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quinta-feira, 8 de abril de 2010

José Lins do Rego (Eurídice)



Eurídice (1947) – Romance em que o autor deixa de lado as intenções regionalistas.

O romance é dividido em 2 partes. A primeira descreve a infância dramática da personagem principal. A segunda a sua adolescência afetada pelo drama da infância.

Este romance deveria ser lido inteiramente. A leitura é muito agradável e facilitada pelos capítulos curtos. Parece ter havido a intenção de permitir que o livro fosse lido num transporte coletivo ou em viagens curtas.

Primeira parte.

O cenário é a cela de um presídio no Rio de Janeiro.A personagem principal é o prisioneiro Julio, 20 anos de idade, estudante de direito. Na falta do que fazer resolve escrever sobre sua vida e dizer só a verdade.

O companheiro de cela, um homem taciturno a quem ele falou uma única vez sobre seus escritos e teve resposta enigmática sobre as boas intenções de um tio de Júlio que esconderiam algo e isso será uma preocupação constante. Não mais se falaram. Este companheiro irá se suicidar quando estiver próximo do término da pena, para fugir de responsabilidades.

Júlio, filho temporão, tem duas irmãs e a mãe D.Leocádia uma mulher amarga que demonstra desamor doentio pelo filho temporão. O filho temporão causava a ela um constrangimento. Talvez a coincidência do nascimento com a falência dos negócios do pai tenham agravado o problema afetivo. Desejava que ele não houvesse vingado. O pai morre pouco depois.

Isidora, a irmã mais moça, dá a ele todo o amor que a mãe nega. Ela fica noiva de um médico, Dr. Luiz, com total apoio da mãe, ganha posição privilegiada e provoca a inveja da irmã mais velha, casada contra a vontade da mãe. Muitas brigas ligadas a herança ocorrerão, inclusive na justiça.

Júlio direciona para a irmã o amor que seria para a mãe, com muito mais intensidade do que seria o normal. Ama Isidora de forma doentia. Na mesma medida que ama a irmã ele odeia o noivo que considera estar roubando o amor que é dele.

O repúdio e a aspereza da mãe deformará a personalidade de Júlio de forma terrível. O amor que a irmã lhe dedica não atenuará essas deformações e o amor que Júlio lhe tem também é doentio.

Metade dos escritos na cela é para descrever o drama do menino de dez anos implorando, sem sucesso, uma demonstração de carinho. É inimaginável o que se passa na mente dessa criança.

A mãe de Júlio não aplica a ele um único castigo físico e, no entanto a distancia que obriga o filho a manter dela, com a sua frieza, é talvez infinitamente mais dolorosa.

É impossível reproduzir. Uma criança de dez anos com um enorme sentimento de culpa. Tenta resolver seus problemas fugindo de casa, mas é logo levado de volta. Depois, com dez anos, descobre que a morte pode ser solução para os problemas. Isto parece lhe dar certa paz, funcionando como uma espécie de recurso disponível. Esta descoberta lhe permite cogitar seriamente de soluções radicais. Tendo a morte como um refugio pode se permitir qualquer coisa.

O amor por Isidora também é um sentimento bem complicado envolvendo um ciúme doentio da irmã e o ódio pelo noivo, o Dr. Luiz.

O relacionamento da irmã com o noivo, durante o período de noivado até o casamento desencadeia uma confusão na cabeça do menino e o amor pela irmã parece ter algo de incestuoso, transformando-se algumas vezes em ódio e, após o casamento, quando a irmã morre de parto, ele demonstra uma estranha indiferença, talvez por se sentir traído, enganado.

Laura, a outra irmã de Júlio, casada, é mulher invejosa e rancorosa, inconformada com o que considerava perseguições contra ela e contra o marido Jorge.

Julio tem, ainda, a tia Catarina, irmã de Leocádia, casada com um juiz, Dr. Fontes. É totalmente diferente da irmã. Mora em Alfenas, está bem financeiramente e veio para ajudar nos preparativos do casamento. Pessoa muito boa e habilidosa no trato com as pessoas resolve todos os desentendimentos que surgem na família e ainda cuida do dia a dia.

Dr. Fontes, juiz, é pessoa muito considerada na família. Nas questões sérias depende da opinião mulher, tia Catarina.

Acabam levando Júlio para alfenas, e no tempo certo mandam-no para o Rio de Janeiro fazer a faculdade de Direito e irá morar numa pensão do Catete.

Segunda parte.

A segunda parte dos escritos falam de sua vida de jovem universitário com os problemas normais de todo rapaz. A dona da pensão é D. Glória que tem três filhos, Jaime, Noêmia e Eurídice, moça sem juízo e que mantém um caso com Faria, companheiro de quarto de Júlio.

Jaime, muito trabalhador, pouco fica em casa, apaixonado por futebol, zela pelo comportamento das imãs. Inspira respeito e certo temor.

Os pensionistas de D. Glória são:

1) D. Olegária, meia idade, gosta de poesia, sonha com casamento, conhece um um vigarista que lhe propõe casamento e leva todas as suas economias. As censuras ao seu comportamento e o constrangimento leva a muitas brigas na pensão. Ela acaba se mudando e pouco depois se tem notícia do seu suicídio.

2) O Sr. Campos, conhecido como Campos das Águas, funcionário do Dept de Águas.

Meia idade, mora lá há dez anos, quando chegou fez proposta de casamento para D. Glória que recusou. Considera as moças como filhas. Vangloria-se do seu sucesso com as mulheres e, ainda hoje, namora uma ou outra jovem. Gosta dos poetas clássicos e se considera um poeta inspirado. Já teve coluna em jornais importantes dirigidos por um Sr. Brício. É conhecido e considerado na Cidade e popular na zona boêmia.

O senhor Campos irá ser um conselheiro de Julio. Carregou-o algumas vezes para a zona boêmia. Estas primeiras experiências que são normalmente complicadas, para Júlio foram terríveis por haver alguma estranha associação com a figura da irmã Isidora que não o deixa. Esses fracassos lhe causavam algum constrangimento.

3) Faria, último ano de direito, escolhido pelo tio Fontes para cuidar de Júlio, seria seu colega de quarto. Veste-se com apuro, preocupa-se somente com os estudos, orienta e aconselha Júlio que o tem como modelo. É admirado e respeitado na pensão e na faculdade pelo seu comportamento irrepreensível.

Júlio observa um relacionamento do companheiro com Eurídice e finge dormir. No início, fingia dormir para não perturbar. Depois passa a sentir uma forte excitação que irá dominá-lo completamente. Passa a odiar o companheiro hipócrita e a desejar Eurídice de forma incontrolável. Eurídice gostava de Faria e para tê-la cogita seriamente da morte do rival. Nessa ocasião Faria começa a participar de um movimento político, o integralismo, que visava combater o comunismo e tomar o poder pela força. Morre numa dessas tentativas.

Eurídice mostra-se indiferente e ela que, já antes da morte de Faria, dera esperanças a Júlio, vai ao seu quarto algumas vezes apenas para conversar e depois recua definitivamente deixando-o transtornado.

Eurídice torna-se uma obsessão e Júlio não consegue pensar em mais nada. Marcam um encontro num bosque. Júlio tenta beijá-la e ela se afasta.

Júlio é possuído por um ódio intenso que domina todo o seu ser. Vem-lhe à mente todo o drama familiar. Ele a agarra e termina por esganá-la.

Quando vemos na televisão a brutalidade de um crime passional, ficamos desejando saber o que passa pela cabeça dum assassino naquele momento. O último capítulo é esclarecedor.

Texto extraído do último capítulo

A ÚLTIMA FUGA DE EURÍDICE

Fiquei em desespero. Uma ânsia irresistível de sair, de andar, me arrastou da cama ainda com a madrugada.

A cidade dormia, e quando cheguei ao Largo do Machado, os pássaros tiravam as suas alvoradas. Quis absorver-me ao olhar as coisas quietas, mas era impossível. Eurídice, sempre Eurídice a cercar-me, a atormentar-me. Ficara-me o cheiro do seu corpo, como uma nódoa no meu olfato. E este cheiro persistia, avançava sobre mim em ondas que me envolviam.

Andei muito, cansei-me de atravessar a praça. Agora muita gente aparecia de todos os cantos. Os bondes passavam cheios. Detive-me a olhar as criaturas que transitavam, com o intuito de comparações.

Estava todos pacificados. Nenhum carregaria aquela obsessão que me escravizava. Voltei para casa, e encontrei os hóspedes ao café. O velho Campos se espantara de minha saída tão cedo.

Expliquei-me com a necessidade que tivera de levar um conhecido de Minas ao trem. Mas Eurídice me olhava com tal malícia que me arrasou a serenidade com que procurava fingir. Tremia nas minhas mãos a xícara . E não ouvia nada da conversa da mesa. Sei que D. Glória falava de D. Olegária, e que Noêmia sorria. Eurídice me olhava.

E quando a casa ficou silenciosa e vazia, veio ela ao meu quarto. E tranqüilamente falou-me de fatos corriqueiros. Alheia inteiramente àquela outra Eurídice que escapara de minhas mãos na noite anterior.

Esforcei-me para fingir a maior indiferença um domínio absoluto de nervos. Um cheiro infernal me cobria o raciocínio. Quase nada lhe disse, mas marcamos um passeio para a tarde.

D. Glória chamou-a em tom de advertência. E como não podia permanecer no quarto, saí. Não encontrei ninguém para conversar. O mal que andava dentro de mim crescia, a cada instante. Lembro-me de que Faria ficou comigo, a censurar-me.

Lembro-me de que Isidora, triste e abandonada, me apareceu, e de minha mãe furiosa, de todas as mágoas que se avivaram naquelas horas de ansiedade.

E o estranho é que aquele cheiro de Eurídice, que não se consumia, em vez de exaltar-me para o amor, conduzia-me para um ódio cruento. Acredito que foram estas horas de espera, para o encontro marcado pela mulher que amava, os mais terríveis instantes de minha vida.

Curioso em tudo isto é que, ao passo que se aproximava a hora, se apoderava de mim uma calma esquisita. E assim, ao ver Eurídice, no ponto dos bondes de Santa Teresa, aproximei-me, sem espécie alguma de medo.

Estava senhor de mim, ao atravessar o viaduto, mas quando o seu corpo quente chegou-se ao meu, no aperto do bonde, foi como se uma faísca elétrica se despencasse sobre a minha cabeça. Um fogo misterioso ferveu o meu sangue nas veias. Não sei se ouvia a fala de Eurídice. Tinha como que perdido toda a consciência.

Senti que andávamos no meio de árvores e vi o sol por cima de nossas cabeças. Voltara a mim para ver Eurídice ao meu lado. E recordo-me de seus olhos verdes, e mais do que nunca o cheiro de seu corpo se expandia, sufocava-me.

Andamos um pedaço pela mata sombria. Havia cigarras cantando, ouvia bem o trinado de pássaros e o rumor de nossos pés pelas folhas secas. Agora o que existia em mim era uma mistura de ira e amor, de asco e de desejo indomável.

Eurídice falava, falava manso, e a sua voz foi me arrastando para uma espécie de precipício. Queria fugir e não podia. E nos sentamos num recanto escondido. Ouvi bem o que ela falava de Faria, e o seus olhos estavam molhados. Procurei beijá-los, e ela fugiu de minha boca. Então, em mim se desencadeou uma fúria que não era uma vontade minha.

A fala de Eurídice mais ainda me exasperava. Ouvi-a como se fosse a voz áspera de minha mãe. Ao mesmo tempo as palavras pareciam sair da boca de Isidora. Por fim calou-se, e o calor da tarde de março se diluía no correr manso do riacho aos nossos pés. Uma força estranha se apoderou de mim.

O cheiro do corpo de Eurídice subia, me afogava. Ela estava ali, quieta, mole, vencida. E senhor de mim, capaz de vencer todos os obstáculos, debrucei-me sobre ela para esmagá-la.

Eurídice resistiu, quis erguer-se do chão úmido, mas a minha força era de uma energia descomunal. Sabia que a tinha em minhas mãos e que as minhas mãos eram de ferro.

E procurei a boca que fugia, que gritava, e aos poucos tudo foi ficando em silêncio pesado. As minhas mãos largaram o pescoço quente de Eurídice. E ela estava estendida, como na minha cama. O corpo quase nu na terra fria.

E não senti mais nenhum cheiro de seu corpo.

Fonte:
http://www.vestibular1.com.br

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Cecília Meireles (Escolha o Seu Sonho)


Cecília Meireles é notória por sua poesia de caráter neo-simbolista, pois tematiza, numa linguagem levemente musical, a efemeridade dos bens da vida. Diante disso, o que é terreno perderá valor em frente a uma realidade mais eterna e misteriosa e, portanto, transcendente, metafísica.

al tempero estará também presente nas 46 crônicas de Escolha o Seu Sonho. Esse gênero transformou-se no século XX, do relato histórico dos tempos do humanista Fernão Lopes, na busca de um olhar inusitado, lírico e literário sobre as coisas de nosso cotidiano.

E com a poetisa, agora prosadora, assumirá uma identidade única em nossa literatura.

Cecília Meireles enfocará em seus pequenos textos, de no máximo três páginas cada, sempre aspectos fora do terreno, decolados a partir do nosso chão comum, rotineiro.

Em “Programa de Circo” verá que os artistas, em pequenas proezas, conseguem ser transcendentes, principalmente o trapezista, longe do solo. Eis aqui o símbolo do que a cronista realiza na obra.

É um elemento que estará presente em outros pontos, como na homenagem que faz em “O ‘Divino Bachô’”, poeta japonês que tirava, em seus pequenos poemas, imagens profundas e ousadas baseado apenas em simples elementos que via em sua realidade. Enxergamos e admiramos nos outros o que queremos para nós – eis uma pista para a compreensão de Cecília Meireles.

A autora de fato tem esse dom de ir além do cotidiano banal, muitas vezes por meio da proeza de usar essa rotina como sua base. Ou então, no que ela se mostra surpreendente, não precisa viajar para longe da realidade terrena: consegue enxergar nesse plano pobre uma riqueza surpreendente.

É o que ocorre em vários instantes do livro, como em “Arte de Ser Feliz”. Nele, a cronista consegue ver, num chalé em frente à sua janela, beleza e fonte de felicidade num humilde pássaro de porcelana pousado sobre um ovo azul. Quando o céu ficava dessa mesma cor, parecia que a ave flutuava no nada.

Cecília Meireles nos parece provar que somos cegos, insensíveis à riqueza de elementos ao nosso redor. Cobra-nos uma reeducação dos sentidos e do intelecto para captar o que sempre esteve grudado à gente.

É a tese encampada implicitamente em vários momentos, mas escancaradamente em “Da Solidão”, em que prega que não devemos ter medo de ficar sós, pois de fato nunca o estamos: tudo lembra tudo, tudo tem sentido, tudo ao nosso redor carrega significados e existências que nos impedem de nos sentirmos solitários.

Uma observação que poderia ser levantada é a de que essas crônicas poderiam sofrer de um complexo de Polyanna, na medida em que demonstram uma visão saltitante, encantada e, portanto, alienada da realidade. Tudo é sonho, fantasia, alegria. No entanto, não é verdade.

Em vários momentos (“Casas Amáveis”, “Tempo Incerto”, ”História de Bem-Te-Vi”, “Vovô Hugo”, “Chuva com Lembranças”, “O Fim do Mundo”, “Semana Santa em Ouro Preto”, “Ovos de Páscoa”, “Saudades dos Trovões”, “Aberrações do Número”, “Que é do Sorriso?”) há uma crítica aos novos tempos, de industrialização, urbanização, em que, na correria, não se consegue fôlego ou disposição para realizar o olhar atento sobre os pequenos e belos aspectos de nossa existência. Sua crítica, nesses momentos, parece algo de retrógrado, ingênuo ou saudosista.

Há momentos, entretanto, em que sua visão crítica não se derrama apenas para o presente. Em “Do Diário do Imperador”, ao falar sobre os relatos de D. Pedro II, entristece-se e até derrama um certo fel ao notar que os problemas relatados no século XIX ainda se mostram atuais, principalmente no que se refere à falta de zelo em relação à pátria e à coletividade.

Consegue, pois, vislumbrar um elemento eterno em meio à efemeridade, exercício que já havia feito em “Visita a Carlos Drummond”, em que, em homenagem ao aniversário do poeta mineiro, constrói uma fantasia em que a sua família e a dele sempre se encontraram em 500 anos de História Ibero-Americana, as encarnações podendo até serem vistas como atualizações.

Todos esses elementos, como já se disse, Cecília vaza em pequenos textos em que se notam leve musicalidade e a preferência pelo vago e misterioso, como em “O Estranho Encontro”.

Lida com aspectos sofisticados em um veículo tão simples, o que se mostra mais surpreendente quando se tem em mente que essas crônicas foram primeiramente lidas no rádio, nos programas “Quadrante”, da Rádio Ministério da Educação e Cultura, e “Vozes da Cidade”, da Rádio Roquette Pinto.

Trata-se de uma proeza que faz lembrar “O Grupo Fernando Pessoa”, em que Cecília Meireles tece comentários sobre as limitações da literatura quando se utiliza do meio oral, como foi no Trovadorismo.

Não possibilitando tempo para a reflexão silenciosa, comum na leitura, o texto oral acaba-se tornando diluído, avesso a questões mais profundas. Prende-se ao momento, ao passageiro.

Porém, quando vê como os jovens lidam com a poesia de Fernando Pessoa, tão rica, entende que muitas vezes o mistério literário rompe essa barreira. É o que se aplica, sem hesitação, a Escolha o Seu Sonho.

Fonte:
Vestibular

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Júlio Dinis (As Pupilas do Senhor Reitor)



Análise da obra

As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, primeiro romance português do século, publicado inicialmente em 1866 em forma de folhetim, e só no ano seguinte apareceria em livro. Seu caráter moralizador e a religiosidade que perpassa por todo o romance, a bondade capaz de chegar a extremos quase incríveis de sacrifício pessoal, são alguns dos ingredientes que transformaram em muito pouco tempo o autor desconhecido em sucesso nacional.

A calma da cidade do interior (Ovar - Portugal) e a observação da vida simples das pessoas da aldeia propiciaram o aparecimento desse romance que, algum tempo depois, se tornaria um dos mais famosos em Portugal.

Os capítulos são tipicamente folhetinescos: unidades narrativas com peripécias e final em suspensão. É um romance está cheio de ironias bem humoradas, tornando-o, apesar do moralismo intencional, de leitura mais agradável.

Como costuma acontecer com escritores românticos, Júlio Dinis também vê o mundo com as lentes do maniqueísmo. Assim, assenta sua obra em um jogo contínuo de oposições. Entre as principais, destacam-se: A cidade - O campo / A modernidade - A tradição / O desejo - O amor.

Temática

O romance gira em torno da tese segundo a qual a vida simples e natural torna as pessoas alegres e felizes. Júlio Diniz descreve o campo, os tipos humanos, os hábitos e as idéias, desenvolvendo toda uma problemática pequeno-burguesa, com o "propósito de pregar uma moralização de costumes pela vida rural e pela influência de um clero convertido ao liberalismo".

Foco narrativo

O foco narrativo organiza-se através de um narrador que conta a história em terceira pessoa, sem se confundir com nenhum dos personagens, a respeito dos quais tem uma visão onisciente. Assim, conhece-os de forma absoluta, em seu mundo interior e exterior, em suas ações e motivações íntimas.

A forma didática como o narrador conduz a leitura da obra, ora descrevendo a interioridade de um personagem, ora se colocando como mero cronista que registra os acontecimentos, caracteriza-o como alguém que narra para um tipo específico de leitor: o leitor de jornal, que lê o romance de maneira descontínua e cuja atenção deve ser constantemente alimentada.

Tempo / Espaço

O tempo histórico é o presente, como convinha a um autor pré-Realista que preconizava a substituição do maravilhoso psicológico pelo romance de costumes. E presente, neste caso, é o início da segunda metade do século XIX.

Quanto ao tempo narrativo, não se pode precisar a extensão, mas trata-se de alguns anos, que vão da infância de Daniel, passam pelo tempo em que faz Medicina no Porto, seu regresso e a introdução, em um tempo narrativo mais acelerado, das principais ações da trama, isto é, o período dos escândalos na aldeia até a descoberta do amor.

Toda a ação transcorre em uma aldeia típica de Portugal. Seus costumes, suas festas, seus valores e personagens. Da estada para tratamento de saúde em Ovar, interior de Portugal, são as memórias que o autor utiliza na composição de seu romance. Os costumes rurais portugueses, incluindo aí as maledicências, as beatas de verniz, mas também os valores positivos do agricultor próspero, cuja moral do trabalho Júlio Dinis dá como modelo social.

A obra se caracteriza por reforçar o velho motivo literário "fugere urbem" (fugir da cidade). Assim, a natureza é o grande cenário, repleto de abundância, de belezas nostalgicamente evocadas, e daquele caráter de mãe que provê e beneficia o cultivo das tradições.

Personagens

As personagens são autênticas, são cópias do natural, das pessoas que vivem no campo: o João Semana é o retrato fiel do cirurgião João José da Silveira, que no tempo da estada de Júlio Diniz em Ovar, exercitou a profissão médica com grande sucesso, naquela região.

Daniel - O segundo filho de José das Dornas. Franzino, volúvel e irresponsável, principalmente em relação à mulheres. Em tudo diferente do irmão. Detesta o trabalho no campo, começa estudando latim e finalmente vai para a cidade do Porto, de onde volta muitos anos depois, já médico formado. É um estróina que inquieta o sossego da aldeia, fazendo vibrarem os corações femininos e provocando a antipatia de quase toda a aldeia com sua mania de conquistador. Representa, no romance, o tema romântico do resgate através do amor. Tocado pelo amor, muda de vida, torna-se um homem sério.

Guida - A irmã mais velha de Clara. Filha de um primeiro casamento, seu pai, viúvo, casa em segundas núpcias, mas não sobrevive muito tempo à primeira esposa. Ao perder o pai, Margarida recebe tratamento cruel da madrasta, a quem serve de empregada. Vive uma infância solitária de trabalhos duros, como o de pastora. Passa os dias isolada nos campos e montes, onde seu único consolo e o menino Daniel, a quem ama apaixonadamente. Neste romance, é Margarida que representa o papel da bondade a qualquer preço.

Autodidata, torna-se a mestra dos meninos da aldeia. Ela é fada, que só pensa na felicidade alheia, que se anula para que a irmã seja feliz, mas que, no fundo, escondidamente, sofre terrivelmente por frustração amorosa. Esta personagem representa a dimensão realista do romance, porque, embora seja uma típica heroína romântica, capaz da bondade e do perdão, a amargura que sente em decorrência de uma infância solitária e infeliz, repleta de maus tratos e de pobreza, alia-se à instrução que a diferencia dos outros personagens e faz com que veja as contradições, as injustiças sociais, revitalizando o idealismo romântico da obra.

Clara - Das duas pupilas, ela é a mais nova. Única herdeira dos pais mortos, filha de um segundo casamento (sua mãe era proprietária rural), era moça alegre, dada também a cantorias. Um pouco leviana, mas regenerada por algumas das vicissitudes por que passa, como castigo por sua leviandade. Torna-se noiva de Pedro, com quem deverá casar brevemente, mas impressiona-se com Daniel, quando este regressa do Porto. Cede aos galanteios do moço sem perceber as conseqüências de sua atitude, a qual nada possui de maliciosa, sua leviandade não chega a comprometer-lhe o caráter, cuja nobreza percebe-se pela amizade que dedica a Guida, pela preocupação em reparar os males da infância.

Pedro - Filho mais velho de José das Dornas. Em tudo semelhante ao pai: robustez, disposição. Ingênuo, mas alegre, dado a cantorias, muito ligado à vida do campo. Apaixona-se por Clara, de quem fica noivo. Jovem aldeão cuja pureza, simplicidade e alegria pela vida exemplificam a visão romântica pela existência rural predominante na obra e reforçada pelo desfecho: a união entre os dois pares amorosos, Pedro e Clara, Daniel e Guida.

José das Dornas - Lavrador abastado, mas humilde e humano, por volta de 60 anos, homem alegre, encarnação do pensamento positivo do autor. Um viúvo forte e rijo, de formação moral tradicional. Mandar o filho para a cidade, para estudar, não é propriamente pensamento seu, mas ao fazê-lo torna-se o arquétipo dos agricultores de sua situação no país.

Padre Antônio - É o senhor Reitor, o pároco local, uma espécie de anjo benfazejo, onipresente, incansável, providencial. Destaca-se entre os personagens por sua função de porta-voz do narrador, o que percebe-se por sua presença estratégica e definidora dos rumos seguidos ao longo do romance, nos quais interfere diretamente como um arquiteto da história. Com o "evangelho no coração" ela não apenas representa a imagem do religioso autêntico, militante, cuja vida é dedicada aos outros, especialmente às pupilas, mas configura um personagem nuclear do romance, sendo porta-voz dos valores que Júlio Dinis quer transmitir às massas, utilizando um velho pároco de aldeia como exemplo vivo da força e da austeridade desses valores.

João da Esquina - Merceeiro que, com sua família, centraliza as fofocas locais. O plano de casar Francisca, sua desmiolada filha, com Daniel, rico herdeiro, ao falhar, torna-o um inimigo irreconciliável dos "das Dornas".

D. Tereza e Francisca - Respectivamente, esposa e filha de João da Esquina.

João Semana - O único médico da aldeia, até que Daniel regresse do Porto. Conservador, nacionalista fervoroso, contador de anedotas picantes sobre frades. Encarna a solidariedade comunitária, com sua medicina-apostolado, a vida sem outro sentido que não seja a prática do bem e a preocupação com os problemas alheios. Personagem secundário no romance.

Joana - Criada de João Semana, fiel e maternal. Forte, persuasiva, de coração grande, sempre à disposição do médico, seu amo.

Notas

1. O reitor, o lavrador José das Dornas e o médico João Semana representam o caráter de livro-instrumento do romance para transmitir ao leitor, com seu comportamento exemplar, de sua autoridade moral, de sua interferência benéfica na vida da comunidade, uma visão educativa da tradição como um valor que deve ser preservado e respeitado.

2. O reitor, sua "pupilas" Guida e Clara, os rapazes a quem amam, Pedro e Daniel e José das Dornas, pai de ambos, constituem os personagens principais do romance.

3. Cada par de irmãos se caracteriza por apresentar personalidades antagônicas - antítese fundamentada na posição entre razão e emoção:

Pedro, jovem de robustez adquirida pelo trabalho no campo, constitui uma pessoa decidida, orienta seu comportamento, ou tenta fazê-lo, pela racionalidade: seu destino de herdeiro do latifúndio, já traçado, não os desestabiliza. O irmão Daniel, por sua vez, constitui o avesso de Pedro: desajeitado, passional e frágil de corpo, conduz-se pela impetuosidade das emoções. Por isso, sua vida é tortuosa e ele freqüentemente se encontra em situações delicadas.

Da mesma forma, isto é, o mesmo tipo de oposição de caráter pode ser notado em relação à Clara e à Guida, que são irmãs por parte de pai. Margarida, jovem sensata, arquiteta sua existência a partir de pilares sólidos, tias como a racionalidade e a virtude; introspectiva, calada, sofre suas decepções sentimentais sem testemunhas. Já Clara é o contrário: alegre, extrovertida, boa e meiga, ela no entanto não possui a maturidade de Margarida. Sendo assim, freqüentemente tem problemas, decorrentes de suas reações emocionais.

Enredo

Uma aldeia portuguesa do século XIX é o cenário ideal para o desenrolar de uma delicada trama: o amor e os desencontros entre as órfãs Clara e Guida. Cenário este, povoado de tipos humanos cuja bondade só é maculada pelo moralismo quase ingênuo de comadres fofoqueiras, desenrola-se o drama amoroso.

Daniel, ainda menino, prepara-se para ingressar no seminário, mas o reitor descobre seu inocente namoro com a pastorinha Margarida (Guida). O pai, José das Dornas, decide, então, enviá-lo ao Porto para estudar medicina. Dez anos depois Daniel volta para a aldeia, como médico homeopata. Margarida, agora professora de crianças, conserva ainda seu amor pelo rapaz. Ele, no entanto, contaminado pelos costumes da cidade, torna-se um namorador impulsivo e inconstante, e já nem se lembra da pequena pastora.

A esse tempo, Pedro, irmão de Daniel, está noivo de Clara, irmã de Margarida. O jovem médico encanta-se da futura cunhada, iniciando uma tentativa de conquista que poria em risco a harmonia familiar. Clara, inicialmente, incentiva os arroubos do rapaz, mas recua ao perceber a gravidade das conseqüências. Ansiosa por acabar com impertinente assédio, concede-lhe uma entrevista no jardim de sua casa.

Esse encontro é o ponto culminante da narrativa: surpreendidos por Pedro, são salvos por Margarida, que toma o lugar da irmã. Rapidamente esses acontecimentos tornam-se um grande escândalo que compromete a reputação de Margarida. Daniel, impressionado com a abnegação da moça, recorda-se, finalmente, do amor da infância. Apaixonado agora por Guida, procura conquistá-la. No último capítulo, depois de muita resistência e de muito sofrimento, Margarida aceita o amor de Daniel.

Fonte:
Passeiweb.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Moacyr Scliar (A Mulher que Escreveu a Bíblia)



Último romance escrito por Moacyr Scliar e lançado no final de 1999, A mulher que escreveu a Bíblia reúne o que há de melhor no trabalho desse escritor cujo texto é marcado pela leveza, fluência e imaginação. Em sua trama bem urdida, misturam-se sem cerimônia erudição e escracho, sagrado e profano, História e ficção, sublime e ridículo, religião e sexo. Para escrevê-lo, Scliar baseou-se na hipótese do crítico norte-americano Harold Bloom de que uma mulher teria sido a autora da primeira versão da Bíblia, escrita no século X a.C.

Sem nome próprio, a protagonista deste romance tem como principal característica sua enorme feiúra facial, embora fosse “boa de corpo”. Descobre, por meio de terapia de vidas passadas, ter sido uma antiga cidadã dos tempos bíblicos na então Canaã e filha de um pastor de cabras. A mulher que escreveu a Bíblia é o relato em primeira pessoa da trajetória fabulosa dessa personagem anônima.

Tornou-se, por meio das relações comerciais do pai, uma das mulheres do rei Salomão, coincidentemente depois de ter sido alfabetizada às escondidas pelo escriba da tribo, que via na possibilidade de escrever um consolo para a vida celibatária que se apresentava para sua protegida.

Após sofrer uma decepção amorosa, opta por consultar-se com um terapeuta de vidas passadas na tentativa de reencontrar-se, propiciando um autoconhecimento. Contudo, tal busca também está presente no próprio terapeuta que, frustrado na antiga profissão (professor de história), passa a atuar no ramo esotérico. No entanto, mesmo que a prática do consultor seja autodeclarada charlatã, a mulher acaba por atingir seus objetivos, após longas sessões, e entrega ao guia sobrenatural (agora apaixonado por ela) o resultado de sua procura sob a forma de um texto escrito, relatando suas aventuras em uma vida anterior, como esposa do rei Salomão e primeira autora de um grande empreendimento para a humanidade, a Bíblia.

A protagonista não só se apaixona pelo rei Salomão, como consegue, depois de algumas tentativas frustradas, consumar o casamento e, mais que tudo, escrever, sob encomenda, sua versão da Bíblia que, infelizmente, acaba se perdendo num incêndio de origem duvidosa em seus aposentos.

O segundo capítulo, ponto alto da obra, é, portanto, essa narrativa, a da vida regressa desta mulher que mesmo feia fez-se reconhecer pelo mérito de ser letrada em uma sociedade que não admitia tal prática a alguém do sexo feminino.

Ao final do romance, o leitor fica sabendo que a protagonista consegue superar suas dificuldades amorosas no tempo atual, abandonando seu apartamento e psicanalista, que começava a se apaixonar por ela.

O que vemos é o relato de uma experiência histórica, narrado a partir de um ponto de vista declaradamente assumido pela narração, que impõe sua voz, ou seja, seu modo de contar os fatos segundo sua perspectiva. Ainda assim, é possível aprender e rever neste romance certas passagens do Velho Testamento, como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, o julgamento do rei Salomão sobre as mães que disputavam o mesmo filho, o interesse do rei Salomão pela rainha de Sabá, a disputa entre Caim e Abel etc.

No entanto, o fator predominante do texto em análise novamente é o humor, uma vez que é bastante inesperada a versão que a protagonista dá aos episódios bíblicos, como a libidinagem que corria entre Adão e Eva, para ficar num único exemplo.

Mas, ao mesmo tempo, encontramos, dentro da mesma ficção bem-humorada de Scliar, trechos que podem ser interpretados como sua profissão de fé na arte de escrever. Em certo momento da história, o rei Salomão dirige as seguintes palavras à protagonista:

[...] Não quero ser lembrado por ruínas. Quero ser lembrado por algo que dure para sempre. Sabes o quê?
Fez uma pausa, olhou-me, e anunciou, solene:
— Um livro. Um livro que conte a história da humanidade, de nosso povo. Um livro que seja a base da civilização.
Claro, o livro, como objeto, também é perecível. Mas o conteúdo do livro, não. É uma mensagem que passa de geração em geração, que fica na cabeça das pessoas. E que se espalha pelo mundo. O livro é dinâmico. O livro se dissemina como as sementes que o vento leva.

O texto desfruta explicitamente de uma convergência de tempos, isto é, da recorrência do passado no texto presente, declarada sob a forma de memória de uma vida anterior. O que temos, portanto, é uma narrativa encontrada no presente que sofre interferência de um passado, ao passo que projeta o futuro, fato que possibilita aparições de anacronismos (recuos e avanços no tempo). A protagonista vê com os olhos da modernidade (ou pós-modernidade) suas experiências vividas em uma época longínqua. É o rever a tradição, recontá-la sob outros olhares não restritos a uma elite letrada, sendo, neste caso, a postura feminina frente ao discurso (religioso-eurocêntrico, ou seja, a partir homem branco, cristão e ocidental) que sempre a marginalizou.

Um outro ponto também trabalhado no romance é a duplicidade, o jogo corrente entre sagrado e profano, perceptível pela linguagem ora formal, ora escrachada da narração, um procedimento visível no diálogo da protagonista com a ordem dos anciãos, representantes oficiais da intelectualidade da época e do tom de censura amplamente criticado pela narradora.

Moacyr Scliar recria o cotidiano da corte de Salomão e oferece novas versões de célebres episódios bíblicos. Em sua narrativa, repleta de malícia e irreverência, a sátira e a aventura são matizadas pela profunda simpatia do autor pelos excluídos de todas as épocas e lugares.

O bem humorado enredo, porém, supera a mera aventura, com curiosos lances de reflexão sobre o ato de escrever, seu sentido, razão de ser e conflitante relação com a vida, onde se destaca toda uma perspectiva humanista radical do autor.

Como costuma acontecer nos livros do autor, o humor irreverente anda de braços com um profundo humanismo, cujo traço mais evidente é a simpatia pelos deserdados e excluídos. Aqui, Scliar, além de sua fabulosa imaginação, demonstra todo o seu virtuosismo literário ao misturar o registro elevado da linguagem bíblica com a fala desabusada da narradora/escriba, criando anacronismos deliberados e impagáveis.

Fonte:
Passeiweb.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

J D Salinger (O Apanhador no Campo de Centeio)



"The Catcher in The Rye"

Introdução

O objetivo deste trabalho é mostrar de forma concisa a análise efetuada do livro “The Catcher in The Rye” e tentar mostrar o que pode se passar na cabeça de um adolescente.
Apontaremos os fenômenos que provocam a degradação individual, psicológica e social de um adolescente, fazendo um breve enfoque no contexto histórico, biografia e crítica literária feita por alguns autores. O trabalho conta também com uma síntese da obra e sua análise.

Procuraremos mostrar um pouco da obra de J.D. Salinger, entretanto a leitura da obra é essencial, não é aconselhável ficar apenas neste trabalho, o livro é ótimo e faz com que pensemos sobre nossos adolescentes e até que ponto eles podem ser influenciados.

I. Contexto Histórico

Quando a Segunda Guerra Mundial começou na Europa em 1939, a maioria dos Americanos queriam ficar fora disso. “Primeiro a América” era frase popular do tempo.

As pessoas sentiam que América deveria se preocupar com seus próprios problemas e esquecer o resto do mundo.

Até 1945, a América era um mundo poderoso com enorme responsabilidade internacional. Isto fazia todos os americanos orgulhosos e extremamente inconformados.

A Segunda Guerra Mundial inspirou um grande número de romances de guerra. Muitos, no entanto, pertenceram a tradição naturalista.

Eles eram naturalistas porque estudavam o efeito da guerra nos soldados e nas outras pessoas. Embora os romancistas odiassem a guerra, eles raramente mostravam algum tipo particular da consciência política.

A maioria dos escritores dos anos 40 e 50 estavam interessados na ideologia dos esquerdistas dos anos 30.

Os autores americanos dos anos 50 mostravam que estavam inconformados com a pós-guerra mundial. A nova política temia o comunismo e a bomba atômica, que para eles era menos importante do que os problemas psicológicos da nova sociedade americana.

Não é um período de importantes experimentações no estilo. Muitos, dos maiores autores estavam interessados em desenvolver novos e importantes temas. Eles, neste período, tentaram encontrar respostas para a velha questão: “QUEM EU SOU?” Os escritores negros e judeus americanos encontraram a resposta em sua própria cultura e no seu meio racial, outros exploraram as idéias da filosofia e psicologia moderna.

Os jovens escritores usaram a religião oriental para o mesmo propósito. Os novos escritores do Sul, entretanto, eram um pouco mais modernos. Em seus trabalhos, eles sentiam a tristeza e o peso do passado.

Nesta época, a sociedade passava por várias transformações bruscas determinadas, em geral, por fenômenos exteriores.

A revolta modernista na arte buscava uma nova maneira de olhar o mundo, surgindo também uma mentalidade renovadora na educação e nas artes.

O modernismo foi um movimento, o qual rompeu com todas as estruturas do passado. Os modernistas nunca se consideraram componentes de uma escola. O que unificava era um grande desejo de expressão livre. Eles afirmaram a sua libertação em vários rumos e setores: vocabulário, sintaxe e escolha dos temas. Os escritores desse período passaram a questionar com mais vigor a realidade do século XX.

II. Síntese da Obra

O livro traz o relato de um adolescente de 17 anos – Holden Caulfield – sobre um período conturbado de sua vida.

A histórias inicia-se próximo ao Natal do ano anterior, quando ele ainda tinha 16 anos e estava saindo da terceira escola (colégio) que já havia estudado, o Pencey. Ele fora expulso por ter sido reprovado em quase todas as matérias (exceto Inglês).

Era um sábado e estava ocorrendo um jogo de futebol que envolvia o time do colégio. Sendo assim, todos estavam assistindo a partida, menos ele que estava voltando de Nova Iorque, onde deveria ter disputado um campeonato de esgrima, se não tivesse esquecido os floretes no metrô.

Ele aproveitou o momento, fez uma visita ao seu velho professor de História para se despedir e voltou para o seu quarto no colégio. Ele estava praticamente sozinho no alojamento; praticamente porque Ackley, um rapaz que não tinha amigos também estava lá.

Ackley ficou conversando com Holden até a chegada de Stradlater (companheiro de quarto de Holden). Stradlater ia sair com uma garota e queria o casaco de Holden emprestado. A garota chamava-se Jane e Holden a conhecia, pois ela fora sua vizinha e os dois jogavam damas juntos. Holden acreditava muito na pureza de sua amiga, por isso, ficou furioso quando percebeu que seu amigo, que tinha fama de conquistador, poderia ter feito alguma coisa com Jane. Os dois brigaram e Holden, por ser o mais fraco, levou a pior, após ter levado um soco de Stradlater ele ficou com o rosto todo ensangüentado e foi para o quarto ao lado que era de Ackley. Ele pediu para dormir na cama de seu amigo que só voltaria no final do dia seguinte. O rapaz não gostou muito, mas também não lhe deu muita atenção. Holden começou a sentir-se deprimido e resolveu ir embora do Pencey naquele mesmo dia. Era tarde da noite de sábado e eles só poderiam sair para as férias de Natal na quarta-feira. A família de Holden ainda não sabia da expulsão. Então, ele decidiu hospedar em um hotelzinho em Nova Iorque até o dia em que ele pudesse chegar em casa com seus pais já sabendo da notícia. Ele arrumou suas malas, contou seu dinheiro e foi embora.

Chegando em Nova Iorque, ele hospedou-se num hotel chamado Edmont. Ainda era início da madrugada de domingo, ele não estava cansado e não queria dormir. Pensou em ligar para muitas pessoas, até mesmo para sua irmã Phoebe de 10 anos, a qual ele adorava. Porém, não ligou para ninguém, resolveu sair na noite de Nova Iorque.

Foi a vários lugares, mas nada o agradava. Voltou então para o hotel e, ainda no elevador o ascensorista lhe fez uma proposta e ele aceitou. Em pouco tempo a prostituta estava em seu quarto pronta para fazer o que ele quisesse; o fato é que ele só queria conversar, pois estava um pouco deprimido. A garota achou estranho. Ele disse que pagaria o combinado e que ela poderia ira embora. Ele deu à ela 5 dólares e ela disse que o combinado era 10 dólares. Ele insistiu que não e ela foi embora. Dentro de poucos minutos bateram na porta dele novamente: eram Maurice, o ascensorista e a garota de programa. Maurice cobrou-lhe os outros 5 dólares e ele recusou-se a pagar. O cafetão, perdendo a paciência, pegou o seu dinheiro e deu um soco no estômago de Holden, deixando-o em seu quarto em meio a delírios, acreditando até mesmo que ia morrer.

Na manhã seguinte, ele ligou para Sally, uma garota com a qual ele costumava sair e eles combinaram de ir ao teatro. Holden arrumou suas malas, pagou o hotel e foi embora sem nem ao menos ver o ascensorista novamente.

As malas foram deixadas em um armário da estação e ele foi tomar seu café antes do encontro. À tarde, ele encontrou-se com Sally, os dois foram ao teatro e depois à uma pista de patinação. Lá, ele propôs à Sally que os dois fugissem juntos apenas com o dinheiro que ele tinha ( o que nesse momento já era praticamente nada). Sally considerou-o um louco e recusou a proposta. Após ter ofendido a garota, Holden vai embora e deixa-a sozinha. De noite, vai à um bar e fica embriagado. Quando melhora do porre, ele decide ir até sua casa conversar com sua irmã Phoebe, mesmo correndo o risco de ser apanhado por seus pais. Ele adorava sua irmã mais nova.

Chegando lá, ele sobe até o apartamento, abre a porta e vai até o quarto de seu irmão D.B. que era escritor em Hollywood e que, portanto, não estava em casa. Ele sabia que sua irmã gostava de dormir lá quando D.B. não estava em casa. Ele acendeu a luz da escrivaninha, sentou na cama e ela acordou, dando-lhe um forte abraço de alegria. Como ela era muito esperta, após alguns minutos de conversa percebeu que ele só estava ali naquele momento porque havia sido expulso do colégio. Ela desespera-se falando que o pai deles iria matá-lo quando soubesse. Como seus pais haviam saído, Holden aproveitou para dar um telefonema para seu ex-professor e pedir-lhe “hospedagem” em sua casa até poder votar para casa de seus pais.

Quando ele voltou a conversar com Phoebe, ela começou a questioná-lo em relação as coisas que ele gostava na vida, já que ele criticava tanto o colégio e as pessoas que lá estudavam. Holden disse à ela que gostava do irmão dele, o Allie, menino que havia morrido aos dez anos de leucemia e a quem Holden realmente admirava. Logo depois, ela começou a questioná-lo sobre o que ele queria ser, se era um advogado ou coisa parecida. Ele então respondeu que queria ser um “Apanhador no campo de centeio” e explicou que seria o único adulto em meio a muitas crianças que brincavam no campo de centeio e que, caso alguma delas se distraísse e fosse cair no precipício, ele apareceria de algum lugar e não deixaria a criança cair.

Depois de muito conversarem e, até mesmo dançarem, os pais de Holden chegaram. Ele correu para se esconder no armário. A mãe dele entrou no quarto, conversou com Phoebe e foi embora. Ele saiu do armário e, antes de ir embora, pediu emprestado o dinheiro que sua irmã havia guardado para o Natal. De lá, ele seguiu para a casa de seu ex-professor. Chegando lá, o professor lhe deu conselhos, conversou muito com ele e depois arrumou sua “cama” no sofá. Holden já estava quase desmaiando de tanto sono que sentia. Sendo assim, ele dormiu rapidamente, acordando apenas no momento em que sentiu algumas carícias em sua cabeça. Quando abriu os olhos e percebeu que era seu professor que fazia as carícias, ele ficou extremamente nervoso, vestiu-se rapidamente e saiu da casa dizendo que tinha que pegar sua mala na estação. O professor, não entendendo o que estava ocorrendo, considerou Holden um garoto “muito esquisito”.

Holden foi para a estação, pegou sua mala e adormeceu num banco até o momento em que a estação começou a ficar movimentada. Pela manhã, ele parou para refletir sobre o ocorrido e pensar se não fora precipitado em achar que seu professor era um homossexual, mas já era tarde. Ele então teve a idéia de ir embora, de ir para o oeste do país pegando caronas.

Após essa fabulosa idéia, ele decidiu que deveria despedir-se apenas de sua irmã Phoebe. Mandou então um bilhete para ela na escola, dizendo que fosse encontrá-lo em frente ao museu na hora do almoço. Ela foi, mas não foi sozinha, levou sua mala consigo. Holden não aceitou de forma alguma que ela fugisse com ele e ficou extremamente irritado. Ela, por sua vez, ficou magoada com o irmão e não quis voltar para a escola a tarde. Ele, tencionando agradá-la, propôs que os dois fossem ao Jardim Zoológico. Ela aceitou. Eles foram ver os animais e, durante o passeio, eles avistaram um carrossel. Holden sabia que sua irmã adorava andar no carrossel e comprou um bilhete para ela brincar com os cavalinhos. Quando ela subiu no brinquedo, começou um dilúvio. Todos correram para debaixo da proteção do carrossel, menos ele que ficou apreciando sua irmã rodar e rodar no carrossel, quase chorando por estar diante de tamanha beleza.

...e a história termina do ponto onde ele começou a contar: hoje ele está em um sanatório fazendo tratamento psicanalítico.

III. Crítica da Obra

Nesta parte do trabalho nosso intuito é mostrar a opinião dos críticos literários sobre a obra e o autor.

Harold Roth declara “Este livro poderá ser um choque para muitos pais que se indagam sobre os pensamentos e ações dos jovens, num efeito salutar. Uma obra adulta (muito franca) e altamente recomendada”.

Para Arthur Mizener “J. D. Salinger é provavelmente o mais avidamente lido autor com legítimas pretensões da sua geração”.

James Yaffe diz “ Salinger escreveu um livro com vida, sentimento e sinceridade – raras qualidades nos nossos dias. Torna-se capaz de compreender a mente dos adolescentes”. Outro comentário importante que ele faz é que “livro de culto, proibido ou recomendado, à prova de tempo, avant-letrista da época das flores nos cabelos, The Catcher in the Rye foi-se tornando mais imprescindível que obrigatório. Um hino-reduto à inocência perdida”.

Para finalizar separamos o comentário de Charlotte Alexander sobre a obra “Perante o corrosivo materialismo, Holden purga-se pela queda, sem se esquecer de denunciar as incompatibilidades do sistema escolar, as linhas demasiadas cruzadas do diálogos pais – filhos e de defender a infância, (...) na personagem o desejo de pré-adolescência é transmutação do saudosismo por uma América tão pura quanto selvagem: o continente mítico dos puritanos, o farol do mundo, o neo-éden, a última grande oportunidade de, na terra nova, refazer sem vícios nem pecado, a história Humana”.

IV. Análise da Obra

Os tradutores de “The Catcher in the Rye “ fizeram três traduções para o título da obra, são elas: O Apanhador no campo de centeio, Agulha em palheiro e Apanhador na seara.

Clássico da moderna literatura americana desde o momento em que chegou as livrarias, em 1951, The Catcher in the Rye levaria mais dois anos para ser traduzido no Brasil, por um trio de aficionados (os diplomatas Alvaro Alencar, Antônio Rocha e Jório Dauster) e com o título de O Apanhador no Campo de Centeio. É essa a tradução que acaba de ser reeditada entre nós, com capa nova (de Liberati) e um trabalho de marketing dirigido especialmente ao público juvenil.

O livro prevê uma realidade avançada para sua época, ou seja, Salinger consegue em seu livro demonstrar atitudes que só após trinta anos foram comprovadas realmente.
Uma boa fatia do sucesso deste romance deve-se precisamente à verossimilhança da personagem principal. Clinton Fadiman explica: “O Apanhador no Campo de Centeio é um raro milagre da ficção. Holden é real, não obstante ter sido feito apenas de tinta, papel e imaginação.”

O apanhador no campo de centeio, numa narrativa em primeira pessoa, relata alguns dias na vida do adolescente Holden Caulfield, que acaba de ser expulso da sua terceira escola bem às vésperas do natal, nos EUA do pós-guerra. Numa linguagem simultaneamente criativa e coloquial (o que dificulta a vida dos tradutores), Holden vai revelando, aos poucos, algo sobre o seu passado, sua família e seus conhecidos, ao mesmo tempo em que vagueia por New York pulando de uma encrenca para outra. E, para alguém entediado e deprimido como ele, nada melhor que uma encrenca para manter o interesse.

Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga-lenga...” (p.07)

“...ia acampar num hotel por uns dias e só voltaria para casa depois do começo das férias.” (p.55)

“- Você é um idiota – falei.-“

“Aí ele me acertou. Nem tentei sair do caminho, ou me esquivar, nem nada. Só senti aquele murro tremendo no estômago.” (p.91)

O fluxo de consciência funciona particularmente bem, pois permite expressar a instabilidade emocional do protagonista.

“De vez em quando eu banco o maluco uma porção de tempo, só para não ficar chateado.” (p.23)

“Se a gente ficasse um pouco por lá e ouvisse todos os cretinos aplaudindo e tudo, tinha que acabar odiando todo mundo que existe na terra, juro que tinha.” (p.122)

“As pessoas estão sempre pensando que alguma coisa é totalmente verdadeira”. (p.13)

Holden – Menino Prodígio

No universo dos seus escritos, Salinger apresenta-nos um menino prodígio, de sensibilidade e inteligência à flor da pele, que em dado momento faz um ajuste de contas com a sociedade materialista e o mundo adulto. Holden recusa-se a crescer e a desertar a infância;

“...estou com dezessete agora – mas de vez em quando me comporto como se tivesse uns treze. E a coisa é ainda mais ridícula porque tenho um metro e oitenta e cinco e já estou cheio de cabelos brancos (...) Apesar disso, às vezes me comporto como se tivesse doze anos.”(p.13)

Holden viaja até o final da inocência, grotescamente revoltado contra a desumanidade, a desvantagem do amor, a ausência de comunicação.

Bem, eu odeio a escola. Pôxa, como detesto o troço – falei. E não é só isso. É tudo. Detesto viver em N.Y. e tudo. Táxis, ônibus da Avenida Madison, com os motoristas gritando sempre...”(p.113)

De fato, a indisciplinada hipersensibilidade de Holden leva-o a não conseguir diferenciar entre bom e mau – tudo se lhe afigura negativo, dada a sua impotência em se purgar. Como um balão, retém a globalidade do fôlego e experiência, adivinhando-se, no final o esgotamento nervoso do anti-herói. Este culminar é pressagiado logo no início da obra, pois Holden anuncia estar num sanatório recuperando-se da queda psicológica.

“...pouco antes de sofrer um esgotamento e de mandarem parar aqui, onde estou me recuperando.” (p.07)

No entanto, o clímax só ocorre no penúltimo capítulo, quando, sob um dilúvio, vê a pequena irmã Phoebe a girar no carrossel e se apercebe da impossibilidade do seu sonho.

“Puxa, aí começou a chover pra burro. Um dilúvio, juro por Deus. (...) Mas nem liguei. Me senti feliz de repente, vendo a Phoebe passar e passar. Pra dizer a verdade, eu estava a ponto de chorar de tão feliz que me sentia. Sei lá por quê. É que ela estava tão bonita, do jeito que passava rodando e rodando, de casaco azul e tudo. Puxa, só a gente estando lá para ver.” (p.179)

Ao longo do livro, o leitor vai apreendendo a sucessão dos falhanços de Holden, na tentativa patética de preservar a inocência pueril, face a um mundo adulto corrupto e desumano. Luta, por exemplo, para apagar os palavrões escritos nas paredes da escola freqüentada pela irmã. E bate-se com o playboy da escola, afim de proteger a pureza platônica da namorada, Jane Gallagher. Pequenas utopias de bolso, próprias de quem acredita poder salvar o mundo.

“Aí ele mandou um murro tremendo e eu capotei. Não me lembro se cheguei a perder os sentidos, mas acho que não.” (p.42)

Holden Caulfield é ao mesmo tempo o herói e o vilão da história. Vítima de si próprio e de sua sensibilidade ao que o cerca, divertidamente mentiroso, assumidamente covarde, parece buscar uma espécie de redenção ajudando desconhecidos e cultuando sua irmãzinha de dez anos.

“Sou o maior mentiroso do mundo.” (p.19)

“Eu só tinha uns treze anos, e meus pais resolveram que eu precisava ser psicanalisado e tudo, porque quebrei todas as janelas da garagem.” (p.37)

Mas o que realmente o incomoda é o vazio e a falsidade das pessoas, que por mais promissoras que pareçam sempre acabarão por se revelar como mais uma decepção. Isto não faz de The Catcher in the Rye exatamente uma leitura animadora, mas ainda assim existe alguns resquício de inocência e ingenuidade infantil em Holden Caulfield, e também um humor (Negro, é claro!) e exagerado, que não deixam o livro afundar num poço de pessimismo e depressão.

“...mas uma velhinha de uns cem anos de idade, estava sentada, batendo a máquina.” (p.170)

“Fui pela escada dos fundos. Por pouco não quebrei o pescoço nuns dez milhões de latas de lixo, mas saí direitinho.”(p.153)

Com efeito, numa passagem sublinhada e simbólica da obra, Holden desabafa à Phoebe.

“...fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto – quer dizer – ninguém grande – a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.” (p.147)

Tida por alguns como chave do livro, esta passagem, adverte-se, não roda mais do que algumas vezes na fechadura complexa do texto. Mas elucida. Poderemos aqui entrançar alguns símbolos com os seus significados. O precipício é o pecado. Os garotinhos, a inocência, jogando junto ao perigo. O apanhador, Holden é quem as protege, interpondo-se, e assim evitando a queda – ou seja, o crescimento, a entrada no hostil mundo dos adultos.

Curioso é constatar a justaposição entre esta discreta alegoria e a explicação bíblica (e puritana) dos demônios, como sendo anjos inocentes que caíram, dissolvidos nas profundezas gigantescas.

E a este propósito, o autor brinca com o aspecto fônico dos nomes próprios. Holden Caulfield evoca-nos hold (agarrar) e field (campo) – a sua função é ser o apanhador no campo, título da obra, numa tradução literal.

Phoebe, a irmã de 10 anos de Holden, é sinônimo de pré-adolescência e candura. Protótipo da menina-gênio. É em si que a obsessiva ternura do protagonista vai recair ao querer ver nela a próxima vítima da sociedade adulta. Atente-se no fato de o nome Phoebe remeter para fobia. Porém, o valor da menina não se esgota em ser destinatária da proteção do irmão. Atua como confidente do seu sonho.

“Valia a pena conhecê-la. Juro que ninguém nunca viu uma criança mais bonitinha e esperta do que ela. É esperta mesmo. Por exemplo, na escola ela tira cem em tudo. (...) É impossível não gostar dela. Por exemplo, quando a gente conta alguma coisa, ela sabe direitinho de que diabo é que a gente está falando.” (p.62)

“...Para uma criança ela é muito emotiva. É mesmo. E tem outra coisa, ela escreve livros o tempo todo...” (p.62)

V. Discussão: Colapso Urbano
Nos anos 90, dois americanos cometeram suicídio e deixaram uma nota citando a letra da música “Suicide Solution” do Ozzy. Ao investigar a vida dos suicidas, a polícia descobriu todo tipo de problema, de distúrbios familiares até envolvimento com drogas. É bem discutível dizer até que ponto uma letra pode ser a mola propulsora de um crime. Se assim fosse, todo mundo que lê Edgar Alan Poe ou Byron, seria um criminoso em potencial. Culpar a música e se esquivar das verdadeiras causas do problema.

Ozzy foi absolvido depois de muita dor de cabeça e declarou ironicamente que se for processado mais uma vez por esta razão, quem se mata é ele. Não sei se isto aplica-se ao cinema, onde um aluno de medicina matou vários em São Paulo (durante o filme Clube da Luta), é claro que ele faria alguma coisa destas mais cedo ou mais tarde. Os filmes e a mídia banalizaram a violência de tal maneira que a gente acaba se acostumando com massacres e chacinas.

Um dos sinais do colapso urbano é considerar toda essa brutalidade como parte integrante do nosso cotidiano. Os atores brutamontes como Chuck Norris ou Steven Seagal matam em média 300 pessoas por filme sem mostrar o menor sinal de misericórdia. Isso quando não emendam uma piada de mau gosto logo após ter dado 70 tiros na vítima.

Isto pode confundir a cabeça de um garoto com 15 anos. Até os videogames enveredaram para jogos movidos por uma violência gratuita. Games em que você corta virtualmente a cabeça do adversário não tem nenhum caráter educativo. No meu tempo os jogos eram mais divertidos e menos sádicos.

A violência se espalhou rápido como uma célula cancerígena e atingiu índices alarmantes em vários setores da sociedade, seja no trânsito, no futebol ou nas escolas. É preciso acabar com esse fascínio mórbido que a mídia e a sociedade depositam nas tragédias. Violência como sinônimo de diversão é um péssimo sinal.

Palavras como cordialidade, piedade e altruísmo perderam sentido. Acho que uma das últimas atitudes cordiais que nos separam da barbárie total e dar passagem para ambulâncias nos congestionamentos/ Quando nem isso ocorrer, o mundo vai definitivamente para o caos.

Um louco chamado Mark Chapman inventou de matar John Lennon em 1980 para exterminar com os últimos resquícios dos anos 60. Chapman se declarou influenciado pelo livro Apanhador no Campo de Centeio, clássico de J. D. Salinger que conta um período na vida do caustico personagem Holden Caulfield.

Com justiça ou não, a verdade é que Mark Chapman, ao assassinar John Lennon se dizia inspirado por essa obra. E também que o livro, após ter sido estudado durante vários anos em Portugal, desaparece dos currículos do 12º ano sem deixar rastro.

Mark Chapman pediu a John Lennon que autografasse uma cópia de The Catcher in the Rye, e no mesmo dia assassinou o ex-Beatle.

Conclusão

Concluímos que a obra de J.D. Salinger descreve uma realidade atual e faz um retrato fiel da adolescência, a ficção imita perfeitamente a realidade. O autor não têm limitações para descrever sobre medos e dúvidas que cercam a vida de um jovem de 16 anos, ele dá importância para esta fase.

A personagem principal vive um dilema infernal entre o bem e o mal, em toda narrativa ele vive de desavenças. O objetivo do autor é fazer-nos pensar sobre o comportamento humano, o aspecto moral das personagens envolvidas na trama e a hipocrisia que se instaura na vida de uma pessoa adulta.

Ao lermos a obra nós viajamos com Holden à vários lugares, entretanto, temos um único objetivo: a volta para casa, ou seja, a defrontação com a realidade dura e crua e o final dos sonhos infantis.
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Nota: Os ítens foram renumerados, pois foi extraido o ítem III onde constava a biografia do autor, que está em postagem mais abaixo.
Também, algumas citações com palavras de “baixo calão” foram retiradas para manter o nível do blog. Contudo, isto é apenas um resumo e, não substitui o livro.

Fonte:
http://www.vestibular1.com.br/

sábado, 16 de janeiro de 2010

Aluísio de Azevedo (A Mortalha de Alzira)


A mortalha de Alzira é o oitavo romance de Aluísio Azevedo, já conhecido do público leitor por obras como O mulato, de 1881. Publica A mortalha de Alzira sob o pseudônimo de Vítor Leal, em forma de folhetim, no jornal Gazeta de Notícias, de 13 de fevereiro a 23 de março de 1891. Em 1892 A mortalha de Alzira publicado em volume, alcançando muito sucesso: foram vendidos 10.000 exemplares em três anos, o que, na época, foi considerado um recorde. A mortalha de Alzira é o único livro do autor que se passa na sua íntegra fora do país, na França, no período do reino de Luís XV, século XVIII, nos arredores de Paris.

Sua história é a eterna luta entre a fé e o erótico: o padre Angelo busca desesperadamente reprimir sua paixão pela cortesã Alzira. Mostra também Aluísio Azevedo a corrupção da Igreja, sua ligação com a aristocracia em processo de decadência. Aluísio Azevedo viveu num período em que a luta da fé contra o livre pensamento estava na ordem do dia: no Brasil, o comportamento do clero, devasso e corrupto, levava os escritores a uma posição anticlerical, e A mortalha de Alzira pode ser considerado um documento nesse sentido. Os romances-folhetins eram em geral romances românticos, mas, quando do início da escola naturalista, faziam muito sucesso os elementos naturalistas que, convivendo com a intriga romântica, passaram a aparecer nos folhetins. Neste momento, na França, havia uma forte onda anticlerical, com a campanha pela criação das escolas leigas.

Da França (Zola) e Portugal (Eça de Queirós) vieram as principais influências da escola naturalista, inaugurada por Aluísio Azevedo com O mulato. Em A mortalha de Alzira encontramos elementos românticos (sonhos, devaneios) e naturalistas. A corrente naturalista no Brasil seguiu o período de mudanças profundas por que passava a sociedade brasileira: decadência da estrutura agrária; fim da guerra do Paraguai; movimentos abolicionistas; luta da Igreja Católica contra a Maçonaria; a vida urbana e seus trabalhadores livres; revolução nas ciências. Em todo o mundo, houve avanços nas pesquisas científicas e na avaliação da importância do conhecimento científico. Falava-se do mundo racional, em oposição ao mundo fantasioso e cristão, de verdades absolutas, do período medieval. A literatura da era "materialista" no Brasil desdenhará o sentimento, e com ele o sentimentalismo romântico, indo buscar a "verdade" dos fatos precisamente observados e recolhidos documentalmente.

É neste contexto que as questões individuais de anomalias de comportamento (como o sacerdote, de A mortalha de Alzira) tiveram um preponderante papel: ao investigar através da ciência que se desenvolvia à época o comportamento humano, os autores naturalistas queriam afirmar os condicionamentos do meio sobre o indivíduo; com isso, denunciavam a injustiça de certas instituições e mostravam alguns comportamentos perturbados ou doentios daí decorrentes. Em A mortalha de Alzira o crítico Moisés Massaud considera inovador o fato que o histérico seja um homem, no caso um padre; pois, até então, eram as mulheres as histéricas, e vários romances à época trataram do tema da histeria feminina. Também considera importante o fato de que Aluísio Azevedo denuncia a educação recebida pelo sacerdote como a razão de seu infortúnio, por não lhe ter permitido escolher um outro destino. A figura do médico, muito comum nos romances naturalistas, também está presente em A mortalha de Alzira (o dr. Cobalt), confundindo-se com o próprio romancista, pois é quem investiga o comportamento da personagem/paciente.

Fonte:
http://www.resumosdelivros.com.br/

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Euclides da Cunha (Os Sertões)


Mas, afinal, de que assunto trata o livro Os Sertões?

Pergunta simples, resposta complexa. Podemos encaminhá-la lembrando que, em 1897, ocorreu no sertão da Bahia episódio que ficou conhecido como a Guerra de Canudos. Chefiados por Antônio Conselheiro, sertanejos reuniram-se numa cidadela - chamada Canudos - situada nas margens do rio Vaza-Barris. O crescimento da nova comunidade e as características de seu líder e adeptos incomodou fazendeiros da região pela redução da mão-de-obra disponível nas fazendas; acrescendo-se a isso o não pagamento de impostos e práticas consideradas incompatíveis com a religião, gerou-se situação considerada de exceção pelo governo estadual e, logo depois, pelo governo federal.

A tentativa de dissuadir os conselheiristas a abandonarem o local através de intervenção da Igreja - dois capuchinos visitaram Canudos para este fim - resultou inútil. A partir daí, pequenos incidentes precipitaram ações progressivamente maiores dos governos estadual e federal. Foram realizadas quatro expedições militares contra Canudos. O fracasso da terceira expedição, formada por 1300 homens, transformou Canudos num problema nacional: atribuiu-se à cidadela a condição de foco monarquista, isso numa época em que o regime republicano estava por se firmar e temia-se o retorno da monarquia.

A quarta expedição, comandada pelo general Artur Oscar, enfrentou grande resistência dos canudenses e prolongou-se por tempo além do previsto. Ante o iminente fracasso de mais uma expedição o Ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt, foi enviado ao palco das operações. É nesse momento que se inicia a participação de Euclides da Cunha no conflito. Em março de 1897 Euclides havia escrito dois artigos sobre Canudos no jornal O Estado de São Paulo sob o título de A Nossa Vendéia. No primeiro desses artigos traduzia a impressão de que o movimento de Canudos visava a restauração da monarquia. Entretanto, para o articulista, o simples desejo de restauração seria insuficiente para explicar tão grande sublevação. Havia, portanto, em Canudos um mistério a se desvendar. Além disso, adiantava-se Euclides ao tom dos artigos escritos na época, alertando para as condições geográficas do sertão, estas talvez o maior inimigo das forças republicanas.

Convidado por O Estado, Euclides da Cunha licenciou-se de suas atividades e tornou-se repórter daquele jornal. Tempos depois, embarcou em direção a Salvador viajando no mesmo navio que levava Machado Bittencourt. O desembarque na cidade aconteceu em 7 de agosto sendo que ali ficaram até 30 de agosto, data do início da viagem ao sertão. Dos dias em que Euclides esteve em Salvador e de todo o período de viagem a Canudos resultaram vários artigos enviados por ele e publicados pelo jornal. Toda essa correspondência de guerra foi mais tarde reunida num livro de reportagens intitulado Diário de uma Expedição.

Chama atenção nessas reportagens a progressiva mudança das opiniões de Euclides: o contato com a realidade do sertão e a extraordinária capacidade do escritor para observar e analisar detalhes ignorados por outros rapidamente o convenceram de que a guerra que supunha-se rápida não estava por terminar; que Canudos de modo algum seria foco de resistência monarquista com intenções restauradoras. Canudos era, sim, uma sociedade velha gerida pela autoridade do Conselheiro e ininteligível aos brasileiros do litoral.

Canudos finalmente caiu nos primeiros dias de outubro de 1897. População dizimada e arraial destruído, a vitória foi comemorada com grandes manifestações na capital federal. A espantosa resistência dos jagunços resultou em mais de cinco mil mortes nas tropas do Exército - considerando-se as quatro expedições.

Terminada a Guerra Euclides da Cunha retornou às suas atividades de engenheiro junto à Superintendência de Obras do Estado de São Paulo. Entretanto, já trabalhava em seu livro que só viria a ser publicado em 1902.

Em Os Sertões Euclides da Cunha não se limita a narrar os episódios da sangrenta Guerra de Canudos a qual denunciou como crime. Para explicar os fatos ocorridos no sertão da Bahia o escritor serve-se de todos os meios que, na época, estão ao seu alcance. Exaltando a influência do meio e da raça no comportamento coletivo, Euclides recorre à geografia, à sociologia, às características climáticas, raciais e biológicas, às biografias, ao linguajar dos caboclos, aos depoimentos que ouviu e todo o conteúdo do que pode observar no sertão. Só munido de tais ferramentas pode estabelecer as diferenças entre o brasileiros das regiões litorâneas e as incultas gentes dos sertões, submetidas às mais precárias condições de vida, ao ambiente geográfico e climático completamente desfavorável. Foi desse modo, analisando profundamente os móveis que permitiram o surgimento da coletividade canudense que Euclides, aos poucos deixando de lado suas convicções científicas moldadas segundo o determinismo vigente na época, pode ver no jagunço outra sorte de brasileiros cuja defesa procedeu através das páginas de seu livro vingador. Sobre isso nos diz Silvio Rabelo, um dos biógrafos de Euclides: " Ele viu na resistência heróica dos jagunços do Conselheiro mais que uma possível ameaça às instituições e à ordem estabelecida. Ele viu o direito de sobrevivência de uma população que estacionara por não ter tido condições favoráveis à assimilação dos valores culturais do litoral, em bases econômicas mais sólidas e sob influência de idéias mais avançadas. Os Sertões são, deste modo, um brado e brado quase inútil, contra o crime de um governo que abandonara a sua gente a uma natureza nem sempre propícia à vida e a uma organização social nem sempre compatível com a dignidade humana; e, mais do que isto, exterminara-a sem nenhuma condescendência."

É a variedade de recursos utilizados por Euclides na confecção de seu livro - história, geografia, etnologia, sociologia, etc - que torna inúteis as tentativas de classificar Os Sertões dentro de gêneros literários estanques. Livro de história, sociologia, literatura ou simples ficção? Impossível responder a não ser para dizer que Os Sertões são a um só tempo um pouco disso tudo e, mais que isso, obra genial de um genial escritor.

Há na prosa de Euclides muito de poesia conforme atestaram alguns estudiosos. A linguagem é rica e profunda sugerindo estar o escritor a esculpir suas palavras, metodicamente. É muito dele o uso de palavras incomuns e mesmo a busca de termos arcaicos quando não encontra no vocabulário de sua época algo que sirva para traduzir com fidelidade a imagem que empresta ao leitor. Precisão de relojoeiro, de alguém atento ao ritmo e às sonoridades, alguém que tem o gosto por paradoxos e que abusa de contrastes para deles extrair a força máxima de palavras e imagens. Assim, a riqueza verbal de Os Sertões é estonteante, obra de quem força a língua aos seus limites para dela extrair o máximo.

O grande livro que é Os Sertões paga tributos aos conhecimentos científicos vigentes á época em que foi escrito. Entretanto, Euclides da Cunha rompe com a camisa-de-força dos princípios então disponíveis para descobrir nos sertanejos a grande força que os conduz ao extermínio, embora sem jamais render-se. "O sertanejo é, antes de tudo, um forte" e "Canudos não se rendeu" estão entre as máximas imorredouras da obra de Euclides da Cunha e traduzem com fidelidade a natureza do trabalho a que ele se dedicou.

Fonte:
http://www.tarrafaliteraria.com.br/homenagem.aspx

domingo, 19 de julho de 2009

Joanne Kathleen Rowling (Harry Potter)


Os livros de Harry Potter são uma série de romances fantásticos criados pela escritora britânica J. K. Rowling. Desde o lançamento do primeiro volume, Harry Potter e a Pedra Filosofal, em 1997, os livros ganharam grande popularidade e sucesso comercial no mundo todo, e deram origem a filmes, videojogos e muitos outros itens.

Os sete livros publicados até agora venderam aproximadamente 400 milhões de exemplares em todo o mundo e foram traduzidos em mais de 63 idiomas. Graças ao grande sucesso dos livros, Rowling tornou-se a mulher mais rica na história da literatura.

Grande parte da narrativa se passa na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e foca os conflitos entre Harry Potter e o bruxo maligno das trevas Lord Voldemort. Ao mesmo tempo, os livros exploram temas como amizade, ambição, escolha, preconceito, coragem, crescimento, responsabilidade moral e as complexidades da vida e da morte, e acontecem num mundo mágico com suas próprias histórias, habitantes, cultura e sociedades.

História

A história começa com o mundo dos bruxos, que tenta manter-se secreto dos Muggles - termo traduzido para o Brasil como "Trouxas" (aqueles que não são bruxos). Por muitos anos este mundo foi aterrorizado por Lord Voldemort. Na noite anterior a sua queda, Voldemort encontrou o esconderijo da família Potter, e matou Líly e James Potter (Lílian e Tiago Potter, no Brasil). Entretanto, quando voltou sua varinha contra o bebê dos Potter, Harry (Harry James/Tiago Potter), o seu feitiço voltou-se contra ele. Com o corpo destruído, Voldemort tornou-se um espírito sem poder, procurando refúgio em lugares escondidos do mundo; Harry, enquanto isso, foi deixado com uma cicatriz em forma de raio em sua testa, o único sinal físico da maldição de Voldemort. Harry tornou-se conhecido como "O Menino que Sobreviveu" no mundo dos feiticeiros, por ter sobrevivido a maldição da morte e por ter derrotado Lord Voldemort.

Em seguida, o órfão Harry Potter é criado pelos seus tios cruéis e insensíveis, os Trouxas Dursley, sem saber de seu poder mágico. Porém, quando o seu aniversário de onze anos se aproxima, Harry tem seu primeiro contato com o mundo mágico quando recebe cartas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, que são roubadas pelos tios antes que ele possa lê-las. No seu décimo primeiro aniversário, Harry é informado por Hagrid, o guarda-caças de Hogwarts, que ele é um bruxo e por isso tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Cada livro registra uma ano da vida de Harry em Hogwarts, onde ele aprende a usar magia e a fazer poções. Harry também aprende a ultrapassar muitos obstáculos mágicos, sociais e emocionais que enfrenta em sua adolescência e na segunda tentativa de ascensão de Voldemort ao poder.

Temática e conteúdo

Por ser uma série na qual cada livro equivale a cerca de um ano de vida do protagonista, seu conteúdo amadurece conforme Harry cresce. Os leitores que começaram a ler a saga ainda muito jovens também vão amadurecendo enquanto lêem. A estrutura da história, inclusive, torna-se mais complexa e sofisticada a cada volume.

Os livros de Rowling se passam nos anos 1990, na Inglaterra "trouxa" moderna, com carros, telefones e PlayStations. Os problemas no mundo mágico são sólidos e reais como os do nosso mundo - preconceito, depressão, ódio, sacrifício, pobreza, morte. "Harry vai para seu mundo mágico, e este é melhor que o mundo que ele deixou? Só porque ele encontra pessoas melhores", explica Rowling.

Um dos temas mais recorrentes ao longo da série é o amor, retratado como uma poderosa forma de magia. Dumbledore acredita que a capacidade de amar permitiu que Harry resistisse às tentações de poder de Voldemort em seu segundo encontro, não permitiu que o vilão se apossasse do corpo de Harry em seu quinto ano, e será responsável pela derrota final de Voldemort.

Em contraste, outro tema importante é a morte. "Os meus livros abordam bastante a morte. Começam com a morte dos pais de Harry. Há a obsessão de Voldemort em derrotar a morte e conquistar a imortalidade a qualquer preço [...]. Eu percebo porque é que Voldemort quer conquistar a morte. Todos nós temos medo dela", disse Rowling. De fato, o nome de Voldemort significa "vôo da morte" em Latim e Francês, e "roubar a morte" em Francês e Catalão. Os livros colocam o bem contra o mal e o amor contra a morte. A perseguição de Voldemort para evitar a morte, que inclui episódios como beber sangue de unicórnio e separar a sua alma através do uso de horcruxes, contrasta com o sacrifício de Lilian Potter, o amor por Harry e a magia extraordinária que o seu gesto deixou nele, um sacrifício que Voldemort nunca poderá entender ou apreciar.

O preconceito e a discriminação são também amplamente abordados ao longo dos livros. Harry aprende que existem feiticeiros Sangue-Puro (oriundos de famílias onde só há bruxos) que abominam os sangue-ruim (bruxos de ascendência bruxa e trouxa ou ainda bruxos que vieram de uma família só de muggles) e os consideram inferiores. O meio termo são os bruxos Mestiços, ou seja, que tem um dos pais muggle (ou de família muggle), e o outro pertencente a comunidade bruxa. Os mais preconceituosos dentro da comunidade mágica levam estas designações mais longe, utilizando-as como um sistema de graduação para ilustrar o valor de um feiticeiro, considerando os de Sangue-Puro como sendo superiores e os sangue-ruim como desprezáveis. Fora os preconceitos em relação aos humanos, existe um afastamento dos não-humanos e até parcialmente-humanos.

Outro importante tema decorre sobre as escolhas. Em Harry Potter e a Câmara dos Segredos, Dumbledore faz, talvez, sua mais importante declaração sobre o assunto: "São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades".

Dumbledore aborda esse tema novamente em Harry Potter e o Cálice de Fogo, quando diz a Cornelius Fudge que mais importante do que como se nasce, é o que a pessoa se torna ao crescer.

Assim como para muitas personagens ao longo dos livros, o que Dumbledore considera "uma escolha entre o que está certo e o que é fácil", tem sido um marco na carreira de Harry Potter em Hogwarts e as suas escolhas estão entre as características que melhor o diferenciam de Voldemort. Tanto Harry como Voldemort foram órfãos criados em ambientes difíceis, fora o fato de partilharem características que incluem, como Dumbledore afirmou, "um raríssimo dom ofidioglota — sabedoria, determinação" e "um certo desapreço por regras". Contudo, Harry, ao contrário de Voldemort, decidiu conscientemente adotar a amizade, a bondade e o amor, enquanto que Voldemort escolheu propositalmente rejeitá-los.

Enquanto que tais idéias sobre amor, preconceito e escolha estão, como afirma J.K. Rowling, "profundamente cravadas em todo o enredo", a autora prefere deixar que os temas "cresçam organicamente", em vez de conscientemente tentar transmitir essas idéias ao leitor. A amizade e a lealdade são talvez os temas mais "orgânicos" de todos, aparecendo principalmente na relação entre Harry, Ron e Hermione, relação essa que permite que estes assuntos se desenvolvam naturalmente à medida que os três personagens crescem, que a sua relação amadurece e que as suas experiências acumuladas em Hogwarts testem a fidelidade dos três amigos. Essas provas tornam-se progressivamente mais difíceis, acompanhando o tom cada vez mais escuro e misterioso dos livros e a natureza geral da adolescência.

Estrutura

A série Harry Potter é traçada sob uma longa tradição na literatura infantil inglesa - o ambiente dos internatos, um gênero da era Victoriana, no qual se destaca Tom Brown's Schooldays, de Thomas Hughes. Mais adiante, trabalhos similarmente influentes da era Victoriana incluem os livros de Edith Nesbit, da qual Rowling tem frequentemente dito ser fã, glorificando Nesbit pelos seus personagens muito realistas e inovadores.

Há uma clara influência de elementos menos específicos a um autor, como a mitologia e as lendas. Muitas dessas influências são mais notadas nas criaturas que habitam o universo de Rowling, como por exemplo, os dragões, fênix e hipogrifos. Além disso também nota-se a influência da astronomia, história, geografia, e idiomas (principalmente Latim), freqüentemente vistos nos cuidadosos nomes de personagens, lugares e feitiços no mundo bruxo. Do complexo '"Voldemort" ao onomatopéico "Grawp" (ou "Grope", o meio irmão gigante de Hagrid), Rowling cria nomes que geralmente contém muitos significados.

Os livros também são, nas palavras de Stephen King, uma "perspicaz história de mistério". Cada livro é construído num estilo de aventura misteriosa como as de Sherlock Holmes; os livros deixam um número de pistas escondidas na narrativa, enquanto os personagens perseguem suspeitos por locais exóticos, conduzindo a uma mudança repentina que muitas vezes reverte o que os personagens acreditavam. As histórias são contadas por um narrador em terceira pessoa com consciência limitada, com pouquíssimas exceções (o capítulo inicial de Harry Potter e a Pedra Filosofal e Harry Potter e o Cálice de Fogo, os dois primeiros de Harry Potter e o Enigma do Príncipe e o primeiro de Harry Potter e as Relíquias da Morte); o leitor descobre os segredos da história quando Harry o faz. Os pensamentos e planos de outros personagens, mesmo os centrais como Ron e Hermione, são mantidos escondidos até serem revelados à Harry.

Os livros tendem a seguir uma fórmula bastante estrita. A ação que decorre durante uma série de anos pode ser claramente dividida em 6 seções gerais:
• Verão na casa dos Dursley: Harry passa a maior parte das férias de Verão da escola com os Dursley, no mundo dos Trouxas, suportando o mau tratamento que aí recebe. Esta parte termina com Harry indo a um local diferente.
• Fim do Verão: pouco antes do começo das aulas no Outono: Harry vai ao Beco Diagonal, à A Toca ou ao Largo Grimmauld, Número Doze,. Termina com a entrada no comboio de Hogwarts na plataforma 9¾.
• Novo ano letivo na escola: personagens novas ou redefinidas tomam vida, e Harry ultrapassa novos desafios diários, tais como testes difíceis, amores estranhos e professores mal-humorados; tudo isto termina normalmente perto do Halloween, que coincidentemente é o dia que Voldemort matou Lílian e Tiago Potter.
• Conflitos surgem: Harry, seus amigos e colegas de escola começam a perceber que algo se passa e começam a reagir.
• Clímax: Harry e os seus amigos fazem uma descoberta importante, e Harry corre desesperadamente para um determinado local para um conflito maior, normalmente envolvendo uma batalha contra os vilões. Isto normalmente acontece perto ou logo após os exames finais.
• Conclusão: Harry começa a recuperar da batalha e aprende lições importantes através de relatos e discussões com Alvo Dumbledore. Termina com o Harry apanhando o Expresso de Hogwarts e regressando à casa com os Dursley.

Universo

A série Harry Potter, passa-se no mundo em que vivemos, habitados por Muggles (Trouxas), pessoas sem poderes mágicos. Mas num local reservado apenas aos feiticeiros, protegido da curiosidade Muggle, protegido por poderosos encantamentos e feitiços. A série conta a história de Harry Potter, um rapaz que teve os pais mortos por um bruxo das trevas, conhecido como Lord Voldemort, e passa a viver com os Dursley, seus tios Muggles. Aos 11 anos recebe uma carta a falar que tinha sido aceite na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, a escola que é o principal cenário da série, onde Harry faz amizades verdadeiras, como Ronald Weasley, Hermione Granger, Neville Longbottom, Simas Finnigan, Dino Thomas, entre outros. Ainda passa por perigos, que visam restaurar a paz no colégio depois de eventos vertiginosos, como no livro "Harry Potter e a Câmara Secreta". Enfim, o principal cenário, tirando Gringotes, o banco dos feiticeiros, o Beco Diagonal, o beco destinado á venda de livros, caldeirões, animais e produtos mágicos. Hogsmeade, uma vila apenas de feiticeiros próximo a Hogwarts, em que os estudantes geralmente vão nos feriados. É em Hogwarts que acontece a guerra final entre Comensais da Morte e Voldemort contra os estudantes e professores de Hogwarts, sem falar em Harry Potter é claro.

Origem e histórico de publicação

Em 1990, J.K. Rowling estava num trem indo de Manchester para Londres quando a idéia para Harry simplesmente "apareceu" em sua cabeça. Rowling conta sobre a experiência em seu website: "Tenho escrito continuamente desde os seis anos de idade mas nunca estive tão excitada com uma idéia antes. [...] Eu simplesmente sentei e pensei, por quatro horas (trem atrasado), e todos os detalhes borbulharam em meu cérebro, e este garoto de óculos e cabelos pretos que não sabia que era um bruxo tornou-se mais e mais real para mim." Naquela noite, a autora começou a escrever seu primeiro romance, Harry Potter e a Pedra Filosofal, e um plano que incluía os enredos de cada uma dos sete livros, além de muita informação biográfica e histórica sobre seus personagens e universo.

Nos seis anos seguintes, que incluíram o nascimento de sua primeira filha, o divórcio de seu primeiro marido e uma mudança para Portugal, Rowling continuou a escrever Pedra Filosofal.

Quando finalmente terminou o volume, em 1996, ela enviou-o a um agente literário e, depois oito editoras terem rejeitado o manuscrito, a Bloomsbury ofereceu a Rowling £ 3.000 adiantadas, e Pedra Filosofal foi publicado no ano seguinte.

Apesar de Rowling declarar que não tinha nenhuma faixa etária em particular quando começou a escrever os livros de Harry Potter, suas editoras inicialmente direcionaram-nos a crianças com idade entre nove e onze anos. Às vésperas da publicação, as editoras pediram a Joanne Rowling que adotasse uma pseudônimo mais neutro em relação ao gênero, temendo que os meninos não se interessassem por um livro escrito por uma mulher. Ela escolheu usar J. K. Rowling (Joanne Kathleen Rowling), omitindo seu primeiro nome e usando o de sua avó com segundo nome.

Após quase uma década da publicação do primeiro livro, Harry Potter alcançou muito sucesso em parte por causa de críticas positivas, estratégias de marketing de suas editoras, mas também pela propaganda boca-a-boca entre muitos leitores. As editoras de Rowling estiveram aptas a aumentar este fervor pelo lançamento rápido e sucessivo dos três primeiros livros, o que fez com que nem a excitação nem o interesse da audiência de Rowling caíssem. A série também conquistou fãs adultos, fazendo com que, em muitos países, cada livro tivesse duas edições, com texto idêntico mas com capas diferentes, uma delas direcionada a crianças e a outra, a adultos. Começou então o sucesso.

Desde a publicação de Harry Potter e a Pedra Filosofal, um número de tendências sociais vem sendo atribuídas à série. Em 2005, médicos do Hospital John Radcliffe, em Oxford, relataram que uma pesquisa realizada nos finais de semana de 21 de Junho de 2003 e de 16 de Julho de 2005, as datas de lançamento dos dois livros mais recentes, descobriu que apenas 36 crianças necessitaram de assistência médica por acidentes, ao contrário de outros finais de semana pesquisados.

Evidências anedóticas como essa sugerem um aumento do hábito de ler entre crianças por causa de Harry Potter, que foram confirmadas em 2006 quando uma pesquisa do Kids and Family Reading Report (Relatório da leitura infantil e familiar) e da editora americana da série, Scholastic, revelou que 51% dos leitores de Harry Potter com idade entre 5 e 17 anos disseram que não liam livros por diversão antes de começarem a ler Harry Potter, e que agora o fazem. O estudo relatou ainda que de acordo com 65% dos filhos e 76% dos pais, o desempenho escolar das as crianças melhorou desde que começaram a ler a série.

Harry Potter também acarretou mudanças no mundo editorial; uma das mais notadas foi a reforma da lista dos livros mais vendidos do jornal americano The New York Times. A mudança veio logo antes do lançamento de Harry Potter e o Cálice de Fogo, em 2000, quando editores reclamaram do número de posições ocupadas pelos livros de Harry Potter, obrigando o jornal a criar uma lista separada para os livros da série e outras obras infantis, para liberar as primeiras posições da lista.

Também notável é o desenvolvimento de uma grande massa de seguidores. A ansiedade desse fãs pelo último lançamento da série fez com que livrarias em todo o mundo fizessem festas para coincidir com o lançamento à meia-noite dos livros, começando em 2000 com a publicação de Harry Potter e o Cálice de Fogo. Esses eventos, geralmente incluindo jogos, pintura facial, concurso de fantasias, etc., alcaçaram grande popularidade entre os fãs de Potter e foram muito bem sucedidos ao atrair fãs e vender quase 9 milhões das 10,8 milhões de livros da tiragem inicial de Harry Potter e o Enigma do Príncipe nas primeiras 24 horas após o lançamento.

Outro impacto mais penetrante é a introdução da palavra "muggle" (trouxa) na língua inglesa. A palavra expandiu seu significado fora do contexto original, e foi aceita no Dicionário de Inglês Oxford como "uma pessoa que carece de um conhecimento ou conhecimentos em particular, ou que é considerada inferior de alguma forma".

Críticas literárias

Cedo em sua história, Harry Potter recebeu muitas críticas positivas, que ajudaram a aumentar rapidamente o número de leitores da série. Seguindo o lançamento de Ordem da Fênix em 2003, entretanto, os livros receberam fortes críticas de autores e acadêmicos reconhecidos. A crítica A. S. Byatt escreveu um editorial no jornal The New York Times onde dizia que a série era "Uma colcha de retalhos inteligente de idéias recolhidas de todo o tipos de literatura infantil [...], escrita para pessoas cuja imaginação está confinada aos desenhos animados da TV, e aos exagerados [...] mundos-espelho das novelas, reality shows e fofoca de celebridades". Byatt afirma que a aceitação pelos leitores desta "manipulação derivativa de ideias anteriores" nos adultos provem do desejo de regressar aos seus "próprios desejos e esperanças infantis" e nos jovens, "o poderoso apelo da fantasia de escape e engrandecimento, combinados com o fato das histórias serem agradáveis, engraçadas, e assustadoras o bastante". O resultado final seriam "estudos culturais, que se interessam tanto com o exito e popularidade como com o mérito literário."

O crítico literário Harold Bloom também atacou o valor literário de Potter, dizendo que a "Mente de Rowling é tão governada por clichês e metáforas mortas que ela não tem estilo de escrita" Além disso, Bloom discorda com a noção comum de que Harry Potter foi algo bom para a literatura por encorajar as crianças a ler.

Charles Taylor, da revista eletrônica Salon.com, rebate críticas como a de Byatt. Mesmo admitindo que Byatt pode ter "Uma opinião cultural válida — uma pequena opinião — sobre os impulsos que nos levam a reafirmar o lixo pop e nos afastam das incômodas complexidades da arte", ele rejeita sua afirmação que a série não apresenta méritos literários sérios, alcançando seu sucesso devido somente ao retorno à segurança da infância que ela oferece. Taylor enfatizou o progressivo tom negro dos livros, mostrado pelo assassinato de um colega e amigo próximo e resultando em feridas psicológicas e isolação social. Taylor também apontou que Harry Potter e a Pedra Filosofal, que muitos dizem ser o livro mais leve dos seis publicados, perturba a segurança da infância que, segundo Byatt, impulsiona o sucesso da série: o livro começa com um duplo assassinato, por exemplo. Taylor cita a "Cena devastadora na qual Harry encontra um espelho que revela o mais verdadeiro desejo do coração e, olhando para ele, vê a si próprio feliz e sorrindo com os pais que ele nunca conheceu, uma visão que dura somente enquanto ele olha para o espelho, e uma metáfora de o quão passageiros são os nossos momentos de verdadeira felicidade", então pergunta se "essa é a ideia de segurança de Byatt?". Taylor conclui que o sucesso de Rowling entre crianças e adultos é "porque J.K. Rowling é uma mestra da narrativa."

Stephen King concordou com Taylor chamando a série de "Um feito do qual somente uma imaginação superior é capaz", e declarando que o humor de Rowling é "memorável". Porém, ele escreveu que, apesar de a história ser boa, ele está "Um pouco cansado em descobrir que Harry vive na casa com seus horríveis tios", o formulaico início de cada um dos seis livros publicados até agora. Ele prediz, ainda, que Harry Potter "Passará pelo teste de tempo e irá para uma prateleira onde somente os melhores são mantidos [...]. Essa é uma série não só para uma década, mas para eras".

Prêmios e honras

J.K. Rowling e a série de livros Harry Potter têm recebido inúmeros prêmios desde a publicação de Pedra Filosofal, incluindo quatro prêmios Whitaker Platinum Book Awards (todos em 2001), três prêmios Nestlé Smarties Book Prize (1997-1999), dois Scottish Arts Council Book Awards (1999 e 2001) e o WHSmith book of the year (2006), dentre outros. Em 2000, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban foi indicado como Melhor Romance no Hugo Awards enquanto Cálice de Fogo ganhou esse prêmio no ano seguinte. As honras recebidas incluem uma indicação ao prêmio Carnegie Medal (1997), uma pré-indicação no Guardian Children's Award (1998) e inclusão em numerosas listagens de livros notáveis, Escolha dos editores, e listas de melhores livros, da American Library Association, The New York Times, Chicago Public Library e Publishers Weekly. Recebeu três indicações ao Oscar, mas não ganhou nenhuma.

Fonte:
wikipedia