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sábado, 7 de dezembro de 2013

Roberto Pinheiro Acruche (Caderno de Trovas)

A alvorada, em seus traços,
me trouxe nova esperança
de ter de novo em meus braços
quem não me sai da lembrança.
-
Amor! Eu estou morrendo
de saudades de você.
Amor, eu só estou vivendo,
de amor por quem não me vê.
-
Ao abrir minha janela,
inundada de luar,
mais forte a lembrança dela
fez a saudade apertar.
-
Ao passar a mocidade,
aquecida, tal verão,
o sol da maturidade
me deu nova direção!
-
Arteiro, ágil e risonho...
Era assim, na mocidade!
Hoje cansado e tristonho,
só leva o peso da idade.
-
A tristeza em minha casa
está num quarto vazio:
de dia a saudade abrasa,
à noite mata de frio.
-
Chorei de tanto sorrir!
Sorri ao chegar o fim,
de pensar não existir
amores falsos por mim!
-
Enquanto estas a sorrir...
Evitas o que aborrece.
Tristeza pode existir,
mas delas, você esquece!
-
Era jovial e prosa,
Bom contador de vantagens.
A vida lhe foi calosa...
Está no fim da viagem!...
-
Esta vida é complicada,
imagine, meu consorte,
pois se a vida é temporada,
que será, então, a morte??
-
Eu bebi para esquecer
esqueci porque bebi,
agora quero saber,
o que será que esquecí?
-
Eu nunca vivi uma guerra!
Jamais vivi uma tragédia!
Se a dor no meu peito encerra...
Será que a vida é comédia?
-
Jurou-me que voltaria...
Eu juro, muito esperei!
Outra vez você mentiu...
Outra vez acreditei.
-
Mágico é teu esplendor,
outono da minha vida.
Beijo a sorte, vivo o amor...
Ironizando a partida.
-
Meu coração bate forte
ao chegar sua mensagem
que bom se tivesse a sorte...
Vê-la chegar da viagem.
-
Minha saudade e alegria
no Natal é recordar
do amor que meu pai trazia
quando vinha me abraçar!
-
Ministros e Presidente
tentam dar explicação,
mas o povo, infelizmente,
é quem paga o apagão!...
-
Nada ainda terminou!
Então siga a caminhada...
Se o mundo não acabou,
A vida não está parada!
-
Na madrugada, tristonho,
Sem sono o jovem medita
A vida é um grande sonho,
Feliz quem nele acredita.
-
Na semeadura errada
Você cultivou espinho,
mas hoje, em triste jornada,
anda descalço e sozinho.
-
Nas rimas quanta saudade,
De tão triste até chorei,
és uma grande verdade...
Tão pouca vida te dei.
-
Natal... dia de alegria...
de festa...sentimental!
Ah!... tão bom se todo dia
fosse dia de Natal!…
-
Natal! É festa de luz!
Vou comemorar com amor,
agradecendo a Jesus
o meu mestre e salvador!
-
Nesta vida o tempo passa
o meu consolo é você!
Mas sou poeta sem graça,
quando passas e não me vê!
-
Nunca foi obra de arte,
mulher de cintura fina,
digo isso em qualquer parte,
ela é uma obra divina!
-
O que eu não quero é morrer
quero ser doce lembrança
sempre que eu merecer
Te encontrar feito criança
-
O sonho do trovador
é fazer trova perfeita;
não consegui ser o autor,
mas consegui vê-la feita!
-
O tamanho do meu sonho
não se mede em comprimento
mas nos versos que componho
na medida do lamento...
-
Por capricho do destino
te encontrei tarde demais
Sou badalo, você o sino
sou a moça, tu és o rapaz.
-
Por momento passageiro
fostes trocar os teus sonhos.
Vive agora o tempo inteiro
dias vazios, tristonhos...
-
Posso reclamar de tudo...
Direito que me convém!
Mais fico todo “sisudo”
quando reclamas também.
-
Quando chove reclamamos
e se não chove também.
Se a chuva traz certos danos,
outros têm quando não vem.
-
Quando te amei de verdade,
jamais eu pensei, “por certo”,
Que tu serias saudade
e o meu coração, “deserto”!
-
Que nós somos filhos Teus,
muitos dizem, e acredito...
Boníssimo pai, meu Deus...
Teu amor é tão bonito!
-
Quero um natal diferente
Com muita paz e união
Que as bênçãos do onipotente
Alcance toda a Nação.
-
Sabiá da minha terra,
Por que vem cantar aqui?
Não sabe seu canto encerra
Saudades de onde vivi?...
-
Se eu pudesse voltar à infância
Nem que fosse por um dia
Abraçaria a inocência
e nunca mais a soltaria.
-
Se eu tivesse te encontrado
antes, meu imenso amor;
teus olhos que estão molhados
não chorariam de dor.
-
Se o hoje é cheio de dor
não pense que a vida é vã...
enquanto existir amor,
sustente a fé no amanhã!!!
-
Somente o amor verdadeiro
é por Deus abençoado;
e por não ser passageiro
é tão sublime e sagrado!
-
Sopra a brisa, sopra a vida,
passa o tempo, o tempo passa...
Andei por uma avenida
sem luz, sem amor, sem graça!
-
Sou um rio nesta vida
e você meu belo mar;
tento lhe adoçar querida,
você só faz me salgar!...
-
Trabalho que nem "saúva",
para ganhar o meu pão
pois, lá do céu, só cai chuva
e, às vezes, um avião…
-
Trabalhou por longo tempo
nos muitos anos vividos...
e traz agora o lamento
nos seus ombros doloridos.
-
Tua voz é melodia,
com bemóis e sustenidos,
a mais perfeita harmonia
a encantar meus sentidos.
-
Uns me chamam de poeta...
Já outros, de Trovador!
Eu só sei que a minha meta,
é escrever com muito amor.
-
TROVAS A DUAS MÃOS
-
Quero o sorriso mais belo
Quero o olhar mais bonito... (Roberto Acruche)
com eles, formar um elo
entre a terra e o infinito... (MariluX)
-
Queria que neste dia
reinasse a felicidade (Roberto Acruche)
trazendo muita alegria
aos homens de boa vontade (Claret)
-
Vinha andando pela rua...
Foi aí que te encontrei (Roberto Acruche)
Relembrei as noites de lua
Que do seu lado eu passei (Beth)
-
Mas a vida continua
e de ti eu esqueci. (Sonho Azul)
-Ah! Quantas saudades tua...
E quanto tempo eu perdi!... (Roberto Acruche)
-
Fonte:
http://robertoacruche.blogspot.com.br

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Machado de Assis (Gazeta de Holanda) N. 2 – 5 de Novembro de 1886

Voilà ce que l'on dit de moi
Dans la “Gazette de Hollande”.

Muito custa uma notícia!
Que ofício! E nada aparece,
Que canseira e que perícia!
Que andar desde que amanhece!

E tu, leitor sem entranhas,
Exiges mais, e não vês
Como perdemos as banhas
Em te dar tudo o que lês.

És assim como um janota
De maneiras superfinas,
Que não sabe o preço à bota
Com que cativa as meninas.

Agora mesmo, buscando
Saber de associação
Que se deu ao venerando
Ofício de proteção

Aos animais — não sabia
Onde achasse os documentos
Dessa obra de simpatia,
Para transmiti-la aos ventos.

Achei quatrocentas atas
De reuniões semanais,
Ofícios, notas e datas,
Tudo espalhado em jornais.

Mas das ações praticadas
Em favor da bicharia,
E das vitórias ganhadas,
Nada disso conhecia.

Então lembrei-me de um burro,
Sujeito de algum valor,
Nem grosseiro nem casmurro,
Menos burro que o senhor.

E pensei: “Naturalmente
Traz toda a historia sabida;
É burro, há de ter presente
A proteção recebida”

Lá fui. O animal estava
Em pé, com os olhos no chão,
Tinha um ar de quem cismava
Cousas de ponderação.

Que cousas, porém, que assunto
Tão grave, tão demorado,
Ocupava o seu bestunto,
Nada lhe foi perguntado.

Talvez, ao ver-se assim magro,
Cativo como um nagô,
Pensasse no velho onagro,
Que foi seu décimo avô.

Entrei, dizendo-lhe a causa
Daquela minha visita;
Ele, depois de uma pausa,
Como gente que medita,

Respondeu-me: — Em frases toscas
Mas verdadeiras, direi,
Enquanto sacudo as moscas,
Tudo o que sobre isto sei.

Juro-te que a sociedade,
Contra os nossos sofrimentos,
Tem obras de caridade,
Tem leis, tem regulamentos.

Tem um asilo, obra sua,
Belo, forte, amplo e capaz;
Já se não morre na rua,
Dá-se ali velhice e paz.

Gozam dessa benta esmola,
Em seus quartos separados,
Mais de uma onça espanhola,
E muitos gatos-pingados.

Todos os galos na testa
Acham lá milho e afeição;
Lá vive tudo o que resta
Da burra de Balaão.

Mora ali a vaca fria.
E mais a cabra Amaltéia,
Única e só companhia
Do pobre leão de Neméia.

Não posso fazer elipse
Dos bichos caretas, nem
Da besta do Apocalipse,
Que ali seu abrigo têm.

E o cisne de Leda, e um bode
Expiatório, e o cavalo
De Tróia, escapar não pode;
Mas há outros que inda calo.

Peguei no papel, e a lápis
Escrevi tudo, e escrevi
Mais o nome do boi Ápis,
Que ele inda me disse ali.

E perguntei: — Meu amigo,
Por que é que a tantos amaina
O tempo, naquele abrigo,
E você anda na faina?

Ele, burro circunspecto,
Asno de boa feição,
Tirou de fino intelecto
Esta profunda razão:

— Se eu estivesse ali junto
Com outros da minha banda,
Você não tinha este assunto
Para a “Gazeta de Holanda”.

Vá consolado: que importa
Que eu viva cá fora ou lá?
Qualquer porta há de ser porta,
Para sair; vá, vá, vá.

E enquanto assim me dizia
frases que chamava toscas,
Chagas de pancadaria
Iam convidando as moscas.

Lá o deixei como estava,
Em pé, com os olhos no chão,
Parecendo que cismava
Cousas de ponderação.

Fonte:
Obra Completa de Machado de Assis, Edições Jackson, Rio de Janeiro, 1937.
Publicado originalmente na Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, de 01/11/1886 a 24/02/1888.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Trova em Imagem n. 264 - Roberto Pinheiro Acruche (RJ)


Machado de Assis (Gazeta de Holanda) N. 1 – 1 de novembro de 1886

Voilà ce que l'on dit de moi
Dans la “Gazette de Hollande”.


Um doutor da mula ruça,
Caolho, coxo e maneta,
É o homem que se embuça
No papel desta gazeta.

Gazeta que, se tivesse
Outra forma, outro formato,
Pode ser que merecesse
Vir com melhor aparato.

Mas é modesta, não passa
De uma folha de parreira,
Que dá uva, que dá passa,
Que dá vinho e borracheira.

Traz programa definido,
Para entrar no grande prélio;
Nem bemol, nem sustenido,
Nem Caim, nem Marco-Aurélio.

Não traz idéias modernas,
Nem antigas; não traz nada.
Traz as suas duas pernas,
Uma sã, outra quebrada.

E vem, como é de ciência,
Entre muletas segura,
A muleta da inocência,
E a muleta da loucura.

Se uma não pega, outra pega,
E fica o corpo amparado;
Se para um lado escorrega,
Fica-lhe sempre outro lado.

De modo que, quanto diga,
Seja ou não o que a lei manda,
Há de achar entrada amiga
Esta Gazeta de Holanda.

Que traga idéias a folha
Liberal que se anuncia,
Que as espalhe, que as escolha,
Como a Reforma fazia.

Vá que seja — posto seja
Tarefa das mais reversas,
Fazer uma só igreja,
De tantas seitas diversas.

A prova é que, ainda agora,
Já pronta a bagagem sua,
Somente esperando a hora
De sair a folha à rua,

Feito um capítulo apenas,
De tão diversos capítulos,
E, contando boas penas,
Já traz a folha dois títulos.

Voz da Nação, ou — Gazeta
Nacional; só falta a escolha.
Já principia a marreta,
Antes de sair a folha.

Eu cá, perfeita unidade.
Ora aprovo, ora contesto,
Sem que haja necessidade
De ouvir protesto e protesto...

Exemplo: ao ler que se trata
De fazer um edifício
Para o júri: — colunata,
Vasto e grego frontispício,

E que esta idéia bizarra
Nasceu mesmo agora, agora,
Quando foi ali à barra
Uma distinta senhora;

Quando a afluência de gente
Era tal, que o magistrado
Teve de ir incontinente
Pedir sabão emprestado;

Comigo disse: — Bem feito
Que a Joaninha expirasse
De uma moléstia do peito,
E que a Eduarda cegasse.

Só assim tínhamos prédio
Para um tribunal sem nada;
Não foi morte, foi remédio;
Foi vida, não foi pancada.

Pangloss, o doutor profundo,
Mostra que há grande harmonia
Entre as cousas deste mundo,
Entre um dia e outro dia;

Que os narizes foram dados
Para os óculos; portanto,
Trazem óculos pousados...
Pangloss é o meu padre-santo.

Logo, se uma e outra escrava
Brigaram sem sentimento,
A razão de ação tão brava
Foi termos um monumento.

Neste ponto o ponto pingo,
E despeço-me no ponto
Em que cada novo pingo,
Já não é ponto, é posponto.

Fonte:
Obra Completa de Machado de Assis, Edições Jackson, Rio de Janeiro, 1937.
Publicado originalmente na Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, de 01/11/1886 a 24/02/1888.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Rodolpho Abbud (Caderno de Trovas)

A batida no portão
é o sinal convencionado
para avisar que o patrão
vem chegando do outro lado!
**
Acredite quem quiser,
seja o motivo qual for,
em caprichos de mulher,
quando faz juras de amor!...
**
A culpa é minha e é tua,
de quem vê e não faz nada,
se ainda há meninos de rua,
dormindo numa calçada!...
**
A doença comentada
correu mundo, ganhou fama,
pois na pensão "afamada"
ela só vive de cama!…
**
À noite, ao passar das horas,
esqueço os dias tristonhos,
pois tuas longas demoras
dão-me folga para os sonhos!
* *
Ao hospício conduziu
a mulher para internar…
Feito o exame, ela saiu,
e ele teve que ficar!…
* *
Ao se banhar num riacho,
distraída, minha prima
lembrou da peça de baixo
quando tirava a de cima ….
* *
Aos Teus pés eu me ajoelho,
erguendo graças Senhor!
- Quem me dera ser espelho
para a Luz do Teu Amor!
**
Ao ver o frango fugindo
de um outro, num pega-pega,
diz a galinha: Que lindo!
- E o pato: "Tem mãe que é cega"!...
* *
Após batida no morro,
indaga o Zé, com malícia:
-A quem eu peço socorro,
ao ladrão ou a polícia?
* *
Aproveita, criançada,
o tempo, alegre, ligeiro,
que da a uma simples calçada
dimensões do mundo inteiro!
* *
A saudade é tão travessa
que ninguém pode esquecê-la
e a cortina mais espessa
jamais consegue esquecê-la!
* *
Às vezes, num recomeço,
há tal vontade de amar,
que se paga qualquer preço
que a vida queira cobrar!...
* *
A vida é romance breve,
de mistério, onde, com arte,
sem saber, a gente escreve
somente a primeira parte!...
* *
A violência e outras formas
de opressão, mesmo discretas,
não conseguem ditar normas
aos corações dos poetas!
* *
Brasília, o cinquentenário
daquela visão futura
dos sonhos de um visionário
e um gênio da arquitetura!
* *
Cama nova, ele sem pressa
ante a noivinha assustada,
quer examinar a peça
julgando já ser usada!…
* *
Chegaste a sorrir, brejeira,
depois da tarde sem fim…
E, nunca uma noite inteira
foi tão curta para mim!…
* *
Compensando o meu desgosto
por longos dias tristonhos,
à noite eu vejo teu rosto
no espelho azul dos meus sonhos.
* *
Computador... celular...
tudo a ela é oferecido...
- Só lhe falta programar
um robô para marido!...
* *
Contemplo o céu para vê-las
com um respeito profundo,
pois na raiz das estrelas
eu vejo o dono do mundo.
* *
“Dá-me um tempo, ela me disse,
ante o apelo que lhe fiz...
- Agora chega à velhice,
sem tempo de ser feliz!
* *
Dando um susto na mulher,
chega em casa bem cedinho...
- Nem imagina sequer
o susto de seu vizinho!
* *
Dê carona ao seu vizinho!”
E a Zezé, colaborando,
vai seguindo o meu caminho
e me dá de vez em quando!…
* *
Deixando os homens aflitos,
a mulher, por timidez,
faz mistérios infinitos,
quando responde talvez!...
* *
Dela não quero mais nada...
- Tranquei a porta e o portão...
- E a saudade, mais ousada,
alojou-se em meu porão!...
* *
Depois do sonho desfeito,
louvo o porvir que, risonho,
não me recusa o direito
de escolher um novo sonho!
* *
Depois que tudo termina,
na indiferença ou na dor,
nenhum farol ilumina
o naufrágio de um amor...
* *
Disfarçando teu perfume,
mudaste até de fragrância,
mas, nas cartas, teu ciúme
eu sinto a longa distância!
* *
Diz, em segredo, na venda:
"O meu marido acabou!..."
- E houve uma briga tremenda:
a vizinha concordou!...
* *
D. João VI cria a antiga
Vila do Morro Queimado!...
- E a Nova Friburgo liga
seu presente ao seu passado!..
* *
Do energético sapeca,
tirou a prova e deu fé...
- Com dois pingos na careca,
ficou de cabelo em pé!...
* *
Duzentos anos passados...
mas a História permanece!
- Naqueles morros queimados
Nova Friburgo, hoje, cresce!
* *
É força que vem comigo
e no tempo não se esvai:
– Sempre que eu falo de amigo
eu me lembro de meu pai!
* *
Ei, garçom, veja o meu prato!
Tem dois cabelos na beira...
- Por um P.F. barato,
quer ver toda a cabeleira?
* *
Ela é mulher de vanguarda,
motorista de primeira
que ouvindo o apito do guarda,
já vai mostrando a carteira!
* *
Ele pede economia
e ela encontra seu caminho,
poupando sua energia
com o “gato” do vizinho!
* *
Embora livre, sozinho,
não conheço liberdade...
- Fui presa do teu carinho,
hoje estou preso à saudade!...
* *
Em nosso encontro, em segredo,
a vida nos foi covarde:
- Fui eu que cheguei mais cedo,
ou você que chegou tarde?...
* *
Em problemas envolvida,
por um beco se meteu,
que não tinha nem saída,
e, mesmo assim, se perdeu! …
* *
Em seus comícios, nas praças,
o casal cria alvoroços:
- Vai ele inflamando as massas!
- Vai ela inflamando os moços…
* *
Em tudo o que já vivi,
nessa passagem terrena,
se um pecado eu cometi
com ela, valeu a pena!…
* *
É noite... a porteira range
no rancho, à beira da estrada
e o luar, saudoso, tange
os clarões da madrugada!
* *
Enquanto um velho comenta
sobre a vida: -”Ah! Se eu soubesse…”
um outro vem e acrescenta
já descrente: -”Ah! Se eu pudesse…”
* *
Entre esperas e procuras,
encontros e despedidas,
somadas, nossas loucuras
dão mais vidas as nossas vidas!...
* *
Entre os livros, esquecida,
na estante bem arrumada
e contém toda uma vida
essa carta amarelada!
* *
Eu... você... nossa lembrança
de um grande amor, puro, terno,
que um capricho da esperança
simulou que fosse eterno!..
* *
Eu finjo que estou contente…
Ela finge que está triste…
– No canto do amor, a gente
desafina… mas resiste!…
* *
Eu tenho pressa, é verdade,
pois este amor me arrebata...
E se eu não mato a saudade,
a saudade é que me mata!
* *
Foi um erro, reconheço,
o nosso medo de amar...
- E hoje pagamos o preço
por nosso medo de errar!...
* *
Foi um gesto de nobreza,
nas lides duras e bravas:
mãos livres de uma princesa
libertando mãos escravas!...
* *
Foram tais os meus pesares
quando, em silêncio partiste,
que, afinal, se tu voltares,
talvez me tornes mais triste…
* *
Foste embora... e, amargurado,
sufoquei minha revolta
tentando a volta ao passado,
mas o passado não volta!...
* *
Foste embora... e, por encanto,
vejo, no amor que alucina,
teu sorriso em cada canto
e teu vulto em cada esquina!
* *
Hei de vencer esta sina
que num capricho qualquer,
me fez amar-te menina
depois negou-me a mulher!…
* *
Mantendo os olhos enxutos,
na dor da tua partida,
eu sufoquei, por minutos,
o pranto de toda a vida.
* *
Manténs o mesmo calor,
com tal graça e timidez,
que, em cada noite de amor,
eu sinto a primeira vez!...
* *
Mesmo nos dias tristonhos
que a vida insiste em nos dar,
liberdade é perder sonhos,
sem desistir de sonhar!
* *
Minha dor foi mais intensa,
ao ver, no adeus, na incerteza:
eu, fingindo indiferença...
você, fingindo tristeza!...
* *
Minha magoa e desencanto
foi ver, no adeus, indeciso:
- Eu disfarçando o meu pranto…
- Tu disfarçando um sorriso…
* *
Minha sogra, no antiquário,
não ouvindo meu conselho,
abriu a porta do armário
levando um susto no espelho!
* *
Muitas mulheres vieram,
mas... um capricho infeliz
deu-lhe todas que o quiseram
e jamais a que ele quis!...
* *
Muitas vezes nesta vida,
a origem de muita zanga
é uma mulher bem vestida
deixando os homens "de tanga"...          
* *
Na angústia vejo, indeciso,
no amor que me desespera,
que o prêmio do teu sorriso
vale o castigo da espera!
* *
Na ansiedade das demoras,
quando chegas e me encantas,
mesmo sendo às tantas horas,
as horas já não são tantas…
* *
Na briga, há pratos voando,
quebradas mesa e cadeira,
mas, vendo a sogra chegando,
diz que tudo é brincadeira.
* *
Na casa do faroleiro
esta ironia ferina:
Lá fora o imenso luzeiro...
- e dentro,uma lamparina.
* *
"Não conto mais com você!..."             
- Diz a mulher, lá da sala.
"Se no verão não se vê,
no inverno, então, nem se fala !..."
* *
Não gastando o celular,
o “pão duro”, em seus intentos,
querendo economizar,
só liga o 0800...
* *
Não me importa o beijo às pressas,
em meio às brigas e às pazes,
pois eu vivo das promessas
que mentindo tu me fazes...
* *
Não reclamo do desgosto,
nem faço queixas a esmo...
Esta máscara em meu rosto
também engana a mim mesmo...
* *
Não sei como não soubeste
mas o amor veio, infeliz…
Eu te quis, tu me quiseste,
mas o Destino não quis…
* *
Não sendo um homem moderno,
meu pecado e insensatez
foi jurar amor eterno
e amar somente uma vez!…
* *
Não vens... na casa fechada,
a saudade, em horas mortas,
nunca espera na calçada:
- Se esgueira através das portas.
* *
Na pensão da "dona" Estela,
há curiosos pensionistas:
Tem um dentista "banguela"
e gordos nutricionistas !...
* *
Na pensão junto ao quartel,
visitas, sem distinção,
do recruta ao coronel,
comem do mesmo feijão!...
* *
Naquele hotel de terceira,
que a policia já fechou,
a Maria arrumadeira
muitas vezes se arrumou!
* *
Nas buscas que o homem faz,
sem sucesso, andando a esmo,
se busca encontrar a paz,
tem que encontrar-se a si mesmo...
* *
Nas lojas sempre envolvido,
não tem crédito jamais…
- ou por ser desconhecido,
ou conhecido demais !…
* *
Na vida, a bem da verdade,
quando se trata de amor,
loucura não tem idade,
sexo, raça, credo ou cor!...
* *
Na vida, em toscos degraus,
entre tropeços a sustos,
mais que a revolta dos maus,
temo a revolta dos justos!
* *
Na vida, lutar, correr,
não me cansa tanto assim…
O que me cansa é saber
que estás cansada de mim!
* *
Nessa paixão que me assalta,
misto de encanto e de dor,
quanto mais você me falta
mais aumenta o meu amor!…
* *
No abandono que o consome,
é quase um mito o menino
que, na rua, não tem nome,
não tem lar, não tem destino!...
* *
No amor, um leve queixume
não é mal, se a gente pensa
que onde nos falta o ciúme...
é que sobra a indiferença!...
* *
No hospício, foi grande o susto,
quando o Zé, no "elevador,"
procurava, a todo custo,
o botão do "baixa dor"!...
* *
No palco, o adeus indeciso ...
e o cenário, um desencanto ...
- Se era falso meu sorriso,
era mais falso teu pranto!...
* *
Nosso amor se eleva ao cume,
naquela poesia infinda
da pontinha de ciúme
que você conserva ainda!
* *
Nosso Príncipe comprova,
pois é dele a grande glória,
que o mundo novo da Trova
também faz parte da História!...
* *
Nosso rancho abandonado,
você, a rede, o luar,
são lembranças de um passado
que não deseja passar!
* *
Nossos afagos exalto,
sem ritos ou convenções,
pois sempre falam mais alto
do que mil declarações!
* *
Nosso sonho deu em nada,
mas nosso amor ergue a voz,
em busca de outra alvorada
que vive dentro de nós!
* *
Nosso encontro …O beijo a medo…
A caricia fugidia…
Nosso amor era segredo,
mas todo mundo sabia…
* *
No "terreiro" ela, com pressa,
Já querendo "se arrumar"
diz que o "santo" é mole à beça...
- Sobe muito devagar!...
* *
Numa ronda de rotina,
busco o amor, rompendo espaços,
mas, quando a busca termina,
eu sempre estou nos teus braços...
* *
O amor deve ser lembrado
sem mágoas, sem dissabor.
Pondo algemas no passado,
não se prende um grande amor!
* *
O amor tem tantos arranjos,
nos feitiços que quiser,
que nos parecem dos anjos
os sorrisos da mulher!...
* *
Ouvindo tuas propostas,
com muito amor, de mãos juntas
eu, que fui buscar respostas,
voltei cheio de perguntas!...
* *
Para aquecer sua vida,
ela tem, sempre à noitinha,
além da boa batida,
canja quente da vizinha!
* *
Para quem tudo é bonito
se a própria mesa está cheia,
chega quase a ser um mito
saciar a fome alheia!...
* *
Para um jantar convidada
por nudistas assumidos,
“pagou mico” indo pelada,
pois todos foram vestidos!...
* *
Passa a nudista na praia
e o guarda, apito na mão,
leva a mais sonora vaia,  
ao cobrir sua "infração"!
* *
Passa o tempo... e eu vivo aqui,
sozinho, em noites de tédio...
- E ainda dizem por aí
que o tempo é o melhor remédio!...
* *
Passei muita noite insone,
ante a voz, macia e bela...
- Quase quebro o telefone
quando vejo a cara dela!
* *
Pelo "saudoso", intrigada,
já suspendeu sua prece...
- É no quarto da empregada
que seu fantasma aparece!...
* *
Perdi, de todo, a alegria,
quando percebi, tristonho,
que em teu amor não cabia
a ousadia do meu sonho!
* *
Por você sigo a jornada...
e o caminho é sonho, é mito!...
- Que importa se é longa a estrada?...
- Também meu sonho é infinito!...
* *
Provando em definitivo
que o Brasil é de outros mundos,
há muito “fantasma” vivo
passando cheques sem fundos…
* *
Quando a fé nos ilumina,
mesmo nas horas mais turvas,
as ruas não têm esquina
e as estradas não têm curvas!
* *
Quando nada mais nos resta,
já bem no fim da descida,
a saudade é fim de festa
do que foi festa na vida!
* *
Quase ao fim dos nossos prazos,
nosso céu tem luz ainda...
Juntando os nossos ocasos,
a noite será mais linda!...
* *
Quem se veste de esperança
vive de alma agradecida,
quando, todo dia, alcança
o grande prêmio da vida!
* *
Quem tem fé não sente medo
e enfrenta as ondas do mar,
pois sempre vê, num rochedo,
alguma estrela a brilhar!
* *
Seja doce a minha sina
e, num porvir de esplendor,
nunca transforme em rotina
os nossos beijos de amor…
* *
Sê, meu filho, um destemido,
pois, na vida, cedo ou tarde,
mais vale a dor do vencido
do que o pranto do covarde!
* *
Sem preconceitos escravos,
nesta vida, sem alardes,
tanto há prudência nos bravos
como ousadia em covardes!...
* *
Sempre tendo muita pressa,
ao morrer, a sogra é assim:
- chega onde a fila começa...
e, depressa, volta ao fim!...
* *
Sem você, meu rumo é incerto
aumentando a solidão...
E penso estar num deserto
no meio da multidão!
* *
Sem você, minha rotina
é aguardar o fim do dia,
quando a noite abre a cortina
para a sessão nostalgia!...
* *
Seu feitiço me seduz
e alcança tal dimensão,
que eu consigo ver a luz,
mesmo em plena escuridão!.
* *
Sob um arbusto na praça,
o casal fez seu retiro,
mas, quando a polícia passa,
não se ouve nem um suspiro!
* *
Soube o marido da Aurora,
ela não sabe por quem,
que o vizinho dorme fora,
quando ele dorme também…-”
* *
Sua voz não foi ouvida,
dando-me adeus, só porque,
as vozes da minha vida,
falam-me sempre em você.
* *
Tamanha angústia me invade
ao lembrar que te beijei,
que chego a sentir saudade
dos beijos que não te dei.
* *
Tendo você ao meu lado,
tudo esqueço e sigo em frente...
- Que me importa seu passado,
se você faz meu presente?...
* *
Ter pressa não é pecado,
mas pode ter alto custo...
Um julgamento apressado
muitas vezes não é justo!
* *
Toda a receita anda pasma,
sem achar explicação...
- Tem funcionário fantasma
que recebe até serão!...
* *
Toda noite sai “na marra”,
Dizendo à mulher: -”Não Torra!”
Se na rua vai a farra,
em casa ela vai à forra!…
* *
Um Deputado ao rogar
ao Senhor, em suas preces,
pede que o verbo “caçar”
não se escreva com dois esses!…
* *
Um longo teste ela fez
de cantora, com requinte…
Cantou somente uma vez,
mas foi cantada umas vinte!…
* *
Vendo a viúva a chorar,
muito linda, em seu cantinho,
todos queriam levar
a “coroa” do vizinho…
* *
Vamos brincar de mãos dadas,
crianças pretas e brancas!…
O sol de nossas calçadas
não tem porteiras nem trancas!
* *
Velhote, "cabra da peste"
diz que, quando dá saudade,
toma o remédio, faz teste,
mas fica só na vontade!...
* *
Veja o mico que eu paguei:
na tentação, no desvio,
de uma garota escutei
a ducha fria: “Oi, titio”!...
* *
Vejo a onda pequenina
que, às vezes, rude, se alteia,
mas, afina, feminina,
morre de amores na areia!...
* *
Vejo em minhas fantasias,
em Friburgo, pelas ruas,
mil sois enfeitando os dias
e, à noite, a luz de mil luas.
* *
Vem amor, vem por quem és!
Pois já tens, em sonhos vãos,
minhas noites a teus pés,
meus dias em tuas mãos!…
* *
Vendo a viuva a chorar,
muito linda, em seu cantinho,
todos queriam levar
a “coroa” do vizinho…
* *
Vendo uma bruxa eu me oculto
tentando esconder-me dela...
Pior foi ver outro vulto:
-Minha sogra na janela!
* *
Você jura... e recomeça
nas ilusões que desfez...
- e a cada nova promessa
meu amor nasce outra vez!...

Fonte:
Trova Brasil n.10

Rodolpho Abbud (1926)

Rodolpho Abbud nasceu em Nova Friburgo/RJ, em 21 de outubro de 1926; filho de Dona Ana Jankowsky Abbud e de Ralim Abbud.

Radialista, Locutor Esportivo, Poeta e Trovador, foi sempre muito bom em tudo aquilo que fez ou faz. Contam até que, certa vez, transmitindo um jogo do Friburguense, teve a sua visão do campo totalmente coberta pelos torcedores. Sem perder a calma, e com sua habitual presença de espirito, continuou a transmissão assim: – “Se o Friburguense mantém a sua formação habitual, a bola deve estar com o zagueiro central, no bico esquerdo da área grande…”

Tem um livro de Trovas intitulado: “Cantigas que vêm da Montanha”, e, recebeu, com inteira justiça e por voto unânime de todos os Trovadores que ostentam essa honra, o titulo de “Magnífico Trovador”.

São poucos os pioneiros da trova em plena atividade. Entre eles, com especial destaque figura Rodolpho Abbud, o grande e querido apóstolo da trova de Nova Friburgo. Ele entrou na alegre tribo dos trovadores em 1960, com aquele vozeirão inconfundível, como repórter de rádio, entrevistando os participantes dos I Jogos Florais na Rádio Sociedade de Friburgo. Gostou tanto, que virou trovador também.

Quase meio século depois, super-jovem em seus 82 anos, o mestre Rodolpho Abbud continua brilhando não só como criador de primorosos versos, mas também como um dos mais importantes líderes nacionais da União Brasileira de Trovadores (UBT). A importância de Rodolpho Abbud vai muito além das fronteiras da cidade.

Premiado em centenas de concursos, Rodolpho é autor de milhares de trovas memoráveis. Entre outros títulos, ostenta o de Magnífico Trovador Honoris Causa, que lhe foi atribuído por ocasião dos 40ºs Jogos Florais de Nova Friburgo. Ele faz parte da geração de trovadores surgidos com o lançamento dos I Jogos Florais. Trata-se do trovador mais antigo da cidade e a prova está em sua carteira de trovador, que ostenta o número 1.

Rodolpho explica aos que não são versados nesta arte que trovas são pequenos poemas de quatro versos, de sete sílabas poéticas, isto é, com o som de sete sílabas – o primeiro rimando com o terceiro e o segundo com o quarto. Ele aprendeu rapidamente os segredos do estilo poético característico da trova recriado por J. G. de Araújo Jorge e Luiz Otávio.

Quando teve início o movimento trovadoresco em Nova Friburgo, Rodolpho trabalhava como comentarista de futebol na Rádio Sociedade de Friburgo e ainda não tinha descoberto que sabia fazer trovas. Mas desde pequeno gostava de fazer quadrinhas. Na infância as crianças aprendiam na cartilha algumas rimas básicas, que davam origem a quadras como uma que Rodolpho jamais esqueceu:

Joãozinho é cabeçudo
mas tem belo coração
é dedicado ao estudo
e sabe sempre a lição”.


Por alguma razão Rodolpho sempre se identificou com o estilo e, mesmo sem saber, já fazia trovas, que costumava chamar de quadrinha, assim no diminutivo mesmo. Naquela época, porém, bastava rimar o primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto. Rodolpho acha até graça, porque já naquela época faturou cem mil réis num concurso da Rádio Nacional, com uma de suas primeiras trovas, em 1950.

“Foi numa festa junina
que eu vi a Rita sapeca
A cabocla era bonita
Parecia uma boneca”.


Levou um bom tempo para os trovadores, inclusive o próprio Rodolpho Abbud, incorporar a expressão trova – que vem do francês trouver, isto é, procurar, achar. Chamavam aqueles pequenos poemas de quatro sílabas de quadra, quadrinha ou trovinha, menos de trova. Um dia Luiz Otávio até chamou a atenção do J. G. de Araújo Jorge, quando este lhe contou que tinha feito uma trovinha: “Que trovinha o quê, José Guilherme, isso aí se chama trova, não é trovinha nem trovão, é trova”.  “Acho que eu sei fazer este negócio aí”
 
Rodolpho Abbud já criou mais de cinco mil trovas. Infelizmente, boa parte delas se perdeu e seu acervo conta apenas com as trovas premiadas nos concursos de que participa em todo o Brasil. A sorte é que o mais respeitado trovador da cidade e um dos maiores do país é um colecionador de prêmios, já perdeu a conta do número de troféus e diplomas que já conquistou.

Sua facilidade para criar trovas impressiona até seus colegas trovadores. Todas, diga-se de passagem, dignas de figurar em qualquer antologia. “Com qualquer assunto se faz uma trova”, explica, modesto, tentando explicar os segredos desta arte. Ele acredita em inspiração, tanto que carrega sempre papel e caneta no bolso para anotar as ideias que vão surgindo em sua cabeça.

Hoje em dia uma das atividades que mais gratificam o velho trovador é ensinar a fazer trovas. Ele e seus colegas trovadores já visitaram muitas escolas, transmitindo às crianças e jovens os conceitos básicos que permitem criar trovas capazes de fazer bonito em qualquer concurso. Já estiveram no Ienf, na Escola Canadá, no Ciep Glauber Rocha, na Universidade Candido Mendes. Até na Clínica Santa Lúcia eles já estiveram.

Junto com seus companheiros da UBT, Rodolpho mantém há 50 anos um programa radiofônico pela Rádio Friburgo AM focalizando o movimento trovadoresco de Nova Friburgo e de todo o Brasil. O programa, transmitido todo sábado, às 20h, é o mais antigo do Brasil e seu slogan diz assim:

“É poesia sempre nova
cultivada com amor.
Se você gosta de trova
pode ser um trovador”.


Solidão? Rodolpho diz que não sabe o que é. Junto com seus amigos trovadores, viaja o Brasil inteiro, sendo sempre recebido com festa e toda a hospitalidade pelos companheiros das outras cidades. As viagens são uma verdadeira festa, com todo mundo brincando e fazendo trovas dentro do ônibus.

Depois de trabalhar 42 anos na Fábrica de Filó, todo mundo pensava que ele fosse ficar deprimido quando se aposentasse. Que nada! Voltou a narrar partidas de futebol, depois mergulhou na trova.

Rodolpho é pai de Luiz Carlos, Suely e Rosane, de seu primeiro casamento. Casado pela segunda vez há 50 anos com a doce Cyrléa Neves, eles são pais do conhecido percussionista Rocyr e da não menos conhecida Rivana, do Bar América.

Friburguense da gema, passou a infância na Rua Oliveira Botelho, até o 5º ano primário estudou com dona Helena Coutinho, que tinha uma escola na Rua São João. Fez o ginasial no Colégio Modelo e depois foi aluno do professor Luiz Gonzaga Malheiros.

Do que sente mais saudades da Nova Friburgo de antigamente? Rodolpho Abbud não pensa um segundo antes de responder. “Da Fonte do Suspiro”, responde de imediato e, subitamente, se emociona, chegando a ficar com lágrimas nos olhos. Mas, como os homens de sua geração não choram, trata logo de mudar de assunto. “Ah, sinto muita saudade também do footing da praça, com os rapazes parados como se estivessem num corredor e as moças passeando de um lado para o outro”, conta.

Maluco por futebol, Rodolpho pertence ao quadro de beneméritos do Friburgo Futebol Clube e, no Rio, é tricolor de coração. Fez até uma trova para seu time:

“É paixão que longe vai
na força do coração:
– Tricolor era meu pai
filhos, netos também são”.


Rodolpho e Cyrléa: 50 anos de amor e dedicação à trova

Fonte:
UBT São Paulo (http://www.recantodasletras.com.br/biografias/3061472)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Alberto Bresciani (1961)

Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira (Rio de Janeiro, 4.7.1961) é ministro do Tribunal Superior do Trabalho. Ministro é o cargo. O trabalho é ser juiz, aliás, um trabalhão que o põe diante de milhares de processos e que, somado a uma severa autocrítica, não lhe deixa brechas para pensar em algum dia poder publicar poesias. E poesia para ele é uma das vias de salvação. 

No entanto, Bresciani viveu mais de vinte anos anos sem a revelar, até ir para o TST e lá encontrar um grupo de juízas e juízes que a cultuavam. Juntos, passaram a pesquisar os poetas clássicos e os contemporâneos, chegaram à poesia portuguesa e fizeram amizade com nomes de expressão e talento, de lá e de cá – ele conta. Pois, quem vê cargo nem sempre vislumbra o ser humano, ou o poeta, sensível que se que se esconde sob a toga, afogado na responsabilidade que o trabalho austero lhe exige.

Embora escreva e se sinta envolvido com a poesia há bastante tempo, Bresciani publicou seu livro de estreia, Incompleto Movimento, somente em 2011, quando completou 50 anos. Autor de poemas curtos e frases parcimoniosas, o poeta parece perseguir a essência do que pretende exprimir.

O que se encontra em Incompleto Movimento é uma poesia de perquirição do avesso das coisas. “Só o que destila / por trás do que me é oculto / se esconde à vista // É grampo no avesso / ― até a secreção” (Reinvenção). Para essa tarefa de levantar véus e tentar expor à luz o lado obscuro de nossos passos e vivências, o poeta se arma com a curiosidade e a obstinação de um microbiologista.

Essa observação minuciosa está em cada um dos poemas. Até mesmo num poema levemente erótico, percebe-se o silêncio e, num crescendo, “o pressentimento / o pacto e o voo” (Harmonização). É sempre a sutileza, o cisco, o grão de pó, a nota breve e leve, quase inaudível para ouvidos menos atentos e afinados.

Essa característica domina a maioria dos poemas enfeixados no livro de Bresciani. As indagações existenciais percorrem a mesma pauta, sempre em tom menor: “Somos ficção / Simulamos o invisível / e a imagem / no reflexo / do espelho”.

A poesia de Alberto Bresciani não é de leitura fácil nem de comunicação imediata. Exige certa disposição do leitor para debruçar-se sobre o texto. Os apressados, os que procuram extrair efeitos explosivos e imediatos, talvez se cansem antes de alcançar o nível das sutilezas.

Fontes:
Carlos Machado in poesia.net. www.algumapoesia.com.br
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/alberto_bresciani.html

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Daisy Melo (Uma Amizade Tão Delicada...)

Seus dias eram sempre os mesmos. Acordava na mesma hora quando o sol ainda não nascera e tampouco a lua caíra do horizonte. Tomava o café, saía de casa às sete e até pegava a tal condução que era dirigida pelo mesmo motorista. Trabalhava sempre igual, mecanicamente, todos os dias, até que chegava a hora de ir embora. Para fazer o quê? Comer o jantar congelado, assistir aquela novela de sempre que de nova só tinha o título, o programa de entrevista que usava a mesma fórmula tarimbada de sucesso e, finalmente, dormir na sua cama, a mesma, há tanto tempo.

Mas ela tinha que sair do trabalho e voltar para casa, então, descia a rua, olhando as casas, considerando se naqueles jardins teria nascido alguma flor que, então, faria sua vida ter um quê de diferença.

Naquele dia, enquanto contava as rosas do jardim da casa amarela, aquela com o pé direito alto e as janelas cremes sempre cerradas, a mulher o encontrou parado na esquina em frente à meia água mirrada onde plantada há uma romãzeira em flor.

Ele observava a mulher com nítido interesse, com uma certa curiosidade nos olhos castanhos. Ela tentou não demonstrar, mas sobressaltou-se. Não podia revelar que estava com medo. Sempre soube que eles percebem quando estamos com medo e aí atacam. Mas o coração batia descompassado e, apesar de mudo dentro do peito, ouvia-o nas têmporas. Respirou fundo, passou com ar de quem não estava nem aí, enquanto ele permaneceu sentado. Apenas os olhos a seguiam — será que percebeu um ar irônico?— e, quando a mulher sentiu-se segura, deu uma olhadela de soslaio e ele continuava lá, parado. Um Vira-latas com focinho e pernas amarelas, dorso e cauda negra, peluda, parecendo um ponto de interrogação. Tinha um porte médio e um certo jeitão de cachorro que sabe o que quer da vida.

A mulher esqueceu-se do acontecido durante toda a noite e durante o dia seguinte, até que ao sair novamente do trabalho, topou com ele, de novo, na mesma esquina. Olhava-a curioso, com a cauda movimentando-se lentamente de um lado para o outro. Fingindo não sentir medo, e tentando não correr, passou por ele tesa e, dessa vez o cachorro moveu-se e pôs-se a segui-la. “Ai, droga! O que será que ele quer de mim? Não tenho comida e nem ao menos gosto de cachorros!” Parecendo ler seus pensamentos, ele estancou com um ar decepcionado. E ficou ali até que, a mulher, um pouco surpresa, virou a esquina com pressa. Mas, no dia seguinte...

Lá estava ele parado no mesmo lugar! Ora, ela começou a ficar intrigada quando o cachorro a seguiu novamente, porém guardando uma distância respeitosa, tentando com certeza, não assustá-la. “Acho que estou ficando louca, pensou a mulher, como ele pode estar tentando não me assustar?”

E assim foi no dia seguinte e no outro e nos outros que se seguiram. O cachorro esperava a mulher na esquina. Ela não afagava sua cabeça e ele não abanava a cauda. Apenas a seguia, até que, ao chegar no ponto do ônibus, ele a esperava subir na condução que a levaria para casa.

Era um cachorro diferente, concluiu a mulher. Nada pedia. Nem comida, nem afagos. Queria somente a sua companhia naquele breve trajeto. Ia satisfeito, caminhando ao seu lado e só retornava quando tinha certeza que ela havia entrado no ônibus. Uma vez a mulher saltou um ponto adiante e voltou correndo para descobrir aonde o cachorro ia. E encontrou-o parado no mesmo lugar. Não se mexera. Como se soubesse de antemão as suas intenções. Muito estranho... sentia-se como em um episódio do além da imaginação. Ou será que é pegadinha? É pegadinha, só pode ser, concordou olhando discretamente para os lados para ver se encontrava a câmera. Ela nunca achou a câmera escondida...mas o cachorro, esse estava lá, sempre, todos os dias, na esquina, em frente a romãzeira que perdeu as flores e ganhou frutos. E seus olhos brilhavam quando via a mulher. Era como uma espécie de dever: esperar e proteger. Porque é assim que ela se sentia: protegida. Mas por quê? Construía mil fantasias: era um extraterrestre. Estava numa missão importante: estudar os terráqueos, e entender como podiam sobreviver com suas vidas solitárias, com suas mesmices e desilusões. Só podia ser...

O importante é que a mulher passou a colorir seus dias com um tom outro que não o cinza. E quando pensava no cachorro, com seu jeito manso e nobre de cachorro velho e sábio, com aquele sorriso discreto no focinho repleto de pêlos brancos, a mulher iluminava-se, seu coração pulsava de um jeito diferente e ela arriscava-se a trautear uma melodia há muito esquecida que a fazia lembrar de pique, de roda, amarelinha e cama de gatos.

E a romãzeira perdeu os frutos. Suas sementes serviram para fazer amuletos de boa sorte no dia de Reis e o cachorro estava sempre lá. E esperava.

Fontes:
Projeto releituras
Imagem = http://mundodosgatinhosgatos.blogspot.com

sexta-feira, 8 de março de 2013

Machado de Assis (As Ventoinhas)

Pintura de Richard Johnson
Brasil, 1839-1908

 A mulher é um catavento,
          Vai ao vento,
Vai ao vento que soprar;
Como vai também ao vento
          Turbulento,
Turbulento e incerto o mar.

Sopra o sul: a ventoinha
          Volta azinha,
Volta azinha para o sul;
Vem taful; a cabecinha
          Volta azinha,
Volta azinha ao meu taful.

Quem lhe puser confiança,
          De esperança,
De esperança mal está;
Nem desta sorte a esperança
          Confiança,
Confiança nos dará.

Valera o mesmo na areia
          Rija ameia,
Rija ameia construir;
Chega o mar a vai a ameia
          Com a areia,
Com a areia confundir.

Ouço dizer de umas fadas
          Que abraçadas,
Que abraçadas como irmãs
Caçam almas descuidadas...
          Ah que fadas!
Ah que fadas tão vilãs!

Pois, como essas das baladas,
          Umas fadas,
Umas fadas dentre nós,
Caçam, como nas baladas;
          E são fadas,
E são fadas de alma e voz.

É que — como o catavento,
          Vão ao vento,
Vão ao vento que lhes der;
Cedem três coisas ao vento:
          Catavento,
Catavento, água e mulher.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Rogério Miranda (Poesias Avulsas)


RITUAL SIMBOLICO

Memórias ancestrais, 
que vivem no coração 
da terra, 
de um existência 
multidimensional, 
onde sonhos, 
conhecem um mundo
mágico e sagrado
de uma viajem
pelo tempo...

No ritual simbólico
das arvores, 
todos vestidos 
de lua, dançam a sua volta
abraçando-te 
nesta comunhão
com a natureza...

Quando bebemos 
da fonte natural, 
da sabedoria, 
reencontramos
a origem de nossa 
existência, 
reconstruímos
nossa identidade. 
Para sonharmos
com a realidade
do sagrado, 
desejo de 
nossas almas...

quando tomamos
banho de estrelas, 
conhecemos,
o mistério da felicidade
se unindo com a realidade
da liberdade, 
que o alimento do amor.…

TEMPLO DA SABEDORIA

Fazemos de nossas vidas, 
o que pensamos,
 esquecemos do amor, 
para usufruir
da ilusão de um mundo, 
onde a competição
nos afasta 
dos momentos sagrados
 da paz de dentro de nós...

Procuramos, 
no vazio da humanidade
algo que não encontramos, 
nos tornamos 
escravos do desamor 
e da impunidade, 
deixando esquecida uma vida
que tem o poder sagrado da fé..

Vivemos sob o domínio do medo,
temos ações que nos fazem
parar no tempo, 
esquecemos de evoluir, 
pela falta de amor, 
mas aquele AMOR
que nasce de uma 
força de dentro de  nós...

Podemos viver 
como ensinou
o Mestre dos Mestres, 
mas muitas vezes
tomamos decisões egoístas
 que além de magoar, 
nos fere
com o entusiasmo
do impulso...

Somos o templo 
da sabedoria, 
temos o mundo
para caminhar, 
mas teimamos
em ficar presos
em nossos sonhos, 
esquecendo de agradecer 
a Deus, 
pelo milagre do amanhecer…

POETAS DO MUNDO

Somos cavaleiros da paz,
andarilhos do amor, 
em busca do cálice sagrado
da eternidade de nossa alma, 
vivemos em harmonia com 
ciclo da natureza, 
voltaremos de onde saímos, 
para renascer nos braços da vida... 

Somos parte do futuro, 
que no quebra cabeça do
passado, faz da vida 
uma poesia do presente, 
rimando cada dia com
a força da paz ...

O poder de nossas poesias, 
se espalham pelo mundo
semeando a paz, 
para despertar
a esperança dos sonhos, 
que circulam pelo
destino a procura 
de uma pousada...

Temos a missão, 
de cultuar a paz, 
espalhando o amor
em cada palavra,
nossa espada, é a caneta
e nosso escudo
um papel em branco...

Cavaleiros da paz,
andarilhos do amor,
vamos avançar, 
distribuindo esperanças, 
nossas poesias tem, 
que estar no meio da humanidade, 
colhendo emoções.

Temos o poder dos poemas
para ensinar, louvar a Deus 
nossa intuição vem da alma, 
e o mundo esta precisando
do amor de nossa poesia…

A LAGRIMA DO POETA 

A lagrima do poeta, 
lamenta a saudade do silencio
que esqueceu no tempo, 
um poema para o amor 
que foi uma pagina em branco.

Quando uma lagrima escorre,
o poeta molha a ponta de sua 
caneta para escrever um 
poema que vai ser uma 
oração sagrada para alma.

Quando o poeta não encontra
tempo para chorar,ele guarda 
as lágrimas, deixando ela 
pingar nos versos
que relembra uma paixão 
que enganou o amor.

O sonho do poeta 
é ver a humanidade
regando as flores 
com suas lagrimas.
e colher as pétalas,
para fazer um tapete 
para quando Jesus voltar.

O mundo é um sonho
para o poeta , e as lagrimas 
o sentimento de sua poesia
que deixa em cada verso
o encontro da paz com o amor.

A musa do poeta, brilha 
na face de Nossa Senhora,
quando de seu olhar brotam
o sagrado amor,fazendo de suas
lagrimas a esperança de
seus filhos.

Quando o amor se despede,
a lagrima é a lembrança,
que encontra na alma o conforto
de uma poesia.

Essas gotas que foram abençoadas
pelos anjos, se tornou 
a primeira do poeta, 
que a sós com Deus 
libera suas emoções 
em um poema.

Sem lagrimas,
a vida sentiria falta
da emoção e não conheceria
o poema que a alma 
escreveu para Mãe de Deus.

MANIFESTO

O mundo esta precisando
de conhecer a força da poesia,
e a paz que ela carrega
em seus versos dando esperança
 para o conforto da alma.

Poetas do mundo, 
vamos nos unir,
e transforma o mundo
em prosa e versos,
espalhando a paz
de Deus, que criou 
o primeiro poema.

A humanidade precisa 
precisa alimentar 
a alma, 
pois ela esta carregando 
peso da ilusão, 
por não ter a poesia
em sua vida.

A criação de Deus, 
nasceu de um sonho,
e com ela a primeira 
poesia, que esta escrito
nas estrelas.

A paz não se impõe
com lutas e sim com amor, 
ela não precisa de exercito,
pois a paz esta no coração
da humanidade.

O mundo precisa da poesia
para despertar o amor, 
ela tem que ser decretada 
pelos governantes. E devolver
para a humanidade, o planeta
que Deus deixou 
para seus filhos.

A poesia tem o poder 
da conquista, 
sem usar a força, 
ela traz consigo o sonho
do amor.

Viver na paz , 
de uma poesia,
para amanhecer 
entre flores e colibris,
é a vida do poeta 
que sonha em mudar 
o mundo em seus versos.

O coração da poesia,
vive em todos os poetas,
que tem o sonhos de unir
os poetas do mundo, 
e um só coração 
entregar a poesia da paz
para Deus.

PLANTANDO PÉROLAS NAS NUVENS

O dia amanhece no brilho
das nuvens,
que se deslumbra com 
o despertar da vida,
onde colibris ouvem
no bater das asas 
o canto da sabia,
e onde borboletas dançam
em harmonia com flores
que perfumam o céu,
encantando as estrelas
que deixa com os anjos 
a missão de realizar
o sonho de Deus...

No mundo dos sonhos 
onde o poeta acorda 
plantando pérolas nas nuvens
a fantasia da vida encontra 
em um pedaço de papel,
a colheita de pingos
de cristais que descem das nuvens
onde perolas se misturam 
com pétalas, 
para espalharem amor 
em cada verso... 

Quando o sonho viaja 
pelo mundo encantado 
de uma canção,
a alma encontra um anjo
que revela o segredo 
da beleza que cerca
o castelo celestial,
cercado de nuvens
que deixaram um 
buquê de perolas
para o sonho que viveu
um amor e descobriu 
na paz o carinho
dos anjos que se encontram
ao lado de Deus…

Fontes:
http://www.teiadosamigos.com.br/Nossos_Poetas/rogerio.html
www.ligia.tomarchio.nom.br/ligia_amigos_rogeriomiranda.htm
http://www.poetasdelmundo.com/detalle-poetas.php?id=943