terça-feira, 16 de julho de 2019

Academia Ituana de Letras (Sessão Solene: 27 Anos de Fundação da ACADIL)

Conferência
“Itu na Construção da Memória Nacional pelo IPHAN ”
prof. Dr. Paulo Cesar Garcez Marins

Lançamento do Volume 5 da Série “Itu Presenças Ilustres”

Data e Horário:
25 de Julho de 2019, 5ª Feira, 19h30

Local:
Centro De Estudos Do Museu Republicano
Rua Barão De Itaim, 140, Itu

__________________________

História

A ACADIL foi criada em 27 de julho de 1992 por um grupo de escritores de Itu. A posse dos 28 fundadores se deu em 14 de novembro daquele ano. Ao completar quinze anos, o número de acadêmicos foi ampliado para 32. Hoje são 40 Cadeiras. Seus patronos são escritores, todos falecidos, ligados à história literária de Itu.

Desde a fundação, a Academia Ituana de Letras tem realizado sessões solenes de Elogio ao Patrono, conferências e palestras, concursos e lançamento de livros dos associados.

Em 1999 lançou o primeiro número da Revista da ACADIL, periódico anual que reúne artigos científicos, crônicas, contos e poemas, além das efemérides da associação.

Ocupa-se de lembrar a memória de seus patronos e fundadores, sobretudo em datas comemorativas.

Como resultado da celebração do centenário de nascimento do Acadêmico Ermelindo Maffei, o advogado dos pobres, entre 2008 e 2018 entregou a Medalha da Solidariedade Dr. Ermelindo Maffei a entidades que se destacam em ações de cidadania junto à comunidade.

Participou da realização de encontros de literatura regional com outras associações congêneres, discutindo o linguajar caipira, a poesia parnasiana e a obra modernista. Em 2010 celebrou os 400 anos de fundação de Itu com publicações e homenagens.

Desde 2012 lança bienalmente a publicação “Itu, presenças ilustres”, que já registrou cerca de 120 crônicas biográficas de quem fez história em Itu no século XX. Também bienal é a edição do livro Pirilampos, reunindo matéria literária dos associados.

A ACADIL se reúne mensalmente, no segundo sábado, às 10h.

A ACADIL completou seu Jubileu de Prata com diversas celebrações, publicações e a criação das últimas oito Cadeiras que serão ocupadas nos próximos anos.
A Academia Ituana de Letras (ACADIL) é uma associação cultural sem fins lucrativos, que reúne escritores de Itu e região a fim de fomentar a literatura regional, discutir temas ligados à cultura, à arte e realizar eventos e publicações que incentivem a leitura e promovam a discussão de ideias. Sobretudo os acadêmicos se propõem a valorizar as letras locais através da pesquisa sobre a obra de seus patronos, fazendo jus ao dístico do Colar Acadêmico “Ytuensibus litteris laurea semper” – que as letras ituanas sejam sempre lembradas.

Fonte:
ACADIL

Paulo José de Oliveira "Pajo" (Lançamento do livro "A Sinfonia das Estações" e Governadoria Poética em Minas Gerais)



 







Em solenidade de noite de autógrafos da obra poética “A Sinfonia das Estações”, é instalada em Belo Horizonte, a governadoria em Minas Gerais da Associação Internacional de Poetas – GMG-AIP-Brasil

Com especiais presenças, aconteceu no dia 05 de julho de 2019, às 19:30 horas no Auditório da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas – Coração Eucarístico), em Belo Horizonte/MG, a solenidade de instalação oficial da Governadoria em Minas Gerais da Associação Internacional de Poetas (GMG-AIP-Brasil).

A solenidade contou ainda com o lançamento da obra poética intitulada “A Sinfonia das Estações, do poeta e já empossado Governador em Minas Gerais da AIP-Brasil, presidente da Academia Formiguense de Letras (AFL) e do Clube Literário Marconi Montoli (CLMM) sr. Paulo José de Oliveira, o qual autografou seu livro aos presentes.

Em seguida, Paulo José (Pajo) que tomou posse em Campo Grande/MS como Governador para Minas Gerais da AIP-Brasil, em 29/04/19, agradeceu a todos os presentes, apoiadores e participantes da Governadoria instalada, falando dos trabalhos a serem empreendidos em sua missão.

Maiores informações sobre a “Governadoria em Minas Gerais da AIP-Brasil” poderá ser acessado também na fanpage no facebook, ou solicitado pelo e-mail: pajo121@yahoo.com.br.

Fonte:
Paulo José de Oliveira
Governador da Poesia em Minas Gerais - GP-MG (AIP-Brasil)
Formiga – MG – Brasil
Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=1794442787
Twitter: https://twitter.com/Pajo121Oliveira

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Joel Bandeira (Poesias do Coração)


ADORÁVEL VAGABUNDO

Um dia o mais adorável vagabundo,
do mundo, disse o seguinte:
A vida é uma fantasia que vestimos juntos,
que tal minha amiga, vestirmos juntos,
hoje, essa fantasia?
Venha e me faça feliz...
Diga que Charles Chaplin não morreu.
que simplesmente ele dorme
para que os homens vivam seus sonhos.
Diga que me ama, sem se preocupar
se isto é verdadeiro.
Acredite:
na vida já ouvi tantas verdades,
que se fizeram mentiras,
que talvez neste mundo irreal,
sua mentira venha a ser
a nossa única verdade,
Façamos um brinde à história do mundo,
que ninguém escreveu.
Afinal! Pra que tanta história, se ninguém leu?
Venha comigo perder a vergonha, o complexo,
o medo e desvestir o mundo infantil
existente em cada um de nós.
Não vá embora, sente-se a meu lado
e me faça crer que o sonho não acabou,..
que ainda esta noite, sob a janela,
The Beatles
cantarão canções de ninar
o menino que sou.

BRUTALIDADE

Olhem para mim!
Estou com medo.
Sim, estou com muito medo,
porque nos lugares por onde passei
as pessoas estão embrutecendo.
Estão matando, estão morrendo.

Olhem para mim!
Estou com medo de embrutecer também.
São tantas as decepções, que talvez amanhã,
não mais me sensibilize com o sorriso da criança,
não mais me emocione com o desabrochar da flor.
Estou com medo de embrutecer,
a ponto de achar que o amor hoje,
é simplesmente mais um "comerciai".
Tenho medo de não acreditar nas pessoas,
estou com medo de perder a fé no meu Deus!
necessito me libertar dos falsos valores
d esta sociedade.
Preciso de você!!!
Preciso que você me faça crer
que ainda resta uma esperança.

PEDAÇOS DE MIM

Depois de você,
vou recolher meus pedaços
em forma de beijos e abraços,
porque nada mais vale a pena.
Vou me esconder…
Farei de sua saudade acalanto
de quem só canta para esquecer.
Sabe: não pense que sou masoquista,
saudosista ou coisa assim…
Acontece: que me entreguei tanto!
Amei tanto! "Curti" tanto!
e tudo que eu era virou você.
Meu riso, foi feito para alegrar sua tristeza,
meus braços para envolver seu corpo,
até meu choro-de-menino-grande
brota para soluçar nos seus ombros.
Por isso,..
vou recolher meus pedaços
nos caminhos percorridos por nós dois,
e guardarei o melhor que sou
para quando você voltar!
Não importa quando...
Talvez já não tenha a mesma juventude
(apesar do amor não envelhecer).
Possivelmente já não tenha a mesma vitalidade
porém terei força suficiente
para te amar por todos os poros,
porque guardas contigo
tudo que restou de mim…

Fonte:
Associação de Poetas e Escritores da Baixada Santista. V Antologia: A Lua e a Pena. Santos: Ed. Destaque, 1996.

Jeanette Beatriz Roszavolgyi (Canto do Cisne)

Fonte: www.pinterest.com
O barulho vinha de longe, insistente, ameaçando interromper o que estava prestes a acontecer. O homem, ignorando seus protestos, tentava tirar-lhes as roupas ao mesmo tempo em que com extrema suavidade a conduzia para a grande cama, móvel solitário naquele quarto desconhecido. Apesar de tudo, apesar de todos, ela não tinha mais forças para recuar. Na verdade, abandonara qualquer tentativa de rechaçá-lo e passara a colaborar, chegando mesmo a fazer compasso à urgência dele, O barulho foi se tornando cada vez mais próximo, mais penetrante, quase real. De súbito, ela abriu os olhos, sentou-se na cama, aturdida, ofegante, a camisola grudada ao corpo. Respirou fundo e, a contragosto, emergiu para sua realidade, que atualmente se resumia em prover a alimentação da família e a arrumação da casa.. A protagonista do romance tumultuado de anos atrás transformara-se em mera figurante. Dirigindo-se ao chuveiro, parou diante do espelho e fez um inventário perverso da imagem refletida. Nada do que via lembrava-lhe a outra, a mulher que já fora um dia, nem mesmo a beleza que o passar dos anos lhe trouxera, roubando talvez a precisão dos traços mas conferindo-lhe uma qualidade especial, de serena maturidade, a qual certamente não passaria desapercebida a olhos menos severos.

Durante o banho e o tempo em que se vestia, o sonho voltava-lhe fragmentado, à memória. Finalmente, desceu para preparar o café da manhã. O marido, interrompendo a leitura do jornal, olhou para o relógio numa admoestação muda, murmurou um bom dia e voltou às notícias. Os rapazes desceram as escadas num tropel, roçaram-lhe o rosto com beijos distraídos e sentaram-se à mesa, discutindo animadamente o jogo da véspera.

Enquanto fritava ovos e esmagava laranjas, evocava o sonho, revivendo suas sensações; entravam e saíam de quartos e salas vazias, ela e o homem, que a todo custo tentava seduzi-la. A princípio lutou contra as investidas mas, pouco a pouco, sentia sua resistência minar. Eis que estavam numa grande sala de paredes brancas, postados diante de uma lareira, de onde podiam divisar, por uma porta entreaberta, uma cama de casal. A noite ameaçava chegar e por mais que tentasse, ela não conseguia divisar seus traços. Sentia apenas que ele a fitava com intensidade, querendo-a, desejando-a, o que anulava o recato a que sempre se obrigara.

O cheiro de torradas queimadas aliado à reclamação uníssona da família foram a causa determinante de sua resolução. Assim que todos saíram, começou a arrumar a casa, tirar a louça do café, dobrar o jornal. Foi então que viu o anúncio de meia página da imobiliária. A ideia começou a tomar corpo. Por que não, afinal?

Munindo-se de coragem, discou o número que aparecia destacadamente no anúncio. Sim, queria ver um apartamento. Como? Três, não, quatro quartos, todos com suíte. Nos jardins, naturalmente. Disponibilidade financeira? Não saberia precisar, ou melhor, é um item que não precisaria ser levado em conta no momento, Quando  Pode ser hoje mesmo. Após o almoço. Combinado.

Passou toda a manhã em estado de pânico, estupefata com a própria audácia. Como fora capaz? Telefonaria e explicaria que tudo não passara de um engano, que mudara de ideia, um compromisso inesperado. Enquanto isso, as horas passavam inexoráveis. Sempre debatendo consigo própria, arrumou a casa com zelo excessivo, tomou outro banho, desta vez bem prolongado, fez uma refeição leve e começou a se arrumar. Pela segunda vez naquele dia deteve-se diante do espelho. O que fazer com as rugas debaixo dos olhos? E os fios brancos que teimavam em se evidenciar na cabeleira escura? Um pouco de corretivo, maquiagem leve, lápis, batom, a roupa deixando entrever as formas ainda desejáveis (seriam mesmo?) e finalmente, o perfume discreto.

Buzina. Olhou o relógio, o coração descompassado, desceu correndo e viu o Gol vermelho, velho, descuidado. Solícito, o homem a esperava fora do carro. Relativamente moço, cabelo escasseando, barriga um tanto protuberante, baixo.

Entraram e saíram de vários apartamentos, salas e quartos tão impessoais como o tratamento que de lhe dispensava, uma cerimônia à prova de qualquer aproximação. A princípio, ela tentara fazer-se notar não só como uma compradora em potencial, mas acabara por desistir, fechando-se na constatação dolorosa de que seu tempo passara.

Ao fim de algumas horas, quando já estavam pensando em desistir da procura, pararam diante de um prédio de aspecto gasto, mas que deixava entrever um ar de antiga beleza. Subiram. Na sala vazia, destacava-se a lareira de mármore, para a qual se dirigiram. Lá fora, o dia já terminava e os últimos raios de sol tingiam o céu de uma luz dourada, mergulhando o ambiente num clima quase irreal. Ao longe, soavam acordes de uma música nostálgica. Não disseram nada. Apenas se olharam. Naquele instante, ela lembrou, ansiosa, que em algum lugar deveria haver uma porta entreaberta, de onde se poderia divisar uma cama de casal.

Fonte:
Associação de Poetas e Escritores da Baixada Santista. V Antologia: A Lua e a Pena. Santos: Ed. Destaque, 1996.

Coelho Neto (Fantasia de Inverno)


Vento gelado, gélido vento amaina o teu furor, já que traiçoeiramente conseguiste penetrar em meu coração, que és tu que por lá andas: bem sinto o teu Mui, bem ouço os teus gemidos. Ai de mim!... És tu mesmo que andas a desfolhar as minhas últimas ilusões e a crestar as verdes folhas das minhas últimas esperanças.

Como se contrai um mal de morte à beira da água azul de lagoa tranquila, admirando um nenúfar aberto, assim ganhei a melancolia que me retrai olhando o límpido céu de inverno abotoado no pálido e triste plenilúnio.

Fazia frio, um frio navalhante e eu, esquecido, extasiado naquela serenidade, deixei-me ficar à janela enamorado da noite e foi, então, que me invadiste, como invades e varejas uma ruína fendida em mil abertas e taliscas e agora, no meu coração, gemes e regelas, vento gelado, gélido vento, que andavas errando à luz do luar.

Meu pobre coração! Quando, outrora, me falavam em vales floridos, em colinas marchetadas de margaridas e rosas, em campos palhetados de botões de ouro, em vivas águas recobertas de açucenas brancas, eu sorria superiormente como sorriria um deus a quem um mortal narrasse aventuras mesquinhas. É que eu tinha o meu coração mais rico em flores do que os jardins maravilhosos de Viviana e agora... Ai de mim! só há despojos e como poderiam resistir as flores meigas ao vento de inverno que, traiçoeiramente, penetrou em meu coração, onde sempre havia a doce, a tépida temperatura de uma primavera ideal?!

Meus sonhos, que será feito de vós? Como andam no ar noturno, em torvelinhos fantásticos, folhas e flores orfanadas, assim andais nas lufadas do vento gélido.

Amanhã o sol tornará ao céu — eu mesmo o verei seguir, rompendo as névoas como um noivo preguiçoso que abre vagarosamente o cortinado e, a contragosto, deixa o leito nupcial; eu o verei surgir e verei a terra revestir-se de luz e, florida e contente, louvá-lo pela boca harmoniosa dos seus pássaros. Acompanharei, com olhares invejosos, a corrida sonora dos límpidos regatos, ouvirei as cantilenas dos campônios e, talvez, sinta o calor benéfico do sol que reanima, mas... chegará o sol ao meu coração? Sim, é natural que chegue — ele não é da raça dos homens que só atendem aos que a Fortuna acerca. As mesmas minas vêm-no chegar, o pântano recena-se com ele, as cavernas recebem-no no íntimo, é para todos e para tudo que a sua luz rebrilha, mas... será também para os corações? Diz-me
a alma que não.

Ai de mim!... Como poderei viver com tal inverno gelado?

Lua, lua perversa, pálido fantasma, foste tu que assim sacrificaste a minha vida. Quiseste um companheiro que, parecendo vivo, não fosse mais que um cadáver e encantaste o meu coração, reduzindo todos os sonhos que nele havia a verdadeiros e melancólicos espectros.

Foste tu, foi o teu hálito, ou melhor, foi a exalação do teu corpo nevado, lívida e funérea lua, que transformou um campo de flores em campo de neve.

E se vier o degelo que pranto copioso inundará meus olhos; que dilúvio transbordará de mim... Para conter tantos sonhos e tantos amores é preciso que o meu coração seja do tamanho do mundo.

Quem me mandou a mim contemplar luares em maio, ao frio? Quem me mandou a mim fazer vigília a defuntos?

Bem fazem os indiferentes que, embora apareças, com a linda cor com que a morte irônica te enfeita, fecham as janeiras e entregam-se aos travesseiros. Esses estão livres do assombramento, mas eu, curioso, lá me deixei ficar a olhar-te e tu...

Daí... quem sabe! Talvez não sejas tu a culpada, lua merencória, porque, em verdade, quando eu te fitava, meu pensamento estava em outra face, mais linda do que a tua, mas também fria e indiferente.

Quem sabe se não foi a tristeza desse pensamento que me pôs no coração tamanha melancolia? Se foi... aqueles olhos doces, com um só olhar, desfarão a tristeza. Desfariam, devo eu dizer, desfariam se, um breve instante, se volvessem para o meu rosto, mas... são tão frios, tão frios que...

Ai de mim!... O inverno passará depressa, o verão tornará risonho, mas no meu coração nunca mais, nunca mais haverá sol de estio nem flores da primavera.

À noite, eu também ando a carregar um astro morto: o teu, matou-o o tempo; o meu, matou-o o amor.

Fonte:
Iba Mendes (revisão ortográfica).

35º Concurso de Poesias da Biblioteca Municipal João XXIII – 2019 (Prazo: 20 de Setembro)


“Eu Canto porque o instante existe e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
(Cecília Meireles)


01. Denominação e Finalidade

A Biblioteca Municipal João XXIII de Mogi Guaçu promovendo este Concurso, faz deste evento o intercâmbio cultural das letras em todo território nacional, descobrindo poetas e poesias.

02. Participação

Poderá participar do 35º Concurso de Poesias de Mogi Guaçu poetas de todo o Brasil, nas seguintes categorias:

- Adulto local e outras cidades (acima de 18 anos)

- Juvenil local e outras cidades (13 a 17 anos)

- Infantil local e outras cidades (até 12 anos)

03. Inscrições

Cada candidato poderá inscrever-se com até 02(duas) obras inéditas datilografadas ou digitadas em duas vias cada.

Cada poema deverá ser identificado apenas com o pseudônimo do autor e o título da obra e acondicionado em um envelope grande.

Dentro do mesmo envelope enviar uma folha datilografada ou digitada contendo a ficha de inscrição do candidato com seus dados pessoais: título da poesia, pseudônimo, nome de autor, cidade e estado, idade, endereço completo, nome da escola que estuda (se estudante).

Este único envelope com os textos e a ficha de inscrição deverá ser entregue na Biblioteca ou por via postal até 20/09/2019 (valendo a data do carimbo postal) no seguinte endereço:
Biblioteca Municipal João XXIII
Avenida dos Trabalhadores, 2.651
Mogi Guaçu – SP
CEP: 13.840-195

Tel.(019)3811-8670 – Centro Cultural.

A inscrição implicará na total aceitação do presente regulamento

04. Seleção

A comissão julgadora será definida posteriormente e deverá selecionar 06 poemas de cada categoria.

Os trabalhos que não forem selecionados não serão devolvidos.

05. Premiação: Troféus e Medalhas

Dia: 22/11/2019 às 17h00.
Local: Biblioteca João XXIII – Centro Cultural
Endereço: Avenida dos Trabalhadores, 2.651 – Mogi Guaçu /SP –
Tel. (019)3811.8670
email sc-biblioteca@mogiguacu.sp.gov.br
www.facebook.com/biblotecamogiguacu

FICHA DE INSCRIÇÃO

BIBLIOTECA MUNICIPAL JOÃO XXIII
35º - CONCURSO DE POESIAS – 2019

Título da poesia:
___________________________________________________

Pseudônimo: ____________________________________________________

Nome do Autor: __________________________________________________

Email: __________________________________________________________
Idade:__________________Telefone:_________________________________
Endereço:________________________________________________________
Nº____________Bairro:____________________________________________
Cidade:__________________________________Estado:_________________
CEP:___________________________Estudante?_______________________
Nome da Escola:__________________________________________________

Obs.: Esta Ficha pode ser reproduzida.

domingo, 14 de julho de 2019

Lairton Trovão de Andrade (Panaceia de Trovas) 4


Apesar de tão “machão”
– parece castigo, eu sei -
é comum o “garanhão”
possuir um filho “gay”.

A pobre mulher ventana,
que tanto exibe o assento,
não esconde o ar sacana
e vive a mercê do vento.

Deus nos livre da procela,
que lança tudo para o ar;
faz machão virar donzela
e o pobre do ateu, rezar.

Do relógio, é só o ponteiro
que não para – não me contem! -
horas marca o dia inteiro,
mas as mesmas horas de ontem.

Ele diz que sabe tudo,
sem rever toda parada;
é bom que saiba, contudo,]
que o que sabe é quase nada.

Eram dois gêmeos idênticos,
mas um deles faleceu.
Funga o vivo, em tom jumentico:
– “Foi ele, ou eu quem morreu?!”

Escureceu todo o céu
com tempestade lá fora…
e o apavorado do incréu
bradava: “Nossa Senhora!”

Fico velho a cada dia?!
Isso é coisa boa, ó meu!
Viverei em regalia
mais um dia sendo “eu”.

Há algum homem realizado?
– Bem! Quatro filhos criei,
tenho algum livro editado
e árvores eu já plantei.

Mulher é anjo da guarda,
seiva de vida na terra;
em tudo, sempre vanguarda,
pomba de paz e… de guerra.

Na loja do seu Pafúncio,
sofá quebrado ele vende,
pois na peça está o anúncio:
CUIDADO, FREGUÊS, NÃO SENTE!

“Não há terra mais risonha
do que a terra brasileira”;
aqui se come pamonha
e se planta bananeira.

O escorpião, em seu terreno,
é perigoso também;
mas, não tem ele o veneno
tão mortal que os homens têm.

Olá, soberba vizinha,
sê feliz por onde vais!
Julguei-te, um dia, rainha
– foi engano, nada mais.

O Zé fechou a carranca
e mostrou-se acabrunhado:
Sua trova estava manca
com terrível pé quebrado.

Para matar as bactérias,
esfrega-se álcool na mão;
para limpar as artérias,
é cachaça com limão.

Presta atenção pra me ouvir:
– Quem já traiu uma vez
pode de novo trair,
– traíra não tem talvez!

Quão relativo é o humor:
Muitos há que encontram graça
quando curtem, em si, a dor,
rindo da própria desgraça.

Vê-se aqui degradação
que se estende ao chefe-mor;
castiga-se corrupção
com corrupção bem maior.

Vive aqui um “don juanita”
que se julga garanhão;
tem a cabeça partida
por posar de “bernadão”.

Fonte:
Lairton Trovão de Andrade. Perene alvorecer. Pinhalão/PR: Ed. do Autor, 2016.

Vinicius de Moraes (Uma Viola-de-Amor)


Deem ao homem uma viola-de-amor e façam-no cantar um canto assim... "Sairei de mim mesmo e irei ao encontro das flores humildes dos caminhos e das lentas aves dos crepúsculos, cujo pipilo suspende na paisagem uma lágrima que nunca se derrama. Sairei de mim mesmo em busca de mim mesmo, em busca de minha imagem perdida nos abismos do desespero, minha imagem de cuja face já não me lembro mais...

"Sairei de mim mesmo em busca das melodias esquecidas na memória, em busca dos instantes de total abandono e beleza, em busca dos milagres ainda não acontecidos...

"Que eu seja novamente aquele que ergue do chão o pássaro ferido e, no calor de sua mão, dá-lhe de morrer em paz; aquele que, em sua eterna peregrinação em busca da vida, ajuda o camponês a consertar a roda do seu carro...

"Que me seja dado, em minhas andanças, restituir a cada ser humano o consolo de chorar dias de lágrimas; e depois levá-lo lá onde existe a luz e chorar eu próprio ante a beleza do seu pranto ao sol...

"Possa eu mirar novamente os pélagos e compreendê-los; atravessar os desertos e amá-los. Possa eu deitar-me à noite na areia das praias e manter com as estrelas em delírio o colóquio da eternidade. Possa eu voltar a ser aquele que não teme ficar só consigo mesmo, numa dura solidão sem deliquescência...

"Bem haja o meu irmão no meu caminho, com as suas úlceras à mostra, que a ele eu hei de curar e dar abrigo no meu peito, Bem haja no meu caminho a dor do meu semelhante, que a ela estarei desvelado e atento...

"Seja a mulher a mãe, a esposa, a amante, a filha, a bem-amada do meu coração; possa eu amá-la e respeitá-la, dar-lhe filhos e silêncios. Possa eu coroá-la de folhas da primavera em seu nascimento, seu conúbio e sua morte. Tenha eu no meu pensamento a ideia constante de querê-la e lhe prestar serviço...

"Que o meu rosto reflita nos espelhos um olhar doce e tranquilo, mesmo no mais fundo sofrimento; e que eu não me esqueça nunca que devo estar constantemente em guarda de mim mesmo, para que sejam humanos e dignos o meu orgulho e a minha humildade, e para eu cresça sempre no sentido de Tempo...

"Pois o meu coração está antes de tudo com os que têm menos do que eu, e com os que, tendo mais do que eu, nada têm. Pois o meu coração está com a ovelha e não com o lobo; com o condenado e não com o carrasco…

"E que este seja o meu canto e o escutem os surdos de carinho e de piedade; e que ele vibre com um sino nos ouvidos dos falsos apóstolos dos falsos apóstatas; pois eu sou o homem, ser de poesia, portador do segredo e sua incomunicabilidade - e o meu largo canto vibra acima dos ócios e ressentimentos, das intrigas e vinganças, nos espaços infinitos...".

Deem ao homem uma viola-de-amor e façam-no cantar um canto assim, que sua voz está rouca de tanto insulto inútil e seu coração triste, de tanta vã mentira que lhe ensinaram.

Fonte:
Vinícius de Moraes. Para uma menina com uma flor.

J. G. de Araújo Jorge (Inspirações de Amor) XVIII


BALADA AO AMOR QUE NÃO VEIO...
   
Se acaso penso em ti, me inquieta o pensamento...
Por que havias de vir assim tarde demais?
Bem que eu tinha de há muito um cruel pressentimento,
- e há sempre um desespero em nós, se num momento
desejamos voltar a vida para trás...

Neste instante imagino o que teria sido
o meu vago destino desorientado,
se antes, eu já te houvesse um dia conhecido,
e esse tempo, meu Deus!... - e esse tempo perdido
pudesse ao teu convívio ter aproveitado!

Não há nada entre nós, nada... e em verdade há a vida
que nos chama e nos prende!.. . E já agora imagino
que aqui estás ao meu lado a ouvir-me comovida
e me entregas a mão, - e entrego-te vencida
a minha alma, - e com ela todo o meu destino!

Não há nada entre nós, - mas se nos encontramos
ouvirás de hoje em diante um poema onde tu fores,
- trouxemos o destino estranho de dois ramos,
separados, - que importa? ainda assim nos juntamos
confundindo as ramagens, misturando as flores. . .

E eu nem te vi direito! Um olhar sob um véu,
(há qualquer coisa estranha num olhar velado...)
- um olhar, - não direi que em teu olhar há um céu,
quando sei que afinal há tanta angústia e fel
em tudo o que me tens da vida revelado!

Acompanhei-te o vulto um segundo, alguns passos,
nada mais, e no entanto, se quiser pensar
sou capaz de te ver, (há gestos nos espaços,
e guardei a visão dos teus braços, - teus braços
guardei-os, como dois clarões dentro do olhar!)

E devem ser macias tuas mãos, - não ouso
pensar no que elas guardem nos seus finos dedos,
- pensando em tuas mãos, penso em sombra, em repouso,
num lugar quieto e bom, e num vento amoroso
a soprar entre as folhas murmuras segredos. . .

Mas... que saibas perdoar estas coisas que escrevo,
pensei-as a escutar distante a tua voz,
e há algumas coisas mais, que a dizer não me atrevo,
é que escrevo demais, e não posso, e não devo,
e não tenho o direito de falar em nós ...

BALADA EMBALANDO MARIA...
  
Odor de folhas verdes perturbando,
punhais de luz ferindo a ramaria...
- é o teu corpo cheiroso me estonteando!
- são teu olhos, Maria!

Rumor na mata de água inquieta e fria,
bicos de ave no ninho quente e brando...
- é a tua voz feliz cantarolando
- são teus seios, Maria!

Sombra de noite que vai baixando
caju mostrando a polpa cor do dia...
- são teus cabelos me chamando
- são tem lábios, Maria!

Fruto maduro abrindo a mataria,
gestos de gaivotas no ar bailando...
- é o teu riso medroso me tentando!
- são tuas mãos, Maria!

Vento que sopra leve, acariciando,
Mel que canta na boca e que inebria...
- é o teu carinho morno me prostrando!
- são teus beijos, Maria!

Raio de sol dançando de alegria,
cipós que ao meu redor se vão fechando
- é a tua alma de criança madrugando!
- são teus braços, Maria!

Rima que eu quis rimar com fantasia,
trecho de céu que ao longe vai clareando . . .
-é o teu nome que eu vivo soletrando!
- são teus sonhos, Maria!

Girassol sempre a luz acompanhando,
levada aos ventos, erradia...
É o meu amor por ti, louco, sonhando!
É o teu amor, Maria!

BARCO PERDIDO

Oh! a vida é uma grande renúncia, partida
em pequenos fragmentos, todo dia, toda hora...
E a ironia maior, é que às vezes, a vida
de renúncia em renúncia aos poucos vai embora...

Tu voltaste de novo... e o doce amor de outrora
trouxeste ainda no olhar, na expressão comovida.
e eis que o meu coração no reencontro de agora
transforma em labareda a chama adormecida...

No entanto, que fazer? Há uma âncora no fundo...
Hoje, sou como um barco sobre o mar do mundo,
barco esquife, onde jaz um marinheiro morto...

Velas rotas ao vento... os mastros aos pedaços...
E te vejo seguir, e a acenar-me teus braços,
e me deixo ficar, sem destino, nem porto...

BOM DIA, AMIGO SOL!

Bom dia, amigo Sol! A casa é tua!
As bandas da janela abre e escancara,
- deixa que entre a manhã sonora e clara
que anda lá fora alegre pela rua!

Entre! Vem surpreendê-la quase nua,
doura-lhe as formas de beleza rara...
Na intimidade em que a deixei, repara
que a sua carne é branca como a Lua!

Bom dia, amigo Sol! É esse o meu ninho...
Que não repares no seu desalinho
nem no ar cheio de sombras, de cansaços...

Entra! Só tu possuis esse direito,
- de surpreendê-la, quente dos meus braços,
no aconchego feliz do nosso leito!...

BRINDE
   
Tomarei tua cabeça entre as mãos como uma taça,
e transbordará o louro "champagne" dos teus cabelos
sobre meus dedos...

Me olharei no cristal dos teus olhos
e verei minha imagem refletida no desejo
que efervesce,
e beberei em teus lábios entreabertos a tua vida
até que os teus olhos fiquem vazios e ausentes...

Até que te sintas leve e gloriosa como uma taça de cristal
trespassada de luz
num brinde a esse segundo de êxtase imortal...
Uma taça que, por esse segundo morreria afinal
espatifada,
num grito de prazer esplêndido e triunfal!

Tua cabeça entre as minhas mãos
será a taça com que brindarei
nesse segundo,
o destino do amor
no destino do mundo!

CABOCLA

Cabocla, em teus olhos há estranhos desejos,
mistérios de noite,
clarões de luar...

Tua boca, é uma fruta madura, vermelha,
madura de beijos,
de beijos maduros que eu quero apanhar!
Tua boca é uma fruta gostosa,' será
assim como um bago branquinho,
branquinho,
e doce de ingá!

Teu riso, Cabocla, é tão fresco, tão bom,
que há nele um murmúrio de fontes, e o som
das águas rolando na mata fechada...
Teu riso, Cabocla, parece a alvorada,
parece na sombra o clarão do caminho,
- teu riso parece esse sulco branquinho
que se abre na pele macia e corada
de um doce caju!
  
Fonte:
J. G. de Araújo Jorge. Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou. vol. 2. SP: Ed. Theor, 1965.

Arthur de Azevedo (Black)


Leandrinho, o moço mais elegante e mais peralta do bairro de São Cristóvão, frequentava a casa do Senhor Martins, que era casado com a moça mais bonita da rua do Pau-Ferro.

Mas, por uma singularidade notável, tão notável que a vizinhança logo notou, Leandrinho só ia à casa do Senhor Martins quando o Senhor Martins não estava em casa.

Esperava que ele saísse e tomasse o bonde que o transportava à cidade, quase à porta da sua repartição; entrava no corredor com a petulância do guerreiro em terreno conquistado, e Dona Candinha (assim se chamava a moça mais bonita da rua do Pau-Ferro) introduzia-o na sala de visitas, e de lá passavam ambos para a alcova, onde os esperava o tálamo aviltado pelos seus amores ignóbeis.

A ventura de Leandrinho tinha um único senão: havia na casa um cãozinho de raça, um bull-terrier, chamado Black, que latia desesperadamente sempre que farejava a presença daquele estranho.

Dir-se-ia que o inteligente animal compreendia tudo e daquele modo exprimia a indignação que tamanha patifaria lhe causava.

Entretanto, o inconveniente, foi remediado. A poder de carícias e pães-de-ló, a pouco e pouco logrou o afortunado Leandrinho captar a simpatia de Black, e este, afinal, vinha aos pulos recebê-lo à porta da rua, e acompanhava-o no corredor, saltando-lhe às pernas, lambendo-lhe as mãos, corcoveando, arfando, sacudindo a cauda irrequieta e curva.

As mulheres viciosas e apaixonadas comprazem-se na aproximação do perigo; por isso, Dona Candinha desejava ardentemente que Leandrinho travasse relações de amizade com o Senhor Martins.

Tudo se combinou, e uma bela noite os dois amantes se encontraram, como por acaso, num sarau do Clube Familiar da Cancela. Depois de dançar com ele uma valsa e duas polcas, ela teve o desplante de apresentá-lo ao marido.

Sucedeu o que invariavelmente sucede. A manifestação da simpatia do Senhor Martins não se demorou tanto como a de Black: foi fulminante.

Os maridos são por via de regra menos desconfiados que os bull-terriers.

O pobre homem nunca tivera diante de si cavalheiro tão simpático, tão bem-educado, tão insinuante. Ao terminar o sarau, pareciam dois velhos amigos.

À saída do clube, Leandrinho deu o braço a Dona Candinha, e, como "também morava para aqueles lados", acompanhou o casal até a rua do Pau-Ferro.

Separaram-se à porta de casa.

O marido insistiu muito para que o outro aparecesse. Teria o maior prazer em receber a sua visita. Jantavam às cinco. Aos domingos um pouco mais cedo, pois nesses dias a cozinheira ia passear.

– Hei de aparecer – prometeu Leandrinho.

– Olhe, venha quarta-feira – disse o Senhor Martins. – Minha mulher faz anos nesse dia. Mata-se um peru e há mais alguns amigos à mesa, poucos, muito poucos, e de nenhuma cerimônia. Venha. Dar-nos-á muito prazer.

– Não faltarei – protestou Leandrinho.

E despediu-se.

– É muito simpático – observou o Senhor Martins metendo a chave
no trinco.

– É – murmurou secamente Dona Candinha.

Black, que os farejava, esperava-os lá dentro, no corredor, grunhindo, arranhando a porta, corcoveando, arfando, sacudindo a cauda irrequieta e curva.

Na quarta-feira aprazada Leandrinho embonecou-se todo e foi à casa do Senhor Martins, levando consigo um soberbo ramo de violetas.

O dono da casa, que estava na sala de visitas com alguns amigos, encaminhou-se para ele de braços abertos, e dispunha-se a apresentá-lo às pessoas presentes, quando Black veio a correr lá de dentro, e começou a fazer muitas festas ao recém-chegado, saltando-lhe às pernas, lambendo-lhe as mãos, corcoveando, arfando, sacudindo a cauda irrequieta e curva.

O Senhor Martins, que conhecia o cão e sabia-o incapaz de tanta familiaridade com pessoas estranhas, teve uma ideia sinistra, e como os dois amantes enfiassem, a situação ficou para ele perfeitamente esclarecida.

Não se descreve o escândalo produzido pela inocente indiscrição de Black. Basta dizer que, a despeito da intervenção dos parentes e amigos ali reunidos, Dona Candinha e Leandrinho foram postos na rua a pontapés
valentemente aplicados.

O Senhor Martins, que não tinha filhos, a princípio sofreu muito, mas afinal habituou-se à solidão.

Nem era esta assim tão grande, pois, todas as vezes que ele entrava em casa, vinha recebê-lo o seu bom amigo, o indiscreto Black, saltando-lhe às pernas, lambendo-lhe as mãos, corcoveando, arfando, sacudindo a cauda irrequieta e curva.

Fonte:
Arthur de Azevedo. Contos Vários.