quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Machado de Assis (Teoria do Medalhão)

DIÁLOGO

— Estás com sono?

— Não, senhor.

— Nem eu; conversemos um pouco. Abre a janela. Que horas são?

— Onze.

— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta,  chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros...

— Papai...

— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. Os mesmos Pitt e Napoleão, apesar de precoces, não foram tudo aos vinte e um anos. Mas, qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a vida; não há planger, nem imprecar, mas aceitar as coisas integralmente, com seus ônus e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante.

— Sim, senhor.

— Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade.

— Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?

— Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. És moço, tens naturalmente o ardor, a exuberância, os improvisos da idade; não os rejeites, mas modera-os de modo que aos quarenta e cinco anos possas entrar francamente no regime do aprumo e do compasso. O sábio que disse: “a gravidade é um mistério do corpo”, definiu a compostura do medalhão. Não confundas essa gravidade com aquela outra que, embora resida no aspecto, é um puro reflexo ou emanação do espírito; essa é do corpo, tão-somente do corpo, um sinal da natureza ou um jeito da vida. Quanto à idade de quarenta e cinco anos...

— É verdade, por que quarenta e cinco anos?

— Não é, como podes supor, um limite arbitrário, filho do puro capricho; é a data normal do fenômeno. Geralmente, o verdadeiro medalhão começa a manifestar-se entre os quarenta e cinco e cinquenta anos, conquanto alguns exemplos se deem entre os cinquenta e cinco e os sessenta; mas estes são raros. Há os também de quarenta anos, e outros mais precoces, de trinta e cinco e de trinta; não são, todavia, vulgares. Não falo dos de vinte e cinco anos: esse madrugar é privilégio do gênio.

— Entendo.

— Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente; coisa que entenderás bem, imaginando, por exemplo, um ator defraudado do uso de um braço. Ele pode, por um milagre de artifício, dissimular o defeito aos olhos da plateia; mas era muito melhor dispor dos dois. O mesmo se dá com as ideias; pode-se, com violência, abafá-las, escondê-las até à morte; mas nem essa habilidade é comum, nem tão constante esforço conviria ao exercício da vida.

— Mas quem lhe diz que eu...

— Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique certa carência de ideias, ainda assim pode não passar de uma traição da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por mais que as sofremos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o medalhão completo do medalhão incompleto.

— Creio que assim seja; mas um tal obstáculo é invencível.

— Não é; há um meio; é lançar mão de um regime debilitante, ler compêndios de retórica, ouvir certos discursos, etc. O voltarete, o dominó e o whist são remédios aprovados. O whist tem até a rara vantagem de acostumar ao silêncio, que é a forma mais acentuada da circunspecção. Não digo o mesmo da natação, da equitação e da ginástica, embora elas façam repousar o cérebro; mas por isso mesmo que o fazem repousar, restituem-lhe as forças e a atividade perdidas. O bilhar é excelente.

— Como assim, se também é um exercício corporal?

— Não digo que não, mas há coisas em que a observação desmente a teoria. Se te aconselho excepcionalmente o bilhar é porque as estatísticas mais escrupulosas mostram que três quartas partes dos habituados do taco partilham as opiniões do mesmo taco. O passeio nas ruas, mormente nas de recreio e parada, é utilíssimo, com a condição de não andares desacompanhado, porque a solidão é oficina de ideias, e o espírito deixado a si mesmo, embora no meio da multidão, pode adquirir uma tal ou qual atividade.

— Mas se eu não tiver à mão um amigo apto e disposto a ir comigo?

— Não faz mal; tens o valente recurso de mesclar-te aos pasmatórios, em que toda a poeira da solidão se dissipa. As livrarias, ou por causa da atmosfera do lugar, ou por qualquer outra razão que me escapa, não são propícias ao nosso fim; e, não obstante, há grande conveniência em entrar por elas, de quando em quando, não digo às ocultas, mas escancaradamente. Podes resolver a dificuldade de um modo simples: vai ali falar do boato do dia, da anedota da semana, de um contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer coisa, quando não prefiras interrogar diretamente os leitores habituais das belas crônicas de Mazade; 75 por cento desses estimáveis cavalheiros repetir-te-ão as mesmas opiniões, e uma tal monotonia é grandemente saudável. Com este regime, durante oito, dez, dezoito meses — suponhamos dois anos — reduzes o intelecto, por mais pródigo que seja, à sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum. Não trato do vocabulário, porque ele está subentendido no uso das ideias; há de ser naturalmente simples, tíbio, apoucado, sem notas vermelhas, sem cores de clarim...

— Isto é o diabo! Não poder adornar o estilo, de quando em quando...

— Podes; podes empregar umas quantas figuras expressivas, a hidra de Lerna, por exemplo, a cabeça de Medusa, o tonel das Danaides, as asas de Ícaro, e outras, que românticos, clássicos e realistas empregam sem revés, quando precisam delas. Sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocardos jurídicos, máximas, é de bom aviso trazê-los contigo para os discursos de sobremesa, de felicitação, ou de agradecimento. Caveant, consules é um excelente fecho de artigo político; o mesmo direi do Si vis pacem para bellum. Alguns costumam renovar o sabor de uma citação intercalando-a numa frase nova, original e bela, mas não te aconselho esse artifício; seria desnaturar-lhe as graças vetustas. Melhor do que tudo isso, porém, que afinal não passa de mero adorno, são as frases feitas, as locuções convencionais, as fórmulas consagradas pelos anos, incrustadas na memória individual e pública. Essas fórmulas têm a vantagem de não obrigar os outros a um esforço inútil. Não as relaciono agora, mas fá-lo-ei por escrito. De resto, o mesmo ofício te irá ensinando os elementos dessa arte difícil de pensar o pensado. Quanto à utilidade de um tal sistema, basta figurar uma hipótese. Faz-se uma lei, executa-se, não produz efeito, subsiste o mal. Eis aí uma questão que pode aguçar as curiosidades vadias, dar ensejo a um inquérito pedantesco, a uma coleta fastidiosa de documentos e observações, análise das causas prováveis, causas certas, causas possíveis, um estudo infinito das aptidões do sujeito reformado, da natureza do mal, da manipulação do remédio, das circunstâncias da aplicação; matéria, enfim, para todo um andaime de palavras, conceitos, e desvarios. Tu poupas aos teus semelhantes todo esse imenso aranzel, tu dizes simplesmente: Antes das leis, reformemos os costumes!

— E esta frase sintética, transparente, límpida, tirada ao pecúlio comum, resolve mais depressa o problema, entra pelos espíritos como um jorro súbito de sol.

— Vejo por aí que vosmecê condena toda e qualquer aplicação de processos modernos.

— Entendamo-nos. Condeno a aplicação, louvo a denominação. O mesmo direi de toda a recente terminologia científica; deves decorá-la. Conquanto o rasgo peculiar do medalhão seja uma certa atitude de deus Término, e as ciências sejam obra do movimento humano, como tens de ser medalhão mais tarde, convém tomar as armas do teu tempo. E de duas uma: — ou elas estarão usadas e divulgadas daqui a trinta anos, ou conservar-se-ão novas: no primeiro caso, pertencem-te de foro próprio; no segundo, podes ter a coquetice de as trazer, para mostrar que também és pintor. De oitiva, com o tempo, irás sabendo a que leis, casos e fenômenos responde toda essa terminologia; porque o método de interrogar os próprios mestres e oficiais da ciência, nos seus livros, estudos e memórias, além de tedioso e cansativo, traz o perigo de inocular ideias novas, e é radicalmente falso. Acresce que no dia em que viesses a assenhorear-te do espírito daquelas leis e fórmulas, serias provavelmente levado a empregá-las com um tal ou qual comedimento, como a costureira — esperta e afreguesada — que, segundo um poeta clássico, Quanto mais pano tem, mais poupa o corte, Menos monte alardeia de retalhos; e este fenômeno, tratando-se de um medalhão, é que não seria científico.

— Upa! que a profissão é difícil!

— E ainda não chegamos ao cabo.

— Vamos a ele.

— Não te falei ainda dos benefícios da publicidade. A publicidade é uma dona loureira e senhoril, que tu deves conquistar à força de pequenos mimos, confeitos, almofadinhas, coisas miúdas, que antes exprimem a constância do afeto do que o atrevimento e a ambição. Que D. Quixote solicite os favores dela mediante ações heroicas ou custosas é um sestro próprio desse ilustre lunático. O verdadeiro medalhão tem outra política. Longe de inventar um Tratado científico da criação dos carneiros, compra um carneiro e o dá aos amigos sob a forma de um jantar, cuja notícia não pode ser indiferente aos seus concidadãos. Uma notícia traz outra; cinco, dez, vinte vezes põe o teu nome ante os olhos do mundo. Comissões ou delegações para felicitar um agraciado, um benemérito, um forasteiro, têm singulares merecimentos, e assim as irmandades e associações diversas, sejam mitológicas, cinegéticas ou coreográficas. Os sucessos de certa ordem, embora de pouca monta, podem ser trazidos a lume, contanto que ponham em relevo a tua pessoa. Explico-me. Se caíres de um carro, sem outro dano, além do susto, é útil mandá-lo dizer aos quatro ventos, não pelo fato em si, que é insignificante, mas pelo efeito de recordar um nome caro às afeições gerais. Percebeste?

— Percebi.

— Essa é publicidade constante, barata, fácil, de todos os dias; mas há outra. Qualquer que seja a teoria das artes, é fora de dúvida que o sentimento da família, a amizade pessoal e a estima pública instigam à reprodução das feições de um homem amado ou benemérito. Nada obsta a que sejas objeto de uma tal distinção, principalmente se a sagacidade dos amigos não achar em ti repugnância. Em semelhante caso, não só as regras da mais vulgar polidez mandam aceitar o retrato ou o busto, como seria descabido impedir que os amigos o expusessem em qualquer casa pública. Dessa maneira o nome fica ligado à pessoa; os que houverem lido o teu recente discurso (suponhamos) na sessão inaugural da União dos Cabeleireiros, reconhecerão na compostura das feições o autor dessa obra grave, em que a “alavanca do progresso” e o “suor do trabalho” vencem as “fauces hiantes” da miséria. No caso de que uma comissão te leve à casa o retrato, deves agradecer-lhe o obséquio com um discurso cheio de gratidão e um copo d'água: é uso antigo, razoável e honesto. Convidarás então os melhores amigos, os parentes, e, se for possível, uma ou duas pessoas de representação. Mais. Se esse dia é um dia de glória ou regozijo, não vejo que possas, decentemente, recusar um lugar à mesa aos reporteres dos jornais. Em todo o caso, se as obrigações desses cidadãos os retiverem noutra parte, podes ajudá-los de certa maneira, redigindo tu mesmo a notícia da festa; e, dado que por um tal ou qual escrúpulo, aliás desculpável, não queiras com a própria mão anexar ao teu nome os qualificativos dignos dele, incumbe a notícia a algum amigo ou parente.

— Digo-lhe que o que vosmecê me ensina não é nada fácil.

— Nem eu te digo outra coisa. É difícil, come tempo, muito tempo, leva anos, paciência, trabalho, e felizes os que chegam a entrar na terra prometida! Os que lá não penetram, os engole a obscuridade. Mas os que triunfam! E tu triunfarás, crê-me. Verás cair as muralhas de Jericó ao som das trompas sagradas. Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento indispensável, de figura obrigada, de rótulo. Acabou-se a necessidade de farejar ocasiões, comissões, irmandades; elas virão ter contigo, com o seu ar pesadão e cru de substantivos desadjetivados, e tu serás o adjetivo dessas orações opacas, o aroma das flores, o anilado dos céus, o prestimoso dos cidadãos, o noticioso e suculento dos relatórios. E ser isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é
o naturalismo do vocabulário.

— E parece-lhe que todo esse ofício é apenas um sobressalente para os deficits da vida?

— Decerto; não fica excluída nenhuma outra atividade.

— Nem política?

— Nem política. Toda a questão é não infringir as regras e obrigações capitais. Podes pertencer a qualquer partido, liberal ou conservador, republicano ou ultramontano, com a cláusula única de não ligar nenhuma ideia especial a esses vocábulos, e reconhecer-lhes somente a utilidade do scibboleth bíblico.

— Se for ao parlamento, posso ocupar a tribuna?

— Podes e deves; é um modo de convocar a atenção pública. Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: — ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica. Os negócios miúdos, força é confessá-lo, não desdizem daquela chateza de bom-tom, própria de um medalhão acabado; mas, se puderes, adota a metafísica; — é mais fácil e mais atraente. Supõe que deseja saber por que motivo a 7ª Companhia de infantaria foi transferida de Uruguaiana para Canguçu; serás ouvido tão-somente pelo ministro da Guerra, que te explicará em dez minutos as razões desse ato. Não assim a metafísica. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade.

— Farei o que puder. Nenhuma imaginação?

— Nenhuma; antes fazes correr o boato de que um tal dom é ínfimo.

— Nenhuma filosofia?

— Entendamo-nos: no papel e na língua alguma, na realidade nada. “Filosofia da história”, por exemplo, é uma locução que deves empregar com frequência, mas proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por outros. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade, etc., etc.

— Também ao riso?

— Como ao riso?

— Ficar sério, muito sério...

— Conforme. Tens um gênio folgazão, prazenteiro, não hás de sofreá-lo nem eliminá-lo; podes brincar e rir alguma vez. Medalhão não quer dizer melancólico. Um grave pode ter seus momentos de expansão alegre. Somente — e este ponto é melindroso...

— Diga.

— Somente não deves empregar a ironia, esse movimento ao canto da boca, cheio de mistérios, inventado por algum grego da decadência, contraído por Luciano, transmitido a Swift e Voltaire, feição própria dos céticos e desabusados. Não. Usa antes a chalaça, a nossa boa chalaça amiga, gorducha, redonda, franca, sem exageros, nem véus, que se mete pela cara dos outros, estala como uma palmada, faz pular o sangue nas veias, e arrebentar de riso os suspensórios. Usa a chalaça. Que é isto?

— Meia-noite.

— Meia-noite? Entras nos teus vinte e dois anos, meu peralta; estás definitivamente maior. Vamos dormir, que é tarde. Rumina bem o que te disse, meu filho. Guardadas as proporções, a conversa desta noite vale o Príncipe de Machiavelli. Vamos dormir.

Fonte: GLEDSON, John (seleção). 50 contos de Machado de Assis. Ed. Cia. das Letras.

Estante de Literatura Universal (Egito: Conto do Náufrago ou A Ilha da Serpente)

É um conto literário do Antigo Egito da época do Império Médio, datado do século XX a.C. Este conto é conhecido graças a um único manuscrito, o Papiro São Petersburgo 1115, da época da XII dinastia egípcia. Este papiro também é conhecido como o Papiro Golenischeff, em honra ao egiptólogo russo Vladimir Semenovitch Golenischeff que o encontrou no Museu Imperial de São Petersburgo em 1881, desconhecendo-se como foi ali parar o manuscrito. Atualmente o papiro encontra-se no Museu Pushkin, em Moscovo.

Relata as aventuras de um marinheiro egípcio que partiu num barco para uma expedição num país onde se achavam as minas de cobre do faraó. Durante a viagem ocorre um naufrágio, no qual morrem todos os cento e vinte integrantes da tripulação, descritos como os melhores marinheiros egípcios, com exceção do protagonista. Agarrado a uma prancha permanece três dias em alto mar, até alcançar uma ilha. Nesta ilha habitava uma grande serpente de cores dourada e lápis-lazúli, que o recebeu e levou para uma caverna, sem atacá-lo. Esta serpente era a soberana da ilha, que se caracterizava por possuir grandes riquezas. A serpente comunica ao náufrago que dentro de quatro meses passará pela ilha um barco que o levará de volta a casa. Quatro meses mais tarde, as palavras da serpente cumpriram-se. A serpente carrega o navio com as riquezas da sua ilha, como a canela, o marfim, as peles, óleos perfumados e macacos. A história termina com o regresso do herói ao Egito dois meses depois de ter partido da ilha.

Embora se trate de uma obra de ficção, os investigadores encontram no texto elementos da história e cultura egípcia, como a exploração mineira no Sinai (que foi intensamente desenvolvida pelo rei Amenemés III da XII dinastia) e as viagens comerciais ao país de Punt, um local ainda não totalmente identificado (seria talvez na região do Corno de África), mas que se caracterizava pela sua riqueza. Atualmente o texto do Conto do Náufrago é usado em aulas de aprendizagem da língua egípcia.
Fonte: Wikipedia

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

4º Concurso do Projeto de Trovas Para Uma Vida Melhor (Trovas Premiadas)

5ª Etapa

A Busca da Paz, do Equilíbrio em Sociedade.

Tema: Agressão

GRUPO 1

VENCEDORES

1º LUGAR
Troca os trapos da agressão
por vestes de amor profundo
e serás ''o cara'', então,
mais bem vestido do mundo!
Carlos Henrique da Silva Alves
(Senhor do Bonfim/BA)

2º LUGAR
Quando a injustiça é patente,
a palavra não dosada
pode ser mais contundente,
que a agressão, ou bofetada!
Carolina Ramos
Santos/SP

3º LUGAR
Dizer palavras horríveis
– não há maior agressão!
Feito flechas invisíveis,
vão direto ao coração.
Aparecida Gianello dos Santos
Martinópolis / SP

 MENÇÃO HONROSA

1
Mesmo com raiva não xingue,
busque a paz na relação.
Não faça da vida um ringue
para a troca de agressão.
Dulcídio de Barros Moreira Sobrinho
Juiz de Fora/MG

2
Toda agressão é violência
urdida contra um irmão...
Quem a usa com frequência
perde o direito e a razão!
Myrthes Mazza Masiero
São José dos Campos/SP

3
É uma agressão desumana,
uma falta de respeito...
Num país com tanta grana,
hospitais faltando leito.
Edy Soares
Vila Velha/ES

4
Toda agressão cometida
contra o ambiente, onde for,
reverte-se contra a vida
e atinge o próprio agressor...
Antonio Augusto de Assis
Maringá/PR

5
O que é preciso fazer,
nesta contenda falaz,
para o mundo compreender
que agressão não gera paz?
Joel Hirenaldo Barbieri
Taubaté/ SP

 MENÇÃO ESPECIAL

1
A pior agressão vem,           
findas as guerras verbais,
no silêncio de um desdém,
que ao coração fere mais.
Edweine Loureiro da Silva
Saitama/Japão

2
Demonstra não ter razão              
quem tenta, em qualquer contenda,
fazer uso da agressão,
seja o que for que pretenda.
Julimar Andrade Vieira
Aracaju/SE

3
Agressão é ferimento
que machuca o coração.
E se atinge o sentimento...
não tem cicatrização.
Paulichi
Atibaia/SP

4
Quem anda em busca da paz
deve ter como missão
desarmar-se, e isto se faz
não revidando agressão!
Nemésio Prata Crisóstomo
Fortaleza/CE

5
O que será desse mundo
sofrendo tanta agressão,
por um povo que no fundo
só tem amor ao cifrão?
Luiz Moraes
São José dos Campos/SP

DESTAQUE

1
Ao sofrer uma agressão,
o Mestre não revidava;
olhava com compaixão
o próximo a quem amava.
Sonia Regina Rocha Rodrigues
Santos/SP

2
Nem dá para relatar,
na polícia, as aflições;
o desprezo de um olhar
é a pior das agressões.
Geraldo Trombin
Americana/SP

3
Pelas agressões sofridas,
Jesus se compadeceu,
perdoou dores curtidas
e  por seu povo morreu.
Olga Maria Dias Ferreira
Pelotas/RS

4
Felicidade é viver 
na alegria e na união;
no entanto, há quem tem prazer
de praticar a agressão.
Marina Gomes de Souza Valente
Bragança Paulista/SP

5
Quando qualquer atitude,
for seguida de agressão,
o causador não se ilude:
não tem justificação!
Nadir Nogueira Giovanelli
São José dos Campos/SP

GRUPO 2

VENCEDORES

1º LUGAR

Eu acho uma crueldade,                 
até mesmo uma agressão,
o tamanho da saudade
que sinto no coração.
Maria Lúcia Fernandes Rocha
São Fidélis/RJ

2º LUGAR
Mesmo o Pai nos dando a prova               
que devemos perdoar,
agressão que se renova
é difícil suportar.
Ana Maria Nascimento
Araçoiaba/CE

3º LUGAR
Agressão é sentimento  
de profunda  autoridade,
mas acaba no momento
que o outro, mostra  humildade.
Elenir Ferreira
Santos/SP

MENÇÃO HONROSA

1
Para educarmos o mundo,
temos que ter mansidão;
pois o carinho profundo
repele sempre a agressão!
Wanda Duarte
Ribeirão Preto/SP

2
A agressão desfaz o amor
e grava na alma amargura.
Mas da paz vem o clamor 
com um gesto de ternura.
Madalena Ferrante Pizzatto
Curitiba/PR

3
A mãe Natureza roga
ao Criador proteção.
Mas, ao homem, interroga
o motivo da agressão.
W. Mota
Taubaté/SP

4
Agressão contra mulher
ou criança dói-nos n'alma
O castigo que vier
será justo ou só acalma?
Angela Guerra
Rio de Janeiro/RJ

Irmão deve amar irmão,
sem agressão, sem rancor,
viver como bom cristão
e difundir muito amor.
Claudio Morais
Taubaté/SP

MENÇÃO ESPECIAL

1
Agressão de qualquer jeito
deve ser denunciada,
pois prevalece o direito
de ser sempre respeitada.
Maria Zilnete de Moraes Gomes
Campos dos Goytacazes/RJ

2
Toda agressão prejudica
a pessoa que a recebe;
o agressivo não dá dica
da maldade que concebe.
Mifori
São José dos Campos/SP

3
Não importa a agressão
– seja física ou verbal –,
diga um veemente “Não!”,
seja exemplo fatual!
George Gimenes
Ontario/Canadá

4
Depois de tanta agressão
com toda maledicência,
você me pede perdão
e quer que eu tenha clemência?!...
Nair Lopes Rodrigues
Santos/SP

5
A nossa grande missão:
zelar, observar, cuidar,
qualquer tipo de agressão;
praticando o verbo amar!
Leonir Aparecida Ligor Menegati
Dourados/MS

DESTAQUE

1
Está o mundo agressivo,
no olhar a agressão, revolta...
É um olhar destrutivo,
que talvez, não tenha volta!...
Lora Saliba
São José dos Campos/SP

2
Mulher que sofre agressão,
deve o mal já denunciar,
jogue o agressor na prisão
pra ninguém importunar.
Marcos Coelho
Dourados/MS

GRUPO: ALUNOS

VENCEDORES

1º Lugar
Agressão não é legal,
seja lá qual a razão,        
sendo física ou moral
maltrata alma e coração.
Leandro Sena Carvalho
8º A – EM Profª Elza Farias Kintschev Real
Dourados/MS

2º Lugar
Quando vir uma agressão 
não fique parado, olhando,
diminui o valentão,
diga-lhe que vá parando.
Lucas Sampati Pereira
 6º C – EM Profª Elza Farias Kintschev Real
Dourados/MS

3º Lugar
Eu não gosto de agressão,
ainda mais contra mulher
dá uma grande tensão
- O que essa pessoa quer?
Luiz Fernando Dias Barbosa
8º A – EM Profª Elza Farias Kintschev Real
Dourados/MS

MENÇÃO HONROSA

Eu sempre fui ameaçada,
sofri uma forte agressão.
Minha vida regaçada,
o meu caso: coração.
Grabriela de Mattos Santos
6º A – EM Profª Elza Farias Kintschev Real
Dourados/MS

Olivaldo Junior (O Poeta do Adeus)

Certo dia fui nomeado de "O poeta do adeus". Essa alcunha me fora dada por um rapaz a quem muito mandei poemas, contos e crônicas que fiz. Faço do adeus, da despedida e da lágrima meus temas, senão preferidos, recorrentes. Acho que ele não gostou muito desses temas e resolveu me batizar. Bem, é bom ser chamado de alguma coisa. Melhor que ser ignorado, igual a esse mesmo amigo tem feito há um tempo comigo. Sei que não é muito legal ficar lendo sobre adeus e seus respectivos subtemas, mas, de vez em quando, ainda volto a eles. Adeus, pelo menos, é um tanto poético. 

Venho escrevendo, por sugestão de uma amiga, mais contos e crônicas. E tenho gostado disso. Mas, quando menos percebi, voltei a esse tema do adeus novamente. Não tenho tido muitas devolutivas desses últimos textos, o que me faz pensar que não estou de fato agradando. Na verdade, como já disse um tempo, preciso me renovar mesmo. Não é fácil. Isso exige uma renovação interior que, para variar, também não é fácil. Dar adeus a velhos hábitos é como dar adeus a velhos temas de escrita e, claro, de pensamento. O tempo nem sempre cura tudo. É preciso um tempo para ajudar o tempo a nos temperar de outra forma. Portanto, espero dar um tempo em meus escritos outra vez. Assim, quem sabe, minha pena me dê novos e melhores textos, com renovados temas, e eu mesmo me refaça, me redescubra, enfim. 

Para ilustrar esse "último" texto, lhe mando uma canção muito linda, escrita por Neil Sedaka e Phill Cody, numa gravação de Sissel, cantora norueguesa de um timbre límpido, assim como todo adeus deveria ser. Não, não sou realmente adepto do adeus. Na verdade, sou mais adepto do eterno, assim como o adeus, também uma utopia. Quem nunca disse adeus? 

Quem me batizou com esse apelido é que me disse adeus sem me dizer e há muito tempo não me visita. Isso é triste, mas é a vida. 

Fonte:
O Autor