segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

XI Prêmio Literário Livraria Asabeça (Resultado Final)


VENCEDOR - CONTOS

Marcondes Araujo Campos
Obra: Piolhos de Cobra
Feira de Santana / BA

Obras Pré-selecionadas / Menção Honrosa - Contos

Amanda D'Andréa Lowenhaupt Guimarães
Obra: Retratos
Pelotas / RS

Carlos Bruni Fernandes
Obra: Cinderela Desajustada
São Paulo / SP

Douglas Tavares de Araújo
Obra: Contos Fantásticos
São Paulo / SP

Fabricio Bueno Borges dos Santos
Obra: Contos Insólitos
Chapecó / SC

Fernanda Cupolillo Maina de Faria
Obra: Mínimos Mares
Niterói / RJ

Gabriela Lovato Seli
Obra: O Jogo
Franca / SP

Gustavo Fontes Rodrigues
Obra: Devaneios
São Paulo / SP

Jenny Alexandra Rugeroni
Obra: Um Passo no Escuro
São João da Boa Vista / SP

José Angelo Potiens
Obra: O Homem que Procurava o Ibirapuera e outras histórias
São Paulo / SP

Maria Edy-Lamar Gonçalves de Oliveira
Obra: Cantos de Todas as Águas
Belém / PA

Pollyana Correia Lima
Obra: Lápis, caderno e mochila
Uibaí / BA

VENCEDORA - POESIAS

Aglaé Torres Cristofaro
Obra: DDI – Discagem Direta do Inconsciente - Pensamentos Ilógicos
São Paulo / SP

Obras Pré-selecionadas / Menção Honrosa - Poesias

Alexandre Dias Paza
Obra: A Velha Poesia Novinha em Folha
Guarulhos/SP

Alexandre Márcio da Silva Gouveia
Obra: Àmor-Romá - Proles do Espaço
Itapecerica da Serra/SP

Alexandre Rodrigues da Costa
Obra: Bela Lugosi no Ateliê de Kandinsky
Belo Horizonte/MG

André Luiz dos Santos Gandra
Obra: Urbanóias (e outras modernidades)
Santo André/SP

André Luíz Soares
Obra: Palavras de Sal e Sol
Guarapari/ES

Dalva Agne Lynch
Obra: Nos Jardins Sagrados
São Paulo/SP

Diulinda Garcia de Medeiros Silva
Obra: Através da Vidraça
Natal/RN

Erica da Costa Boia
Obra: Interior
Rio de Janeiro/RJ

Flávia Drummond Naves
Obra: Florárvore no Jardim da Solidão
Belo Horizonte/MG

Flávio Rubens Machado de Queiroz
Obra: Provisórios
Obra: Cabo Frio/RJ

Hideraldo Montenegro
Obra: Flores de Maio
Jaboatão dos Guararapes/PE

Jacqueline Lopes Salgado Soares
Obra: Manual da Metrópole
Belo Horizonte/MG

Jaqueson Luiz da Silva
Obra: Na Velocidade do Pó
Campinas/SP

José Carlos Mendes Brandão
Obra: Relíquias
Bauru/SP

Kleiton Gonçalves Bezerra Alves
Obra: Invenção Noturna
Picos/PI

Luiz Fernando da Fonseca Selistre 
Obra: Breviário
Porto Alegre/RS

Marcelo Gonçalves Silva Torres
Obra: Vertigem de Telhados
São Bernardo do Campo/SP

Margareth Izilda Fiorini
Obra: Simplesmente Mulheres
Joinville/SC

Maria Helena Lopes Latini
Obra: Múltiplo Um
Niterói/RJ

Ramon Luiz Braga Dias Moreira
Obra: Kala
Belo Horizonte/MG

Roberto Nonato de Oliveira Lima
Obra: Contradição
Barbacena/MG

Rogerio Luz
Obra: As Palavras
Rio de Janeiro/RJ

Tanussi Cardoso
Obra: Eu e Outras Consequências
Rio de Janeiro/RJ

Tatiana Oliveira Druck
Obra: Antes Arte do Que Nunca
Porto Alegre/RS

Tiago Butarelli Lima
Obra: Folhas do Mato
Campo Grande/MS

Vinícius Bovo de Albuquerque Cabral
Obra: Outras Tardes Nessa Taça
Vilhena/RO

Fonte:
http://www.concursosliterarios.com.br/home.php 

domingo, 20 de janeiro de 2013

Pedro DuBois (Poemas Inéditos)


SOBRE A MORTE E SUAS SENSAÇÕES  
A sensação da morte
companheira e amiga
solidária

a intenção da morte
solitária na passagem

a compaixão da morte
na combinação irrecusável
do ser encerrado na extremidade
da corda suspensa sobre o nada

a condição da morte
no sentido trânsfuga
da ilusão do início

a similitude onde a morte
é experimento no corpo
que cede ao cansaço.

REVISÃO

Reescrevo a história
em alterados fatos
desabonadores: desligado
o semáforo permite
o entrelaçamento dos carros
abandonados na oxidação
atmosférica

a vida cobra pelo reingresso
de elementos alegóricos

o caso pelo outro lado
do poliedro: a necessidade da ordem
desarruma o caos desligado
em amanheceres amadurecidos

revejo a história sob camadas
arqueológicas: onde e quando
me desligo das respostas.

O PASSAR DOS ANOS
 
Inúteis horas em pensamentos
menores de sobrevivências e amores
inacabados na falta de propostas:
o insucesso avesso do fracasso
diluído em eflúvios gases
na delicadezas e humores
antagônicos dos esgares.

O mútuo acrescentado dos juros
negados no pagamento revertem
ao capital exaurido o último
rasgo de generosidade
e se depositam
no final dos negares: atrás
do altar sob o pecado inútil
rezam cotovias do absoluto
e dos gritos explodem chamas
de calmarias: a inutilidade
se completa ano após ano
em mesmas histórias.

NASCER
 
Nos nascimentos
natais realizados
tisnam meu corpo
no aleatório desejo
de amor e glória:

deposito minha vida
nas mãos que envolvem
o tempo ao vento

nascer e renascer
na coincidência
do extremo gesto

em que realizo em tintas
o que dos nascimentos pintam.

INTIMAR
 
Intimo o tempo
ao cabo
do trajeto: o escoar
ensandecido da montanha
exclui da intimação
a órbita do satélite
(artificial)

não fico no escasso horizonte
da cidade (nascente) refém
do desconsiderado

coerente ao instante
fugidio da aparência
recolho no tempo
o reclame: sublime
verso de poeta alheio
ao castigo. Soprana
voz implicada no tempo
em retornos.

INÉDITA
 
Faz a música
(inédita)
retirada da vida
na agitação
de hoje em dia

faz a música
(inédita)
renovada
na agitação
de hoje em dia

faz a música e do ineditismo
retira o eco do diariamente:

o telefone toca a irritação
de aguardar a chamada

faz a música
(inédita).

IMAGENS
 
Ao espelho
revolta a imagem
invertida (espelhos
repelem vidros)

inventado
o corpo se aproxima
do limite do encontro
(ao espelho
cabe o outro
lado)

ser na imagem o conforto
confronto
o corpo solto no espaço bipolar
do esforço - aqui em carne e osso
projetado ao espaço inexistente -

ao espelho conforta o tempo
dos homônimos e aos nomes
cabe a mesma imagem.

GERAÇÕES
 
Crê na ressurreição
da alma em outra forma
e formato. Acredita
na interdependência
do homem no corpo
espiritualizado
pelo trabalhar
constante
das ideias.

Cobra dos filhos a inserção
no modelo universalizado
do comportamento: o carinho
o aborrecimento
o desejo
e o tédio.

Vê no crescimento a identificação
em que se reconhece: ser
na continuidade a repetição
da face e do nome.

ENTARDECER
 
Presente ao cair da tarde
noite (o pássaro
se recolhe
em gritos
de medo)

onde me apresento
em norte (o desnorteado
pássaro aninhado)

e não me aguardo
no encontro desigual
entre luz e sombra

(ao pássaro cabe
recuar e prender
em galhos
o ninho).

CRIANÇA
 
Na criança permanecemos adultos
na busca das vozes verdadeiras
das primitivas pinturas

que nos dizem do tempo
utilizado para o aprendizado
permitido pelo medo

ainda hoje: no calor da discussão
acadêmicas somos pronunciamentos
aleatórios de temas desnecessários

tal criança divertida em brincadeiras
nos dizemos brabos
e argutos pesquisadores
das cores em que esquecemos os solos
estampadosnas lanças quebradas

da criança trazemos a infelicidade
das histórias contadas como verdades.

CONQUISTAS
 
Onde a paz aguarda o consenso: reviso a fala
ouvida nos extremos. O discurso guerreia
o anseio e dos lugares
longe e perto
o som trombeteia mortes - na evolução
nos fazemos gente - e nos transporta
ao arremedo da tormenta. Atroz: o medo
se faz ciente do engodo e somos atingido
no apogeu do esquecimento - aos mortos
faltam nomes - para onde vamos
ao morrermos: a paz
se apresenta em esqueceres
de conquistas e permanências.

Fonte:
O Autor
http://pedrodubois.blogspot.com/

Julio Daio Borges (A Epopeia de Gilgamesh, pela WMF Martins Fontes)

Qual é a história mais antiga do mundo? Para quem tem formação judaico-cristã, a Bíblia. Para quem cultiva o helenismo, os versos de Homero ou a Teogonia de Hesíodo. Mas, desde o século passado, sabemos que existe uma ainda mais antiga.

Estamos falando da Epopeia de Gilgamesh, que a WMF Martins Fontes acaba de reeditar em formato pocket. Na introdução de N.K. Sandars (que estabeleceu a versão inglesa, a mesma que serve de base para a brasileira), ficamos sabendo que os primeiros autores da Bíblia deviam estar bastante “familiarizados com a história” de Gilgamesh e que esta, inclusive, “precede as epopeias homéricas em pelo menos mil e quinhentos anos”.

Como diria Nietzsche, Gilgamesh é uma história humana, demasiadamente humana, onde estão presentes “a busca pelo conhecimento, a mortalidade e a tentativa de escapar do destino do homem comum”. A epopeia se passa da Mesopotâmia, foi escrita pelos sumérios (que chegaram lá em 3000 A.C.) e está registrada nas mais antigas tábuas de Nippur. Historicamente, Gilgamesh surge como “o quinto monarca de dinastia pós-diluviana de Uruk”. Sim, há um dilúvio. Talvez o mesmo dilúvio bíblico. Pois, cronologicamente falando, a epopeia de Gilgamesh se situa no período entre Noé e Abraão, cujo único registro conhecido era o Livro do Gênesis.

Historicamente, mais uma vez, Gilgamesh foi “um rei que provavelmente comandou uma bem-sucedida expedição para trazer madeira das florestas do norte e que certamente foi um grande construtor”. Já na mitologia, Gilgamesh é dois terços deus e um terço homem, assim como Aquiles, cuja mãe era igualmente uma deusa. Aliás, os gregos já advertiam: “Aquele que se deita com uma deusa imortal perde para sempre a força e o vigor”. Qualquer semelhança com Adão e Eva, a maçã, a descoberta do pecado e a expulsão do paraíso não é mera coincidência. E, mesmo sem Guerras Mundiais como as nossas, reis como Gilgamesh já temiam que “os poderes do caos e da destruição escapassem ao seu controle”.

O homem não comandava a natureza como hoje, e ela poderia se voltar contra a humanidade a qualquer instante, extinguindo o Homo sapiens. Em termos de mitologia, mais uma vez, Gilgamesh habita “um mundo em que deuses e semideuses se confraternizam com os homens num pequeno universo de terra conhecida, cercado pelas águas desconhecidas do Oceano e do Abismo”. (Ruy Castro poderia chamar isso de Ipanema. E é bem por aí.)

O texto em si é agradavelmente legível e muito melhor escrito que o de muitos autores da nossa própria época. Como tantos heróis conhecidos nossos, Gilgamesh “parte numa jornada”, “cansa-se”, “exaure-se em trabalhos”, “retorna”, “descansa” e “grava na pedra toda a sua história”. Gilgamesh é rei, e esse é seu destino. Mas Gilgamesh não viverá eternamente, e esse, também, é seu destino. Pois lhe é advertido: “Enche tua barriga de iguarias; dia e noite, noite e dia, dança e sê feliz, aproveita e deleita-te. Veste sempre roupas novas, banha-te em água, trata com carinho a criança que te tomar as mãos e faze tua mulher feliz com teu abraço; pois isto também é o destino do homem”. “Não existe permanência”, antecipando Heráclito, a história registra. E antecipando, desta vez, o conceito grego de nêmesis e húbris: “Os heróis e os sábios, como a lua nova, têm seus períodos de ascensão e declínio”.

Se a Bíblia, em suas múltiplas versões, serve de base para judeus, cristãos e muçulmanos, podemos dizer que Gilgamesh serve de base para toda a humanidade, assim como os gregos e os romanos transcenderam o chamado paganismo, pois escreveram a história ocidental, que é inescapavelmente a nossa História. A Epopeia de Gilgamesh, assim como a Bíblia, os gregos e os romanos de nossa preferência, pode ser um livro de cabeceira, sim, pois, como Montaigne, que costumava se servir da filosofia, estamos sempre aprendendo a viver, e a morrer.

Fonte:
http://www.digestivocultural.com/arquivo/tema.asp?codigo=7&nome=Literatura

Ribeirão Preto em Trovas



A paixão é estranho jogo
 que, de súbito, esparrama
 mil labaredas de fogo,
 porém, breve cessa a chama.
 AIDER CRUZ DE OLIVEIRA

Minhas mágoas vejo, agora,
no cristal das águas mansas,
no mesmo rio que, outrora,
me refletia esperanças.
ALMÉRIA PAIVA CIONE

Fugindo aflita, assustada,
aos pulos o coração,
sem sorte, sala fechada,
dá de cara com o ladrão!
ANA ROMANO SANTORO

No transparente cristal,
vislumbro de Deus o rosto,
na forma transcedental
do Tudo... no nada exposto.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO

A mãe é um ente sublime
que Deus nos deu por herança;
cada vez mais ela exprime
amor,fé,paz e esperança.
BENEDITO IVO PINTO (+)

Numa gota de cristal
que de teus olhos fugia,
eu pude ver, afinal,
que era amor o que caía...
BRANCA MARILENE MORA DE OLIVEIRA

A chama do fogo sente
 que nem sempre tudo é festa
 e queimando descontente
 vai devastando a floresta.
CAVALHEIRO VERARDO NETO

Como cristal em pedaços
espalhados pelo chão,
são sem valor seus abraços
na mentira da paixão...
DULCE CIONE MALDONADO

Oh! Ribeirão Preto antiga
dos barões e cafezais...
Nova cidade que abriga
os grandes canaviais.
ELIANE APARECIDA PEREIRA

Amo ler, e bem escolho
no livro a mensagem certa,
o conteúdo eu recolho,
não deixo a mente deserta!
ELISA ALDERANI

O meu vizinho Clemente,
 comemorando no jogo,
 deu um beijo tão ardente
 que o bigode pegou fogo.
 ELZA MORA

Que o natal me traga paz,
fraternidade e alegria;
que eu seja sempre capaz
de seguir a mãe Maria!
FRANCISCA DE A. RODRIGUES

Para a gente ser feliz
é preciso muita paz;
pensar sempre no que diz;
o resto, o coração faz.
GISLAINE KIKUGAWA

Nunca vi algo tão lindo,
nada tão encantador,
que a natureza sorrindo,
desabrochando uma flor!
HELENA AGOSTINHO
Brincava sempe com fogo
 minha azarada vizinha,
 namorava um pedagogo
 que era chefe de cozinha.
IVAN AUGUSTO DE ANDRADE TEIXEIRA

Vale mais, no último instante,
no acerto da redenção,
a humildade do gigante
que a prepotência do anão.
JOSÉ MARIA M. DE MIRANDA (+)

Não traz perene alegria
taça de cristal na mão!
Esse prazer não expia
as nódoas do coração!
JOSUÉ DE VARGAS FERREIRA

A luz que jamais se apaga
 no ideal da humanidade
 é o clarão que se propaga
 na chama da liberdade.
LILA RICCIARDI FONTES

No sorriso da criança
brilha um toque divinal
que lhe traz a semelhança
da pureza do cristal!
LOURDES APARECIDA CIONE

Diz a pipoca à panela:
 - Por que pulas tanto assim,
 se o fogo desta esparrela
 é todo embaixo de mim?!
MANOEL NAHAS NETO

Em que bola de cristal
eu vou ler nossos destinos,
neste mundo desigual,
neste mar de desatinos?...
MIGUEL PERRONE CIONE

Abraçadas por espinhos,
tristes cruzes nas estradas,
são saudades nos caminhos
por mãos piedosas plantadas.
NILTON DA COSTA TEIXEIRA (+)

O mundo, pleno em magia,
nossa bola de cristal,
mesmo amargo, traz poesia
aos momentos mais sem sal.
NILTON MANOEL

A sorte nasce com a gente
e faz a gente pensar
que, para viver contente,
é viver sem trabalhar.
NININHA CABRAL GUTIERREZ

Feliz quem parte da vida,
humilde nada levando,
porém, em contrapartida,
muitas saudades deixando.
ONÉSIO DA MOTA CORTEZ (+)

Todos vemos cada dia
nossa máscara mudar,
Mas o importante seria
nosso interior transformar
OTHNIEL F DE SOUZA

Ergo o cristal, já vencida,
mas a razão me renega,
quando a emoção, iludida,
bebe o vinho e a ti me entrega!
RITA MARCIANO MOURÃO

Naquele livro de outrora
aprendi nobre lição:
orar aos anjos, na aurora,
é aquecer o coração!
ROGER RODRIGO DE BRITO

Meu viver foi tão judiado,
tornando-me um infeliz...
Sou como o cristal trincado:
ninguém cura a cicatriz...
RUBENS R. RICCIARDI

Com livro para educar,
busca a escola a perfeição,
pois é preciso ensinar
e formar um cidadão.
SEBASTIANA CANGUSSU PARENTE

O livro é sabedoria,
pensamento, história e vida,
em prosa e mesmo poesia,
é a esperança revivida.
SUELI TORNICI

No cristal da fonte brilha
espelho espetacular!
E a lua cheia, andarilha,
vaidosa... vem-se espelhar...
SYLVIO RICCIARDI

Floresceu minha paixão
nesta palhoça esquecida...
e estas flores pelo chão
lembram nossa despedida.
VICENTE TEODORO DE SOUZA (+)

Tirei da rosa a pureza,
do jardim a suavidade,
das flores a singeleza,
do nosso espaço... "A saudade".
WAGNER AGNALDO BIAGINI (+)

Isidro Iturat (Arte Poética) final


4. ALGUMAS CHAVES DA FASCINAÇÃO POÉTICA 

          A fascinação poética é favorecida pelos recursos característicos da poesia –e sua combinação– que trabalham com o ritmo, a afetividade, a ideia, a sensorialidade, a imaginação, o tom e o estilo, a substituição do usual pelo insólito, os elementos que produzem catarse, sublimação, compensação, desabafo, integração dos contrários, desintegração dos contrários, aqueles que falam da memória, do aqui e agora, do futuro, da confissão, da dramaturgia, do jogo, da oração, do desafio ativo... 

           Também vemos que as diferentes sensibilidades pessoais induzem a valorizar e rechaçar umas ou outras manifestações, como no caso daqueles que se posicionam em defesa do racionalismo ou irracionalismo, da forma regular ou irregular. Mas, tanto o terceto de Dante como o surrealismo de Bretón conseguem comover sinceramente. Por quê? Uma afirmação proveniente da psicologia -da analista alemã Aniela Jaffé- pode nos ajudar, pois se trata de una ideia que alcança não apenas ao poema, mas toda a arte e que explicaria por que aspectos como pensamento e estilo, simplicidade e complexidade, tempo e espaço, realismo e irrealismo, não são suficientes para dar resposta ao dilema da fascinação e que vem a ser algo assim como a matriz do fenômeno: “A fascinação se produz quando o inconsciente foi comovido”[22]. 


5. REFERÊNCIAS

1. NABOCOV, Vladimir. Curso de literatura europea. 1ª edição. Barcelona:Zeta Bolsillo, 2009.

 2. SCHOPENHAUER, Arthur.Parerga y paralipómena. Escritos filosóficos sobre diversos temas (Cap.: Sobre la lectura y los libros). Madrid: Valdemar, 2009.

 3. NAVARRO Y TOMÁS, Tomás. Métrica española: reseña histórica y descriptiva. Syracuse: Syracuse University Press, Centro de Estudios Hispánicos, 1956.

 4, 5, 6. BALBÍN, Rafael. Sistema de rítmica castellana. Madrid: Biblioteca románica hispánica, Editorial Gredos, 1975.

7. ITURAT, Isidro. Formas del indriso. Indrisos.com. Brasil. 2009 [página na Internet].
 Disponível em:

 Acesso em: 27/10/2012.

8. BOUSOÑO, Carlos. Teoría de la expresión poética. Madrid: Biblioteca románica hispánica, Editorial Gredos, 1985.

 9. PÁVLOVICH CHÉJOV, Antón. Consejos a un escritor (Cap.: A Dmitri V. Grigoróvich, Moscú, 28 de marzo de 1886). Biblioteca Digital Ciudad Seva [página na Internet]. 
 Disponível em: 
 
 Acesso em: 27/10/2012.

 10, 12. VARELA MERINO, Elena; MOÍÑO SÁNCHEZ, Pablo; JAURALDE POU, Pablo. Manual de métrica española. Madrid: Castalia Universidad, 2003.
 Disponível em:
 .
 Acesso em: 27/10/2012.

 11, 13, 14. El rincón del haiku [página na Internet]. 
 Disponível em:
 Acesso em: 27/10/2012.

 15, 17. ITURAT, Isidro. Sobre o indriso. Indrisos.com [página na Internet].
 Disponível em: 
 .  
 Acesso em: 27/10/2012.

 16. G. BELTRAMI, Pietro. Rhythmica. Revista española de métrica comparada. (Cap.: Appunti sul sonetto come problema nella poesia e negli studi recenti). Nº 1. Sevilla: Padilla Libros Editores & Libreros, 2003.

18. RUAS BLASINA, Juliana & CAMARGO JUNIO, Volmar. A poética do poema blavino. Revista Samizdat. Brasil. 2009. 
 Disponível em: 

 Acesso em: 27/10/2012.

 19. RUIZ DE TORRES, Juan. La decilira: un taller práctico. Página personal de Juan Ruiz de Torres [página na Internet]. 
 Disponível em: .  
 Acesso em: 27/10/2012.

 20. CLOTET, Abraham. Poeta Joan Brossa [página na Internet]. 
 Disponível em:  .  
 Acesso em: 27/10/2012.

 21. Augusto de campos. Site oficial [página na Internet]. 
 Disponível em:  .  
 Acesso em: 27/10/2012.

22. JAFFÉ, Aniela. 4. El simbolismo en las artes visuales. En El hombre y sus símbolos. Concebido y realizado por Carl Gustav Jung. España: Ediciones Paidós, 1995. 

Fonte:
http://www.indrisos.com/ensayosyarticulos/artepoeticaportugues.html#4

sábado, 19 de janeiro de 2013

Mário A. J. Zamataro (Carrinheiro – Ingenuidade)


Parque Tanguá (Curitiba)

CARRINHEIRO

Lá fora a chuva fina turva a luz
e molha o palco aberto onde se faz 
da hora a velha sina que conduz 
quem olha a rua incerta e o chão voraz. 

Um vulto esconde o rosto em breu capuz 
enquanto a chuva insiste em ser tenaz... 
Avulta em mim desgosto que traduz 
em pranto a chuva triste e pertinaz. 

Estia enfim e o vulto se levanta 
e leva o seu carrinho em contramão 
na via onde um insulto o desencanta 

e faz brotar nos olhos a explosão 
que torna a raiva insana e a dor maior 
na lágrima, na chuva e no suor.

INGENUIDADE 

 Quero ter a minha voz
 pra dizer abertamente
 que uma farsa aperta os nós
 e disfarça impunemente!

 E direi como é feroz,
 como faz tranquilamente
 o papel doce de algoz
 e se crê ser inocente.

 Usa a lei como sofisma,
 tem acordo com a ilusão
 pra fazer cavilação.

 Quer impor sempre o seu prisma
 e não vê nisso maldade,
 deve ser ingenuidade!

Fontes:
http://www.umavirgula.com.br/
Imagem = http://guiaturismocuritiba.com

Núbia Cavalcanti dos Santos / PE (Poesias ao Sabor das Ondas)


SEM VOCÊ

Sem você, meu amanhã
 Será como um dia nublado
 Sombrio e imensamente frio
 Aonde as lembranças vão e veem
 Trazendo com elas a saudade
De um amor que se foi.

Sem você, meu amanhã
Não terá mais aquela alegria
Que do meu olhar surgia
 Sempre que você chegava
E enchia de encanto
A minha vida vazia.

Sem você, meu amanhã
 Será sempre melancólico
E desprovido de felicidade
 Embora alimentado pela esperança
De que você virá, ao anoitecer
 Embalar os meus sonhos pueris.

VOU SAIR POR AÍ...

Vou sair por aí...
Sem rumo e sem destino
 Andar por caminhos desconhecidos
E realizar sonhos adormecidos.

Vou sair por aí...
Em busca da liberdade
Que um dia eu renunciei
Em troca de um grande amor.

Vou sair por aí...
 Lutar pela igualdade
 Entre homens e mulheres
 Entre pobres e ricos.

Vou sair por aí...
 Descobrir novos horizontes
 Quebrar tabus de velhas tradições
E deixar fluir minhas emoções.

Vou sair por aí...
 Alforriar minha saudade
 Capturar minha felicidade
E viver um grande amor.

VIDA, MINHA VIDA...

 Vida, minha vida...
Às vezes, doce como o mel;
Às vezes, amarga como o fel.
Um dia, é um sonho cor-de-rosa;
No outro dia, uma negra desilusão.

 Vida, minha vida...
 Encanto, quando chega a primavera;
 Desencanto, quando chega o inverno.
 Luz, nas noites enluaradas;
 Trevas, nas noites nubladas.

 Vida, minha vida...
 Assim, vai passando lentamente
 Como uma nuvem acinzentada
Que corta o horizonte longíquo
Nos dias tépidos de verão.

 Vida, minha vida...
 Hoje, é um sonho dourado;
 Amanhã, uma doce ilusão.
E depois, uma grande saudade
 Pungindo o meu coração.

QUANDO ESTOU COM VOCÊ

Quando estou com você
Não sinto o tempo passar
Porque a sede de te amar
Faz-me de tudo esquecer.

E é tão grande o nosso amor
Quando os nossos lábios se tocam
E os nossos corpos se encontram
Sedentos de amor.

Então, cintila a lua prateada
Rasgando o céu, na madrugada
Como se fosse um convite
Ao nosso amor sem limite.

E o nosso amor, sublime se refaz
Quando, lá no horizonte distante
Surge o sol, com o seu brilho fugaz.

 MÚSICA AO LONGE

 O meu amor por você
É como uma música vinda de bem distante
Que o vento sopra intensamente
Nas doces manhãs primaveris
Banhadas por gotas de orvalho.

Essa música traduz o meu canto triste
Que ecoa quando a brisa sopra suavemente
Levando-a pelos mares distantes
Com o inebriante perfume dos jasmins
Junto com os meus sonhos dourados.

Ouça essa música que traduz o meu lamento
De um coração que vive em tormento
Por amar você, que me embevece
E, ao mesmo tempo, me entristece
Enquanto o meu coração padece.

Venha envolver-se com o meu canto triste
Como se fosse o canto de uma sereia
Em uma noite de lua cheia
Tendo somente como testemunha
A luz resplandescente do luar
Na alva do nascente.

CONTIGO EU IREI...

Contigo eu irei...
Quando o dia raiar
E no horizonte despontar
Os primeiros raios do sol.
E vã não será a tua alvorada
Porque eu habitarei no teu coração
Podarei a árvore da saudade.
E plantarei a árvore da felicidade.

Contigo eu irei...
Quando o sol desaparecer
No infinito horizonte
Deixando seus raios dourados.
E vã não será a tua jornada
Se algo vier a bloquear teu caminho
Porque eu vou estar ao teu lado
E ultrapassaremos todos os obstáculo.

Contigo eu irei...
Quando a noite chegar
E no Universo surgir
O luar majestoso.
E vão não será o nosso amor
Porque ele é tão imenso e tão intenso
Quanto às estrelas reluzentes
Bordando a vastidão do Universo.

SOLIDÃO

Sentada à beira da praia
Ouvindo o murmúrio das ondas
Batendo contra os rochedos
Olho para o céu e vejo uma gaivota
Que voa solitária
Cruzando o universo vazio.

E assim, como aquela gaivota solitária
Eu também estou sozinha
Pensando no amor que um dia eu tive
E que foi embora, sem dizer adeus
Deixando-me assim sozinha
Com o coração amargurado.

REENCONTRO

Foi apenas um olhar, um sorriso...
E todo o passado renasceu
Das cinzas de outrora
Como se o tempo não tivesse passado
E um grande amor não tivesse sido
Deixado para trás.

O desejo, enfim, aflorou
Reascendendo a chama da paixão
Que até então, estava adormecida
Como se esperasse a sua volta
E, como em um passo de mágica
O amor, em meu coração, floresceu.

Mas, você foi embora
Desfazendo as ilusões e esperanças
E levando consigo os meus sonhos dourados
De ter você novamente
Sempre ao meu lado
Recuperando o tempo perdido.

E, quando eu já não tinha mais esperança
De te reencontrar novamente
Você me telefona
E diz que nunca me esqueceu
E que eu estarei sempre em seu coração
Apesar de estarmos separados.

DIAS DE PROFUNDA MELANCOLIA

Hoje, ao despertar de um sono agitado
 Povoado por sonhos conturbados
 Abri as janelas da minh'alma
 E deixei que uma réstia de luz entrasse
 Diminuindo a solidão cruel
 E a aflição ímpar Que do meu ser tomava conta.

Senti a brisa suave da manhã
 Que adentrava pela porta entreaberta
 Trazendo o perfume inebriante das flores
 Que desabrochavam lentamente
 Formando um imenso tapete colorido
 Acariciadas pelos primeiros raios solares
 Que despontavam com a chegada da primavera.

Lá fora, o tempo corria ao léu
 Transformando os segundos em minutos
 Os minutos em longas horas
 E as horas em dias de profunda melancolia
 Enquanto que eu, do mundo me escondia 
 Tentando fugir da angústia e da solidão
 Causadas por um amor que só me trouxe dor.

TRIBUTO

Caminho na noite silenciosa
Onde se ouve apenas o rumor
Das folhas das árvores
Que se agitam com o vento.
Angustiada, caminho
Caminho com passos lentos e silenciosos
Para não perturbar a paz
Que se faz presente.

Caminho e penso...
Penso em você...
Penso em mim...
Penso em nós...
Caminho e choro...
Choro com saudades de você
E, sem entender, me pergunto,
Por que o destino foi tão cruel conosco?

Colho algumas flores silvestres e paro
Porque minha caminhada chegou ao fim
E, à minha frente, há apenas um túmulo
Onde eu me curvo e deposito as flores.
De volta, percorro o mesmo caminho.
Tudo continua igual
Apenas uma estrela surge no horizonte
Tornando o silêncio maior ainda.

Fonte:
http://www.tabacultural.com.br/nubiacavalcantidossantos.htm
http://nubia1962.blogspot.com.br