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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Antonio Juraci (Canto Libertador)


Escuta, nos poemas que te oferto,
batidas de tambor, rumor de remos
retalhando essas águas seculares
onde remaram nossos bisavós.

Ouve os gritos de dor rasgando o tempo
nos porões dos navios, nas senzalas,
nos troncos, nas fazendas, nos garimpos
a retumbar no âmago de nós.

É preciso correr! O tempo urge!
Carece remover o esterco, a lama
que a História sobre nós depositou.

E é preciso cantar! Ódio e tristeza
não trarão água e pão à nossa mesa,
não cobrirão de flores nosso chão.
-------

Fonte:
Imagem = Instituto de Estudos Avançados da USP. vol.16 no.46 São Paulo Set./Dez. 2002. Artigo Liberalismo e Escravidão.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

III Edição da Feira Pan-Amazônica do Livro



III edição da Feira Pan-Amazônica do Livro espera receber mais de meio milhão de visitantes este ano

Evento acontecerá entre os dias 6 e 15 de novembro no Hangar -Centro de Convenções da Amazônia

A XIII edição da Feira Pan-Amazônica do Livro, que traz como país homenageado a França, será o evento oficial de encerramento do Ano da França no Brasil. A Aliança Francesa de Belém, em parceria com o Governo Francês e o Governo do Pará através da Secretaria de Cultura do Governo do Pará trazem a Belém uma grande variedade de eventos culturais vindos da França e seus territórios ultramarinos. Cinema, música, teatro e dança serão os eixos da programação francesa. Quem passar pelo Hangar poderá participar de oficinas, assistir a performances de teatro e aos espetáculos com artistas de várias regiões da França, além de conhecer escritores convidados exclusivamente pela AF de Belém, entre eles o premiado Stephane Audeguy, autor francês de grande sucesso literário em todo o mundo.

Desde o lançamento no Hangar- Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, realizada no dia 16 deste mês, Belém espera receber nesta XIII edição da Feira Pan-Amazônica do Livro mais de meio milhão de visitantes, entre os dias 6 e 15 de novembro.

E como não poderia deixar de ser, o país homenageado nesta XIII edição da Feira é a França. E a novidade fica por conta da ampliação na quantidade de estandes e no espaço físico que garantirá mais diversidade e conforto com o aumento de 176 estandes e cerca de 500 m2 de praça de alimentação.

A Feira Pan-Amazônica será o evento oficial de encerramento do Ano da França no Brasil. Para isso, nesta edição, tanto pratos típicos paraenses, quanto franceses farão parte do cardápio no espaço. A decoração será especial no Hangar com a exposição de réplicas do Arco do Triunfo e da Torre Eiffel, além de exposições fotográficas, espetáculos teatrais, oficinas de arte, teatro, dança e circo com artistas franceses. Também o público terá oportunidade de conhecer escritores franceses convidados exclusivamente para o evento.

Mas o estande com os escritores paraenses continuará seguindo na programação e contará com a presença de autores regionais como Eliana Barriga, Juracy Siqueira, Salomão Larêdo e João de Jesus Paes Loureiro. Os professores poderão contar mais uma vez com o CredLivro para aquisição de livros durante o evento.

O Salão B concentrará toda a programação infantil e o palco externo será ampliado, aos moldes do que foi o Natal Hangar.Os custos do evento deverão ultrapassar os R$ 6 milhões.

Uma das principais novidades já confirmadas é o Parque da Turma da Mônica, um espaço infantil que trará temática especial sobre a Amazônia e também contará com a ilustre presença de Maurício de Souza. Além dele, já estão confirmados Zeca Camargo, Frei Beto, Emir Sader, Moacyr Sclyar e Laurentino Gomes, que participarão de encontros abertos ao público e transmitidos para diversos municípios do Estado por meio do projeto NavegaPará.

O premiado autor francês Stephane Audeguy é a estrela da programação literária francesa. Considerado um autor único, Audeguy nasceu em Tours em 1964. É formado em letras modernas, com especialização em inglês. Foi assistente na Universidade de Charlottesville, nos Estados Unidos. Depois de ter ensinado durante anos história do cinema e das artes, deixou o magistério para se dedicar exclusivamente à literatura. Filho único ganhou forte cobertura da mídia francesa à época de seu lançamento, tendo recebido enorme acolhida literária. A obra foi indicada ao Goncourt, além de ter sido agraciada com o Prêmio Deux Magots 2007. No dia 6 acontece a noite de autógrafos de Audeguy no stand do país homenageado. No dia 7 de Novembro Audegui fala com o público às 10h15, em uma das salas de conferência do Hangar. Oportunidades únicas de conhecer o autor, uma vez que o mesmo volta para Paris no dia 7/11 após o meio-dia.

Os territórios ultramarinos franceses também serão representados pela Associação Literária Promolivre, que traz entre suas estrelas os escritores Jean Marc Rosier, Serge Mam-Lam-Fouk, Françoise James Loe-Mie, Odile Armande Lapierre e Gerty Dambury.

Os shows serão atração à parte, sempre buscando artistas que tenham conexão com a literatura. O cantor Lenine já está agendado para o show de abertura, no palco montado à beira do lago do Hangar para receber atrações regionais e nacionais.

Com tantos atrativos, espera-se bater mais um recorde na feira deste ano, aumentando o número de visitantes, que foi de 350 mil pessoas em 2007, 470 mil em 2008 e, projeta-se, 500 mil em 2009.

O reflexo do sucesso da Feira Pan-Amazônica do Livro são os Salões do Livro, que acontecem em Santarém e Tucuruí, chegando em breve a mais dois municípios do Estado e possibilitando que todos tenham acesso à cultura, aos livros e à informação.


Serviço:

XIII edição da Feira Pan-Amazônica do Livro
Local: Belém -No Hangar- Centro de Convenções e Feiras da Amazônia

Fonte:
http://www.portalcultura.com.br/

Andreev Veiga (Caldeirão Literário do Pará)



RESTANDO-SE SOB O SOL

não pude perceber o litoral
durante o que eu imaginava daquilo que era o silêncio.

como ocupando uma cadeira
topei entre vagos destinos
igual a esses rios
que caem junto com a chegada do outono.

comecei acreditar
que ter nascido do tamanho errado
me bastaria andar
sem atalhos que fossem
andar
de pernas às esquecidas
tamanho calo que herda até o fim seu espaço.

era indiferente a solidão
que continham meus ossos acesos
era desnecessário existir
e usar de um outro lugar
que não coubesse no mundo.

daquilo sentirei infelicidade...

e de parte do meu corpo
rumo a imaginá-lo
como corpo restante de um frenesi
tornei-me como sacrifício de sonhar
em outros sonhos uma viagem.

esperei no dia
cada porto
cada miragem de conforto
que me deixasse como o vento...

...despercebido da solidão

era exposto.

o céu ardia tanto
restando-se sob o sol desse outono
que nu e anônimo
de minhas mãos
o aceno se derramava...

eu não tive de onde tirar uma lágrima.

era ferrugem.
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PERSIANA

a luz listrada acende o mofo que ilustra a vida no estreito da cama
minha mãe atravessa a morte sem fazer barulho
me assusto com o copo d'água
pousa uma gaivota em meus lábios se afogando

a morte surge sempre suave para os mortos
deus não haverá de conceber a saudade ao mar
só aos que ficarão
pois estes não têm barcos nem são deuses
mas
suficientemente estúpidos como o céu de pessoa

a persiana retém os desfiladeiros neste cômodo
o que escrevo desaparece com a noite
fica na memória o eco
fragmentando o pouco do café

os vendavais precisam das chuvas
para que as horas revelem às montanhas
o suicídio que as habita

já não atento migrar para o imenso da areia

(tudo é indefinido até a hora das ondas)
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EQUINÓCIO

Á beira do medo
me agarro sobre a guimba do cigarro
instintos quentes
e lábios debruçados no pão
se abrem como uma vagina ao vácuo
penetrada
pelo sopro diurno
da colisão com a vida

ao norte
ouço o lugar perdendo altura
numa imagem indecifrável de fogo
correndo sobre mim,
até a boca

o mundo ainda esconde muitas águas
entre os gestos das flores
e entre as coisas que se tem
apesar de tanto
antigas e comuns
o tempo não pode curar
a altura da queda

o perfume desses verões
a bebida derramada sobre o mundo
pesa mais que o cheiro deste lugar
(não é só de silêncio que é feito o desejo)
é de sangue
é de algo maior que este pátio
é de borra na cabeceira
com seus ombros em silêncio.
a sanidade.

quando a ópera resvala nos galhos
e as folhas em coro
pronunciam-se livres para a noite
quando o presente abre sua porta
e deixa o vento fazer-se disposto
no rosto
quando cada botão
em seu tempo se abre
fumegando
por dentro
a tristeza

o verão
a noite
toma-me inerte
à posse desses rios
que flutuam inescrupulosos
sob a mínima distância
de miséria e poema

o peso dos disfarces
à medida em que tudo se perpetua
evapora os olhares
e as coisas se distanciam
(é um ato capaz)
a vida se torna um alvo fácil
a pulsar
sozinha entre as folhas

a ópera acabou,
inteira
derramada sobre a noite
dormindo o mundo
lado-a-lado
com o medo

não é a solidão que abandona,
é o caminho.

o tempo a casa a beleza dos quintais

achei que a vida
fosse um grito
que começassem em luz
onde eu pudesse descobrir
todas as manhãs
que minha voz não existe
ou é uma outra cor
sem o gosto das palavras
sem o instante do abraço
apenas água

o verão termina
e junto vão-se os pássaros
e as longas caminhadas pela ilha
o único minuto deixado
descreve o que as ondas tem em excitação com o homem:
o vento
que descampado pela madrugada
toma rumo ao desconhecido
passo-a-passo
pelos saguões de meus limites

sento à sombra
gargarejo qualquer coisa inofensiva para mais tarde...
a manhã
num aquário seguinte
o frio se desfaz
e o silêncio se acende imponderável entre as nuvens


o galo canta
e mergulha em cânticos às margens deste rodeio

se num intervalo de vida
pudesse envelhecer mais rápido que a fadiga
como homem
de minha própria fome e carniça
falaria para o coração
o que de mortos e vivos aprendi
mas que de mortos e vivos
hei de adiar
ante
a exata ocupação do dia
ou
tarde demais...

...até a primeira enchente
escorrer suas guimbas pelo chão.

este poema é parte integrante da antologia poética do 9º concurso de poesias da universidade federal de São João Del-Rei - UFSJ 2009 no estado de Minas Gerais.
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Sobre o Autor
Andreev Veiga trabalha com a palavra desde os treze anos de idade. Além de poeta, ele é escritor e compositor. Seu primeiro livro, “Letrários”, reúne uma coletânea das poesias que considera poder provocar sensações e sentimentos no leitor. Entre as preferidas do autor estão as denominadas “Restando-se sob o sol”, “Poema calado” e “Para o poema ficar repleto de saudade”.

“Escrever poesias é um grande êxtase”, afirma Andreev Veiga. “O que sei fazer é escrever. É uma necessidade que tenho de relatar sobre o tempo, amores, desamores, solidão, sensações, reações, rotina do dia-a-dia, enfim, sobre tudo que tem algum significado para mim”.

O poeta paraense Andreev Veiga foi um dos vencedores do Premio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia – Edição 2008, com a poesia “Reinventando a Morte”.

Para o escritor suas obras são densas e fazer poesia é uma forma de não se sentir sozinho. Andreev gosta de pensar que cada leitor terá uma resposta diferente sobre suas obras. “Para mim, o ato de escrever representa a liberdade de pensamento e de expressão”. Entre as metas para 2009 estão a participação em feiras literárias, novos concursos e a publicação de seu primeiro livro.

Fontes:
http://andreevveiga.blogspot.com/
http://www.difundir.com.br
Imagem = montagem por José Feldman

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

domingo, 6 de setembro de 2009

Aristóteles Guilliod de Miranda (Caldeirão Literário do Pará)



RUÍDOS

Traduzo meu risco de ser
buscando-te no desvão do eco
da palavra espanto
plantada no olfato de gestos
deste chão que planejo
assim como a natureza
da morte revisitada
em cada ausência.
–––––––––––––––-

PORTA-RETRATOS

A vida parada num sorriso
que desafia o tempo
e que se destrói
quando alguém
troca a foto
– que já não toca.
–––––––––––––––-

XXII

O cinzeiro mede a hora
e a alma
O tapete acalma os pés
inquietos
com seu carinho sintético
A lâmpada e seu olho quente
observam a
natureza morta do homem

Só o relógio, impunemente,
enterra o tempo
entre os ponteiros
–––––––––––––––––––

1964

Então, foi decretado o escuro.
Eu, que nem iniciara
o aprendizado da luz,
fiquei sem sol.

––––––––––––––-
MACACO

Do espelho ancestral me olhas
em caretas e curiosidade
como a perguntar pelas eras
em que eras eu

Semi-ereto, teu caminho
encontra meu destino recurvo

Em guinchos saúdas a razão
em seu caminho milenar
até a voz

Teus riscos no chão inauguram
as palavras com que te celebraria
mais tarde.
––––––––––––––––––

ANIMA/IS

em penas
em pêlos
em pele
– plenos de si

cantos e escamas
cascos, carapaça e casulo
caudas

seda envoltos
vital invólucro
vôo & passo
uivos

patas irmãs das minhas mãos
em asas e nadadeiras

quebra-cabeças da natureza
misteriosa mistura
de cheiros e gritos e textura
universo inverso
de mim
––––––––––––––––––

PARA SEMPRE

Remeter ao vértice
ao pubiano vórtice incendiado
em alegóricas auroras
entranhadas na hora amortecida
Entre pêlos
..................sábios
.............................lábios
aludir segredos
diluir delírios
Sucumbir em vagas
em estridentes vagas ressoadas
como um bote
––––––––––––––––

Aristóteles Guilliod de Miranda (1954)



Aristóteles Guilliod de Miranda, nasceu em Belém do Pará em 1954.

Médico desde 1977, em atividade. Arrisca-se na poesia desde a adolescência. Mais tarde reavalia a “produção” tendo sobrado poucos poemas desta fase.

Leituras de Pessoa, Vinícius e Bandeira, principalmente, vão ajudando na determinação de continuar. “Edita” de forma artesanal Viagem Íntima (1984), trinta poemas para comemorar seus 30 anos.

Ainda na década de 80 participa de antologias poéticas.

Licenciatura em Letras (1989) e Mestrado em Teoria Literária (1991). Nesse período colabora com regularidade, por quase dois anos, para o jornal O Liberal com artigos. Três prêmios em poesia e um em ensaio pela Academia Paraense de Letras.

Publica Travessia do Ser, poesia, em 1999. Incluído na Poesia do Grão-Pará (2001), antologia organizada por Olga Savary. Em 2006 lança um novo livro de poemas: Para Além dos Alísios.

Fonte:
http://www.culturapara.art.br/

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Age de Carvalho (Caldeirão Literário do Pará)



Aqui, em meu país
irremediavelmente nordestino e miserável,
à luz elétrica de meu século,
sob todos os alfabetos do medo e da fome;

aqui,
entre o homem e o homem
(como dois sistemas totais
num universo de águas inacabado),
aqui vivo.

De Arquitetura dos ossos (1980)

BOCA

a minha e a tua:
o ímã das línguas lança promessas,
letra-sobre-letra

À vera,
a tempestuosa mão da rasura
subjaz
negra no plural dos pêlos
à procura do selo mais profundo,

funda.

De Arena, areia (1986)


FAZER COM, FAZER DE

Estar, entre
estrelas e pedras,
interrompido

Resto de
ervas, tempo, entre dentes
detém-se
a palavra-refém,

réstia.
De Pedra-Um (1989)


SANGUE-SHOW

Esse o tempo—
em-sempre da serpente,
seu recobrado sentido
circular nas glebas
do sangue.

Chão,
subcutáneo, chão—
aqui se apaga
a veia vida/obra,
aqui a cobra
(intra-
vírgula
venenosa) insinua
entre ramas brilhantes
seu eterno s:

aqui, é-se.

Revista Inimigo Rumor, 7 (1999)

CORCOVADO

à Nelci Frangipani

Uma última vez
antes de subirmos,
braços abertos sobre
a flora brava, aqui
em baixo, onde colho
a despedida –

o tempo
só de abraçar
o abricó-da-praia,
meu amigo,
enquanto tu, trezentas
e terrena, davas
comida aos gatos.

POEMA COMPLEMENTAR SOBRE O RIO
A José Maria de Vilar Ferreira

O rio consagrado: a vazante
lembrança que escoa em maré
baixa e retorna — água escura
— na preamar

O rio sagrado: invólucro do céu
e margem, e duas margens
dos caboclos amantes. O rio

passado: cismando na crisma, paresque
dumas lembranças que trabalham a solidão:
o paralelo das margens, uma igara partida,
as águas sujas que sempre voltam.

A CADELA

Caminhava grave pela casa
a cadela.
A cabeça quieta era sua altivez
quadrúpede no centro da cozinha.
Caminhava. Os olhos, costelas,
o mar de ossos, o coração
pardo e lento – caminhava.
A manhã debruçava-se pela janela: cristais no pó,
o púcaro da china, horas de louça
batendo nas palavras na sala da casa.
A cadela caminhava, dura,
secular.
(Domingo dormia
prolongado como um funcionário feriado).
Vivera demais. Descansava à sombra,
perto do quarador.
Sonhava farta, invisível,
a cadela azul,
nua
(o sexo velho e molhado,
um caranguejo arcaico sob o rabo).
Dormia, vazia.
Outubro doía longe, na Ásia,
quando a Fuluca anunciou: "A Catucha morreu".

De ROR (1980-1990)
São Paulo: Claro Enigma, 1990

IN ABSENTIA

E: ainda uma chance —
uma pedra se refolha
para o repouso,
o instante é
sempre presença

Ror de erros,
recolho repetidos
o que ainda me pertence

NISSO

que ascendeu
se revelou
e esqueceu

ponhamos uma pedra

SUMA

Quantas vezes
ainda por repetir?

Estão comigo, todas
de segunda mão,
não classificadas

ó anel
círculo mancha ervas
sombra relva irmã
estrela erro tumba
por companhia

pedra pedra pedra

A JOÃO CABRAL DE MELO NETO

só dizer
o que sei
e duvido saber, o sal
pela mão
do rio-sem
resposta —
um luxuoso dizer, de vagar sem onda
e vaga, fluvial, não aliterado;

um dizer repetido na diferença,
barrento, semi-dito, em Não fechado;

ou o não-dito, rios sem discurso,
nome por dizer ou dizer empedrado;

dizer sim o raro e claro do poema,
dizer difícil e atravessado, com margem
de erro.
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Fonte:
Antonio Miranda. www.antoniomiranda.com.br

Age de Carvalho (1958)



Nasceu em Belém do Pará, em 1958. Concluiu seus estudos primário e ginasial no Colégio Moderno, em Belém, e se formou em Arquitetura pela Universidade Federal do Pará em 1981. Lançou seu primeiro livro de poemas, Arquitetura dos Ossos, em 1980. Editou a página de poesia Grápho nos jornais paraenses A Província do Pará e O Liberal entre 1983-85, atuando também como tradutor. Passa o ano de 1984 em Innsbruck, Áustria. No final de 1986 retorna à Europa para se fixar em Viena. De 1991 a 2000 vive em Munique, Alemanha, e a partir deste ano muda-se definitivamente para Viena, onde hoje reside.

Como designer gráfico atua em várias revistas austríacas e alemãs na função de diretor de arte. Em 2006 é publicada na Alemanha a extensa antologia poética Sangue-Gesang ("Cantos do Sangue") traduzida por Curt Meyer-Clason.

Livros publicados, todos títulos de poesia:
Arquitetura dos ossos
(Editora Falângola/Semec, Belém, 1980)
A fala entre parêntesis
junto com Max Martins
(Edições Grápho/Grafisa/Semec, Belém, 1982),
Arena, areia
(Grafisa/Edições Grápho, Belém, 1986)
Ror: 1980-1990
(poesia reunida e o livro inédito Pedra-um,
Editora Duas Cidades, Coleção Claro Enigma, SP, 1990)
Móbiles
(junto com Augusto Massi, 7 Letras, Rio, 1998)
Caveira 41
(Cosac & Naify/7 Letras, São Paulo, 2003)
Seleta, antologia poética
(Editora Paka-Tatu, Belém, 2004)
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Fonte: