tais derrames que Vivalma exibia no rosto eram por ela mesma fabricados, sem infligência de mais ninguém.

As vendedores regressaram ao bazar, caladas, sob uma bategazinha de Verão. A chuva caía tristonha como um luto, cada gota uma mulher em Outono, chuviuvinha. Ingrata é a morte que não agradece a ninguém. Vivalma teatrava, para que ninguém suspeitasse de seu abandono? Pois as amigas se compustararam em igual disfarce. Na Natureza ninguém se perde, tudo inventa outra forma.

Sucedeu, por astúcia do acaso, o seguinte percalço: a nova mulher de Xidakwa ouviu dizer que Vivalma continuava a revalidar suas equimoças, olho da cor do chão. Se assim era, quem mais poderia ser o batedor senão o dito latoeiro? E a moça, mais nascida que a gorda vendeira, contraverteu caminho e foi agasalhar outra felicidade.

O homem, desconcertado, voltou a casa para afinar contas com Vivalma. Se admirou de ver o pátio varrido, limpo das habituais florinhas. Os vizinhos se surpreenderam, depois, a ouvir os gritos dele, batendo em sua original esposa.

Manhãzinha seguinte, viram Vivalma sair de casa, canteirando pelo jardim, a encher as mãos de petalazitas  brancas. Haveria quê nessas flores: alegria de quem se ilude vencer? Ou eram pequenitas raivas, desapercebidas como lágrimas em seu rosto molhado? Só ela, a matinal vendeira, sabe do valor dessas minusculinhas naturezas em seus dedos decepadas. Dizem, finalmente, que sob o véu de seus enegrecidos olhos havia, nessa manhã, uns fiapos de satisfação. Poderá ela, alguma vez, ser sabida? Se, como diz nenhuma canção, a água corre com saudade do que nunca teve: o total, imenso mar.

Fonte:
Mia Couto. Contos do Nascer da Terra. Porto: CPAC, 1998.

Notícias em Tempo da Câmara Brasileira do Livro


CARAVANA DE ESCRITORES FOI ABERTA NA QUINTA-FEIRA DIA 28/09

Duas comitivas de escritores inauguram a primeira temporada do projeto Caravanas de Escritores, organizado pela Fundação Biblioteca Nacional em parceria com a Câmara Brasileira do Livro. O objetivo do programa é promover leitura e literatura, viabilizando a participação de escritores na programação cultural dos eventos selecionados para o Circuito Nacional de Feiras de Livro e Eventos Literários. Por meio de atividades de promoção da leitura e valorização de escritores locais e de âmbito nacional, o projeto Caravana de Escritores dá oportunidade a escritores de renome e novos talentos de participarem de feiras de livros e eventos literários em todo o Brasil. Toda caravana terá três escritores de literatura brasileira sendo, um local, da cidade do evento e dois de fora. Os autores selecionados devem ter o mínimo de dois livros publicados com ISBN. Quem seleciona e convida os autores são as próprias entidades organizadoras dos eventos. O edital contempla os cachês e as passagens dos escritores de suas cidades de origem até o local das feiras. Os responsáveis pela realização dos eventos que oferecem como contrapartida, as hospedagens, alimentação, mediação, traslado e produção local. Quem se interessar pelo projeto pode entrar em contato pelo telefone 61 2024-2692 ou através do e-mail: caravanadeescritores@bn.br. Próximas caravanas previstas:

Taubaté/SP - 12 a 19/10 - Ligação: Literatura Infanto-Juvenil, Games e Artes em Ação. 

Presidente Prudente/SP - 18 a 28/10 - 3º Salão do Livro de Presidente Prudente. 

Rio de Janeiro/RJ - 20 e 21/10 - Fim de Semana do Livro no Porto 

São Paulo/SP - 23 a 25/11 – Primavera dos Livros 

Sarandi/SP - 26/10 - Feira do Livro na Praça 

Porto Alegre/RS - 26/10 a 11/11 - 58ª Feira do Livro de Porto Alegre 

Pelotas/RS - 31/10 a 18/11 - 38ª Feira do Livro de Pelotas 

Tomé-Açu/PA - 23 a 25/11 - I Feira do Livro do Município de Tomé-Açu. 

DIREITOS AUTORAIS E LIVRO DIGITAL

O curso “Direitos Autorais e Livro Digital”, oferecido pela Escola do Livro, da CBL (Câmara Brasileira do Livro), acontece no dia 31 de outubro, das 9h às 13h. 

O curso tem como propósito mostrar a evolução dos direitos autorais na era digital e a proteção legal do livro eletrônico. Na sociedade do conhecimento, a quebra do paradigma do suporte físico, é um dos temas abordados por esse curso. Além disso, melhores práticas para criação, produção, distribuição e compra de livros eletrônicos – o que deve constar nos contratos. 

As aulas serão ministradas pela Dra. Patricia Peck Pinheiro que é Advogada especialista em Direito Digital, formada na USP, com especialização em negócios pela Harvard Business School e MBA em marketing pela Madia Marketing School, com capacitação em inteligência e contra-inteligência pela Escola de Inteligência do Exército e Gestão de Riscos pela Fundação Dom Cabral. Sócia fundadora do Escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados, é autora do livro “Direito Digital” e co-autora dos audiolivros "Direito Digital no Dia-a-Dia", “Direito Digital Corporativo” e “Eleições Digitais”, todos pela Editora Saraiva, além de participação nos livros "Direito e Internet II", "e-Dicas" e "Internet Legal". É colunista do Conta Corrente da Globonews, do IDG Now e articulista do Valor Econômico, Revista Visão Jurídica, Revista Partner Sales, entre outros. Possui experiência internacional nos EUA, Portugal, Coreia. Idealizadora do Movimento “Criança Mais Segura na Internet”. 

O investimento para o associado CBL é de R$ 280. Associados de entidades congêneres, professores e estudantes – R$ 444. Não associados – R$ 560. Mais informações do curso podem ser obtidas pelo e-mail escoladolivro@cbl.org.br ou pelo telefone (11) 3069-1300.

Fonte:
Câmara Brasileira do Livro

Casa do Poeta de Canoas (Convite)


Casa do Poeta de Canoas - 10 AnosALMOÇO COMEMORATIVO

Convidamos para o "Almoço Comemorativo" que realizar-se-á em:
06/10/2012 - Sábado - 12 horas
Restaurante Italianíssimo
Rua Coronel Vicente, 260 - Centro / Canoas
Além do almoço haverá Sarau Poético Musical e os lançamentos literários:

  • Coletânea da UBE -Núcleo Canoas

  • Coletânea Dasnieve Daspet e Amigos núcleo Canoas

  • e o livro "Amor de Alma" da escritora Neida Rocha

Contamos com o prestígio da presença de todos nosso associados, colaboradores e simpatizantes.
Maria Luci Cardoso Leite
Presidente da Casa do Poeta de Canoas

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 684)



Uma Trova de Ademar  

Fui reviver meu passado 
na casa que pai morou... 
Um velho espelho quebrado, 
foi tudo o que me restou! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

São mistérios do viver!
Bate triste o coração,
que só bate por bater,
esperando teu perdão... 
–José Almir da Luz/PR– 

Uma Trova Potiguar  

Deixei de ser sonhador, 
passei a ser realista.. 
E você, meu ex-amor, 
eu quero é perder de vista. 
–Wellington Freitas/RN– 

Uma Trova Premiada  

2010  -   Montes Claros/MG 
Tema   -   RENÚNCIA   -   M/E 

Mesmo das lutas vencidas,
restou-me tanto cansaço,
que nas armas recolhidas
só vi renúncia e fracasso.
–Olga Agulhon/PR– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Sou feliz! Não vivo ao lado 
das estrelas na amplidão, 
mas posso ter um punhado 
de vaga-lumes na mão. 
–Antônio Roberto Fernandes/RJ– 

U m a P o e s i a  

Se votava em presidente, 
não havia Petrobrás, 
não tinha fogão à gás, 
era tudo diferente. 
O povo mais consciente, 
não havia exploração, 
o barão era barão 
e a moeda não caía, 
e nem o dólar subia 
no tempo de lampião. 
–Augusto Macêdo/RN– 

Soneto do Dia  

PRIMAVERA. 
–Sarah Rodrigues/PA– 

Chegou setembro com buquês de flores, 
com seu sorriso, despertou verbenas, 
verteu orvalhos, recendeu olores 
nas tardes calmas, nas manhãs serenas. 

Beijou jardins das confissões de amores,
e na aquarela de saudades plenas
desponta o Sol que multiplica as cores,
que descortina a placidez das cenas. 

Neste mistério cai à noite, e traz
a primavera que adormece em paz,
enquanto a lua lá do céu espreita. 

E no cenário majestoso eterno,
a natureza com seu dom materno 
olha o silêncio solitário e deita.

1º Concurso do Jornal Leitura do Bairro (2011) (Resultado Final)


(Em ordem alfabética) 

Ana Guiomar dos Santos (São Paulo/SP) 
Ana Luiza Marcos Francisco (São Paulo/SP) 
André Luiz Alves Caldas Amora (Rio de Janeiro/SP) 
André Telucazu Kondo (Caraguatatuba/SP) 
Angela Aparecida Frade Domingues (Itapecericada Serra/SP) 
Angelo Pessoa Martins (Cordeiro/RJ) 
Antonio Carolino Bezerra (Nova Iguaçu/RJ) 
Arlinda de Paula Souza (São Paulo/SP) 
Carlos Eduardo Benites (São Paulo/SP) 
Celia Amorim de Freitas (São Paulo/SP) 
Clarinda de Moura (São Paulo/SP) 
Claudia Louzada (São Paulo/SP) 
Cléia Maria da Silva de Carvalho (São Paulo/SP) 
Cristovam Tadeu Martins (São Paulo/SP) 
Daniel Alves de Oliveira (São Paulo/SP) 
Daniel Fagundes Souza (São Paulo/SP) 
Denio Limeira (São Paulo/SP) 
Denio Oliveira da Silva (São Paulo/SP) 
Denivaldo Piaia (Campinas/SP) 
Diogo Cezar Borges (Flamengo/RJ) 
Edweine Loureiro da Silva (Saitama/Japão) 
Everaldo Soares (São Paulo/SP) 
Ewald Koch (São Paulo/SP) 
Fatima Soares Rodrigues (Belo Horizonte/MG) 
Fernanda Mendes Araujo (São Paulo/SP) 
Francisco Ferreira (Betim/MG) 
Geraldo Trombin (Americana /SP) 
Gil Horta Pina (São Paulo/SP) 
Gilberto Dionísio Almeida (São Paulo/SP) 
Gisele Pacola (Curitiba/PR) 
Helena Barbagelata (Almada/Portugal) 
João de Jesus Santos (São Paulo/SP) 
João Elias Antunes de Oliveira (Taguatinga/DF) 
João Paulo de Miranda Parisio Jaboatão do (Guararapes/PE) 
Johnnatan Ivens Antunes Nascimento (Belo Horizonte/MG) 
Jonas da Gama Junior (Fartura/SP) 
José Duarte de Melo (São Paulo/SP) 
Julio César Correia da Silva (Rio de Janeiro/SP) 
Kátia Nascimento Soldani (São Paulo/SP) 
Letticia Cecy Correia (Paranaguá/PR) 
Lilian Souza de Araújo (Anápolis/GO) 
Luciano Vargas Braga (São Paulo/SP) 
Lúcio Rodrigues Junior (Tietê/SP) 
Luiz Augusto Pereira da Silva (São Paulo/SP) 
Marcelo de Oliveira Souza (Salvador/BA) 
Marcio Dison da Silva (Florianópolis/SC) 
Maria Aparecida dos Santos Silva (São Paulo/SP) 
Maria Aparecida S. Coquemala (São Paulo/SP) 
Maria das Dores Oliveira (Ipatinga/MG) 
Maria Ferreira da Conceição (São Paulo/SP) 
Maria Marta Silva de Sousa (São José dos Campos/SP) 
Maria Rodrigues Damacena (São Paulo/SP) 
Maria Valdete de Araujo Sousa (São Paulo/SP) 
Nathalia da Cruz Wigg (Ilha do Governador/RJ) 
Nerino de Campos (Belo Horizonte/MG) 
Newton Elehu Garcia Genro Junior (São Paulo/SP) 
Nilson Vieira Moreno (São Carlos/SP) 
Patrícia Diniz Santos (Natal/RN) 
Patricia L. Gomes (São Paulo/SP) 
Paula Ramalho (São Paulo/SP) 
Paula Regina da Silva Santos (São José da Lapa/MG) 
Perpétua Amorim (Franca/SP) 
Priscila Christine da Conceição Mancussi (Sorocaba/SP) 
Reginaldo Costa de Albuquerque (Campo Grande/MS) 
Ricardo Xavier Dantas (São Paulo/SP) 
Roberto Ferreira Lima (São Paulo/SP) 
Roberto Sedano Carneiro (São Paulo/SP) 
Robson Leandro Soda (Santa Cruz do Sul/RS) 
Ronaldo Andrade (São Paulo/SP) 
Ronaldo da Mota Vieira (São Paulo/SP) 
Roque Aloisio Weschenfelder (Santa Rosa /RS) 
Saulo de Oliveira Campos (Itabira/MG) 
Sebastião Espiridião de Oliveira (Embu das Artes/SP) 
Sérgio Bernardo (Nova Friburgo/RJ) 
Silvio Benedito (São Paulo/SP) 
Simone Alves Pedersen (Vinhedo/SP) 
Suellen Cibele do Vale (Guarulhos/SP) 
Suely Aparecida Schraner (São Paulo/SP) 
Tatiana Alves Soares Caldas (Rio de Janeiro/SP) 
Terezinha da Silva Alves (São Paulo/SP) 
Vitor Afonso Mattos Harrington (São Paulo/SP) 

Mensagem dos organizadores: 

Nossa expectativa era abranger apenas a zona sul da cidade de São Paulo, visto que nosso veículo é um jornal de bairro. Mas, para nossa surpresa, tivemos participantes de outras cidades do estado de São Paulo, dos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso e de países como Portugal e Japão. Ao invés de regional, o concurso alcançou o âmbito internacional. Isto valoriza o trabalho dos autores escolhidos. 

Para nós, estes fatores foram motivos de grande alegria e por isso só temos a agradecer a todos os participantes e, registramos, aqui, nosso incentivo para continuarem escrevendo, se aprimorando, porque todos, classificados ou não, têm muito talento. 

Aproveitamos a oportunidade para nos desculparmos pela demora na divulgação dos nomes classificados, mas esta se deu em virtude da quantidade de trabalhos inscritos. Além da abrangência inesperada, muitos participantes inscreveram cerca de 100 trabalhos próprios. Para estes, vão nossos votos de que em breve tenham a oportunidade de lançarem seus próprios livros, pois já têm bagagem suficiente para isto. 

Fonte: 
Http://concursos-literarios.blogspot.com  

domingo, 30 de setembro de 2012

Mário Quintana (Dos Leitores)


Vicência Jaguaribe (Complô no Reino da Fantasia)


Uma palavra para o leitor

Esta história não deve, de maneira alguma, causar-lhe estranheza, leitor, pois o fenômeno não é novo: não é a primeira vez que personagens de ficção saem das páginas dos livros, ganham autonomia e penetram no mundo real. Vou dar só um exemplo: na peça teatral Seis personagens à procura de um autor, do italiano Luigi Pirandello, seis personagens, ao serem rejeitadas por seu criador, entram na vida real e tentam convencer um diretor de teatro a encenar suas histórias.

**********

Conta-se — mas eu não assino embaixo — que, certa vez, viu-se, no castelo do Príncipe Rodolfo, herdeiro do reino da Appelândia, uma movimentação desusada: há três dias, cavalariços sonolentos limpavam as cocheiras e reorganizavam as baias para receber mais animais; fornecedores chegavam a todo momento para abastecer as despensas; criados domésticos limpavam e arejavam os aposentos fechados e com cheiro de mofo, trocando a roupa de cama, acendendo lareiras e enchendo as grandes tinas de banho, com uma água que talvez nem fosse usada — dizia-se, em surdina, que a maioria dos príncipes não gostava de banho —; chefes de cozinha de fama internacional começavam a preparar pratos que, só de olhar, despertavam não apenas a fome, mas a vontade de comer.

Sua Alteza Real receberia em seu castelo os príncipes que tinham suas vidas e aventuras registradas e deturpadas nos tradicionais contos de fada. Ele próprio fora atingido no papel que desempenha no conto “Branca de Neve e os sete anões”. Mas isso vamos deixar para depois.

Tudo pronto, o príncipe Rodolfo vestiu sua roupa principesca, com manto de príncipe, sapato de príncipe, chapéu de príncipe e tudo o mais de príncipe, e esperou. Se alguém duvidava ser ele um príncipe de verdade, a dúvida acabava ali, naquele momento. Ser príncipe estava em seu corpo e em sua alma: no jeito de olhar, de falar, de andar, de dar ordens, de amar e de odiar. Dizem que os príncipes fazem tudo isso diferente de nosotros. Não confirmo nem nego essa afirmação porque nunca em minha vida vi um príncipe de verdade.

Os convidados fizeram-se anunciar um a um para imprimir à entrada mais pompa e circunstância: 

Sua Alteza Real o Príncipe Nicolau, do Reino da Hipnolândia e da história “A Bela Adormecida”;

Sua Alteza Real o Príncipe Alexandre, do Reino da Cindelândia e da história “Cinderela”;

Sua Alteza Real o Príncipe Aníbal, do Reino da Ferolândia e da história “A Bela e a Fera”;

Sua Alteza Real o Príncipe Orlando, do Reino da Ursolândia e da história “Branca de Neve e Rosa Vermelha”;

Sua Alteza Real o Príncipe Alberto, do Reino da Bravolândia e da história “O príncipe que não temia coisa alguma”;

Sua Alteza Real o Príncipe Ambrósio, do Reino da Sapolândia e da história “Rei Sapo ou Henrique de Ferro”.

E foram anunciados outros príncipes de terras longínquas, cujas histórias eram pouco conhecidas. O príncipe Rodolfo encaminhou suas altezas a um grande salão decorado de espelhos e de lustres feitos do cristal mais puro. 

Todos entraram e a porta foi fechada. Aquela era uma reunião cuja pauta devia ficar em completo sigilo. Príncipes de reinos mais pobres olhavam aparvalhados para tanta beleza e luxo. Os do Oriente admiravam-se com a diferença do gosto e da noção de beleza. Os dos países mais próximos observavam tudo com uma pontinha, deste tamainho, de inveja.

Quando todos se acomodaram, o Príncipe Rodolfo, sentado na cabeceira da enorme mesa, abriu a reunião, falando o maravilhês, língua usada por todos os que vivem na dimensão da magia e do maravilhoso.

— Meus amigos, dignos Príncipes dos reinos vizinhos e dos reinos longínquos, vocês devem ter ficado curiosos e também preocupados com o meu convite. Deixem-me dizer-lhes o motivo pelo qual eu, presidente da Associação dos Príncipes dos Contos de Fada — APCF —, convoquei-os para esta reunião: rever a posição e a caracterização dos príncipes nos contos de fadas. Relendo, há pouco tempo, algumas obras famosas, tomei consciência de como somos tratados nas histórias. E não gostei do que descobri.

(Vamos dizer a verdade sobre o despertar da consciência crítica do Príncipe Rodolfo. Não foram os livros que ele diz haver lido, mas algo muito mais sério. Um dia, quando admirava aquela sala e seus lustres, acompanhado do pai, o Rei William, ouviu dele a informação do encantamento que envolvia o aposento: se uma pessoa tivesse certeza do que queria, se estivesse disposta a corrigir os erros de uma situação, ao fixar-se em um dos espelhos teria o senso crítico intensificado. Na primeira oportunidade, o Príncipe voltou ao salão e, ao mirar-se em um dos espelhos, enxergou a própria vida e a de muitos dos seus pares, como elas eram retratadas nas histórias. E não gostou do desvelamento feito pelo seu senso crítico agora aguçado.)

— Nossas vidas são exatamente como vou aqui expor. Digo, sem titubeio, que não temos nenhuma importância, nenhum carisma e, principalmente, não temos caráter ou personalidade.

— Vossa Alteza nos chamou aqui para nos falar de nossos defeitos e fraquezas? — Ouviu-se a vozinha fraca do Príncipe Sapo.

— Não. — Retomou a palavra o Príncipe Rodolfo. — Chamei-os para alertá-los sobre a maneira como os escritores nos apresentam em suas histórias. Eles desvalorizam nossas figuras. Esse é um ponto que atinge todos os príncipes dos contos maravilhosos, que só existem neles e por eles. Nesses contos, não temos nem nomes; somos conhecidos pelo nome da protagonista da história, que geralmente está presente no título da narrativa — o príncipe de “Branca de Neve”; o príncipe de “Rapunzel”, e assim por diante. Cada um de nós é simplesmente o Príncipe, como se não fôssemos indivíduos, mas entidades sociais ou pessoas jurídicas. Você, por exemplo, Príncipe Nicolau, seu nome não aparece uma única vez na história da Bela Adormecida. E, o que é mais, grave: amputaram o seu conto. Ele termina no seu casamento com a princesa ex-adormecida. Nada daquele final macabro, que faz até jacaré chorar.

— É verdade que o cortaram nesse ponto?! E o que fizeram com o restante?

— Ora! Amassaram e jogaram no lixo. Não vê que agora, no mundo do reality show, é proibido contar para as crianças certos detalhes das histórias. Também inventaram um tal de politicamente correto, que está levando os novos escritores a deformar as histórias tradicionais.

— Como pode ser isso? — Perguntou o Príncipe Ambrósio.

— Pode, meu amigo, no mundo do reality show, as coisas mais estapafúrdias acontecem. E tudo é muito contraditório. A minha história foi alterada: inventaram que  Branca de Neve acordou com um beijo meu. Imaginem se eu beijaria uma defunta ou uma quase! Os deuses me protejam! A verdade é que, quando a vi deitada no esquife, bela como eu jamais pensara que uma princesa pudesse ser, apaixonei-me. Tentei comprar o esquife, mas os anões negaram-se a vendê-lo. Quando, porém, entenderam que eu ficara profundamente apaixonado pela garota e ouviram minha declaração de amor — Dai-me, então, como um presente, pois não posso viver sem ver Branca de Neve.  —, tiveram piedade de mim e mandaram-me levar o caixão. Os servos que traziam o esquife para o meu castelo tropeçaram. A urna não caiu, mas balançou muito, o que fez a princesa expelir o pedaço da maçã envenenada preso em sua garganta. Imediatamente após o incidente, pedi a princesa em casamento.

E com sua história — “Rei Sapo ou Henrique de Ferro” —, Príncipe Ambrósio, ainda foi pior. Nem príncipe aparece. Em uma das versões modernas da história, o sapo se transforma, vejam só, em um corretor de imóveis, que planeja construir, na bela floresta do reino da Sapolândia, o que eles chamam de shopping- center. Outro detalhe: até o criado tem nome — Henrique. E Vossa Alteza, nada.

— Mas qual a razão de fazerem isso com a minha história?

— Acho que foi para denunciar a destruição das florestas que está acontecendo por lá, pelo mundo da realidade.

— E o que houve com minha história? — A pergunta vinha do príncipe Alexandre.

— A sua história, Alteza, já é ridícula desde que foi inventada — falou o príncipe Rodolfo, com sua franqueza habitual. Quem já viu um príncipe de sangue real ir de casa em casa com um sapato na mão, procurar a dona desse sapato, que poderia até ser uma plebeia, para com ela se casar! E, ainda por cima, Vossa Alteza prepara a festa, dança com a jovem desconhecida e ninguém sabe, nem a jovem, muito menos o leitor da história, que seu nome é Alexandre.

— Suas palavras me ofendem, príncipe Rodolfo. 

— Desculpe-me. É esta minha boca que insiste em ser sincera, por isso exagera na verdade.

— Desculpas aceitas, Príncipe Rodolfo.

— E sabe, Príncipe Alexandre  —, continuou o Príncipe Rodolfo — que os estudiosos descobriram uma versão da sua história muito mais antiga do que a europeia que conhecemos? E, talvez, bem mais interessante. É chinesa e parece ter sido a primeira versão escrita do conto “Cinderela” ou “Branca de Neve”.

— Interessante, muito interessante! Mas humilhante para este Príncipe aqui, que nem original é. — Choramingou o Príncipe Alexandre.

— Bem — retomou a palavra o Príncipe Rodolfo — para encerrar nossa reunião, um detalhe dos mais graves: todos nós, os príncipes, parecemos, nos contos de fada, uns idiotas. Apaixonamo-nos, à primeira vista, pela primeira jovem bonitinha que aparece e, rápido como a queda de um raio, contratamos casamento. E ainda somos apresentados como uns imbecis e preguiçosos, que levam a vida caçando, passeando e tentando encontrar dragão. Não temos nenhum papel no reino, a não ser procurar uma noiva e defendê-la dos dragões e das maldições das bruxas. Isso me deixa desolado. E tem mais: aquele felizes para sempre já está tão fora de moda! Quem é feliz para sempre, principalmente casando com as princesas mofinas dos contos de fada? Princesas que não fazem nada de proveitoso, não conseguem nem vestir-se sozinhas, passam os dias esperando a chegada de seus falsos heróis. São tão sensíveis, mas tão sensíveis mesmo, que sentem o desconforto causado por uma ervilha colocada sob vários colchões. Me dá vontade de falar como falam os príncipes e os não príncipes do mundo real: Minha amiga, me dá um tempo. Que tal se garantir um pouco e esperar menos?  Afinal de contas, o que as pessoas do mundo do reality show pensam que nós, moradores do mundo paralelo da fantasia, somos, para nos representar assim?

— É, a situação é grave e vergonhosa. O que Vossa Alteza sugere que façamos? — Perguntaram os príncipes ao mesmo tempo.

— Sugiro uma crise de ilustrações. Sem ilustrações, nada de livro para criança. Cada um de nós se encarregará de achar alguém com o poder de fazer desaparecerem todas as ilustrações das histórias que foram alteradas. Vamos marcar outra reunião para de hoje a um mês.

Satisfeitos, Suas Altezas dirigiram-se à sala onde serviriam o almoço, que foi digno dos deuses. Depois do almoço, repousaram uma meia hora e foram à caça. O Príncipe Rodolfo, com seu senso crítico hipertrofiado pela permanência na sala mágica, pensou um pensamento tão estranho quanto polêmico: Será que os contadores de histórias não estão certos na caracterização — ou falta de caracterização — dos príncipes? Parece que somos todos iguais: parasitas em busca de aventuras e de um amor instantâneo, feito leite em pó.

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P.S. A partir daquele dia, as editoras que trabalhavam com livros infantis foram processadas e tiveram que pagar boas indenizações aos clientes, por venderem livros cujas ilustrações se apagaram.

Fonte:
A Autora

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Projeto Entre Poetas)



LUZ 
Antonio Manoel Abreu Sardenberg 
São Fidélis "Cidade Poema" 

Como a luz de um sol irradiante 
surgindo na manhã de primavera, 
procuro loucamente a todo instante 
ser também sua luz, doce quimera. 

Envolver o seu corpo com calor, 
fazer do nosso encontro um acalento, 
sonhar que a vida é feita só de amor, 
amar por toda a vida este momento! 

Em seguida, num cálido aconchego, 
sem pudor, e sem medo, e sem juízo, 
trançar os nossos corpos num apego, 
fingir que o nosso mundo é paraíso! 

Comer com gosto todas as maçãs, 
ignorando que o fruto é proibido... 
deixar que o despertar do amanhã 
desfaça esse sonho concebido! (sem pecado) 

ÂNSIA DE VIVER
Simone Borba Pinheiro

Meu tempo, não tem tempo
de esperar por ti.
Por ti que, só enganos, somou
aos meus desenganos.

A noite fria já não tem mais lua
E eu amor, já não sou mais tua.
Meu corpo hoje, se aquece em outros braços
e, é por isso que rompo todos os laços
com o tempo passado,
que nunca teve tempo para mim.

Cansei de esperar pelo vinho
que depois de feito,
já não fazia mais efeito em mim.
Cansei do dia, da noite,
da vida vazia
que se apoderou de mim.

Perdoe amor, os meus desencantos,
mas hoje só canto,
a alegria de viver.
Viver o amor, sem pranto,
com outro amor no meu canto,
cantando pra eu dormir!

POR AMOR 
Maria Tomasia

Por amor a ti, qualquer coisa faço;
enfrento ventos, atravesso brumas,
sem medo algum, vou até o espaço,
cruzo mares e me visto de espumas.
Desde que te entreguei meu coração,
nada existe que não possa enfrentar;
das vaidades fiz juras de abnegação...
só não deixo nosso amor se fragmentar.
Por amor a ti, transponho fronteiras;
para te encontrar, vou ao fim do mundo.
Sempre te amarei de todas as maneiras,
porque o que sinto é muito profundo.
Lembra que ninguém te amou assim;
por isso, peço-te, esquece o passado.
Olha o presente e o que tens, enfim:
amor como o meu tem que ser cultuado.

DOR...
Ciducha

Fala-me da dor
que meu coração abriga,
e que tanto nos castiga...

Fala-me de amor!
Do amor sofrido, não vivido,
desse amor feito de expectativas...

Fala-me da esperança,
que não ouso apartar-me dela, e a carrego
para onde vou, ou então seria o fim...

Fala-me agora disso tudo!
Estou cansada demais
para ter sono...
Ferida demais
para sentir dor...
Abandonada demais
para estar só...
Assustada demais
para ter medo...
E tão ostensivamente perseguida demais...
para fugir!

Depois... em outro tom,
com outro som,
fala-me de paz, de amor,
de esperança,
para que eu possa finalmente,
desvencilhar-me dessa dor tão terrível, e...
crer!

ORGULHO
Daria Farion

E foi na Áustria que André conquistou,
No peito as medalhas ostentou.
Lindo, garboso para o Brasil emigrou
E nesta Terra linda sua Maria encontrou.

Terra abençoada, esposa dedicada eis o laurel.
Prole numerosa, suor a pingar no solo arado.
Nas mãos dos filhos nunca uma enxada colocou,
Longe, longe para colégios enviou.

Meu André, minha Maria quanto orgulho!
Meus pais que a décadas partiram,
Mas do meu coração nunca saíram.
Numa realidade virtual eu afirmo:
- Saudade é vida, 
Vida sem vocês. 

AH! SAUDADE
Nancy Cobo

Saudade do tempo de escola, 
da primeira professora, 
da infância, mesmo sofrida, 
dos avós que se foram, 
dos pais que já partiram, 
das brincadeiras inocentes, 
da juventude que, agora, queremos que volte...

Saudade dos bailes da vida, 
do primeiro Amor, 
do verdadeiro Amor, 
aquele que, de corpo e Alma,
se entrega ao coração, 
mas que, um dia, perdeu-se no caminho...

Caminho esse que quero voltar 
para tentar encontrar 
a felicidade que ficou, 
a saudade do que foi, 
saudade do que é, 
saudade de você.

Fonte:
Antonio M. A. Sardenberg

Raquel Ordones (Cordel do Amor)


Amor, sem aclaração. 
Não adianta tentar 
E não há o que falar 
Contexto do coração 
Expresso em emoção 
Uma parte é sentida 
A outra: ação contida 
É transparência no ser 
Vem para entorpecer 
É a essência da vida! 

Está no sol da manhã 
Na claridade do dia 
E nos raios de magia 
Beleza do flamboyant 
É o sabor da maçã 
É a condição querida 
E jamais causa ferida 
É a alma integral 
Feição incondicional 
É a essência da vida! 

O caminho do andejo 
É café quente com leite 
No inverno em deleite 
É a delicia do beijo 
É a ânsia do desejo 
É a laranja partida 
É a rosa concedida 
O desabrochar da flor 
O abraço de calor 
É a essência da vida! 

Está nos olhos da criança 
No seu sorriso sincero 
E no Deus que eu venero 
Estampa da esperança 
Na certeza da aliança 
Na risada divertida 
Na poesia que é lida 
Fé que é força na hora 
No instante de agora 
É a essência da vida! 

Amor é tudo de bom 
É o cheiro de perfume 
Na entrega se resume 
Da nota ele é o tom 
E da voz ele é o som 
É primavera florida 
No colo a acolhida 
Está no ato do toque 
E do batom o retoque 
É a essência da vida! 

Enfim: amor é amor 
E com nada se compara 
O mundo anda e para 
Do orbe é o motor 
Da paixão é o ardor 
Sentimento de guarida 
Emoção não esquecida 
É uma ave que voa 
Profundeza que ecoa 
É a essência da vida! 

Fonte:
A Autora

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 683)


Uma Trova de Ademar  

O tempo, qual sanguessuga, 
para aumentar meu desgosto, 
fez nascer mais uma ruga 
entre as rugas do meu rosto! 
–Ademar Macedo/RN– 

Uma Trova Nacional  

Diz-me esta ruga esculpida, 
entalhe que o tempo fez, 
que a primavera da vida 
só nos floresce uma vez. 
–Jaime Pina da Silveira/SP– 

Uma Trova Potiguar  

Meus sentimentos dispersos
podem ser lidos com calma,
pois na emoção de meus versos
há pedaços de minha alma. 
–José Lucas de Barros/RN– 

Uma Trova Premiada  

2002   -   Belém/PA 
Tema   -   FRUTO   -   M/H 

O mundo, a cada minuto,
mostra a ironia presente,
pois, nem sempre colhe o fruto
a mão que planta a semente!...
–Rodolpho Abbud/RJ– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Ah, que estranho desafio
e esquisita proporção:
quanto mais fica vazio,
mais nos pesa o coração! 
–Pe. Celso de Carvalho/MG– 

U m a P o e s i a  

Jesus Cristo em favor da humanidade 
deu a vida, pregado numa cruz, 
tantos outros assim como Jesus 
foram vítimas de tal barbaridade; 
Luther King em prol da liberdade 
expos suas ideias liberais, 
igual a Gandhi na Índia e outros mais 
que tiveram a luta interrompida; 
muita gente doou a própria vida 
rebatendo problemas sociais! 
–Carlos Aires/PE– 

Soneto do Dia  

MORTE DAS ROSAS. 
–Pe. Antônio Tomás/CE– 

Nos canteiros orlados de verdura,
de mil gotas de orvalho umedecidas,
cheias de viço e de perfume ungidas,
desabrocham as rosas a ventura.

Mas a vida das rosas pouco dura,
e em breve a desgraça enlanguescida
a fronte curva nos hastes pendida,
a um raio de sol que além fulgura...

E vão perdendo as pétalas mimosas,
a um sopro mal dos vendavais infestos,
é o despojo final das tristes rosas...

E de cor vermelha pelo chão tombadas
fazem lembrar sanguinolentos restos
de pobres corações despedaçados.