quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A. A. de Assis (Des-criação do mundo)

No aglomeraço de cimento e aço, pequena árvore, ao lado de outra mais pequena ainda, ocupava tímido lugar no espaço.

 Duas árvores, a maiorzinha e a mais pequena, lembrando aos sobreviventes do asfalto que ainda havia verde, e ainda havia sonho, e até esperança havia ainda.

 Quem as plantara – aquelas duas criaturinhas verdes –, não sei dizer. Abençoadas mãos. Eram duas árvores apenas, tão pequenas – o que da natureza restava na cinzenta área. 

 Ali era o quintal, era o pomar, era o “parque nacional” que das janelas das torres a vizinhança encaixotada via, e amava.

 Uma árvore maiorzinha e outra mais pequena. Ao lado delas os aposentados da quadra fundaram o clubinho de truco. De longe se escutava o eco.

 De manhã, ponto de encontro das babás que se reuniam para dar sol aos bebês. Parada obrigatória também das apressadas senhoras e dos sisudos cavalheiros que os elevadores despejavam aos punhados para mais uma jornada de quefazeres.

 De dia, o dia inteiro, as duas arvorezinhas assistiam ao entra e sai de moradores, porteiros, faxineiros, carteiros, eletricistas, encanadores, fisioterapeutas, entregadores, todos tão íntimos. Alguns mais desatentos. Outros tão carinhosos que paravam e lhes acariciavam as folhas.

De noite, casais românticos exibiam ali o seu amor em cenas que elas, as arvorezinhas, testemunhavam com generosa cumplicidade.

Até que num certo/incerto dia, assim-assim, num de repente, chegou um homem pilotando impiedosa máquina, em nome dessa coisa assustadora chamada progresso.

A tal ferramenta era um bicho feio, de ferro, terrivelmente faminto, e rosnava, e avançava, e eram inúteis as lágrimas encachoeiradas das torres, inúteis os gritos vindos de todos os ecos.

O bicho rosnava e ia comendo tudo: as arvorezinhas, os sonhos, o clubinho de truco, a esperança, o ponto de encontro das babás, o “parque nacional” da vizinhança...

Do alto uma câmera filmava flashes da des-criação do mundo.

Tão diferente do comecinho de tudo, quando o Amor criou e colocou cada coisa em seu devido lugar e ninguém filmou, ninguém fotografou. Teria sido o mais belo e rico documentário de todas as eras. O acendimento das estrelas no céu, a espalhação das sementes na terra, a soltura dos peixes nas águas, a inauguração das flores, a afinação da orquestra dos pássaros. Que pena: não havia nenhuma câmera lá para gravar tais cenas.

Agora atentas kodaquinhas chamadas celulares estão em toda parte permanentemente engatilhadas para registrar cada movimento da des-criação. Mas será que sobrará alguém vivo para daqui a alguns anos ver o triste filminho do desfazimento daquelas duas derradeiras arvorezinhas – a maiorzinha e a mais pequena?
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 15.11.23)

Fonte: Texto enviado pelo autor 

Luiz Damo (Trovas do Sul) LII


A velhice nunca vem
rindo e desacompanhada,
junto, sempre traz também,
as dores da caminhada.
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Dentro da literatura
buscamos a perfeição,
se por vezes, nos tortura,
noutras, traz satisfação.
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Distantes, porém profundos,
bons momentos de alegria,
pareciam de outros mundos
de tanta paz e harmonia.
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Fortes mentes, rijos passos,
formam homens corajosos,
conquistando seus espaços
e aumentando os invejosos.
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Muitas trilhas na floresta
feitas com foice e facão,
hoje, a lembrança nos resta,
da alavanca e do picão.
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Muito além dos horizontes
onde o sol a luz esconde,
sorvo o sussurro das fontes
num eco que me responde.
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Nas manhãs ensolaradas
cheirando restos de orvalho,
segue o obreiro nas estradas
para o local de trabalho.
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O amor tenha seu caminho,
nele a paz sempre perdure,
que nunca seja mesquinho
mas sincero enquanto dure.
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O homem fora preparado
para ser um vencedor,
cala, sofrendo frustrado,
quando acaba perdedor.
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O homem tem a liberdade
de escolher e decidir:
seguir pela claridade,
ou nas trevas prosseguir.
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Onde se cultivam flores
de jardim posso chamar,
neste mundo sem olores
nascemos pra perfumar.
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O torrão que tanto amamos
guarda alguns jacarandás,
sobre seus vistosos ramos
cantam belos sabiás.
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Pelos frutos conhecemos
a planta que os produziu,
se são bons, logo dizemos
que ela já nos seduziu.
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Quando a criançada grita
parece grande algazarra,
porém o que mais irrita,
é o zumbido da cigarra.
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Quando a vida Deus nos deu
junto deu-nos liberdade,
mas por ser direito seu,
pra si quis a autoridade.
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Quando os verbos conjugamos
nos três tempos consagrados,
vemos que nos subjugamos
aos problemas já passados.
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'Quem se insula se estiola',*
diz o adágio popular,
nada existe que consola
quem prefere se insular.
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* quem se “isola” se “enfraquece” (ou se “debilita”).
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Saí pelo mundo afora
em busca de soluções,
posso computar agora
conquistas e decepções.
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Se a resposta não retruca
demonstra ser verdadeira
e ao tê-la sequer machuca,
durará pra vida inteira.
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Se o tempo nunca passasse
e assim nada envelhecesse,
com certeza, a nossa face,
a de um Anjo parecesse.
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Somos fortes, mas nem tanto,
pra suportar tantas dores,
pela face escorre o pranto
quando formos perdedores.
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Tantas horas sem dormir,
ou dias sem trabalhar,
tudo nos faz presumir:
só vence quem batalhar.
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Tão brilhantes as estrelas,
neste universo espalhadas,
esperamos poder vê-las
em noites enluaradas.
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Tem um tempo para tudo:
para dar e receber,
o melhor tempo, contudo,
é o que temos pra viver.
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Toda a beleza do mundo
cabe na palma da mão,
quando num gesto fecundo
alguém ajuda um irmão.
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Vencerá qualquer batalha
o forte e determinado,
nessa luta quem trabalha
tem seu prêmio assegurado.
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Fonte: Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.
Enviado pelo autor.

Leando Bertoldo Silva (O preço da modernidade)

Descobri mais uma função da literatura além de nos salvar de nós mesmos: nos salvar da modernidade! Pelo menos a se tratar de uma aqui, outra ali, ou seja, de todas. Misericórdia! Assim fui eu a mais uma história de ônibus! Já estou a pensar no tamanho dessa coleção. Vamos lá!

Ao me aproximar da rodoviária de Padre Paraíso com destino a Teófilo Otoni, vejo, de longe, uma grande aglomeração. Gestos, falas, algumas mais exaltadas, gritos de absurdo e muita, muita gente sem saber o que fazer. Pela quantidade de pessoas, algo não muito normal para a cidade, ainda mais naquele horário de 15h, tive certeza: tem coisa aí. Não demorou a ver dois viajantes sem direito a embarcar e depois mais um, mais outro e outro mais, inclusive eu, igualmente posto na mesma situação.

— Mas, moço, eu nem tenho passagem ainda!

— Não tem e nem vai ter — disse para mim o atendente com a maior cara de enfado por quem já repetiu o motivo dezenas de vezes: "Não há sinal de internet e sem internet não é possível emitir o ticket de passagem".

— Como é que é?

Eu tenho que viajar, não posso perder o ônibus, tem gente me esperando, minha mulher vai me matar... Começou a enumerar o atendente todas as objeções ouvidas e ainda repetidas pelas pessoas em minha volta.

— Mas isso é um absurdo!

— Essa é a campeã. Estão me dizendo isso desde ao meio dia.

— Meio dia? Está sem internet desde meio dia?

— Para o senhor ver como estão os meus ouvidos.

— E dentro do ônibus? Não é possível comprar a passagem dentro do ônibus?

— O senhor tem dinheiro?

— Ora, mas é claro! Como o senhor acha que eu compraria a passagem? Com dinheiro!

— De papel? É, porque dentro do ônibus só com dinheiro de papel, porque no cartão não tem conexão...

Foi quando reparei toda aquela gente esbaforida a lançar impropérios com seus cartões na mão. Como é possível? "Cadê o dinheiro que estava aqui"? Não era assim a brincadeira do toucinho com o gato quando éramos crianças? Seja como for, não mais falei nada e fiquei a admirar toda aquela confusão ao constatar o preço da modernidade. Além do toucinho, onde andaria o kichute a fazer às vezes da chuteira nas peladas no campinho de terra? Os álbuns de fotografias, a latinha de quitute com a chavinha para abrir, o radinho de pilhas recarregadas no congelador, o copo sanfonado de plástico fácil de ser transportado e tantas outras coisas sempre a nos atender muito bem? Cogitei seguir viagem de carro. Mas isso também já não era possível! Eu não tenho carro, e seria preciso pegar um taxi, porém os motoristas só viajam pela manhã.

Sem dinheiro de papel, sem carro, sem nada das minhas lembranças e agora também sem celular, pois, ao pegá-lo para avisar às pessoas, sim, a minha esposa também, o acontecido, a bateria acabou...

Aí não teve jeito. O pensamento veio forte! Fosse no tempo das cartas e as passagens emitidas à mão ou até em maquininhas, mas sem internet, nada disso teria acontecido. E ainda há aqueles a dizerem que o mundo de hoje é muito melhor ao do passado! Ah, quanta saudade dos orelhões e dos telefones de discar…

Fonte: Árvore das Letras. 06 agosto 2023.
https://arvoredasletras.com.br/2023/08/06/o-preco-da-modernidade/

O nosso português de cada dia (Grátis ou gratuito?)

Grátis ou gratuito? Cartazes e placas se encarregam de aumentar a confusão. 

Numa mesma loja, veem-se dois anúncios. 

No primeiro, "Colocação grátis". 
No segundo, "Colocação gratuita".

Grátis é advérbio e, por isso, deve modificar basicamente verbos. 

Grátis corresponde a "gratuitamente, de graça". Portanto basta pensar que, se for possível usar "de graça" ou "gratuitamente", será possível usar "grátis": Estacione gratuitamente/Estacione de graça/Estacione grátis. 

Se não for possível essa substituição, use gratuito (ou gratuita): Estacionamento gratuito/A entrada é gratuita. 

Não é difícil perceber que gratuito é adjetivo e deve modificar substantivos.

Em língua existe um fenômeno chamado contaminação, transferência, O que é isso? Quase sempre por semelhança, as pessoas são levadas a empregar indevidamente determinadas expressões. É esse o caso de grátis e gratuito, semelhantes na forma e no significado, mas diferentes no papel gramatical.

Vamos repetir: para modificar verbos, use "grátis" (Viaje grátis/Faça grátis a regulagem dos faróis/Tome grátis um café/Receba grátis um folheto ilustrativo). 

Em todos esses casos é possível trocar grátis por gratuitamente, de graça. Para modificar substantivos, use gratuito, gratuita: passagem gratuita/serviço gratuito/viagem gratuita. 

Se você procurar "grátis" no Aurélio, tome cuidado. Por um cochilo de revisão, o dicionário registra grátis como adjetivo, mas dá o significado correto: "de graça".

Algumas empresas exageram e anunciam; "Ganhe grátis um relógio". 

Ganhar grátis ou gratuitamente é mais do que redundante. 

Outro erro muito comum diz respeito à pronúncia da palavra gratuito. A tonicidade deve cair na letra "u", e não na letra "i". Leia "gratúito", e não "gratuíto". É claro que coloquei um acento só para você perceber onde está a vogal tônica.

Fonte: Pasquale Cipro Neto. Inculta & Bela. SP: Publifolha, 1999.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

A. A. de Assis (Jardim de Trovas) 36

 

Mensagem na Garrafa – 41 –


Afonso Schmidt
Cubatão/SP (1860 – 1964) São Paulo/SP

O POEMA DA CASA QUE NÃO EXISTE

Onde a cidade acaba em chácaras quietas
e a campina se alarga em sulcados caminhos
achei a solidão amiga dos poetas
numa casa que é ninho, entre todos os ninhos.

Térrea, branquinha, com portadas muito largas,
desse azul português das antiquadas vilas
e uma decoração de laranjas amargas
que perfumam da tarde as aragens tranquilas.

Ergue-se no pendor suave da colina,
escondida por trás dos eucaliptos calmos;
tem jardim, tem pomar, tem horta pequenina,
solar de Liliput que a gente mede aos palmos ...

Neste ponto, a ilusão, a miragem, se some;
olho para você, eu triste, você triste.
Enganei uma boba! O bairro não tem nome,
a estrada não tem sombra, a casa não existe!

Carolina Ramos (E os meus cavalos?) parte 2

E por falar em cavalos, acode-me um fato mais recente. Quando visitei o Chile, levada pela Trova, em 2010, tive uma surpresa bastante agradável, com dois deles.

Estávamos todos numa praça pública de Santiago - alguns trovadores, e também Mariza e Marcos, filha e genro, integrados ao grupo. Acabara de acontecer um desfite naquela praça, quando, junto a nós, pararam alguns militares em suas montarias.

Há muito, eu não tinha oportunidade de rever, tão perto de mim, um daqueles saudosos amiguinhos dos meus tempos de jovem. Avizinhei-me de dois deles, uma vez que já liberados do ato cívico e indaguei, aos militares que os cavalgavam, se poderia aproximar-me sem problemas.

Com a aquiescência de ambos, afaguei a testa daqueles lindos animais, que receberam docilmente o meu carinho e com evidente satisfação. Por algum tempo, conversei, baixinho com eles, a acarinha-los, até ser chamada pela turma que abandonava a praça. Despedi-me, então, daqueles dóceis cavalos, com uma última carícia, afastando-me em seguida.

Contudo, nem bem dera alguns passos, quando senti, com surpresa, duas cabeças ultrapassarem meus ombros, prendendo-os e sustando a minha partida.

Entendi, evidentemente, que aqueles dois cavalos demonstravam querer impedir que eu me afastasse. Emocionada e grata pela reciprocidade do carinho, desvencilhei-me daquelas duas cabeças e fui em frente, sem olhar para trás, levando comigo a certeza de que conquistara, pelo menos, dois amigos, em solo chileno. Dois amigos bastante espontâneos e também, inesquecíveis. - E a prova é que aqui, tantos anos depois, mereceram citação. 

Lamentei, contudo, a ausência de uma câmera que registrasse aquela inusitada despedida testemunhada apenas pelas solitárias cordilheiras andinas cobertas de neve que, ao longe, emolduravam o cenário. 

Presa à temática, ao rememorar a linda terra de Neruda, esqueço propositadamente, embora com todo respeito, as belezas naturais e também o próprio Poeta laureado, que, muito justamente, envaidecem a Pátria chilena - citados apenas de raspão nestas páginas que não lhes pertence - porque, fiel aos objetivos destes comentários, exclusivamente endereçados a "bichos e bichanos".

Logo adiante, um fato, a destacar, atraiu a atenção não apenas minha, mas dos demais visitantes, despertando certa curiosidade, uma vez que não houve quem não estranhasse ver tantos cachorros soltos pelas "calles" chilenas. E, o que ainda mais causava admiração era o fato de todos eles mostrarem sadia e ótima aparência!

A curiosidade foi logo derrubada por alguém que procurou esclarecimentos. Soubemos então, que a própria população local, está comprometida em proteger tais cães, encarregando-se de alimentar aqueles cachorros de rua, mantendo-os em muito boa forma, sendo fácil constatar que a promessa é lealmente cumprida!

Fonte: Carolina Ramos. Meus Bichos, Bichinhos e… Bichanos. Santos/SP: Ed. da Autora, 2023. Enviado pela autora.

Auta de Souza (Poemas Escolhidos) – 10 –


FIO PARTIDO

I
Fugir à mágoa terrena
E ao sonho, que faz sofrer,
Deixar o mundo sem pena
Será morrer?

Fugir neste anseio infindo
À treva do anoitecer,
Buscar a aurora sorrindo
Será morrer?

E ao grito que a dor arranca
E o coração faz tremer,
Voar uma pomba branca
Será morrer?

II
Lá vai a pomba voando
Livre, através dos espaços...
Sacode as asas cantando:
“Quebrei meus laços!”

Aqui, n’amplidão liberta,
Quem pode deter-me os passos?
Deixei a prisão deserta,
Quebrei meus laços!

Jesus, este voo infindo
Há de amparar-me nos braços
Enquanto eu direi sorrindo:
Quebrei meus laços!
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GENTIL

Como é gracioso e lindo o pequenino louro
Que às vezes, à tardinha, eu vejo docemente
Passar junto de mim como um sorriso de ouro,
Anjo que vem do céu na luz do Sol poente.

Como é gracioso e lindo! Eu cuido ver um sonho,
— Um sonho cor da aurora e belo como o mar —
Quando os olhos sem luz entristecidos ponho
Na pupila gentil daquele meigo olhar.

O seu cabelo guarda a cor serena e doce
Da pálida estrelinha ao despontar do dia.
Talvez que um anjo diga, ao vê-lo: “desmanchou-se
O louro resplendor do filho de Maria!
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HOJE

Fiz anos hoje... Quero ver agora
Se este sofrer que me atormenta tanto
Me não deixa lembrar a paz, o encanto,
A doce luz de meu viver de outrora.

Tão moça e mártir! Não conheço aurora,
Foge-me a vida no correr do pranto,
Bem como a nota de choroso canto
Que a noite leva pelo espaço em fora.

Minh’alma voa aos sonhos do passado,
Em busca sempre desse ninho amado
Onde pousava cheia de alegria.

Mas, de repente, num pavor de morte,
Sente cortar-lhe o voo a mão da sorte...
Minha ventura só durou um dia.
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LUZ E SOMBRA

Vamos seguindo pela mesma estrada,
Em busca das paragens da ilusão;
A alma tranquila para o céu voltada,
Suspensa a lira sobre o coração.

Ris e eu soluço... (Loucas peregrinas!)
E em toda parte, enfim, onde passamos,
Deixo chorando os olhos das meninas,
Deixas cantando os pássaros nos ramos.

Porque elas amam tua voz canora,
Ó delicado sabiá da mata!
E eu lembro triste a juriti que chora
E a voz dorida em lágrimas desata.

Gostam de ver-te o rosto de criança
Limpo das névoas de um martírio vago,
O lábio em riso, desmanchada a trança,
No olhar sereno a candidez do lago.

Até perguntam quando sobre a areia
Em que tu pisas vão nascendo rosas:
“Bela criança, tímida sereia,
Irmã dos sonhos das manhãs radiosas.

Por que trilhando a terra dos caminhos,
Onde o teu passo faz brotar mil flores,
Esta velhinha vai deixando espinhos
E um longo rastro de saudade e dores?”

Não lhes respondas... Pela mesma estrada
Sigamos sempre em busca da Ilusão;
A alma tranquila para o céu voltada,
Suspensa a lira sobre o coração.

Vamos; desprende a doce voz canora,
Que ela afugenta da tristeza o açoite;
E, enquanto elevas o teu hino à aurora,
Eu vou rezando as orações da noite…
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LÍDIA

Feliz de quem se vai na tua idade,
Murmura aquele que não crê na vida,
E não pensa sequer na mãe querida
Que te contempla cheia de saudade.

Pobre inocente! Se alegrar quem há de
Com tua sorte, rosa empalidecida!
Branca açucena inda em botão, caída,
O que irás tu fazer na eternidade?

Foges da terra em busca de venturas?
Mas, meu amor, se conseguires tê-las,
Decerto, não será nas sepulturas.

Fica entre nós, irmã das andorinhas:
Deus fez do céu a pátria das estrelas,
Do olhar das mães o céu das criancinhas.
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MORTA

Dos braços da mãe querida
Desceu Laura à sepultura:
Morreu na manhã da vida,
Criancinha ainda e tão pura!

Não viu desabrochar-lhe n’alma
A aurora dos quinze anos;
Fugiu inocente e calma
Do mundo cheio de enganos.

Temeu, pobre mariposa!
O encanto louco das brasas,
Pois, na friez de uma lousa,
O arcanjo não queima as asas.

De todo o choroso dia
Só nos resta na lembrança,
Como visão fugidia
Daquela virgem criança:

Um caixãozinho funéreo,
— Abismo de nossas dores —
Conduzido ao cemitério
Como uma cesta de flores.

Fonte: Auta de Souza. Poemas. Publicado postumamente em 1932. 
Disponível em Domínio Público.

Antonio Brás Constante (O Falso Esperto Falsificado)

O falso esperto é aquele individuo que tenta enganar todo mundo sem perceber que o principal enganado por ele é... Ele mesmo. Todo mundo pode ter esta síndrome do falso esperto dentro de si, e nem se dar conta disso.

Quando você vai a uma fruteira, por exemplo, e compra aqueles pacotes fechados de maçãs, e depois quando chega em casa encontra algumas maçãs podres bem no meio do pacote, escondidas entre as outras frutas, você pode achar inicialmente que foi mais uma vítima de um ser ardiloso, mas passados alguns meses perceberá que a tal fruteira fechou ou mudou de dono, porque simplesmente o tal esperto faliu. Mas porque faliu? Obviamente porque você e a grande maioria de outras vítimas deixaram de comprar lá.

O falso esperto sempre parece esquecer que cada cliente conquistado pode trazer junto com ele um potencial novo cliente (mãe, vizinha, cunhado, amigo. etc) para conhecer o seu negócio. Por outro lado, para cada cliente enganado são pelo menos dez prováveis clientes perdidos, que sem nem terem pisado os pés no seu estabelecimento vão querer distância dele.

É a tal propaganda do boca em boca, que se espalha de forma sazonal e passa a rasteira em qualquer aspirante a falso esperto. A prática do boca em boca é tão boa que os governos em geral até já absorveram esta ideia e a transformaram em boca de urna, espalhando aos quatro ventos as preferências do eleitor, mesmo antes dele votar, atraindo ou afastando as chances deste ou daquele candidato. Mas lembrem-se, esta técnica não cria nada do nada (ou será que cria?), apenas intensifica uma tendência já existente.

O falso esperto se prolifera em todas as áreas da sociedade. E o que é pior, seus maus atos acabam servindo de exemplo e até justificativa para que novos aspirantes a falsos espertos entrem nesta mediocridade. Tem o caso daquelas pessoas que trabalham como se fossem o pior tipo de funcionário da máquina pública (simplesmente porque acham que podem fazer isso), onde seu produto é o mesmo que aquele encontrado no banheiro. Porém, em um belo dia de sol com poucas nuvens, elas acabam perdendo o emprego e ainda se acham injustiçadas.

 Temos vários tipos de falsos espertos se espraiando entre nós, como no caso do coitadinho de mim, que parece estar sempre na pior, agindo como se o mundo todo estivesse com raiva dele, evitando ele, conspirando contra ele, cuspindo na sua cabeça coisas impublicáveis, através das pombas que voam ao seu redor. Tudo que dá errado em sua vida é por culpa de forças maiores do que ele, se ele for jogador de futebol e não conseguir fazer gol de letra vai dizer que a vida cruel fez dele um analfabeto campal e por isso errou o gol. Cada choradeira parece sugar a energia positiva daqueles que estão em sua volta, pois sua eterna atitude de pobre coitado faz dele um vampiro em busca de solidariedade para se dar bem à custa dos outros, e com isso ele vai afastando as pessoas, que acabam se irritando com este tipo de atitude parasitária.

O Falso esperto bom de papo é um dos piores. Ele deixa qualquer um zonzo com seus nhem-nhem-nhem (você não sabe o que é nhem-nhem-nhem? É o mesmo que blá-blá-blá). Este tipo de falso esperto sabe tudo, conhece tudo, entende tudo. Seu discurso sempre é carregado de “eu”, “Eu”, “EU”. Ele diz coisas do tipo: “porque eu já tinha pensado nisso”, “Eu conquistei aquilo”, “EU sou o melhor naquilo outro”. O cara só não acha que é um Deus, porque o Deus bíblico fez em seis dias o que ele faria em apenas dois, e com uma das mãos nas costas. Ele vai pegando carona descaradamente no trabalho dos outros e apresentando como sendo seu, conseguindo às vezes se promover um pouco com isso, até chegar um ponto aonde ninguém mais vai lhe dar créditos, oportunidades ou mesmo querer trabalhar com ele.

Enfim, são tantos os tipos de falsos espertos que apenas um texto é pouco para descrevê-los. O falso esperto é uma faceta de nós mesmos que deveria estar sempre devidamente guardada e bem trancada em nosso âmago, mas que infelizmente pode aflorar em qualquer um, a qualquer momento, transformando uma essência humana de requintado vinho, em azedo vinagre. O falso esperto virou até lei, a lei de Gérson (“gosto de levar vantagem em tudo, certo?”). Mas volto a lembrar que o pior dano que um falso esperto pode causar é nele mesmo, pois é sempre um candidato a esperto falsificado que acaba sendo enganado no golpe do bilhete premiado.

Fonte:

Alcântara Machado (A Sociedade)

- Filha minha não casa com filho de carcamano!

A esposa do Conselheiro José Bonifácio de Matos e Arruda disse isso e foi brigar com o italiano das batatas. Teresa Rita misturou lágrimas com gemidos e entrou no seu quarto batendo a porta. O Conselheiro José Bonifácio limpou as unhas com o palito, suspirou e saiu de casa abotoando o fraque.

O esperado grito do cláxon (buzina) fechou o livro de Henri Ardel e trouxe Teresa Rita do escritório para o terraço.

O Lancia passou como quem não quer. Quase parando. A mão enluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino. Uiiiiia - uiiiia! Adriano MeIli calcou o acelerador. Na primeira esquina fez a curva. Veio voltando. Passou de novo. Continuou. Mais duzentos metros. Outra curva. Sempre na mesma rua. Gostava dela. Era a Rua da Liberdade. Pouco antes do número 259-C já sabe: uiiiiia-uiiiiia!

- O que você está fazendo aí no terraço, menina?

- Então nem tomar um pouco de ar eu posso mais?

Lancia Lambda, vermelhinho, resplendente, pompeando na rua. Vestido do Camilo, verde, grudado à pele, serpejando no terraço.

- Entre já para dentro ou eu falo com seu pai quando ele chegar!

- Ah, meu Deus, meu Deus, que vida, meu Deus!

Adriano Melli passou outras vezes ainda. Estranhou. Desapontou. Tocou para a Avenida Paulista.

Na orquestra o negro de casaco vermelho afastava o saxofone do beiço para gritar:

– Dizem que Cristo nasceu em Belém...

Porque os pais não a haviam acompanhado (abençoado furúnculo inflamou o pescoço do Conselheiro José Bonifácio) ela estava achando um suco aquela vesperal do Paulistano. O namorado ainda mais.

Os pares dançarinos maxixavam (dançando o maxixe) colados. No meio do salão eram um bolo tremelicante. Dentro do círculo palerma de mamãs, moças feias e moços enjoados. A orquestra preta tonitroava. Alegria de vozes e sons. Palmas contentes prolongaram o maxixe. O banjo é que ritmava os passos.

- Sua mãe me fez ontem uma desfeita na cidade.

- Não!

- Como não? Sim senhora. Virou a cara quando me viu.

... mas a história se enganou!

As meninas de ancas salientes riam porque os rapazes contavam episódios de farra muito engraçados. O professor da Faculdade de Direito citava Rui Barbosa para um sujeitinho de óculos. Sob a vaia do saxofone: turururu-turururum!

- Meu pai quer fazer um negócio com o seu.

- Ah, sim?

Cristo nasceu na Bahia, meu bem...

O sujeitinho de óculos começou a recitar Gustave Le Bon mas a destra espalmada do catedrático o engasgou. Alegria de vozes e sons.

... e o baiano criou!

- Olhe aqui, Bonifácio: se esse carcamano vem pedir a mão de Teresa para o filho, você aponte o olho da rua para ele, compreendeu?

- Já sei, mulher, já sei.

Mas era coisa muito diversa.

O Cav. Uff.* Salvatore Melli alinhou algarismos torcendo a bigodeira. Falou como homem de negócios que enxerga longe. Demonstrou cabalmente as vantagens econômicas de sua proposta.

- O doutor...

- Eu não sou doutor, Senhor Melli.

- Parlo assim para facilitar. Non é para ofender. Primo o doutor pense bem. E poi me dê a sua resposta. Domani, dopo domani, na outra semana, quando quiser. lo resto à sua disposição. Ma pense bem!

Renovou a proposta e repetiu os argumentos pró. O conselheiro possuía uns terrenos em São Caetano. Coisas de herança. Não lhe davam renda alguma. O Cav. Uff. tinha a sua fábrica ao lado. 1.200 teares. 36.000 fusos. Constituíam uma sociedade. O conselheiro entrava com os terrenos. O Cav. Uff. com o capital. Armavam os trinta alqueires e vendiam logo grande parte para os operários da fábrica. Lucro certo, mais que certo, garantidíssimo.

- É. Eu já pensei nisso. Mas sem capital, o senhor compreende é impossível...

- Per Bacco, doutor! Mas io tenho o capital. O capital sono io. O doutor entra com o terreno, mais nada. E o lucro se divide no meio.

O capital acendeu um charuto. O conselheiro coçou os joelhos disfarçando a emoção. A negra de broche serviu o café.

- Dopo o doutor me dá a resposta. lo só digo isto: pense bem.

O capital levantou-se. Deu dois passos. Parou. Meio embaraçado. Apontou para um quadro.

- Bonita pintura.

Pensou que fosse obra de italiano. Mas era de francês.

- Francese? Não é feio non. Serve.

Embatucou. Tinha qualquer coisa. Tirou o charuto da boca, ficou olhando para a ponta acesa. Deu um balanço no corpo. Decidiu-se.

- Ia dimenticando de dizer. O meu filho fará o gerente da sociedade... Sob a minha direção, si capisce.

- Sei, sei... O seu filho?

- Si. O Adriano. O doutor... mi pare... mi pare que conhece ele?

O silêncio do Conselheiro desviou os olhos do Cav. Uff. na direção da porta.

- Repito un'altra vez: O doutor pense bem.

O Isotta Fraschini esperava-o todo iluminado.

- E então? O que devo responder ao homem?

- Faça como entender, Bonifácio...

- Eu acho que devo aceitar.

- Pois aceite.

E puxou o lençol.

A outra proposta foi feita de fraque e veio seis meses depois.

O Conselheiro José Bonifácio de Matos e Arruda e senhora têm a honra de participar a V. Ex.a e Ex.ma família o contrato de casamento de sua filha Teresa Rita com o Sr. Adriano Melli.
Rua da Liberdade, n.0 259-C.
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O Cav. Uff. Salvatore Melli e senhora têm a honra de participar a V. Ex.a e Ex.ma família o contrato de casamento de seu filho Adriano com a Senhorinha Teresa Rita de Matos Arruda.
Rua da Barra Funda, n.0 427.

S. Paulo 19 de fevereiro de 1927.

No chá do noivado o Cav. Uff. Adriano Melli na frente de toda a gente recordou à mãe de sua futura nora os bons tempinhos em que lhe vendia cebolas e batatas, Olio di Lucca e bacalhau português, quase sempre fiado e até sem caderneta.
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* Cav. Uff.: abreviatura da expressão italiana Cavaliere Ufficiale, título honorífico, hierarquicamente inferior aos títulos de nobreza. Diversos italianos que enriqueceram no Brasil compraram, na Itália, títulos honoríficos (cavaliere, commendatore) ou nobiliárquicos (conde)

Fonte: Alcântara Machado. Brás, Bexiga e Barra Funda. Publicado em 1927. 
Disponível em Domínio Público

Estante de Livros (“Os trabalhadores do mar”, de Victor Hugo)

Para Victor Hugo, as três lutas do homem são definidas como suas necessidades básicas: a religião, a sociedade e a natureza. Destarte, o homem precisa ultrapassar os conceitos dos dogmas; lutar por leis justas e; sobreviver em natureza, tanto social quanto mundanal. O primeiro conceito é trazido pelos escritos do Corcunda em Notre Dame, o segundo conceito; elevado pelos Miseráveis, e o terceiro conceito, natural, descrito nos Trabalhadores do Mar. Todavia, o personagem principal da obra não poderia deixar de seguir os moldes de Victor Hugo ao alinhar seus percalços, tanto em sociedade, quanto quando luta por sobrevivência meio ao resoluto mar.

RESUMO

A história se passa na ilha de Guernesey, na costa norte da França, durante o século XIX. O solitário Gilliatt, órfão de mãe e cujo pai é desconhecido, mora numa casa tida pelos moradores locais como assombrada, próxima a uma encosta do mar, afastada do centro do vilarejo de Saint-Sampson. Exímio pescador e homem do mar, porém mal compreendido pela sociedade local, que é muito supersticiosa, vive para si e para seu amor platônico, a jovem e bela Déruchette, sobrinha do mais famoso e bem-sucedido homem da região, Mess Léthierry.

Mess Léthierry é dono da Durande, o primeiro barco a vapor da região que, justamente por possuir mais velocidade, realiza a viagem no Canal da Mancha mais rapidamente e consegue, portanto, manter um comércio mais próspero com a Inglaterra. Consequentemente, a atividade faz de Mess Léthierry o homem mais rico da ilha. Anos antes, havia confiado em seu sócio Rantaine, mas este o traíra e levara consigo a fortuna de ambos. Foi Durande, o barco que ele mesmo construiu, que lhe trouxe a glória. Por isso, tem pelo barco o mesmo amor que tem por sua sobrinha, a quem educa para ser uma esposa dedicada e muito doméstica. O velho homem sonha ter para capitão do barco um genro que seja apaixonado por Déruchette e tão bom homem do mar quanto ele, que possa amar Durande com a mesma intensidade. Enquanto isso não acontece, ele deixa Durande a cargo do capitão Clubin, tido como lobo do mar, ou seja, extremamente experiente e sem medo das águas repletas de rochedos da região.

Os destinos de Mess Léthierry, Déruchette e Gilliatt se cruzam quando o capitão Clubin leva a embarcação ao mar em dia de tempestade e entra num nevoeiro, chocando-se com os rochedos escarpados que coalham o mar em torno da ilha. O desesperado dono do barco acredita que Clubin morrera no mar e ouve dos marinheiros que a embarcação está parcialmente destruída, mas seu motor se encontra intacto, preso entre dois altos e afiados rochedos. Sem esperança, oferece a mão de sua sobrinha ao corajoso homem que salvar a Durande. Escutando sob a janela, Gilliatt, que ama secretamente Déruchette há anos, se oferece para empreender a viagem à embarcação. Durante semanas, ele enfrenta o sol inclemente, a sede, a fome, a febre, os tremores e o cansaço, e consegue construir uma espécie de estrutura elevadiça com a madeira do barco, com a qual consegue içar o motor e colocá-lo em sua chalupa.

Além da luta que Gilliatt trava contra as intempéries, ele enfrenta um novo perigo mortal: um gigantesco polvo que o ataca de surpresa. Segue-se uma luta encarniçada de Gilliatt pela vida, e grande parte do mistério em torno de Clubin e do sócio desaparecido de Mess Léthierry são desvendados. De uma forma quase miraculosa, Gilliatt mata o polvo e consegue voltar à ilha. Sujo, descabelado, doente, magro, com a pele descascando, exausto, com fome, e com suas energias drenadas, consegue amarrar sua chalupa atrás da casa do tio de Déruchette. Quando Mess Léthierry descobre ali a alma de sua embarcação, - o que lhe salva a posição política e a fortuna - reconhece Gilliatt perante a sociedade local como seu salvador e concede a mão de Déruchette a ele.

Gilliatt descobre que Déruchette ama o jovem reverendo inglês Ebenezer Caudray, que havia chegado há poucos meses em Guernesey, e é correspondida. Sua decisão é heroica. Ele dá a ela o baú de enxoval que sua mãe lhe deixara como herança para dar à sua futura esposa, providencia com o pároco mais velho o casamento dos jovens apaixonados sem que Mess Léthierry o saiba e os vê partirem no navio Cashmere, já acomodado em uma pedra recortada numa encosta, cujo formato é de uma cadeira e onde a maré encobre quando o dia anoitece. Ali, sentado e sozinho, espera o mar chegar e cobri-lo, pois para ele, socialmente marginalizado e eternamente infeliz porque sua amada não o ama, o que resta é o mar, e a ele se entrega definitivamente.

Fontes: Página do Ricardo. Resumo escrito por Ricardo Moraes em 08 junho 2020.
Canal Ciências Criminais. Escrito por Iverson Kech Ferreira em 11 agosto 2022.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Concurso de Trovas "Memorial Cláudio de Cápua" (Finalizado)

  


O Concurso de Trovas "Memorial Cláudio de Cápua", do blog Singrando Horizontes já finalizou. Os diplomas e o caderno das trovas premiadas foram enviadas aos premiados, assim como o caderno aos não premiados (se não está na caixa de entrada de seu email, verifique no spam). Obrigado pela participação dos 194 trovadores que enviaram 341 trovas. A participação de vocês foi fundamental para o sucesso do concurso.

Segue o link abaixo para fazer o download do caderno de premiados, que possui em seu conteúdo as trovas premiadas, biografia do Cláudio de Cápua, o homenageado no concurso, pequena biografia dos integrantes da comissão julgadora e do editor e organizador do concurso (eu), os nomes de todos os trovadores que enviaram suas trovas e respectivas cidades e estados.

Parabéns a todos, premiados ou não.