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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Dalton Trevisan (Cemitério de Elefantes)

“O que não me contam, eu escuto atrás das portas. O que não sei, adivinho e, com sorte, você adivinha sempre o que, cedo ou tarde, acaba acontecendo.”

Cemitério de Elefantes, de Dalton Trevisan, publicado em 1964, reúne contos do autor, onde coloca em destaque histórias que, de um lado, se passam no contexto rural, com personagens à margem do mundo moderno, refletindo um universo fundado em valores patriarcais, e, de outro, a temática urbana, representada em um de seus contos mais famosos - Uma Vela para Dario - que representa a degradação da morte em um ambiente urbano. Dario passa mal, morre e é roubado sem que ninguém o ajude. A multidão assiste durante horas a sua agonia, movida pela curiosidade, sem um traço de piedade. É um anônimo, assim como a multidão que o cerca.

Dalton Trevisan já se tornou uma figura mítica no círculo literário brasileiro. Ganhador de dois Prêmios Jabuti da Câmara Brasileira do Livro e do Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, que dividiu com Bernardo Carvalho em 2003, não dá entrevistas, não comenta sua obra, não suporta a imprensa, não cede o número de telefone, não se deixa ser fotografado – as poucas imagens em circulação foram tiradas às escondidas, num flagra de seus passeios diários à livraria de um amigo. Tornou-se célebre a história de seu primeiro Jabuti, em 1960, por Novelas nada exemplares, que não foi receber. Sua famigerada obra, Vampiro de Curitiba, de 1965, rendeu-lhe o apelido do título, tal sua excentricidade e enclausuramento. É advogado, dono de uma fábrica de vidros, e um dos melhores contistas brasileiros da atualidade.

O estilo de Trevisan é inconfundível: conciso, simples, direto, sintético; não faz rodeios e diz (exatamente) o que tem de ser dito. Sua produção constitui-se principalmente de contos, mas escreveu romances (alguns do princípio da carreira, hoje renegados pelo autor, que não guarda deles um exemplar sequer, e o único publicado A polaquinha, de 1985) e nos últimos anos sua sinteticidade atingiu o ápice com o haicai, que compõe dois de seus livros. Sua obra já teve traduções para o inglês, espanhol, italiano, alemão, polonês e sueco. A temática é constituída de um intenso realismo urbano, tendo como cenário a cidade de Curitiba, cujos moradores são os protagonistas, em seus momentos mais alarmantes e, ao mesmo tempo, cotidianos. É o cotidiano universalizante, que poderia se passar (e se passa!) em qualquer outro lugar, o cotidiano das relações inter-pessoais, dos choques de temperamentos, dos casamentos mal-sucedidos, dos infernos particulares, do mundo carnívoro. A complexidade dos temas choca-se com a abordagem direta, e a sutileza fica por conta da escolha das palavras ou de uma imagem esclarecedora.

Em Cemitério de Elefantes não é diferente. Olhamos pela fechadura, ao invés de escutar através das paredes. Dalton coloca o leitor dentro da sala de estar de uma família curitibana (ou mais freqüentemente, dentro de seu quarto), e conta os segredos que ficam escondidos dos vizinhos. A cena por vezes se passa em quadros, e a briga de marido e mulher torna-se uma poça de sangue no chão da cozinha num mudar de linha. A esposa que vira prostituta, o morto abandonado na calçada, a casa indiferente a seus moradores moribundos, a mocinha que cai na armadilha indecente do velho, a filha no orfanato decadente, a briga de rua do marido ciumento, entre outras situações indesejavelmente comuns, são vistas de perto, perto demais, pelo leitor de Trevisan. É a desgraça da humanidade aproximada dos olhos, sem intermediários. A obra recebeu o segundo Prêmio Jabuti da carreira do autor, em 1965, e também o Prêmio Fernando Chinaglia.

Nesse mesmo livro, o conto - Cemitério de Elefantes - traz ao leitor um mundo de seres situados à margem do chamado "mundo oficial". Simbolizando a categoria marginal dos personagens, os bêbados vivem à beira do rio e são alimentados pelos pescadores. Um duplo sentido é estabelecido: bêbados e elefantes são a imagem viva do peso, da lentidão, da falta de jeito e, ao mesmo tempo, aceitam resignadamente um destino irrefutável.

Vejamos alguns contos da obra:

Uma vela para Dario

Conto narrado em terceira pessoa. É a estória de Dario, um cidadão comum que passa mal na rua e agoniza.

Vem por uma esquina e encosta-se numa parede. Alguns passantes perguntam se não está bem, mas Dario já não tem forças para responder, escorre pela parede e sua boca se enche de espuma.

Um rapaz o ajuda, desapertando suas roupas, seu cachimbo apaga e Dario rouqueia feio junto às bolhas de espuma que lhe surgem da boca.

As pessoas que passam se acercam da cena e um senhor gordo repete que Dario caíra e deixara cair seu guarda chuva e seu cachimbo, que já não mais estão ali.

Arrastam-no para um táxi, mas ninguém quer pagar a corrida. Cogita-se em chamar uma ambulância e Dario já não tem seus sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Dario continua à mercê daqueles que o cercam e alguém fala da farmácia, mas é no outro quarteirão e pelo seu peso, as pessoas desistem de levá-lo. É abandonado em frente a uma peixaria.

Aparece mais um que se prontifica a ajudá-lo sugerindo que lhe examinem os papéis. Ele é revistado e ficam sabendo quem ele é, mas ninguém resolve nada.

Chega a polícia e a cena é cercada de uma multidão de curiosos. Dario é pisoteado e o guarda não pode identificar o seu cadáver. Ainda lhe resta a aliança de ouro que Dario só conseguia tirar molhando com sabonete.

"A polícia decide chamar o rabecão". "A última boca repete — Ele morreu, ele morreu."

Há uma dispersão, quando as pessoas observam agora a um defunto. Um senhor piedoso aproxima-se e arruma o corpo da maneira que pode, ajeitando a cabeça sobre o paletó enrolado e cruzando as mãos sobre seu peito. A multidão termina por se espalhar e Dario, incógnito, agora só representa mais um cadáver, um indigente sem valor no meio da rua. A narrativa coloca as pessoas da cena como que indiferentes em sua rotina, diante do cadáver: "Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos."

Fecha-se a estória sem que a esperança de humanidade seja possível. Só o gesto de um menino salva a morbidade do desfecho. Dario é completamente saqueado e abandonado. "Um menino de cor e descalço vem com uma vela, que acende ao lado do cadáver". "Fecha-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra sem o paletó e o dedo sem aliança. O toco de vela apaga-se..."

Cemitério de Elefantes

Narrativa em terceira pessoa. Nos fala sobre um grupo de bêbados de Curitiba, que vivem à Meca do que a cidade os oferece. "Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão."
Eles vivem à margem do rio Belém, nos fundos de um mercado de peixes onde existe um velho ingazeiro. Aí onde vivem, os bêbados são felizes. Se contentam com as sobras, mas quando aperta a fome vão até o mangue para assar caranguejo e também se fartar dos frutos ingazeiro.

Os personagens são comparados a elefantes, o que dá um ar grotesco às suas formas e maneiras. "Elefantes Malferidos, coçam as perebas sem nenhuma queixa..."

Pedro, João, o Cai N’água, Jonas, Chico Papa-Isca; todos bêbados moribundos a procura de simplesmente sobreviver aos restos do mangue; cada qual com seu lugarzinho reservado. São todos uns dorminhocos e quando acordam ninguém se pergunta onde é que foi o amigo que está ausente. "E se indagassem para levar-lhe Margaridas do banhado, quem saberia responder?"

Vivem entregues ao curso das horas e às, intempéries do local precário onde se instalam. "...escarrapachados sobre as raízes que servem de cama e cadeira". "A viração da tarde assanha as varejeiras grudadas nos seus pés disformes."

Quando cai um fruto de ingazeiro se despertam rolando no pó e o ganhador se farta de olhos plenos de satisfação. As disputas não geram brigas, quando muito discussões à distância. Neste "cemitério" não existe violência.

Assim os bêbados elefantes, vão vivendo, suportando suas doenças, e suas dificuldades. Não existe ninguém em especial, nenhum destaque de algum personagem.

No final a metáfora da narrativa deixa para o leitor a conclusão da saga dos bêbados elefantes.

"Cospe na água o caroço preto do ingá, os outros não a interrogam: presas de marfim que apontam o caminho são as garrafas vazias. Chico perde-se no cemitério sagrado as carcaças de pés grotescos surgindo ao luar."

Duas Rainhas

Narrado em terceira pessoa, é a estória de duas irmãs, pra lá de gordas, que vivem juntas e não conseguem parar de comer e engordar.

Augusta reclama de Rosa, "A Rosa é muito tirana" por ela ter desfeito os seus noivados. Mas o último dos três noivos conquista a Augusta e apesar da irmã opor-se instalaram-se na casa dos pais.

Glauco, proíbe Augusta de ir aos bailes e não deixa que ela o acompanhe até o portão. Ficam fechados o tempo todo dentro do quarto e Rosa reclama com sua mãe " — Já se viu (...) que pouca-vergonha?"

O marido quase não dorme, enquanto observa Augusta que ronca. Ela perde alguns quilos e Rosa engorda.

Saem para fazer compras e Rosa é confundida como se estivesse grávida.

Com isso, Glauco começa a beber.

"— Você tem vergonha de mim — choraminga Augusta."

"— Se ao menos evitasse bolinha no vestido."

Rosa tripudia pois não acreditava no casamento da irmã.

Glauco briga com a irmã, com o sogro e a sogra. As irmãs continuam sempre nas gulodices e anunciando o regime para o dia de amanhã. Têm sonhos com bichos, Augusta adora um elefante branco. Uma tarde explode o escândalo. Dona Sofia e Augusta vão ao dentista, na volta encontram Rosa em prantos. Glauco investiu e derrubou-a no sofá, aos gritos e beijos:

"— Minha rainha das pombinhas!"

Augusta só quer morrer e agora as duas ficam no quarto de casal e o marido no quarto de hóspedes. Bebe feito condenado enquanto as irmãs engordam mais. Reclamam da magreza de Glauco:

"Viu o Glauco? — Magro que dá pena (...)

— Não sei onde está com a cabeça.

— Gente magra é tão feia!"

"Contemplam-se orgulhosas..."

Acaba o conto as irmãs juntas, apoiando uma em cada janela da casa e prometendo que amanhã farão regime.

"— Amanhã dia de regime (...) — Que tal pedacinho de goiabada? (...)"

"Derrete-se a guloseima na língua. Rosa tremelica o papo rubicundo. Suspendendo a perna com duas mãos, Augusta cruza os joelhos."

Trechos escolhidos de outros contos

"...Às festinhas de família, comparece o irmão Agenor, preferido do pai. José volta bêbado de madrugada. A mãe traz-lhe comida, ele se queixa, coçando a barba: O menino de ouro vem aí, Dão o carrão pra ele. O menino querido sai de carro. E o bichão aqui não tem nada. Depois sou eu que eu vivo à custa do Chiquinho.

- Respeite o pai, meu filho.

- Quem, o Chiquinho? Que se dê o respeito para as negas dele."

("O Caçula" - Cemitério de Elefantes)

"Bebeu no botequim: ali não havia homem. E cuspiu no soalho. Ai de quem protestou...Invadiu a casa do velho Felipe. Derrubou cadeira, bradava nome feio contra a sogra. Aos gritos pulava com a faca na mão. Discutiu como velho, tirou o paletó para brigar. Conseguiu Felipe que lhe entregasse a garrafa. Miguel estranhou a sogra e lhe passou uma rasteira, sentada no chão com as pernas de fora.

Felipe acudiu a velha, que gemia muito. Com a machadinha de picar lenha, Miguel desferiu três golpes que foram desviados . O sogro alcançou a garrafa e o derrubou com uma pancada na cabeça. Partiu-se o vidro e gritou o velho:

- Acertei uma boa...

Ergueram-se as duas mulheres. Era pequeno e magrinho, só quando bebia perigoso e muito ligeiro.

Amparado, Miguel caminhou até o quarto. Ainda se voltou para resmungar palavrões contra o sogro. Na cama balbuciou alguns nomes. Foi se arruinando ao ponto de perder a fala. De madrugada saiu-lhe na boca uma espuma branca. Pela manhã, conduzido ao hospital, morria sem conhecer a mulher que lhe sustentava a cabeça no colo. Quando o desceram da carroça ficou um pouco de sangue no vestido amarelo de Elira."

("Questão de Família" - Cemitério de Elefantes)

"O desgosto do velho Tobias é o filho: a medonha carinha vermelha de mongolóide.

- É tarado - desculpa-se e corrige - Doente de nascença.

- Um bicho em criança, andava de quatro, a língua de fora; aos pulos subia na árvore com a agilidade de mico. Amarrado com os cachorros no fundo do quintal. Escapando, arrastava a coleira pela rua - uma correria entre as crianças. Cabeça bem pequena, nariz purpurino, um guincho selvagem. Aos vinte anos, engolia as palavras - a língua uma ostra que não engolia.

- A omba oou...

- A pomba voou. Mais que as surras de correia do pai, domesticava-o a paciência amorosa de Dona Zica. No sábado apara-lhe as unhas e dá um cigarrinho para que aceite o barbeiro; inquieto na cadeira , três talhos no pescoço atarracado."

("Beto" - Cemitério de Elefantes)

Fontes:
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/c/cemiterio_de_elefantes
http://www.institutohypnos.org.br/?p=654

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Esi Edugyan ( Um Blues Mestiço)

Páginas: 336
Editor: Porto Editora

Paris, 1940. Em plena ocupação alemã, Hieronymous Falk, um jovem e brilhante trompetista de jazz, é detido num café, desaparecendo completamente de circulação. Tinha apenas vinte anos, era cidadão alemão e... negro.

Cinquenta anos depois, Sid, antigo companheiro de banda e única testemunha desse fatídicoacontecimento, ainda se recusa a falar do assunto. No entanto, quando Chip, outro ex-companheiro, lhe mostra uma misteriosa carta que recebeu de Hieronymous, vivo e de boa saúde, Sid enceta uma dolorosa viagem ao passado. Da agitação dos bares clandestinos da Berlim do início da Segunda Guerra aos salões de Paris, irá reviver a paixão pela música, a camaradagem e a luta diária de então, mas também as invejas, as traições em nome da arte e o sentimento de culpa¿

Um romance extraordinário sobre o mundo do jazz, mas também sobre os limites da amizade, o racismo e a fragilidade dos que vivem à margem.

Críticas de imprensa
«Um murro no estômago… uma escrita perfeita, personagens credíveis e um retrato de época bastante convincente.»
>The Guardian

«Uma história arrebatadora sobre lealdade e traição…»
The Times

«Assertivo, intenso e cativante… Uma evocação notável de uma época e dos seus lugares.»
Time Out (Londres)

«Hipnotizante… Edugyan tem um dom especial para os diálogos e para retratar as complexidades do ser humano e os seus sentimentos… amor, inveja… um romance extraordinário.»
Morning Star

«Um romance brilhante e original… carregado de tensão e humor.»
Independent on Sunday

«Extraordinário no retrato de época, no jargão dos músicos de jazz e nas típicas piadas masculinas.»
Independent

Fonte:
Porto Editora

Ignácio de Loyola Brandão (O Homem do Furo na Mão e Outras Histórias)

Além de O Homem do Furo na Mão, que narra o isolamento do indivíduo devido ao preconceito, Loyola aborda em O homem que resolveu contar apenas mentiras, a hipocrisia social; em O homem que devia entregar a carta, o abuso de autoridade e a submissão sem questionamento; em Os homens que não receberam visitas, narra os limites entre loucura e normalidade; em O Presidente da China, o desejo do poder; em A Descoberta da Escrita, a luta pela liberdade de expressão; em Pega ele, silêncio, o desejo por ascensão social; e em O homem que procurava a máquina, a obstinação pela verdade.

Antologia

O conto que dá título à coletânea, a presença de um furo indolor na mão do personagem acaba por marginalizá-lo dentro de seu próprio universo, o que demonstra o papel repressivo e massificante de uma sociedade que rejeita a singularidade do indivíduo.

Há doze anos tomavam café juntos e ela o acompanhava até a porta.

- Você está com um fio de cabelo branco, ou tinge ou tira.

Ele sorriu, apanhou a maleta e saiu para tomar o ônibus, faltavam doze para as oito, em três minutos estaria no ponto. O barbeiro estava abrindo, a vizinha lavava a calçada, o médico tirava o carro da garagem, o caminhão descarregava cervejas e refrigerantes no bar.

Estava no horário, podia caminhar tranqüilo. Na mão, descobriu uma leve mancha avermelhada de uns dois centímetros de diâmetro. Quando o ônibus chegou, a mão coçou de novo.

Agora ardia um pouco e ele teve a impressão de que no lugar da mancha havia uma leve depressão. Como se tivesse apertado uma bolinha muito tempo, com a mão fechada.

Ao chegar no escritório, naquele dia, ficou a disfarçar a mão entre os papéis da sua mesa, pois não queria que os amigos vissem o furo de sua mão. À noite, ao chegar em casa e mostrar o furo para a esposa, esta sugeriu um band - aid, e o homem rejeitou a sugestão, pois já começava a se afeiçoar àquele furo. No outro dia, a esposa o abandona por não poder viver com você enquanto esse buraco existir. Durante o expediente se comunicou com o sogro e este nada sabia de sua filha. No final do serviço, perambulou pelos lugares onde pudesse encontrá-la, sem sucesso. A empregada também resolve deixar a casa e o homem começa a se aperceber da marginalização que passa a sofrer por causa de sua diferença, o furo na mão.

No ônibus não embarca, foi demitido do emprego, nem sequer lhe era permitido sentar no banco da praça.

- O senhor quer sair deste banco?

Era um homem de farda abóbora, distintivo no peito: fiscalização de parques e jardins.

- O que tem este banco?

- Não pode sentar nele.

Ele mudou para o banco ao lado, o homem seguiu atrás.

- Nem neste.

- Em qual então?

- Em nenhum.

- Olhe quanta gente sentada.

- Eles não têm buraco na mão.

- Daqui não saio.

O homem enfiou a mão embaixo da túnica, tirou um cacete, deu uma pancada na cabeça dele. As pessoas se aproximaram, enquanto ele cambaleava.

(...) - Saia, saia, gritavam as pessoas em volta.

Por fim, perdeu tudo e todos, indo morar com uns mendigos embaixo da ponte, que também tinham furos nas mãos.


Personagens

Esposa, barbeiro, vizinha, médico, homem de farda, homem com o furo.

Fonte:
Literatura Brasileira

sábado, 21 de julho de 2012

José Carlos Aragão (No palco, todo mundo vira bicho!)

ARAGÃO, José Carlos. No palco, todo mundo vira bicho!
Ilustrações de Luciana Carvalho. São
Paulo, Editora Planeta do Brasil, 2007.
56 pp.

Celso Sisto (Fábulas Para Brincar de Teatro)

O jogo do faz de conta é próprio do teatro e das brincadeiras de criança! “Agora eu era...” é frase comum na boca da meninada, e basta para indicar que o pacto começou! E elas são rápidas na divisão dos papéis, no desenvolvimento do enredo e na solução da história. E repetirão mil vezes se for prazeroso!

O autor deste livro se vale de algumas fábulas de Esopo (o escravo escritor lendário, que viveu na Grécia Antiga) e as transforma em cenas, bem curtas, com predomínio do humor, para serem representadas pelas crianças. Temos aqui 10 fábulas, que dão origem a 10 pequenas cenas, dentre elas “O lobo e o carneiro”, “O macaco comilão”, “O cachorro sabido e o lobo bobo”. São histórias vividas por animais com comportamentos humanos que terminam sempre em lições bem aprendidas (e experimentadas na pele!), como costuma acontecer nas fábulas!

Após a ilustração que abre cada história, há um box com a lista de personagens e o cenário sugerido para a encenação. Tudo muito simples (inclusive as falas!) e sucinto, para não complicar quem quer apenas brincar de representar. As ações sugeridas pelo autor, para os atores mirins executarem, estão destacadas dentro do texto, em verde.
Como se publica muito pouco teatro para ser lido (e representado, claro!) neste país, este livro torna-se ainda mais louvável. As crianças precisam deste tipo de material, sobretudo para se familiarizarem com os códigos do texto dramático.

As ilustrações em preto e branco, aplicadas, sobre um fundo verde são criativas e poéticas, com jeito de cultura popular, o que as tornam muito charmosas! As vinhetas (ou pequenos desenhos) aplicadas no topo ou no centro de páginas em branco também conferem beleza ao projeto gráfico do livro. A diagramação faz o livro ficar vistoso e atraente!

O autor é jornalista, cartunista, dramaturgo e tem mais de 14 livros publicados. A ilustradora é educadora e atualmente faz mestrado em Artes e Design. O trabalho de um casa muito bem com o do outro!

Fonte:
Artistas Gaúchos

domingo, 8 de julho de 2012

T. Grenwood (Um Mundo Brilhante)


Por Ana Lucia Santana para o Infoescola

Este livro nos revela o quanto a nossa vida pode, de repente, se transformar em uma falsa jornada, da qual deixamos de ser o protagonista. Facilmente nos convertemos em fragmentos levados ao sabor do vento e sem vontade própria, completamente distantes da felicidade almejada.

É o que ocorre com Ben Bailey, que leciona história em uma faculdade durante a manhã e atua como garçom em um bar no período noturno. Apesar de ganhar pouco por este trabalho, encontra nele um meio de alcançar a necessária catarse, como em uma terapia. Assim ele pode esquecer os problemas domésticos, a transformação de Sara, sua noiva, de uma jovem segura e positiva em uma mulher impertinente e dominadora.  Esse contexto o leva a uma profunda solidão e a um relembrar constante dos traumas de sua meninice.

Um dia ele sai de sua residência, pronto para enfrentar a neve que inicia seu despertar em Flagstaff, apanha o jornal matutino e se depara com uma cena trágica e inesquecível, um rapaz agoniza repleto de lesões, aparentemente vítima de uma violenta agressão. Sua vida não será mais a mesma.

Incapaz de tirar da sua mente o evento perturbador, Ben se dirige ao hospital e aí encontra Shadi, a irmã do jovem. Através da garota ele descobre a procedência dos dois; eles são descendentes de navajos e alimentam costumes diferentes. Ao que tudo indica o nativo foi alvo de um atentado racial, e não de um incidente comum, versão das autoridades policiais.

Indignado, o protagonista se dispõe a assessorar Shadi na busca dos criminosos, e esse gesto o inicia em uma caminhada de conhecimento interior, por meio do qual ele tenta compreender o sentido de sua vida e se realmente existe um futuro pré-determinado, fatalista.

Desta forma o jovem encontra a si mesmo, constrói sua identidade e tem a mais clara visão de seus sonhos e aspirações. Esta jornada o leva a perceber que até este momento vivia uma farsa, tanto no campo afetivo quanto no profissional, e por esta razão era definitivamente infeliz.

Esta busca inevitável cria um dilema em sua vida; ele deve priorizar o bem-estar e a satisfação pessoal ou as obrigações e encargos do dia-a-dia? O destino arquitetado há um longo tempo ou renovadas opções que lhe proporcionariam a libertação de um universo de enganos e falsidades?

T. Greenwood publicou seis livros, entre eles Two Rivers e The Hungry Season. Com sua obra conquistou diversas premiações e recursos para se devotar integralmente a sua jornada literária, abrangendo a Verba Nacional para a Literatura e as Artes e uma doação do Conselho Artístico de Maryland. A escritora reside em San Diego, na Califórnia, ao lado do marido das duas filhas; aí a autora leciona redação criativa, dedica-se a um curso de fotografia e à literatura.

Fonte Principal:
http://www.infoescola.com/livros/um-mundo-brilhante/
Fontes Consultadas:
http://www.meninadabahia.com.br/2012/06/um-mundo-brilhante-t-greenwood.html
http://www.booklanding.com.br/2012/05/resenha-um-mundo-brilhante-t-greenwood.html
http://www.editoranovoconceito.com.br/autores/detalhe/321,T.-Greenwood

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Isabel Furini (Lançamento do Livro “,,, E OUTROS SILÊNCIOS”, em 8 de julho)


Será lançado no domingo 08 de julho, 11 horas, no auditório do Solar do Rosário o livro de poemas: “,,, E OUTROS SILÊNCIOS”.
clique sobre a imagem para melhor visualização

Joel Samways Neto, escritor e dramaturgo, faz a apresentação da obra e fala: 
“(...) Como é possível, com tão poucos sinais gráficos, a língua escrita traduzir a língua falada? Ainda não se criou uma escola de psicologia que pudesse analisar, classificar, sintetizar, todas as nuances da personalidade humana. A história das suas teorias é um processo nunca acabado. No entanto, a língua escrita, com poucos sinais gráficos de pontuação, consegue registrar a alma da língua falada, permitindo ao leitor a reconstrução da significação presente no texto lido. E dentre os sinais gráficos de pontuação, a vírgula é dos mais estilísticos.

Porque tem a ver com a respiração, portanto com o controle da narrativa; porque tem a ver com a pausa, o silêncio, portanto com o ritmo da narrativa; porque tem a ver com a ironia, a insinuação, com a ordem inversa, com a elipse, amparando apostos, preparando vocativos...  Só mesmo reticências para enumerar os conteúdos da vírgula.

Isabel Furini buscou as vírgulas para poetizar a memória revisitada, a lembrança celebrada, o passado imperativo. Por vezes explicando, mas com vírgulas, não com dois pontos; doutras vezes, insinuando a transubstanciação da experiência vivida em acervo da alma. Ora confundindo, ora distinguindo, o imaginário e os sonhos, Isabel lavra o terreno fértil da história e faz brotar significados.

Isabel parece falar de si, de sua trajetória, de sua vida. 

De sua vida, vírgula. De todas as vidas. 

Ora, vírgulas.”

Fonte:
Convite enviado pela autora
Dados da obra em http://isabelfurini.blogspot.com.br/2012/06/e-outros-silencios-sera-lancado-no.html

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Roberto de Souza Causo (Melhores Contos Brasileiros de Ficção Científica)

Editora: Devir Livraria
Edição: 1ª
Ano: 2010
Número de páginas: 192

Sinopse

O primeiro conto o mais antigo, denomina-se “Nova Califórnia” segue com o enredo fixando-se em algumas críticas austeras referentes à política e a sociedade. No primeiro conto, escrito por Lima Barreto, onde um químico se instala em uma pequena cidade e causa admiração e indignação aos moradores quando ficam sabendo que o cientista roubava ossos do cemitério da cidade em busca de material para fazer ouro. Mas no final, todos os moradores apoiam o químico que busca a formula que criou. Um exemplo clássico de sovinice, da ganância, que excedem os limites da moral em busca de beneficio, podemos dizer; - lei de levar “eu” a vantagem em tudo.

O segundo data de 1929, é “A Vingança de Mendelejeff”, de Berilo Neves, o primeiro escritor brasileiro a publicar ficção cientifica. Esse conto é melodramático, contem preconceitos políticos inacreditáveis, com histórias cômicas, com um cientista maluco.

Outro conto o “Delírio”, de Alfonso Schmidt de 1934, considero mais espirita do que ficção cientifica sobre pessoas em fase terminal ou como dizem os espiritas desencarnando, relata experiências do além, com fantasia e ficção, mas religiosa.

De André Carneiro “O Homem que Hipnotizava”, de 1963 se fixa numa descrição que envolve hipnose feita por um homem que tenta iludir as pessoas sobre sua vida.

“Sociedade Secreta”, de 1966, autor Domingos Carvalho da Silva, fala sobre o inverso da utopia, de um futuro tecnológico e coletivo, que sobreviventes de uma era anterior sentem-se fora do contexto, o autor parece querer relacionar ao ambiente da ditadura militar, um anticomunismo.. O protagonista demonstra ser sobrevivente do capitalismo e da democracia, o inimigo é coletivismo e foi escrito no período do governo Castelo Branco.

De Jerônymo Monteiro, “Um Braço na Quarta Dimensão”, de 1964, é uma história trágica e intrigante de um caiçara pobre residente na cidade de Mongaguá que carrega uma maldição.. o dom da desmaterialização ao sentir perigo, e quando se materializa novamente surge em maior risco do que ao se desmaterializar.

A próxima história trata de um encontro com OVNIS e os misteriosos tripulantes complicados pelo fato do personagem principal que faz os contatos imediatos é um fugitivo do manicômio.

“Seminário dos Ratos”, de Lygia Fagundes Telles, (1977), trata da ditadura militar, satirizada pelo autor, refere-se a um militar que vai a uma casa de campo organizada para reuniões com assessores do governo de Washington que o auxiliarão combater a repugnante praga de ratos que está acabando com a cidade, Uma boa história de terror.. mas um conto que não está muito para ficção.. mas muito bom!!

1977, Marien Calixte, escreveu “O Visitante”, apresenta à viúva de um pescador que se envolve com um misterioso homem que a engravida, o homem louro, olhos azuis. Começam a surgir comentários a respeito de uma linda luz que surge do céu nos dias que a mulher recebe o visitante que parece um alienígena, no mais parece no relato uma entidade encantada do folclore, um ser fantástico.

“Uma Semana na Vida de Fernando Alonso Filho” publicado em 1984, escrito por Jorge Luiz Calife. A história se passa no futuro, acontece com população de habitantes do planeta Vênus, que esta se transformando num segundo planeta terra, e está numa era de chuvas, essa história segue convenções da ficção cientifica, ou seja, ficção original. Na imaginação do autor em Vênus só existiria rocha.. assim segue parece interessante..

Bráulio Tavares em 1989 escreve “Mestre-de-Armas” seu conto fixa-se em desenvolvimentos sociais e políticos, ou seja, ciências naturais critica ao militarismo, imperialismo da ficção, descreve a depressão da carreira de um guerreiro do espaço a caminho do espaço, imortalização. Critico a idealização da conquista militar do espaço.. ficção cientifica muito boa!!

“O fruto Maduro da Civilização” de Ivan Carlos Regina (1993), enredo pessimista, com conotação cientifica, tecnológica, e atual sobre um autêntico trabalho de discussão do homossexualismo de uma forma que só mesmo a ficção científica poderia propor.

Cid Fernandez (1998) escreveu “Engaiolado”, texto interessante. Retrata a ufologia, mistério que assombra um pobre imigrante do interior que chega à Capital é envolvente, original, suspense admirável.

“Controlador”, de Leonardo Nahoum (2001) é uma história a respeito de peregrinos de uma religião que busca a morte em outro mundo que seja dominado por um ser artificial, de poderes quase divinos, capaz de transformar a realidade à sua vontade, o conto toma rumos divergentes do idealismo do protagonista, o semideus, o fim é marcante.. muito recomendável..

Vale a pena!!! A leitura Os melhores Contos Brasileiros de Ficção Científica - Fronteiras: editado por Roberto de Souza Causo é uma seleção de exemplos marcantes da ficção científica nacional, reunindo autores que se firmaram dentro do gênero, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira que ousaram escrever ficção científica. Inclui quatorze narrativas publicadas originalmente ente 1910 e 2001, para definir o gênero a partir da variedade de temas e estilos. Afinal, o país da maior diversidade do mundo e de culturas diferenciadas, muitas raças e também de um país em que as fronteiras culturais se aproximam e se fundem.

Essa seleção de contos da mais alta qualidade de grandes autores brasileiros. Apresenta personagens variados, desde químicos loucos e personagens que tramam constantemente, Este livro é uma agradável mistura de sociologia, crítica e ficção!

Fonte:
Shvoong – Resumos e Críticas

sábado, 2 de outubro de 2010

Ésquilo (Prometeu Acorrentado)



Texto de Anatoli Oliynik, obtido em seu blog http://anatoli-oliynik.blogspot.com/
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Autor: Ésquilo (525 a.C. – 456 a.C.)
Assunto: Tragédia grega

SINOPSE:

Zeus, rei dos deuses e dos homens, acabara de assumir o poder após a titanomaquia (luta que elevou os deuses olímpicos ao poder). Soberano despótico e parricida manda acorrentar Prometeu, seu antigo aliado, em um rochedo culpando-o de muitos "crimes" a favor dos mortais. O mais grave dentre eles foi o de roubar o fogo dos deuses para dá-lo aos homens.

Por isso Zeus ordena que Prometeu seja acorrentado por 30 mil anos a um rochedo, onde uma ave vem diariamente dilacerar-lhe o fígado, que se regenera noite. No entanto, apesar das súplicas que alguns deuses fazem a Prometeu para que ele vá se redimir humildemente com Zeus, ele se recusa, afirmando que o pai dos deuses ainda necessitará de sua ajuda. Prometeu diz que sabe de um segredo que ameaça o reinado de Zeus: o filho deste num casamento próximo o destronará e somente ele sabe como impedi-lo. Porém, recusando-se a revelar como, é condenado a um castigo ainda mais mais severo.

Personagens:

Todas as personagens são divinos: a tragédia é uma teomaquia, i.e., uma disputa entre os próprios deuses. Há um intenso conflito de personalidade entre Prometeu e Zeus, este ausente do palco.

- PROMETEU: Um titã filho Urano (o Céu) e Gaia (a Terra).
- HEFESTO: Deus do fogo, dos metais e da metalurgia; filho de Zeus, irmão de Hermes.
- CRATOS: Filho de Palas; personificação do poder de Zeus.
- CORO: As jovens Oceanides, filhas de Oceano e primas de Prometeu.
- OCEANO: Titã que personificava as águas primitivas que cercam o mundo; tio de Prometeu e pai das oceânides.
- IÓ: filha do rei Ínaco, amada por Zeus e perseguida por Hera esposa de Zeus (Io é a única personagem humana na história; todos os demais não são humanos, são deuses).
- HERMES: Mensageiro dos deuses, protetor dos viajantes e condutor das almas dos mortos ao Hades; filho de Zeus, irmão de Hefesto.
- FIGURANTE: Bias, irmão de Cratos.

A OBRA:

A ação do Prometeu acorrentado transcorre numa região desolada da Cítia(1), Hefesto, o Poder e a Força, divindades auxiliares de Zeus, chegam arrastando o titã Prometeu, vítima da ira deste último deus. Hefesto prega-o num rochedo, observado pelo Poder, que vigia o deus do fogo, constrangido com sua missão, e o anima com a alegação de que Prometeu se rebelara contra a vontade divina com o intuito de ajudar a humanidade primitiva. Cumprida a missão, Hefesto, o Poder e a Força retiram-se abandonando Prometeu em sua agonia solitária. Rompendo o silêncio, o titã filantropo proclama sua indignação diante do céu, do mar e da terra em sua volta. Este monólogo cessa quando se ouve um ruído de asas e em seguida aparecem as Oceanides, ninfas do mar quem constituem o coro (voz do povo), despertadas pelo ruído do martelo contra os cravos quando Hefesto prendia o titã ao rochedo. Elas tentam animar Prometeu, que lhes conta como Zeus, graças a ele, conseguiu derrotar os outros titãs e tornar-se o novo soberano dos deuses. Isto feito, Zeus consolidou seu poder absoluto e resolveu destruir a humanidade para criar uma nova raça. Prosseguindo em sua narração Prometeu diz que, por amor às criaturas humanas, conseguiu salvá-las da destruição e lhes deu o fogo por ele roubado do céu, permitindo assim o início da civilização.

Aparece então Oceano, pai das Oceanides, um titã que se manteve afastado do conflito com Zeus. Ele deseja ver Prometeu livre de seus grilhões, e o aconselha a curvar-se diante do novo soberano. O prisioneiro ouve polidamente o conselho, mas não o aceita. O visitante retira-se, enquanto o coro comenta as lamentações de todos os mortais por causa do suplício de seu protetor. Em seguida Prometeu relembra as artes por ele inventadas para aliviar as misérias da condição humana. O coro pergunta se o titã acorrentado tem esperanças de libertar-se, e ele menciona vagamente uma possível queda de Zeus. Em seguida, celebra o poder soberano dos deuses e demonstra a estranheza diante da obstinação de Prometeu. Aparece então Io, uma mortal amada por Zeus, e, a pedido do coro, Prometeu revela o estranho infortúnio da moça: diante das investidas amorosas de Zeus contra ela, Hera, mulher dele, transformou Io em novilha e mandou que um moscardo passasse a segui-la por todos os caminhos da terra, picando-a incessantemente. Prometeu profetiza a continuação de suas caminhadas errantes, que iriam terminar no Egito, e fala com maior clareza na queda de Zeus, narrando ainda as andanças passadas de Io, concluindo com a profecia de que no Egito ela daria à luz um filho de Zeus chamado Épafo. Prosseguindo, Prometeu revela que um arqueiro corajoso (Heracles) o libertaria depois de decorridas várias gerações. Repentinamente, num acesso de desespero, Io sai correndo. O coro canta os perigos oriundos das uniões de mortais com divindades. Prometeu reitera a sua previsão de que Zeus será destronado por um filho dele.

Entra em cena Hermes, o deus mensageiro de Zeus, pedindo ao infeliz titã para revelar-lhe o segredo fatídico em relação à queda de Zeus. Tratado desdenhosamente por Prometeu, Hermes anuncia-lhe torturas ainda mais cruéis; a águia que devoraria a cada dia seu fígado, que se recomporia também diariamente, e um cataclismo que o lançaria no Hades. As Oceanides insistem para que Prometeu se submeta a Zeus, mas quando Hermes anuncia que se não se afastassem do titã elas também sofreriam, negam-se altivamente a dar-lhe ouvidos. Ocorre, então, o cataclismo, durante o qual prometeu desaparece juntamente com as Oceanides.

COMENTÁRIOS

Prometeu Acorrentado é a única tragédia que sobreviveu de uma trilogia que teria, na ordem de apresentação, Prometeu Acorrentado, Prometeu Libertado e Prometeu Portador do Fogo.
Prometeu (Prometheus em grego) significa "o que pensa antes".

A figura trágica de Prometeu constitui um dos mitos gregos mais presentes na cultura ocidental. Prometeu pertencia à estirpe dos Titãs, descendentes de Urano (o Céu) e Gaia (a Terra). O poeta Hesíodo relatou, em sua Teogonia, como Prometeu roubou o fogo escondido no Olimpo para entregá-lo aos homens.

O fogo que Prometeu roubou simboliza a Inteligência. A razão dessa atitude consiste no seguinte: Epimeteu, irmão de prometeu fora encarregado da tarefa de dar a todos os animais uma autodefesa. Entretanto, Epimeteu esquece-se dos humanos. Prometeu para compensar o esquecimento do irmão, dá aos humanos o fogo que simboliza a inteligência, portanto, a única autodefesa que os humanos têm. Para castigá-lo, Zeus enviou-lhe a bonita Pandora, portadora de uma caixa que, ao ser aberta, espalharia todos os males sobre a Terra. Como Prometeu resistiu aos encantos da mensageira, Zeus o acorrentou a um penhasco, onde uma águia devorava diariamente seu fígado, que se reconstituía. Lendas posteriores narram como Hércules matou a águia e libertou Prometeu. Na Grécia, havia altares consagrados ao culto a Prometeu, sobretudo em Atenas. Nas lampadofórias (festas das lâmpadas), reverenciavam-se ao mesmo tempo Prometeu, que roubara o fogo do céu, Hefesto, deus do fogo, e Atena, que tinha ensinado o homem a fazer o óleo de oliva.

A cena se passa na Cítia, situada por Heródoto a nordeste do Mar Negro, território onde se situa atualmente a maior parte da Rússia. Segundo um antigo comentador da peça, Prometeu havia sido aprisionado por Zeus há mais de 30.000 anos...

Por ordem de Zeus, Hefesto, deus do fogo, prende Prometeu a uma rocha na inóspita Cítia; Cartos supervisiona seu trabalho. Prometeu lamenta-se, mas diz que previu tudo, sabe o que irá acontecer no futuro e que Zeus ainda precisará dele. O Coro (sempre representa a voz do povo) chega e lamenta a sorte de Prometeu, que volta a dizer que no futuro Zeus dependerá de seu auxílio.

Prometeu relata ao Corifeu a luta de Zeus contra os titãs, como evitou que a humanidade fosse destruída por ele, e os benefícios que obteve para os mortais. Oceano vem visitá-lo, exorta-o a dirigir-se com humildade a Zeus e diz que tentará interceder em seu favor, mas Prometeu o dissuade.

O Coro lamenta novamente o destino de Prometeu; ele conta que todas as artes vieram aos homens através dele: a construção de casas e navios, a domesticação de animais, a escrita, os números, os remédios, a adivinhação, etc. O Coro diz que é perigoso contrariar Zeus, e recorda as núpcias de Prometeu.

Chega a errante Ió, na forma de uma novilha, perseguida desde Argos pela incessante picada de um inseto enviado pela ciumenta Hera. Ela conta a Prometeu e ao Coro suas desventuras, e Prometeu revela as coisas que irão acontecer-lhe até chegar ao seu destino, o Egito, e que um de seus descendentes o libertará um dia. Ió foge, aguilhoada pela picada do inseto.

O Coro canta que "o bem supremo é a mulher se casar segundo a própria classe", e esperam que Zeus nunca olhe para elas.

Prometeu revela finalmente ao Corifeu que o filho gerado por Zeus em um casamento próximo o destronará, e que somente ele sabe como impedi-lo. Hermes aparece e interroga-o, mas Prometeu orgulhosamente recusa-se a revelar qualquer coisa. Hermes avisa que Zeus lhe dará novos castigos: um trovão o lançará no fundo da terra e, quando voltar à luz, uma águia virá diariamente comer-lhe o fígado. Prometeu recusa-se novamente, e diz que já ouve o trovão de Zeus aproximar-se... (a história é inconclusa).

A continuação da história provavelmente se encontra na obra Prometeu Libertado da qual, lamentavelmente, só se encontram alguns fragmentos. Especula-se que Prometeu se reconcilia com Zeus.

SENTIDO DA HISTÓRIA

A história representa o eterno conflito entre dois poderes: o Poder Temporal (Zeus) e o Poder Espiritual (Prometeu). Zeus representa o poder temporal porque, embora rei dos deuses e dos homens, não possuía a capacidade de prever o futuro, enquanto Prometeu sim.

CONCLUSÃO

O mundo manifestado vive o eterno conflito entre o Poder Temporal e o Poder Espiritual há mais de 2.500 anos. Considerando que o ser humano se encontra entre dois mundos: o Firmamento de Luzes (A Lei de Deus) e o Abismo de Trevas (A Lei dos Homens) a sua existência no mundo sensível, portanto real será eternamente conflituosa. Trata-se de um problema insolúvel para a humanidade, porque ambas as Leis são necessárias ao homem. A única saída possível é o respeito a hierarquia (ordem sagrada) do Poder Temporal ao Poder Espiritual. Em outras palavras: Enquanto a Lei dos Homens não considerar a hierarquia da Lei Divina, o conflito permanecerá eternamente.

Não será matando Deus, que a Paz e a Felicidade reinarão sobre a face da Terra. Em todo mundo, há exemplos fracassados de que não é possível realizar qualquer projeto humano sem considerar a possibilidade Divina.
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[1] Região remota e deserta, corresponde à maior parte da atual Rússia na direção do oriente, cujos limites eram muito bem definidos. De suas montanhas podia-se ver o mar Negro (o antigo Ponto Euxino) e o mar de Azov (antigo Palos Meótis).

domingo, 10 de janeiro de 2010

Autran Dourado (Confissões de Narciso)

(artigo publicado pelo professor Wagner Lemos)

Um camafeu, dez mulheres, encontros e desencontros compõem Confissões de Narciso.

O protagonista Tomás de Sousa Albuquerque deixa como legado confissões sobre as mulheres que amou, reunidas num caderno, na forma de dossiê.

Sofia, sua viúva, leva os originais para apreciação do escritor João da Fonseca Nogueira, que resolve procurar um editor e publicá-los.

As confissões explicam o destino de Tomás, que, influenciado pela leitura de notórios escritores, dentre os quais Stendhal, autor de De l’amour, e Goethe, criador de Werther, discorre sobre o desafio de entender as paixões que o motivaram, os desafetos e desilusões que enfrentou na busca pela felicidade.

A primeira paixão foi Amélia, sua prima, quando viveu o dilema de amar plenamente ou fazer explodir seu ciúme doentio. Comparando-se à mitológica figura de Narciso — encantado pela própria imagem refletida ele cai num lago e morre — e ao trágico Werther — que comete suicídio por causa de uma mulher —, Tomás fica dividido: continuar acreditando no amor ou sucumbir à rejeição?

Alma, colega da faculdade de Direito, foi a segunda escolhida. Seguiram-se Teresa, irmã de um amigo, e Beatrice, dona da livraria que freqüentava. Para Tomás, não importava tanto a beleza das amadas, mas sim a semelhança física com a imagem eternizada no camafeu de sua adorada mãe, objeto que usa para inspirá-lo nas memórias.

Com Beatriz, uma prostituta, Tomás viveu o radicalismo de adotar o sexo como solução para seus impasses afetivos, o que apenas lhe proporcionou mais ressentimento. Izabel, uma cliente que queria se divorciar do marido, colocou-o novamente numa situação de adultério. Margarida, amiga da mulher do melhor amigo, Carolina, casada com um antigo colega da faculdade, e a jovem Angélica também ajudaram o protagonista a fazer uma reflexão a respeito das dificuldades de relacionamento entre homens e mulheres.

Tomás foi um homem de muitos amores frustrados, sua própria vida foi uma frustração. Infeliz e mal sucedido no emprego, corno (como se refere a si mesmo) dez vezes por todos os tipos de mulheres: Amélia, sua prima, que o traiu com Alberto; Alma, colega do curso de Direito; Tereza Perez, Beatrice, Margarida, Carolina e Izabel, todas mulheres casadas que o traíram voltando para os seus maridos; Beatriz, uma prostituta, que o usa e volta para o marido; Angélica e Sofia, as únicas com quem casou e que o traíram, respectivamente com um amigo de trabalho e com um médico. Entretanto, o problema não estava exatamente nessas mulheres.

Tomás era um idealista que achava que a mulher perfeita seria à sua feição ou de sua falecida mãe. Tal fato jamais ocorreria, o que explica os fracassos de sua vida, até chegar ao suicídio. Suicidou-se porque não conseguia ver que ele era o responsável também pelas traições das quais fora vítima.

Deve-se lembrar que o narcisista não é só aquele se apaixona por si mesmo, mais: é aquele que não se reconhece, portanto, não vê os próprios defeitos, nem se conscientiza de suas deficiências. Em Tomás, isso gerou as traições que sofreu, afinal para ele era muito difícil relacionar-se.

Autran Dourado usa a narração em primeira pessoa para construir um personagem angustiado, que representa a utopia amorosa: um caminho a ser percorrido com alegria e tristeza, prazer e dor.
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O camafeu – De fato as mulheres pareciam com o camafeu ou Tomás fazia tal idealização? A segunda hipótese é mais provável.

Tomás buscava nas mulheres semelhanças com a figura feminina presente no objeto, isso para ele chegava ao ponto de ser um fetiche. Outrossim, o camafeu simboliza um vínculo com sua mãe, já falecida, a quem o camafeu pertencera. Tal coisa reforça ainda mais a idéia do Complexo de Édipo.

Para ele, Tomás, é importante estabelecer com as mulheres com quem se relacionou a ligação com a figura do camafeu, pois isso é tentativa de “concretizar” seu complexo de Édipo.

Fonte:
http://www.wagnerlemos.com.br/

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Moacyr Scliar (Na Noite do Ventre, o diamante)


Na pequena aldeia judaica no sul da Rússia, a cada sexta-feira, na festa do Shabat, a cena se repetia na casa de Itzik Nussembaum. Esther, sua mulher, apresentava ao marido e aos dois filhos o dedo anular – segundo ela, apenas um dedo feio e maltratado em mãos feias e matratadas – e, num gesto reverente, solene, orgulhoso, coloca nele o velho anel da família. Que tem um belíssimo diamante engastado.

É este diamante o centro de uma história fascinante que começa em 1662 numa vila escondida de Minas Gerais, onde é encontrado. Do século XVII, o diamante é levado do Arraial da Cabra Branca por um cristão-novo que foge da Inquisição para a Holanda. Na Europa, a pedra é lapidada por um discípulo do Spinoza - numa das mais belas passagens do livro, em que se associam as idéias geniais do filósofo ao valor de mercadorias e ao sentido da própria vida.

Roubada por outro discípulo de Spinoza, o diamante chega à Rússia, onde se torna herança de família e passar a ser usado por Esther Nussembaum. Quando esta família decide fugir da Rússia, já no começo do século XX, para tentar vida nova no Brasil, se dão conta de que a única coisa valiosa que possuem é o diamante. Com medo dos bandidos na fronteira, fazem com que um dos filhos engula o aro do anel e, o outro, a pedra preciosa. Este último, Gregório, fica com o diamante preso no intestino, o que gera terríveis dramas familiares.

Numa narrativa engenhosa, Moacyr Scliar traz à cena figuras como o padre Antonio Vieira e o filósofo Spinoza, tornando o leitor cúmplice de um saboroso jogo entre realidade e ficção e conduzindo-o a um final absolutamente inesperado.

Há muitos anos Scliar tinha em mente a história de um diamante viajando no tempo e no mundo. O convite para que assinasse o livro inspirado no dedo anular caiu, literal e metaforicamente, como luva - e assim Na Noite do Ventre, o diamante encerra de forma brilhante a coleção Cinco Dedos de Prosa.

Moacyr Scliar é também médico, membro da Academia Brasileira de Letras, autor de 73 livros, bem como professor na área de saúde pública no Rio Grande do Sul, seu estado natal.

Fonte:
Editora Objetiva

terça-feira, 27 de maio de 2008

Prosper Mérimée (Carmen - ópera de Georges Bizet))

Carmen é uma ópera em quatro atos de Georges Bizet com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseada na novela homônima de Prosper Mérimée. Estreou em 1875, no Ópera-Comique de Paris.

Personagens

- Carmen (Uma cigana que usa seus talentos para a dança e o canto para enfeitiçar e seduzir vários homens)
- Don José (é um cabo do exército, é um homem honesto e descente, mas ao se envolver com Carmen, vira um fora-da-lei)
- Micaëla (Ela ama Don José, porisso tenta resgatar Don José da vida destrutiva que ele levará com Carmen)
- Escamillo (é um famoso toreador de Granada, mas foi "enfeitiçado" por Carmen)
- Frasquita (amiga de Carmen, a acompanha em todas as aventuras)
- Mercédès (também é amiga de Carmen, a acompanha em todas as aventuras)
- Remendado (namorado de Frasquita, ele é um contrabandista)
- Dancaïre (namorado de Mercédès, ele é servo de Remendado e também contrabandista)
- Moralès (um sargento)
- Zúñiga (Oficial comandante de Don José. Embora prenda Carmen por ter cometido um crime, ele, também, é enfeitiçado por ela)
- Lillas Pastia (dono duma taberna, onde todos os contradistas se encontram lá)
- O Guia (acompanhou Micaëla até onde estava Don José)

Sinopse

Ato I

O primeiro ato começa numa praça de Sevilha, onde se situa uma fábrica de tabaco e um quartel. O cabo Morales comenta com os soldados do corpo da guarda, os Dragões do Regimento de Alcalá, a passagem dos transeuntes pela praça. Então, entra em cena uma simples aldeã chamada Micaela, aproxima-se de Morales e pergunta timidamente pelo cabo Don José. Morales responde-lhe que este chegará com a rendição da guarda e convida-a a esperá-lo na companhia dos seus homens, mas Micaela decide retirar-se para regressar mais tarde. Ouvem-se nos bastidores os clarins que anunciam o render da guarda e aparecem em cena os soldados sob comando de Don José, seguidos por um grupo de crianças que os imita com admiração. À sua chegada ao quartel, Morales comenta em tom jocoso a visita da aldeã. Zúniga, um tenente recém-chegado à cidade, interroga, em seguida, Don José sobre a beleza e a duvidosa reputação das cigarreiras da fábrica da praça, mas o cabo manifesta o seu único interesse por Micaela, por quem está apaixonado. O sino da fábrica soa e anuncia o intervalo das cigarreiras, que entram em cena a fumar e a conversar animadamente com um grupo de homens que as espera. A última a aparecer é Carmen, uma bela cigana que seduz todos os homens que encontra à sua passagem. Seguidamente, Carmen canta uma habanera aos presentes, que manifestam a sua admiração por ela, à excepção do indiferente Don José, que é, precisamente, o objeto do seu desejo. Antes de regressar à fábrica, Carmen, em sinal de desafio, atira-lhe uma das suas flores. Depois deste episódio a parece Micaela, que regressa ao posto da guarda e entrega a Don José uma carta da sua mãe, em que lhe pede que se case com a aldeã. Depois de se relembrarem juntos das paisagens da sua infância, Micaela abandona a cena e Don José começa a ler a carta. Ocorre então um tumulto no interior da fábrica; um grupo de trabalhadoras comenta entre gritos que está a haver uma rixa entre as mulheres em que Carmen interveio, tendo ferido outra cigarreira no rosto, com uma navalha. Zuniga ordena a Don José e aos seus homens que prendam a agressora. O cabo sai da fábrica com Carmen e recebe a ordem do tenente de a levar para a prisão. Carmen e Don José ficam sozinhos na praça. A sedutora cigana convence o cabo de que a liberte, promete-lhe o seu amor a assegura-lhe que o esperará na taberna de Lillas Pastia. Don José, alvoroçado, decide libertá-la. Nesse momento volta Zuniga com a ordem de prisão. Don José e Carmen iniciam a caminhada, mas perante os presentes a cigana finge empurá-lo e foge.Don José é preso imediatamente por permitir a sua fuga.

Ato II

O 2º ato começa na taberna de Lillas Pastia, suposto ponto de encontro de contrabandistas.Já se passou um 1 mês.Carmen e as suas amigas,Frasquita e Mercedes,jantam com Zúñiga e outros oficias,que rapidamente se juntam às cantigas e danças dos ciganos.Apesar dos convites dos soldados ,Carmen recusa os seus pretendentes.Está à espera de Don José que depois de ter sido preso e mandado encarce rar por sua causa,recuperou a liberdade.A seguir,entre manifestações de júbilo,aparece em cena um famoso toureiro chamado Escamillo que,seduzido pela beleza da cigana,lhe declara o seu amor,abandonando depois a taberna com os oficiais. Em cena ficam Carmen,Mercedes e Frasquita sozinhas.Aparecem então os contrabandistas Dancaïre e Remendado,que propõem um negócio às três mulheres.Carmen recusa no início a proposta,mas por fim muda de opinião perante a possibilidade de que seu apaixonado deserte e participe na operação de contrabando. Finalmente,depois da saída dos contrabandistas,Don José chega a taberna e declara o seu amor a Carmen,que tenta convencê-lo de que se junte a ela e aceite o negócio.Don José,ofendido,nega-se,mas o aparecimento repentino de Zúñiga precipita os acontecimentos. O soldado e o tenente enfrentam-se pelo amor de Carmen.Don José,apoiado pelos contrabandistas,subleva-se ao seu superior,que fica sob custódia de alguns ciganos.Obrigado pelas circunstâncias,o soldado vê-se finalmente forçado a desertar e parte com a cigana.

Ato III

Num desfiladeiro,os contrabandistas fazem os preparativos para a entrega dos produtos do contrabando,sob a supervisão de Dancaire.É de noite.Carmen cansada do ciumento amor de Don José e,além disso,descontente com a sua nova vida,tenta adivinhar nas cartas o seu futuro na companhia de Frasquita e Mercedes.As cartas revelam um mal presságio para Carmen:A morte. Á saída dos contrabandistas e das mulheres,Don José permanece num penhasco, a vigiar o esconderijo dos seus novos amigos.Da escuridão surge então Micaëla,que com a ajuda de um guia chega ao esconderijo de seu amado Don José com a esperança de o convencer a voltar a casa de sua mãe.Porém um disparo interrompe os seus propósitos.Don José disparou contra um intruso,que sai ileso.É o famoso toreiro Escamillo,que,desconhecendo a identidade do seu interlocutor,lhe conta que está à procura de Carmen ,que está cansada do seu amante,um soldado que desertou por ela. Don José,cego de ciúme,desafia o toureiro para uma luta até à morte com navalhas,que é interrompida graças à volta dos contrabandistas.Depois de insultar o desertor e convidar os presentes para as corridas de touros de Servilha,Escamillo abandona a cena.A seguir,Dancaire descobre a presença de Micaëla ,que abandona o seu esconderijo e pede a Don José que a acompanhe porque sua mãe está a morrer.Ele aceita e sai com a aldeã,não sem prevenir Carmen,em tom ameaçador ,de que voltará para vir buscar.A cigana não dá aos seus avisos pensando no seu novo objeto de desejo.

Ato IV

Em Sevilha, frente à praça de touros, uma multidão espera a chegada dos toureiros. Os vendedores aproveitam a ocasião para oferecer os seus produtos ao público. Aparece então a quadrilha e atrás dela,Escamillo e Carmen. À entrada do toreiro na praça de touros,Mercedes e Frasquita avisam a cigana da presença de Don José, mas ela mostra não ter medo de se encontrar com o seu antigo amante. A seguir, Don José retém Carmen quando tenta entrar na praça,suplicando-lhe que volte com ele.Ela responde-lhe que o seu amor por ele acabou. Do interior da praça soam as vivas a Escamillo.O desertor tenta deter com violência a cigana,mas ela atira-lhe despeitadamente o anel que ele lhe tinha oferecido. Em fúria, Don José enfia uma faca na barriga de Carmen. A multidão que vai saindo da praça assiste à terrível cena. Don José, cheio de tristeza, cai de joelhos junto ao corpo de sua amada Carmen.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org
http://www.antiqbook.com (imagem)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Estante de Livros II

Darapti - O despertar de Oto ( Marcelo Malheiros )
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira
Oto é um jovem com um acentuado espírito filosófico que se vê envolvido em acontecimentos extraordinários após encontrar o "Grupo" em Paris, onde se submete a um treinamento especial para o desenvolvimento de sua mente e de seus poderes latentes. Quase sempre presente ao seu lado está Darapti, o pequeno ser que o acompanha desde a infância e que tem um papel importante em seu despertar para inimagináveis possibilidades. Depois que Oto e seus amigos encontram dentro de uma caverna, nas montanhas da Escócia, uma cápsula do tempo deixada por uma civilização mais desenvolvida, inicia-se uma grande perseguição para a obtenção do cristal de Argon, que contém a chave para o futuro da humanidade. A "Organização", que representa poderosos interesses, não pode deixar que as informações contidas no precioso objeto sejam reveladas.

MARCELO M. GALVEZ é natural do Rio Grande do Sul e mora atualmente em Brasília. Desde cedo se interessou por literatura e filosofia, tendo escrito, ainda quando universitário, uma novela intitulada "Outono". Em 1999 publicou o livro "A Potência do Nada - O vazio incondicionado e a infinitude do ser", no qual investiga as questões filosóficas fundamentais acerca do significado da vida humana e do sentido do universo. O autor tem como hobbies preferidos os livros e as viagens, que utiliza como fonte de inspiração de seus escritos.


Dante - O guardião da morte (Eric Novello )
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira

Quando li DANTE me impressionei com a força dos cenários. Roma antiga, com suas ruas e estalagens surgiram na minha frente. Senti seus cheiros, os ventos súbitos, escutei os cascos dos cavalos. Vivi, junto com Ítalo Tarnapo e sua amante fenícia, o terror e a atração que o povo romano sentia pelos deuses que atravessavam o Mediterrâneo e o passar do tempo, vindos de um Egito que não estava mais lá. O livro conta a história de uma batalha única, que se desenrola sem parar desde o começo dos tempos. É a batalha entre os deuses, entre a vida e a morte, destino e livre arbítrio. E apresenta uma possibilidade inquietante de como, onde e por quê convivemos com o que nunca morre e a quem, às vezes, por comodidade, damos o nome de vampiros. São cenas, é quase um filme. E a linguagem é a nossa, como nosso são os terrores e a coragem de que precisamos todos os dias para continuar sendo nós mesmos.
Eric Novello nasceu em 1978, no Rio de Janeiro, onde exerce a profissão de farmacêutico. É poeta, escritor e futuro roteirista. Estuda a origem do mito dos vampiros há cinco anos, tendo escrito quatro artigos e diversos contos sobre o assunto. É ávido leitor e fã de história romana.

Nas esquinas da vida (Alessandro Pithon)
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira

A vida é, realmente, a maior de todas as escolas, com sua capacidade incansável de nos ensinar algo novo a cada dia, a cada hora, a cada minuto. Seja na alegria ou na tristeza, na descontração ou na angústia, na vitória ou na derrota, na facilidade ou na dificuldade, estamos sempre diante de lições valiosas que nos fazem amadurecer e evoluir. Privilegiados são aqueles que se permitem aprender com os acontecimentos que a vida nos traz, sejam positivos ou negativos. Confortados são aqueles que compreendem que tudo aquilo que nos ocorre carrega, em sua essência, um benefício, um ensinamento. "Nas Esquinas da Vida" é um livro cativante que nos fará refletir, sonhar, acreditar, divertir, sorrir, emocionar. Em cada uma de suas páginas, as lições absorvidas do cotidiano, a descoberta dos verdadeiros e mais preciosos valores da vida.

Alessandro Krucchewsky Pithon nasceu em 28 de Novembro de 1970, na cidade de Salvador, estado da Bahia. Completou a vida escolar no colégio Instituto Social da Bahia, para depois ingressar na Universidade Federal, onde cursou três anos de Arquitetura. Durante o mesmo período trabalhou nesta área profissional. Com a necessidade de sustentar suas filhas pequenas, deixou o curso para trabalhar no ramo de marketing esportivo durante três anos. Em 1999 foi morar com a família na Fazenda Cruzeiro do Sul, cidade de Itabuna, ao sul da Bahia. Permaneceu durante quatro anos administrando a lavoura cacaueira e produzindo geléias de frutas. Foi lá que se deu início a sua vida literária e onde pôde escrever seu primeiro livro "Nas Esquinas da Vida". Atualmente, residindo novamente em Salvador, trabalha em uma das principais empresas brasileiras proprietárias de salas de cinema, a Orient Filmes, além de dar continuidade a sua vida de escritor.

Contos & Causos (Manga Filho)
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira

"Ubirajara se sente desorientado. Não consegue entender o que está acontecendo. Em sua confusão mental emergem estranhas lembranças de sua adolescência. Estórias que ouvia de uma loira fantasma que surgia, vez por outra, ou em festas, ou na beira de estradas pedindo carona ou em banheiros de escolas. Era algo assim. Com o encanto de sua beleza conquistava homens incautos. O enredo sempre acabava da mesma forma, com o conquistado perto ou dentro de um cemitério descobrindo que a loira formosa estava morta há anos."

Manga Filho é natural de São Paulo. Trabalha no Governo do Distrito Federal e é formado em Estatística pela Universidade de Brasília. Escreve desde 1998 por insistência do irmão quadrinhista. Paulistano por nascimento Estatístico por insistência Brasiliense por acaso Escritor por teimosia

As Decisões de Faustus (Dav Freedman)

Doutor Faustus é um homem muito sábio. Professor de uma Universidade de Nova York, já leu muitos livros e está saturado de tudo o que já aprendeu. Com a morte de seu pai, uma herança agora o atormenta. Um livro. Um livro que foi passado de pai para filho, desde sua criação por um bruxo maligno. A família tinha a missão de guardar este livro, e livrar-se de seus males. Mas Faustus, embriagado pela ânsia por novos conhecimentos, e com isso poder, riqueza e admiração, abre o livro, estuda suas páginas, e finalmente recita o feitiço. Bem a sua frente surge uma criatura horrenda, um escravo do demônio. Faustus então, certo de que tinha poder sobre ela, pede que apareça com uma forma mais bonita. E então eis que surge Mephistophilis, com a forma de uma linda e sensual mulher. Dr. Faustus mais do que nunca pensa em tudo o que pode passar a ter se juntar-se a ela, e então vende sua alma para Satã, e em troca dela recebe por vinte quatro anos todo o conhecimento que desejava, e também a companhia de sua agora sensual escrava, Philis. No entanto, Dr. Faustus perde o grande amor de sua vida, Janis, perde seus amigos, perde seu coração e seus sentimentos. Uma história picante, inspirada na peça de teatro escrita por Christopher Marlowe no final do Século XVI, que transforma um tradicional mito cristão, em um sinuoso jogo de sedução.

Dav Freedman mora com sua esposa e família em Upstate, Nova Iorque. É professor de arte e teatro na Academia da Albânia. Tem sido um ativo artista, escritor e mágico por mais de vinte anos. "As Decisões de Dr. Faustus" é a primeira obra de sua autoria publicada


Akashi (Andrei Puntel)
Coleção Novos Talentos da Literatura Brasileira

Investigando uma série de mortes suspeitas na alta sociedade européia, a jornalista Julie Paget vem à procura de uma testemunha chave refugiada em um paraíso tropical no Brasil.Quando chega, descobre que sua fonte também sofreu uma morte tão inexplicada e inquietante quanto as que investigava. No desenrolar dos fatos, conhece um grupo de pessoas que irá mudar sua vida e o seu conceito de realidade, apresentando-a a uma verdade muito mais complexa e excitante do que ela poderia imaginar existir. Suas armas: Conhecimento milenar, coragem e ousadia. Seu objetivo: confrontar um mito.

Andrei Puntel, 34 anos, é engenheiro e consultor de empresas. Por sua formação científica, acredita que uma visão lógica e coerente pode ser aplicada no estudo das diversas ciências não oficiais que, silenciosa e insistentemente, fazem parte do inconsciente coletivo do Homem. Participando, desde os dezoito anos de diversos grupos, do Brasil e do exterior, voltados para o estudo dessas ciências, utiliza em seus livros diversos elementos vindos da gnose, alquimia, filosofia oculta e outras correntes, procurando oferecer aos leitores conhecimento útil e surpreendente através de uma trama ágil e cativante.

Fonte:
http://www.novoseculo.com.br/