quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Teatro de Ontem e de Hoje (Assim É...(Se Lhe Parece))


Espetáculo comandado por Adolfo Celi, baseado em texto de Luigi Pirandello, considerado uma das melhores realizações do Teatro Brasileiro de Comédia.

Na montagem dirigida por Adolfo Celi, o Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, alcança grande sucesso de crítica e público. Toda a tarimba do encenador é aqui mobilizada, transformando a densa e fascinante rede de intrigas criada por Luigi Pirandello em oportunidade para uma soberba demonstração de talento nas interpretações.

A ação passa-se na casa do conselheiro Agazzi, para onde afluem os vizinhos, intrigados com o estranho comportamento do casal Ponza, cuja mulher nunca é vista. Após muitas conjecturas e declarações, que adensam o mistério em vez de elucidar o caso, a própria sra. Ponza surge em cena sem esclarecer a situação lançando, ao contrário, novas dúvidas. Ao público, assim como às estupefatas personagens, resta o relativismo da óptica mais conveniente de cada um.

A encenação conta com uma eficiente cenografia de Mauro Francini que, segundo Miroel Silveira, "desprezando os efeitos pirotécnicos, reduz-se (...) ao gabinete clássico, com três portas, uma ao fundo e duas outras, uma de cada lado, simetricamente dispostas".1

Os figurinos são de Rina Fogliotti, reconhecida pela competência de sua execução. O trabalho de caracterização, importante por criar com nuances grande número de velhos, fica a cargo de Leontij Timoszczenko.

Premiado por seu desempenho como o Sr. Ponza, Paulo Autran brilha e capitaneia um elenco que destaca ainda Waldemar Wey, igualmente premiado como coadjuvante; Cleyde Yáconis, Dina Lisboa, Monah Delacy, Fredi Kleemann, Luiz Linhares, Renato Consorte, entre outros.

Para o crítico Décio de Almeida Prado, a produção é simplesmente "o melhor espetáculo que o Teatro Brasileiro de Comédia apresentou até hoje. Um dos melhores, como peça, certamente o melhor como homogeneidade, como interpretação individual dos atores e, particularmente, como direção".2

Para o crítico Miroel Silveira, "pode-se dizer que Celi traduziu Pirandello para nós, não do idioma italiano ou do dialeto siciliano, mas da linguagem particular do autor para nosso sentido atual de vida. Sua direção, de tão límpida e despojada, chega às vezes a roçar pelo didatismo. Servindo-se de elementos formais rigorosamente dentro da velha tradição teatral, ele como que nos iluminou o texto até a transparência, mostrando em cada personagem não um autor polemizando, mas seres humanos vivendo em profundidade".3

Adolfo Celi e Cleyde Yáconis recebem em suas categorias o Prêmio Governador do Estado de São Paulo. 

Notas 

1. SILVEIRA, Miroel. Folha da Manhã, São Paulo, 7 out. 1953. Coletado por DIONYSOS. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, n. 25, set. 1980. Número especial sobre o TBC. p.95.

2. PRADO, Décio de Almeida. 'Assim É...(Se lhe Parece)'. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 20 set. 1953. 

3. SILVEIRA, Miroel. 'Assim É... (Se lhe Parece). In: ______. A outra crítica. São Paulo: Símbolo, 1976. p. 86.

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