sábado, 14 de março de 2009

Academia de Letras de Rondônia (ACLER)



Academia de Letras de Rondônia – ACLER é uma entidade cultural, sem fins lucrativos e de duração indeterminada, que tem sua sede e foro na cidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Foi fundada aos dez dias do mês de junho de hum mil novecentos e oitenta e seis. Sua fundação foi fruto da iniciativa de um grupo de cidadãos, oriundos de diferentes segmentos da sociedade rondoniense, autores que contribuíram e contribuem para a formação da literatura rondoniense e brasileira, historiadores e críticos literários, cientistas sociais, jornalistas, políticos e cientistas, cujas obras e vida profissional constituem uma referência em suas respectivas áreas.
Decidiram, com essa iniciativa, prover o Estado de Rondônia de uma instituição cultural capaz de promover o cultivo dos livros e incentivar as atividades intelectuais e culturais da região. A seguir, a relação dos Acadêmicos presentes à reunião de fundação da Academia, realizada no auditório da Biblioteca José Pontes Pinto: Abnael Machado de Lima, Ary Tupinambá Pena Pinheiro, Amizael Gomes da Silva, Bolívar Marcelino, Edson Jorge Badra, Emmanuel Pontes Pinto, Esron Penha de Meneses, Eunice Bueno da Silva e Souza, Gesson Álvares de Magalhães, Hélio Fonseca, José Calixto de Medeiros, José Valdir Pereira, Matias Alves Mendes, Paulo Nunes Leal, Raymundo Nonato de Castro e Vitor Hugo. Por ocasião desta reunião, em 10 de junho de 1986, deliberaram os presentes nomear o Desembargador Hélio Fonseca para dirigir os trabalhos.

Assim sendo, a reunião foi conduzida pelo desembargador Hélio Fonseca, que logo colocou em discussão os seguintes assuntos: nome da entidade, composição da comissão responsável pela elaboração do anteprojeto do Estatuto da Academia, horário, local e datas das próximas reuniões. Após análise e discussão da pauta, os presentes deliberaram, por unanimidade: a entidade cultural, fundada na ocasião pelos presentes, chamar-se-á Academia de Letras de Rondônia – ACLER; a comissão responsável pela elaboração do anteprojeto do Estatuto da Academia será constituída pelos membros: Edson Jorge Badra, José Valdir Pereira, Matias Alves Mendes e Gesson Álvares Magalhães, sendo que referida comissão deverá apresentar o anteprojeto do Estatuto, para discussão e aprovação, na próxima reunião, dia 17 de junho de 1986. Deliberou também os presentes, que as próximas reuniões acontecerão sempre às terças-feiras, no mesmo local, a partir das 20h 30min.

No dia 17 de junho, na reunião seguinte, atendendo convocação expressa registrada em Ata, os participantes, sob a coordenação do Desembargador Hélio Fonseca, Presidente do núcleo de fundadores da Academia, foram informados da pauta da Reunião, destacando como prioritário a análise, discussão e aprovação do anteprojeto do Estatuto da Academia. Após análise e discussão do Estatuto, o Presidente o submeteu à aprovação dos presentes, sendo aprovado por unanimidade, já com a Diretoria provisória da Academia definida, eleita por unanimidade, ficando assim constituída: Presidente: Desembargador Hélio Fonseca, Vice-Presidente: Édson Jorge Badra e Secretário-Geral: José Valdir Pereira.

Até o ano de 2005, a Academia funcionou na sua sede própria, imóvel doado pelo governo José Bianco, prédio onde funcionou a Biblioteca José Pontes Pinto, situado à Av. Farqhuar, 1793, Bairro Caiari, Porto Velho - Rondônia. Deixou de funcionar em sua sede, a pedido do governo do Estado, Ivo Cassol, dizendo este que faria uma reforma no referido prédio e o entregaria logo em seguida. Atualmente, a Academia realiza suas Sessões Ordinárias no auditório do Conselho Estadual de Educação de Rondônia, gentilmente cedido pela Presidência da colenda Instituição de educação, de acordo com convênio celebrado entre as duas entidades.

A Academia é composta de quarenta membros titulares, membros
correspondentes (brasileiros ou estrangeiros), residentes no restante do país ou no exterior, membros beneméritos e membros honorários, sendo as vagas preenchidas de acordo com critérios previstos no Estatuto. O quadro de Patronos é composto de escritores já falecidos, de reconhecido conceito e valor literário, com sua vida ou obra apresentando algum vínculo com o Estado de Rondônia.

O Presidente atual da Academia é o escritor e poeta José Valdir Pereira
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O Brasão

a) Descrição Técnica Geometral:

Da Forma:

A forma geométrica do Brasão da Academia de Letras de Rondônia possui uma forma ovalada distinguindo-se por uma figura geométrica Elipse Falsa constituída por dois eixos. Dentro desse círculo elipsoidal forma-se um anel circunscrevendo-se no seu interior uma figura plana, distinguindo-se sobre ela uma fração de arquitetura iconográfica do Forte do Príncipe da Beira, encimado por uma figura estilizada de uma coruja. Essas peças podem ser em relevo – madeira ou metálica. Os ramos de café e cacau ladeiam a figura. Abaixo da figura iconográfica, está a frase Fundada em 10 de junho de 1986, que marca a data de fundação da Academia.

Das Cores:

A Fração arquitetônica do Forte do Príncipe da Beira, representa por uma guarita, em blau, sendo as faixas que a atravessam, a superior, sinopla e a inferior, ouro. O desenho onde a guarita se apóia, representando a muralha do Forte, em goles. Essas cores são as utilizadas no Brasão do Estado de Rondônia, tendo, para a Academia de letras de Rondônia, o mesmo significado.

b) Descrição Filosófica:

Da Forma Estrutural:

A figura em forma de elipse, formando um círculo ovalado, significa a imortalidade da cultura e das letras, em cujos pontos não se encontra princípio nem fim.

O círculo ovalado constitui-se um anel e possui as seguintes legendas: na parte superior,, onde se lê: ACADEMIA DE LETRAS DE RONDÔNIA. Na parte inferior, onde se lê: NON VI, SED VIRTUTE, traduzindo NÃO PELA FORÇA, MAS PELA QUALIDADE, buscando imprimir às sucessivas gerações a consciência do quanto é importante o conhecimento humano a serviço da valorização da vida, não pela força, pela violência, mas pela coragem, pela qualidade, pelo mérito da produção literária de cada um de nós.

Da Figura Iconográfica:

A guarita estilizada que guarnece os bastiões do Forte do Príncipe da Beira, significa a necessidade de os membros da Academia de Letras de Rondônia estarem alertas às invasões lingüísticas e literárias danosas à preservação do bom vernáculo, assim como o forte defendia a Amazônia Ocidental das invasões espanholas do século XVIII.

O desenho estilizado da coruja é o símbolo da sabedoria que deve nortear as ações e as obras intelectuais dos membros da Academia.

Dos ramos de cacau e de café:

Representam as principais riquezas do setor produtivo rural que, se conduzindo com sustentabilidade, poderá ser o ícone econômico/social do Estado, contribuindo, também, para a independência econômica do País.

R E S U M O
Em resumo, o Brasão da Academia de Letras de Rondônia é constituído dos seguintes elementos:
1º.- Um bastião do Forte do Príncipe da Beira, monumento construído às margens do rio Guaporé, no município de Costa Marques, na fronteira de Rondônia com a Bolívia, construído em 1776, como marco de defesa do território brasileiro, contra as incursões bolivianas que aconteciam àquela época. As cores do bastião, (verde, amarelo, azul e branco) são as cores da bandeira nacional.

2º.- O bastião é encimado por uma coruja, símbolo da sabedoria de que são portadores os membros da academia.

3º.- Em vermelho, parte do muro daquele Forte, simbolizando o sangue dos brasileiros que morreram em defesa da pátria, em luta contra os bolivianos que invadiam nossa terra. Parte do muro encontra-se deteriorado, como deteriorado está todo o forte, necessitando de reformas à época da fundação da academia.

4º.- Sob o muro, a inscrição “Fundada em 10/06/1986”, data da fundação da Academia de Letras de Rondônia.

5º.- Tudo isso é circundado por dois fio negros, em forma oval, entre os quais há, em cima, a inscrição “ACADEMIA DE LETRAS DE RONDÔNIA”.

6º.- Do lado direito, um ramo de cacau e do esquerdo, um ramo de café, simbolizando as duas maiores riquezas do Estado de Rondônia, à época da fundação da academia.

7º.- Em baixo, a inscrição latina “NON VI, SED VIRTUTE”, lema que traduz o sentimento dos acadêmicos: “Não pela força, mas pela virtude”.

Fonte:
http://acler.org

Academia de Letras de Rondônia (Acadêmicos)

ACADEMICOS
1 – Dimas Ribeiro da Fonseca ––– (Patrono) Francisco Meireles
2 – Gesson Álvares de Magalhães ––– (Patrono) Ary de Macedo
3 – Edson Jorge Badra ––– (Patrono) Alkindar Brasil de Arouca
4 – Emmanuel Pontes Pinto ––– (Patrono) José Pontes Pinto
5 – Bolívar Marcelino ––– (Patrono) Antônio Tavernard
6 – Abnael Machado de Lima ––– (Patrono) Manoel Nunes Pereira
7 – Hélio Fonseca ––– (Patrono) Teotônio de Gusmão
8 – José Valdir Pereira ––– (Patrono) Alexandre Rodrigues Ferreira
9 – vaga ––– (Patrono) Amílcar Botelho Magalhães
10 – Esron Penha de Menezes ––– (Patrono) Antônia Virgílio ]
11 – Raymundo Nonato de Castro ––– (Patrono) Cândido Mariano da Silva Rondon
12 – vaga ––– (Patrono) Pe. João Nicoletti
13 – Matias Mendes ––– (Patrono) Maria Madalena Neimeier Duarte
14 – Heinz Roland Jakobi ––– (Patrono) Ricardo Franco de Almeida Serra
15 – Eunice Bueno da Silva Souza ––– (Patrono) Ferreira de Castro
16 – Antônio Cândido ––– (Patrono) Antônio José Catanhede
17 – Yêdda Maria Pinheiro Borzacov ––– (Patrono) Aluisio Pinheiro Ferreira
18 – Pedro Albino de Aguiar ––– (Patrono) Humberto de Campos
19 – Viriato Moura ––– (Patrono) Carlos Mendonça
20 – João Teixeira ––– (Patrono) Ramayana Chevalier
21 – Aparício Carvalho de Moraes ––– (Patrono) Oswaldo Cruz
22 – Joaquim Cercino ––– (Patrono) Joaquim Tanajura
23 – Átila Ibanez ––– (Patrono) Vespasiano Ramos
24 – Dante Ribeiro da Fonseca ––– (Patrono) Paulo Nunes Leal
25 – Marco Antônio Domingues Teixeira ––– (Patrono) José Alves de Lira
26 – Cláudio Batista Feitosa ––– (Patrono) Joaquim de Araújo Lima
27 – Zelite Andrade Carneiro ––– (Patrono) Jorge Teixeira de Oliveira
28 – Antonio Serafim da Silva ––– (Patrono) Raymundo Moraes
29 – vaga ––– (Patrono) José Calixto de Medeiros
30 – José Lúcio Cavalcante de Albuquerque ––– (Patrono) José Guilherme de Araújo Jorge
31 – vaga ––– (Patrono) Pedro Tavares Batalha
32 – Raimundo Neves de Almeida ––– (Patrono) José Francisco Monteiro
33 – vaga ––– (Patrono) Emília Smithlage
34 – vaga ––– (Patrono) Vitor Hugo
35 – vaga ––– (Patrono) Ari Tupinambá Penna Pinheiro
36 – Luiz Antonio de Araujo Silva ––– (Patrono) Enos Eduardo Lins
37 – Samuel Castiel Jr ––– (Patrono) Marise Magalhães Costa Castiel
38 – vaga ––– (Patrono) João Batista Costa
39 – vaga ––– (Patrono) Júlio Nogueira
40 – vaga ––– (Patrono) Amizael Gomes da Silva
41 – Almino Álvares Afonso ––– (Patrono) Álvaro Maia
42 – César Romero Cavalcante de Albuquerque ––– (Patrono) Roquete Pinto
43 – Iris Célia Cabanelas Zanini ––– (Patrono) Leandro Tocantins
44 – Adelino José de Moura ––– (Patrono) Paulo Saldanha
45 – Frederico Álvares Afonso ––– (Patrono) João Carlos Marques Henrique Neto

Sócios Honorários
Euro Tourinho
José Januário de Oliveira Amaral

Sócios Beneméritos
Francisca Batista
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BOLIVAR MARCELINO (1932)

Popularmente conhecido como Professor Bolívar, dado a sua intensa batalha nos meios educacionais lecionando língua Portuguesa e Literatura Brasileira.

Potiguar da capital de Natal, nasceu a 28 de agosto de 1932. Chegou a Porto Velho em outubro de 1938 com apenas 6 anos de idade. Fez seus primeiros estudos na Escola Osvaldo Cruz, Colégio Dom Bosco e grupo Escolar Barão do Solimões.

Sua vida sempre esteve muito ligada a literatura. Tem um número incontável de composições poéticas e crônicas literárias publicadas nos jornais desta capital.

Criativo e versátil, vem participando dos eventos culturais desta terra com grande destaque. Tomou parte na Comissão que escolheu o Hino do município de Porto Velho, bem como, o brasão.

É membro da União Brasileira dos Escritores de Rondônia e da Academia Rondoniense de Educação.
Foi presidente da diretoria da Associação Rondoniense dos Professores.

Professor de Língua Portuguesa, Bacharel em Direito e Pesquisador da Amazônia, escreveu a monografia “Da Revolução Acreana à construção da Madeira – Mamoré”.

Em sua poesia, regionalista, retrata a vida do seringueiro, o canto do Uirapuru, a enchente do Rio-Mar, a beleza da Vitória Régia, o drama da Madeira-Mamoré e a paisagem amazônica.

Do seu conhecimento e paixão pelas lendas amazônicas, citamos a Mãe-D’água e o Caboclo Tapuia.
Ainda levado pelo senso/regional escreveu o ensaio A Influência de Rondon no Território Federal de Rondônia com o qual mereceu o 1º prêmio no concurso realizado pela imprensa local.

Bibliografia do Acadêmico:

Tarde de verão (poesia)
Folhas de Outono (poesia)
Chuvas de Inverno (poesia)
Ensaio sobre o poeta Antônio Tavernard
Rondon e sua Influência no Território Federal de Rondônia, 1965
Da Revolução Acreana à Construção da Madeira-Mamoré, 1982.
Poema de Exaltação a Rondônia, 1982 Orvalho da Manhã

A MINHA ÚNICA ILUSÃO

Éramos como duas trêfegas crianças,
De sonhos cheios, ricas de ilusões,
Vivíamos a alegrar os corações
Em busca de quimeras e esperanças...

E nunca te esqueci – nestas andanças
Em que a vida tão pela de emoções,
Deixa-nos as marcas e as mutilações
De um grande amor que resta nas lembranças...

E fomos assim: um sonho que passou
No grande val de vidas desiguais,
Que cresceu, mas breve se acabou...

Acredito que pra ti haja findado,
Mas para mim, que te amei demais,
És a mais bela flor do meu passado...
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Porto Velho

Porto Velho da minha infância e da minha adolescência, das barrancas do rio, do velho trapiche do Aripuanã... do ponto inicial da Madeira-Mamoré.

- Debruço-me no teu passado e vejo na retina dos meus olhos: A favela, A Rua-da-Palha, A Ladeira do João-barril, o velho coqueiro solitário da Baixa da União E me perco em memórias e recordações...

Porto Velho das reuniões do Bar-Central, da velha ponte Guapindaia, do Parque Municipal, do "buraco" do Aníbal e do Chico do "buraco"; das velhas casas de madeira dos ingleses, Casa Seis, Três, Hotel-Brasil, do Paraíso e do Clube Internacional.

Porto Velho do Igarapé-Grande, de águas brancas, cristalinas, murmurejantes... do Beco do Mijo, da Ponte do Suspiro, da Vila Confusão.

Porto Velho cosmopolita, de espanhóis, portugueses, ingleses, barbadianos, nordestinos, colonizadores.

Porto Velho do Pedro do Rádio, do Macedo telegrafista, do professor Carlos Costa, do Butioni, do Aluízio, como dizia o Getúlio,

Porto Velho das figuras populares: Zé Quirino e Tainha da política apaixonada: cutuba e pele-curta,

Porto Velho dos diminutivos: Ferreirinha, Oliveirinha, Teixirinha, Freitinhas...

Porto Velho do "gabarito", da Fifi Lorotoffi, do Nuno IV, do João do Vale,

Porto Velho do "footing" da Praça Rondon, de mil lembranças que trago dentro do peito, na minha saudade; berço de minhas filhas, dos meus filhos, de minhas ilusões.

Porto Velho que dia a dia cresce a retorcer-se num canto do meu coração...

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ESRON PENHA DE MENEZES

Desde 1954 escreve em Jornais, ora no "0 Guaporé, ora no Alto Madeira", crônicas quase na sua totalidade, versando sobre fatos ocorridos há alguns anos passados.
Por isso, intitulou essas crônicas de "HISTÓRIA ANTIGA".

É pioneiro filho de pioneiro, chegando aqui em Porto Velho trazido pelo pai, quando tinha apenas oito anos de idade.

Aqui estudou, fazendo o curso primário. Aos 14 anos, passou a trabalhar na Madeira-Mamoré, a lendária Estrada de Ferro. Alguns anos depois, trabalhou na Fordlandia, por cinco anos e, em 1932, serviu ao Exército, voltando em 1933 à Porto Velho, onde passou a trabalhar na Caixa de Aposentadoria dos Ferroviários e na Madeira Mamoré.

Em 1943, com a criação do Território, ESRON passa a ser um dos organizadores da Guarda Territorial aonde chegou a exercer o comando e, posteriormente, em 1952, também é encarregado de dar os primeiros passos para a organização do Corpo de Bombeiros, fazendo curso de Bombeiro Técnico no Rio de Janeiro.

Em 1953, foi delegado de polícia na área dos garimpos, escrivão eleitoral em 1958, assistente militar do governador Paulo Nunes Leal e, em 1960, Delegado do Governo do território junto às firmas construtoras da BR-29 (depois 364).

Veio a se aposentar no serviço público em 1962, quando passou a exercer atividades diversas em empresas privadas.

Em 1969 comandou o Corpo de Bombeiro, foi secretário da extinta ARENA entre 1975/1976 e,exerceu por muito tempo, a função de assessor especial para assuntos legislativos na Prefeitura Municipal de Porto Velho.

A este homem de vida tão vivida, ainda restou tempo para nos brindar com relatos de fatos,de nossa terra e nossa gentes, através do seu "RETALHOS PARA A HISTÓRlA DE RONDÔNIA" - onde aborda diversos assuntos, como a evolução dos transportes em Rondônia, os homens que fizeram história, desde Rondon até Jorge Teixeira, os municípios que já existiam e os criados, a criação do Território e a elevação deste a Estado etc.

Membro da Academia Rondoniense de Educação, tendo editado dois livros, 500 e 1500 exemplares, Retalhos para a História de Rondônia", cuja edição, já esgotada, é muito procurada pelos estudantes das várias séries de ensino.

Esron de Menezes, também é jornalista e colabora no Jornal Alto Madeira, com a Coluna História Antiga.

Esron Penha de Menezes é membro fundador da Academia de Letras de Rondônia e um dos maiores colaboradores na construção do Estado de Rondônia.
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APARÍCIO CARVALHO DE MORAES (1950)

Aparício Carvalho de Moraes, Médico, poeta, comunicador e político, nasceu na bucólica Boa Esperança – Rio Bonito, Estado do Rio de Janeiro, em 20 de abril de 1950.

Freqüentou, durante seis anos, o Conservatório de Música do Departamento do Instituto de Letras e Artes da Universidade do Amazonas e participou como poeta expositor, do 1o. Salão de Poesias do Amazonas, em 1976, no Teatro Amazonas.

Na área de comunicação, Aparício produziu e apresentou, durante dois anos, para a TV Educativa, Canal 2, o Programa “Medicina e Saúde”, para todo o Amazonas, e produziu e apresentou, na Rede Amazônica de Televisão, Canal 4, TV Rondônia, vários programas, entre eles: “Nossa Revista” e “Bom Dia Rondônia”.

Na área médica, destaca-se como Presidente da Associação Médica de Rondônia (reeleito para o sétimo mandato), tendo exercido o cargo de Secretário de Estado da Saúde de Rondônia. Fundou a Cooperativa de Trabalho Médico do Estado de Rondônia (UNIMED-RO) e foi eleito Presidente em 1984.

Na área política, exerceu os mandatos de vereador, em Porto Velho, deputado federal por Rondônia e Vice-Governador do Estado de Rondônia.

É membro da União Brasileira dos Escritores de Rondônia e seus principais livros são:
Vivências Amazônicas, publicados em 1985;
Letra de Médico (Co-autor), publicado em 1991
Atuação Parlamentar, publicado em 1995.

O Acadêmico Aparício Carvalho de Moraes já esteve duas vezes na Presidência da Academia, tendo seu último mandato correspondido ao período de 2001 a 2007.
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EUNICE BUENO DA SILVA E SOUZA

Natural de Assís, Estado de São Paulo, nasceu em 4 de junho de 1948. É filha de Prescilhana Alves da Silva e Antenor Bueno da Silva.

Cursou o primário na cidade de Mandurí-SP; o ginasial em Sertanópolis no Paraná, no Ginásio Estadual Luiz Deliberador. O curso colegial em Bernardino de Campos-SP e Magistério na Escola Normal Santo Tomás de Aquino em Sertanópolis-PR.

Cursou a Faculdade de Ciências e Letras de Cornélio Procópio – PR formando-se em Letras Franco-Portuguesa. Fez a aliança Francesa, lecionando a matéria na cidade de Bela Vista do Paraíso – PR por quatro anos.

Veio para Porto Velho em 1977, onde continuou exercendo o magistério nas escolas Colégio Dom Bosco e Escola Normal Carmela Dutra.

Participou ativamente de todos os movimentos literários promovidos em Porto Velho.

Escreveu artigos sobre a arte poética e literatura rondoniense em vários matutinos locais.

É membro fundadora da União Brasileira dos Escritores de Rondônia, onde foi Presidente por dois anos, e da Academia de Letras de Rondônia, onde foi Secretária Geral no biênio de 1988 a 1990.
Atualmente, é Diretora da Biblioteca e Edições da Academia de Letras, eleita nas eleições do dia 4 de janeiro de 2008, para o biênio 2008/2009.

Como funcionária Pública exerceu o cargo de redatora do Gabinete do Secretário de Estado da Educação por 4 anos. Hoje Eunice Bueno trabalha no projeto de pesquisa de Literatura Regional na Universidade Federal de Rondônia.

É co-autora de inúmeras obras didáticas publicadas pela Secretaria de Estado da Educação. Possui textos nos livros didáticos dessa Secretaria de Estado.

É autora das seguintes obras:
Garatuja – 1984.
Clecs e Outras Inspirações, Sonhos, e Suspiros e Sinfonia ou Versejando Sonhos(1988) –
Arco-Iris – 1990
Visão Geral da Literatura de Rondônia (folder)
Folhetos Poéticos (folder mensal) – 1988 – 1992.
- Quadrante, 1991
Poetas e Poemas (caderno alternativo anual)
-Quando as Conchas se Abrem, o Poema me Chama, Poemando (independentes) Flauta Doce – 1993
Arte e Literatura (co-autora) 1992.

Sua poesia é assim:

De repente ecoa
num vôo transcendente
ativamente
num sonho tétrico
o mágico toque
utópico
enigmático do leiser.
A energia transborda
e excede os meus desejos
sonhadores
de repente acordo
nas asas
do cogumelo voador e,
viajo
vagando
vago
ando, sonho, vôo... :
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Lua Nova

Lamina brilhando
f a t i a n d o
minha saudade
mil e uma vezes
mil e uma gotas
p i n g a n d o
dos meus olhos
lâmina suada
g o t e j a n d o
ao meus pés.
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Máscaras

Oito da manhã
mais um drink
o poema acabou.
há bebida no copo
marcas no corpo
dinheiro no soutien da moça
nada no bolso do homem
mais um gole só
e fica só de novo.
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Partida

Deixa-me ir pois a vida me espera
Ja retirei as pedras do caminho
chegar a Luz é o que mais que mais quero

Deixe-me ir as flautas anunciam
Luz ilumina as margens do caminho
Anjos alados me mostram o mistério.

Deixe-me ir não me prendam
no escuro dessa lida
A etapa agora já esta cumprinda
Outra Porta se abre em minha vida.

"-Chegaste nas asas do vento
te abriguei no colo
anoitecemos"-
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MATIAS ALVES MENDES (1949)

O Acadêmico Matias Mendes nasceu no Vale do Guaporé, em 24 de fevereiro de 1949, na colônia Lamego em Forte do Príncipe da Beira. Filho de João Laudelino Mendes da Cunha e Galdina Alves Mendes.

É um dos fundadores da Academia de Letras de Rondônia, que, juntamente com um grupo de amigos escritores e poetas, no dia 10 de junho de 1986, numa reunião realizada especificamente para este fim, criaram a mais importante instituição literária do Estado de Rondônia, a Academia de Letras, formada por 40 Acadêmicos.

A primeira profissão que conheceu foi a agricultura. As matas e os seringais foram seus ambientes de trabalho durante a juventude. Sua experiência profissional é vasta e diversificada. Cursou o primário na Escola Imaculada Conceição em Real Forte do Príncipe da Beira e freqüentou o SENAI Marechal Rondon em Porto Velho.

Estreou na literatura em 1982 com o livro de poesias As Emoções e o Agreste.

É autor de mais cinco obras:
As Musas e o Perfil (poesia);
As Quimeras e o Destino (poesia);
As Malvinas do Jamari (ensaio);
Síntese da Literatura de Rondônia (co-edição/ ensaio;
Síntese da História de Rondônia ( 1984)
Eflúvios da Descrença (poesia).

Sua poesia cultiva a métrica. A linguagem é metafórica e lírica por excelência. Estudando todas as obras do autor obtém-se uma evoção à imagem feminina que mora no sonho e no coração do poeta de forma sensual e sublime.

Obras do autor publicadas:
1 - As emoções e o agreste - 1982 (Poesia)
2 - As musas e o perfil - 1982 (Poesia)
3 - As quimeras e o destino - 1983 (Poesia)
4 - As malvinas do Jamari - 1983 (História)
5 - Síntese da literatura de Rondônia - 1984 (Ensaio)
6 - Eflúvios da descrença - 1985 (Poesia)
7 - Apologia da negritude - 1999 (Poesia / Ensaio)
8 - A lira do crepúsculo - 2007 (Poesia)
9 - Lendas do Guaporé - 2007 (História / Lendas)

MARIA IDEAL

Entre os eflúvios de sentimentos
Flutua a tua figura soberana,
Bela e altiva como a própria Diana,
Leve e fugidia como o sopro dos ventos.

Entre essas auras de encantamentos,
O doce encanto que de ti emana
Transcende a toda emoção humana
E aos mais humanos arrebatamentos...

É tão tocante teu colossal lirismo
Que essa grandeza do teu altruísmo
Faz com que sejas um ser de porte divinal.

Se divinal não for teu doce encanto,
Se és apenas humana, no entanto,
No mínimo, és a Maria ideal...!

Correr é tragar gotas de orvalho
Atrás das flores perfumadas,
É o impasse das borboletas, crisálidas,
É o trunfo que o mundo exige.

É avançar rapidamente
Para a paciente transição...
Cinco, quatro, três, dois... Lentamente,
Vamos! É a hora da salvação.

Correr é tragar gotas de orvalho
Que brotam das rosas humildes;
E suster-se do frágil galho.

Correr... vamos correr, despertar para a sorte
Elevar-nos aos céus...
Correr é avançar para a morte.

Mais dados e biografias e respectivas obras dos outros acadêmicos podem ser encontrados no site abaixo da Academia.

Fontes:
http://acler.org/

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dicionário de Folclore (Letra F)



FADAS. As fadas são entidades femininas dotadas de poderes mágicos, principalmente quando usam sua varinha de condão, capazes de transformar pessoas em animais e animais em pessoas. As fadas podem ser: fadas-más ou bruxas, que só fazem o mal: e as fadas-boas ou fadas-madrinhas que só fazem o bem. As fadas estão sempre participando das estórias de Trancoso.
FADO. O fado é uma canção popular portuguesa, mas de origem brasileira. Quando a corte portuguesa se estabeleceu no Brasil, em 1808, os nobres gostaram muito do lundu brasileiro. De volta a Portugal, os nobres e músicos lusitanos deram ao lundu, com algumas modificações, o nome de fado, como é conhecido hoje.
FALAR. A voz foi o primeiro meio de comunicação usado pelo homem, que começou a inventar nomes para as pessoas, para os animais e para as coisas. Em torno da fala, existem algumas crendices como o remédio que se dá à criança que está custando a falar, muito usado nos sertões nordestinos: dar, para o menino beber, água de chocalho, isto é, a água na qual se encheu um chocalho. Na linguagem popular, quando uma pessoa fala muito, diz-se que tomou água de chocalho quando criança. Não é bom mostrar a criança num espelho porque; assim acontecendo, ela vai demorar a falar. O remédio, no caso, é dar água-de-chocalho pra ela beber.
FALAR-PELA-BOCA-DOS-ANJOS. Argumentação que se faz quando se deseja ardentemente, de coração, que se realize o que a pessoa acaba de dizer.
FALAR-PELOS-COTOVELOS. Diz-se da pessoa que fala muito.
FALSETE. Voz esganiçada, falsa, imitação da voz de criança ou de mulher.
FANDANGO. Em alguns Estados do Brasil o fandango é o bailado dos marujos ou marujada, ou chegança ou barca. No Sul, fandango é dança, baile, festa de danças regionais. Foram registradas cem modalidades de fandango no Sul, entre as quais tontinha, velho-vai-moça-fica, pega-fogo, marrafa, João Fernandes, pipoca, etc.
FANHO. Diz-se que fanho é a pessoa que fala pelo nariz, com voz fanhosa.
FARINHA. 1. Feita de mandioca, a farinha é conhecida como o pão dos brasileiros. A linguagem do povo registra vários ditados: comer a vergonha com farinha seca; de pouca farinha meu pirão tem medo; mel em casa é gasto de farinha. Quando tem muita gente reunida numa festa, numa feira, diz-se que: Tem gente como farinha. A farinha de mandioca também é chamada farinha-de-pau; 2. A farinha de trigo é usada para o fabrico do pão e bolos.
FARINHA-DE-BARCO. É a farinha de mandioca que vem por mar, ficando com cheiro de maresia.
FARRA-DO-BOI. A farra-do-boi, que acontece todos os anos no Balneário Barra do Sul, a 40 quilômetros de Joinville (SC), começa na Quinta-Feira da Semana Santa. Tudo começou na Península Ibérica, por volta do século XIV, originando-se de uma mistura da luta de animais – que era um dos lazeres da burguesia – com a corrida de touros, festa nacional espanhola. Atualmente, ainda existe a Corrida de São Firmino, na Espanha. Mas do jeito que acontece hoje, em Santa Catarina, a farra-do-boi teve origem na Ilha Terceira, nos Açores, com o boi correndo pelas ruas, sendo enfrentado por toureiros improvisados. A tradição chegou em Santa Catarina trazida pelos primeiros seis mil açorianos que lá desembarcaram entre 1748 e 1756. A farra-do-boi consiste na corrida de bois pelas ruas ou em lugar preparado, ficando as pessoas com o direito de irritarem os bois e correrem à procura de abrigo. A polícia proíbe esta manifestação folclórica, por força de uma decisão que a pôs na ilegalidade. Pessoas são presas mas, apesar dos pesares a farra-do-boi continua acontecendo todos os anos.
FAZER-A-CABEÇA. Convencer alguém; fazer com que alguém aceite sua maneira de ser, de pensar, de agir, seu ponto de vista, sobre determinado assunto.
FAZER-CASA-COM-PAU-BICHADO. Fazer as coisas mal feitas, sem lógica, sem certeza.
FEIJÃO-AZEITE. Comida feita com feijão-fradinho tendo azeite-de-dendê, cebola, o sal como temperos. Juntam-se camarões moídos. O feijão-azeite também é chamado de humulucu.
FEIJOADA. A feijoada é um dos pratos mais populares da culinária brasileira, preferido por ricos e pobres. A feijoada reúne verduras e carnes (de porco e de boi), paio, lingüiça, salsicha, carne-de-sol, charque, orelha de porco, etc. O feijão-preto é o mais apreciado na feijoada domingueira reunindo a família toda em volta da mesa, todos ansiosos para saboreá-la. E, como se trata de uma comida pesada, gordurosa, é aconselhável, depois de comer uma gostosa feijoada, tomar um cálice de batida ou até mesmo de água-que-passarinho-não-bebe para equilibrar o estômago.
FEITIÇARIA. É o nome dado às práticas de magia popular como o candomblé baiano, a macumba carioca, o xangô pernambucano (paraibano e alagoano), o catimbó nordestino, a pajelança, o tambor-de-mina e tambor-de-creoulo maranhenses, e o babassuê paraense. Os africanos trouxeram a feitiçaria para o Brasil.
FEITIÇO. É o despacho, o ebó, a coisa-feita, a muamba.
FELÔ. É um rebuçado de açúcar, vendido enrolado em papel. É uma espécie de puxa-puxa, quando feito com açúcar mascavo ou mel-de-engenho, ou melado. Veja ALFELÔ.
FERRA. É uma marca feita a fogo (iniciais ou um desenho qualquer) que os fazendeiros usam para saber quais os bois, as vacas e os garrotes de sua propriedade.
FERRADO. Dá-se o nome de ferrado aos legumes que são cozidos misturados com toucinho: feijão-ferrado, arroz-ferrado, na região norte mineira do Rio São Francisco.
FERRADURA. Feita de ferro e usada nas patas dos cavalos, a ferradura, quando encontrada casualmente, serve como amuleto, para atrair felicidade, saúde, bons negócios. Deve ser pregada atrás da porta da casa da pessoa que a achou na rua ou no campo. A ferradura comprada ou recebida como presente, não tem este poder.
FESTA. Festa, de um modo geral, é uma reunião de pessoas que comemoram um batizado, um casamento, uma data cívica, ou o dia consagrado a um santo. Mas o povo entende que a festa é o Natal e o mês de festa é dezembro, quando se trocam cartões natalinos e presentes, e considera o Natal, o Carnaval e o São João como as três principais festas do ano.
FETICHES. São objetos que representam a força divina como os mascotes, amuletos, talismãs.
FIGA. O povo acredita que a figa é um dos mais eficientes amuletos contra o mau-olhado. Representa a mão humana em que o polegar está colocado entre o indicador e o médio. A figa também é conhecida no Brasil pelo nome de isola, porque isola, afasta a força das coisas ruins que nos possam acontecer.
FICAR-A-COISA-PRETA. Tornar-se ou ficar a situação difícil.
FICAR-CHUPANDO-O-DEDO. Diz-se de quem fica com a cara de idiota, logrado.
FICAR-COM-O-PÉ-ATRÁS. Diz-se da pessoa desconfiada, sem ainda saber qual a atitude que vai tomar, sem acreditar no que lhe foi contado.
FICAR-NO-CANTO. Situação em que fica o filho mais novo de um casal quando nasce outro irmãozinho, relegado a um segundo plano, deixando de ser o alvo da atenção dos pais e parentes, perdendo o direito de comer o coração da galinha nos almoços domingueiros, as frutas mais bonitas, os melhores brinquedos, etc.
FILHA-DE-SANTO. É como se chama a sacerdotisa dos candomblés baianos, tendo como papel mais importante o de servir como cavalo, de corpo, de instrumento do medium, de aparelho ao orixá que nela se incorpora.
FINADOS. O Dia de Finados, ou o dia dos mortos, acontece no dia 2 de novembro. Não se pesca e nem se caça no dia de Finados. As almas dos afogados passeiam por cima das águas do mar, dos lagos, dos rios, dos açudes, das represas. É o dia em que as almas visitam os lugares onde morreram ou foram assassinados. Os vivos vão ao cemitério visitar os entes queridos, levando-lhes flores, velas, rezando pelo descanso de suas almas.
FLORES. As flores são oferecidas aos santos e às pessoas queridas. Enfeitam as casas e as igrejas. Mas são muito usadas (suas folhas, raízes) na medicina popular como remédios para curar pequenos males, doenças. Dar uma flor a uma moça, a uma mulher é uma prova de admiração, de respeito, de amor.
FOGO. Esfregando a ponta de um pedaço de galho seco de madeira em um buraco feito num tronco de madeira seca e com o auxílio de folhas também secas, o homem inventou o fogo para afugentar os animais ferozes, combater o frio do inverno, iluminar suas noites, assar seus alimentos. O fogo sempre foi considerado como purificador, por seu poder de destruir tudo, de reduzir tudo a cinzas. Os homens primitivos dançavam ao redor das fogueiras, como ainda acontece nas noites de São João. O fogo chegou até a ser adorado como um deus pelos primitivos. Em torno do fogo, a imaginação popular criou uma série de crendices ainda hoje em uso entre as pessoas do interior, do sertão: 1. Quem brinca com fogo urina na cama; 2. Quem cospe no fogo fica tuberculoso; 3. Quem queima os cabelos, fica doido; 4. Quem urina no fogo, seca a urina e morre de doença na bexiga ou nos rins; 5. É bom, quando a pessoa for morar em outra casa, acender logo o fogo; 6. Não é bom apagar o fogo de uma fogueira com os pés e sim batendo com galhinhos de árvores; 7. Não se deve apagar o fogo no fogão à lenha, com água; o certo é afastar as achas de lenha; 8. Apagar o fogo com água faz com que a pessoa perca tudo que ganhou ou economizou.
FOGO-MORTO. No Nordeste, um engenho está de fogo morto quando não está funcionando mais.
FOLCLORE. Folclore foi uma palavra criada por William John Thoms - um arqueólogo inglês - quando, no dia 22 de agosto de 1846, publicou uma carta no jornal O Ateneu, de Londres, mostrando a necessidade da existência de um vocábulo destinado a denominar o estudo das tradições populares inglesas. Desde a data da publicação da carta passou a ser comemorado, no mundo inteiro o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore. A palavra folclore foi formada da união de dois termos oriundos do antigo inglês falado na Inglaterra: folk (povo) e lore (saber) e substituiu o que, na época, era chamado de antiguidades populares. Na carta escrita ao jornal londrino William John Thoms usou o pseudônimo Ambrose Merton e pediu que se fizesse um registro de antigas lendas, crenças em desuso, baladas, velhos costumes, fatos curiosos, de sua terra. Mas, o que é Folclore? Definir continua a ser uma das artes mais difíceis, principalmente quando se trata de definir Folclore, dada a sua abrangência e seu vasto e complexo mundo de ação. Cada estudioso do assunto tem sua definição própria, de conformidade com a ótica de cada um. Na minha opinião, o Folclore é muito difícil de ser definido. Uma definição de Folclore seria muito comprida e incompleta. Assim, Folclore é a cultura popular, envolvendo sua sabedoria, a linguagem falada pelo povo, as cantigas de roda, as adivinhações, os provérbios, os folhetos de feira, as estórias de Trancoso, a culinária, a medicina ortodoxa, o artesanato utilitário e decorativo, as anedotas, os folguedos, os autos populares, as bandas de pífanos, as brincadeiras infantis, as crendices, as superstições, a religiosidade, as cantigas de ninar, as danças, a poesia popular cantada de improviso e tudo que o povo faz, usa, acredita. Tudo que vem do povo, de sua sabedoria, é, pois, Folclore.
FOLE. A mesma coisa que harmônica, realejo, gaita, sanfona, acordeon(a). Para nós, aqui, no Nordeste, realejo, que se toca soprando, é um pequeno instrumento musical (de 3 a 20 cm) conhecido como realejo-de-boca ou gaita-de-boca.
FOME. É a vontade e a necessidade que o corpo humano sente de receber alimentos para transformá-los em energia. A fome é representada por uma mulher velha, horrível, desdentada, tendo à cabeça um chapéu muito grande.
FOME-CANINA. Diz-se quando a fome é muito grande, principalmente quando as pessoas passam muitas horas ou, até mesmo dias, sem comer.
FORMIGAS. As formigas ainda hoje são comestíveis, como acontecia entre os povos antigos. Mas não são todas as formigas que são comestíveis. A formiga que se come ainda hoje no Nordeste é a tanajura, a parte de seu corpo onde estão seus ovos, antes da postura. Elas saem dos seus ninhos, debaixo da terra, para cada uma fazer seu próprio ninho e ter seus filhos. Antes que tal aconteça, são caçadas, retirados seus ovos que, depois de fritos, são um prato muito apreciado.
FORRÓ. Veja ARRASTA-PÉ.
FREVIOCA. É o trio-elétrico pernambucano que, durante o carnaval, só toca frevo. O termo frevioca já aparecia no n° 55, de 1914, numa notícia do jornal Pernambuco.
FREVO. O frevo, que começou a aparecer em 1909, é uma dança, de rua e de salão, do carnaval pernambucano. O que caracteriza o frevo é ele ser dançado não apenas por algumas pessoas mas por uma multidão, como acontece no Galo da Madrugada que enche as ruas do Recife. O frevo vem de frever, corrutela popular de ferver e nasceu da polca-marcha. São duas as qualidades do frevo: o frevo somente tocado, frevo-de-rua, e o frevo tocado e cantado, que é o frevo-canção. Nelson Ferreira, Capiba, Carnera, Levino Ferreira, Timoshenko e muitos outros músicos pernambucanos escreveram frevos que foram e continuam ainda sendo a alegria de muitos carnavais, de ontem, de hoje e de amanhã. Um dos frevos mais conhecido em Pernambuco é Vassourinhas que quando tocado, todo mundo se agita. Dá-se o nome de passo, fazer-o-passo, à maneira de se dançar o frevo.
FUMO-BRABO. É o nome que também se dá à maconha.
FUBICA. Nome dado aos automóveis velhos, caindo os pedaços, também conhecidos por cururus.
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Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/

40 Anos da UBT - Porto Alegre


Da UBT a trajetória
faz com que a luta compense...
São quarenta anos de história
na história Portoalegrense!
Edmar Japiassú Maia (Rio de Janeiro)
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Fundação: 08.03.1969
Fundador: Luiz Otávio (Gilson de Castro)
Finalidades estatutárias: Estudo, cultivo e divulgação da trova e o congraçamento dos trovadores.

Atividades

Encontros

Para uma plena confraternização entre seus associados, a UBT PORTO ALEGRE instituiu, em 1970, um encontro mensal, sob a denominação de Encontro de Trovadores, geralmente utilizando como pretexto uma refeição (almoço ou jantar).

Boletim Informativo

Desde 1969, a UBT PORTO ALEGRE possui um boletim mensal intitulado CALÊNDULA LITERÁRIA. A partir de 2008, é editado em duas versões: a impressa, remetida a todos os associados da UBT Porto Alegre, e a eletrônica, remetida a quem informar seu endereço.

Oficinas de Trova

A oficina de trovas é uma espécie de curso prático em que se fazem palestras teóricas e, após, se exercita a composição de trova, com o monitoramento dos palestrantes. Muito solicitada em escolas, sociedades, grupos de escoteiros, clubes de mães, etc.

Coletânea de Trovas

Desde 1997, também juntamente com a realização dos Jogos Florais, é editada, pelo sistema de cooperativa, uma coletânea de trovas de autores gaúchos, intitulada ”RIO GRANDE TROVADOR


1972 (Pelotas) - Luiz Otávio, ladeado pelo Delegado da UBT local, Sady Maurente de Azevedo e sua esposa, juntamente com os filhos e parte da delegação de Porto Alegre, em visita à Rua XV de Novembro


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Pela data natalícia,
da UBT de Porto Alegre,
cumprimento com carícia
e que o amor por lá se integre.
Nei Garcez (Paraná )
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Nesta data alvissareira,
Muitas loas vou tecer,
Para a UBT fagueira,
Pelo futuro a vencer!
Olga Maria Ferreira (Rio Grande do Sul)
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8 de Março - ALEGRIA,
minha U B T, tão querida,
pois completas neste dia,
quarenta anos de vida!
Delcy Canalles (Rio Grande do Sul)
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Para você, PARABÉNS!
Nossa UBT tão querida,
nos trazes todos os bens:
a arte, a poesia, a vida...
Carmen Pio (Rio Grande do Sul)
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Fontes:
http://ubtportoalegre.portalcen.org/html/gauchos.html
Fotografia =
http://ubtportoalegre.portalcen.org/
E-mail enviado pelo movimento de poetas e trovadores

Trovadores Gaúchos e suas Trovas



Flávio Roberto Stefani
Em ternura plena e extrema,
nossos sonhos se cruzaram!
E a noite se fez poema...
e os versos também se amaram!...

Gislaine Canales
Quero cantar pelo espaço
e, nas estrelas, rever
todas as trovas que eu faço.
trova é prece em meu viver!

Delcy Canalles
Beber sorrisos de aurora,
sentir tristezas de ocaso,
é transformar nosso agora
na beleza de um parnaso!

Lisete Johnson Oliveira
Foi na ânsia de alcançar
um porvir doce e risonho,
que olvidei de alicerçar
as escadas do meu sonho!

Marlê Beatriz Araújo
As poças d’água da rua
brincam de espelho quebrado,
há, em cada poça, uma lua,
e um belo céu estrelado!

Marisa Vieira Olivaes
Quando o "minuano" assobia,
rasgando o espaço, imponente,
é um vendaval de poesia,
soprando na alma da gente!

Milton Sebastião Souza
Contigo sempre reparto
este amor que não termina:
é na penumbra do quarto
que o nosso amor se ilumina.

Doralice Gomes da Rosa
A frágil rosa em seu galho
depois que o vento passou,
desfolhou-se sobre o orvalho
que a madrugada deixou!

Cláudio Derli
Sopra, ó vento, as nuvens rasas,
pelo verde pampa em flor,
transportando em tuas asas,
meu sonho de trovador!

Gerson César Souza
Sou feliz por um segundo
quando o amor encurta espaços
e a fronteira do meu mundo
toma a forma dos teus braços!

Gisele Bueno Pinto
Se nada existir na vida,
se até o sonho fugir,
hei de encontrar-te, querida,
na hora de ressurgir!

Hugo Ramirez
Da vida o mais doce encanto
é recordar na velhice,
o maternal acalanto
dos dias da meninice.

Irene Canalles
Ah, se eu pudesse voltar,
aos tempos de antigamente!
Não teria em meu olhar
esta angústia tão presente!

Nilza Castro
Fiz um castelo de areia
naquela duna branquinha,
veio o vento e a maré cheia,
levaram tudo que eu tinha!

Beatriz Castro
Amarrei o meu destino
ao leme de uma ilusão,
e me tornei peregrino
dos mares da solidão.

Nelson Fachinelli
Felicidade, na vida,
quem sabe, mal comparando,
é como a chuva caída
que vai e acaba voltando.

Neoly de Oliveira Vargas
Se a vida me põe à prova,
não há nada que me oprima,
meu psicólogo é a trova
e o meu analista, a rima!

Severino Silveira de Sousa
Quando me paro cismando,
eu sinto, meio bisonho,
o vento do amor soprando
nas cordilheiras do sonho!

Wilma Mello Cavalheiro
Cometo qualquer loucura,
das convenções rompo os laços,
só para ter a ventura
de amanhecer nos teus braços!

Conrado da Rosa
Comparo o viver sozinho
e, que muita gente tem,
à tristeza de um caminho
onde não passa ninguém.

Dalvina Fagundes Ebling
Eu sempre te quis pra mim
mas nunca soube dizer,
que te amava tanto assim,
por isso vivo a sofrer!

Maria Dorneles
Neste mundo de violência,
tem a criança um porvir,
porque deus, pai da existência,
faz sempre a rosa se abrir!

Antônia Nery
Meu amor vive distante,
lá do outro lado do mar.
A saudade,a todo instante,
é que vem me visitar!

Arlete Sacramento
Chamam-me velho, nem ligo.
vejam só minha atitude:
olhando meus filhos, digo:
-alí vou com juventude.

Zeno Cardoso Nunes
Tens nos olhos a poesia
das noites enluaradas,
tens no sorriso a magia
e o frescor das madrugadas.

Sílvia Benedetti
Busquei a felicidade
por todo lugar que andei,
para dizer a verdade
só procurei, não achei!

Maria Pampin
Chegou num jeito sem jeito
de bombacha, bota e espora,
fez morada no meu peito
e nunca mais foi embora.

Maria Cardoso Zurlo
Pela fé, seguir o rumo
da paz que nos fortalece,
é simplesmente em resumo,
amor em forma de prece...

Rui Cardoso Nunes
Eu fiz da saudade a marca
de minha ilusão perdida,
e de meu verso uma tarca
para marcar minha vida.

Alice Cristina Velho Brandão
Quando a vida tiver fim
hei de sempre ser lembrado
pois deixo um pouco de mim
em cada órgão doado.

Amália Marie Gerda Bornheim
Cada gotinha de orvalho,
sorvida por uma flor,
revela, de galho em galho,
uma "promessa" de amor...

Antonio Nely Fardo
Precisamos entender
a vontade do senhor.
Quão imnportante é crescer,
em nosso mundo interior!

Éderson Juliano Savi Pauletti
Se o ódio promove a guerra,
se a esperança se desfaz,
que do amor que ainda há na terra,
brotem cascatas de paz!

Eloy de Oliveira Fardo
Um beijo roubado às pressas
e de forma singular
pode aguçar as promessas
e dar foto ao pé do altar...

Luiz Machado Stabile
Estes brinquedos guardados
reduzem qualquer distância,
pois são eles, empoeirados,
que eternizam minha infância.

Lydia Lauer
Quando não puder bater,
em teu peito o coração,
salva a vida de outro ser
na sublime doação.

Maria Helena Binelli Catan
Vôo nas asas do vento
por rumos desconhecidos
e, nesse voar, eu tento,
achar mil sonhos perdidos.

Zélia Maria de Nardi
Consola a dor na esperança
que à vida sempre conduz.
quem não teme, tudo alcança,
transformando a dor em luz.

Antonia Viana Machado
Saudade tem um jeitinho
que comove e faz sofrer.
chega sempre de mansinho,
não depende do querer.

Cássia Luísa Bolson
Tudo aquilo que foi dito
poderá ser reparado,
mas o que ficou escrito
não pode mais ser mudado.

Elisabete Beatriz de Lima Scholz
Amizade é como a rosa,
cultivada com ardor.
continuará mais formosa,
se regada com amor.

Ivani de Souza
Mãe é a grande fortaleza,
plena de amor e emoção!
A mais bela realeza
que te ampara na aflição!

Luiz Damo
Nas lembranças do passado
tantos sonhos eu gravei,
hoje, releio apressado
as mensagens que arquivei.

Anita Gonzáles
Se avelhice, queres, calma,
e prazer em tua lida,
a primavera põe n’alma
junto ao inverno da vida!

Ivan Soares Schettert
Na rocha em contínuas rondas,
a noite, o farol reluz,
ao refletir sobre as ondas
grandes pingentes de luz!

José Westphalen Correa
Ao sentir a alma perdida
na procura da esperança,
há momentos nessa vida
em que sonho ser criança!

Manoela Ajalla Paz
Na trajetória da vida
às vezes, fico tristonho,
depois encontro guarida,
porque sou filho de um sonho!

Sidarta da Rosa Soares
Quem nunca teve um amor
vive uma vida sem vida,
sem carícia, sem ardor,
como uma sombra perdida!

Zuleika Ribeiro Edler
Os netos são a esperança,
são momentos de alegria,
lembrando sempre a criança
que já fomos algum dia!

Antonio Vogel Spanemberg
Quanta família sofrida!...
Quanto jovem se destrói!
- As drogas, ceifando a vida,
é uma verdade que dói!

Eldo Ivo Klain
Se o infinito profundo
cabe inteiro no meu "eu",
bem menor é o vasto mundo
que o desejo de ser teu!

Israel Lopes
Teus olhos, linda gaúcha,
são flechas de poesia,
paixão real que me puxa
num breve toque-magia.

João de Souza Machado
Amigo é preciosidade
fazê-lo é grande ciência,
a beleza da amizade
é o novo sol da existência!

Lacy José Raymundi
A visão que me produz
um vaga -lume na altura,
me lembra um pingo de luz
brilhando na noite escura...

Marilene Bueno da Silveira
São teus beijos, a magia,
que me acalma e alimenta,
trazem luz, muita alegria
se uma nuvem atormenta.

Alexandre Amaral Trindade (12 anos)
Era uma cena tão linda,
cheia de plantas e flores,
e nessa beleza infinda
brilhava com muitas cores!

Alessandro Deickel Trindade (9 anos)
Mamãe é uma linda flor,
toda cheia de ternura,
ela me enche de amor,
com sua alma linda e pura!

Taciana Canales da Trindade
Um sorriso de criança
mostra um momento profundo
onde vigora a esperança
de ressurgir novo mundo!

Renata Canales
Eu gosto muito de flores,
rosa, branca, qualquer cor,
mas o tom dos meus amores
é rubro, que é cor do amor!

Átila Amaral Trindade
A minha alma renasceu
num renascer de emoção!
A alegria não morreu,
vive no meu coração!

Carmen Pio
Eu queria ser feliz,
Deus me deu sabedoria.
Era um simples aprendiz,
virei mestre da alegria.
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Antonio Augusto de Assis vence o Concurso de Trovas do Rotary Club







O I Concurso Nacional e Internacional de Trovas da revista Brasil Rotário, teve por temas: Rotary, Servir e Paz. Contando com o apoio da Academia Brasileira de Trovas e a União Brasileira de Trovadores, concorreram 608 trovas do Brasil e Portugal.

O trovador maringaense A. A. de Assis obteve o primeiro lugar com:
Rotary, amigo, é servir,
e é servindo que ele faz
o mundo inteiro se unir
no grande abraço da paz!

Além deste troféu, Assis será agraciado com o diploma e troféu de Menção honrosa, pelas trovas:

Ah, Rotary, que lição
de estratégia a que nos dás:
- em vez de comprar canhão,
servir construindo a paz!

O amor e a paz social,
que o servir expressa e encerra:
- eis o supremo ideal
de Rotary em toda a terra!

A solenidade de premiação será realizada dia 25 de março (4a. feira), ás 17 horas, no Auditório Paulo Viriato Corrêa da Costa, da Revista Brasil Rotário, a Av. Rio Branco, 125, 18o. andar (Rio de Janeiro/RJ).

Premiação: Do 1º ao 5º lugar, Categoria de Vencedores, Troféus e Diplomas.. As Menções Honrosas e Especiais, em número de 10 (dez) cada, receberão Diplomas. Todos os participantes do Concurso farão jus ao recebimento de exemplares do número da Revista Brasil Rotário em que serão publicadas as Trovas premiadas.
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Antonio Augusto de Assis, mais conhecido como A. A. de Assis, nasceu em São Fidélis-RJ, a 7 de abril de 1933. Foi para Maringá em 1955, retornou ao estado do Rio em 1959 e novamente transferiu residência para Maringá em 1963, permanecendo até hoje. Aposentou-se em 1997 como professor do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá. Desde a juventude tem-se dedicado à poesia. Em 1960, residiu em Nova Friburgo-RJ, berço da trova moderna no Brasil. Nesse período, conviveu com os mais importantes trovadores da época, tais como Aparício Fernandes, Delmar Barrão, Luiz Otávio, J.G. de Araújo Jorge e outros, daí surgindo seu entusiasmo pela quadra setissilábica. Assis é autor de vários livros e também da Missa em trovas, que tem sido celebrada em quase todo o país em festas de poesia.

Não pode haver criação literária mais popular, que fale mais diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e sente a sua força. Por isso mesmo, a trova e o trovador são imortais” – Jorge Amado

Fontes:
- http://www.rotaryspaeroporto.org.br/boletins/ConcursoTrovas2008.doc
- Cooperativa Editora Brasil Rotário
- VICTOR, Agenir Leonardo. A Trova: O Canto do Povo. Trabalho apresentado ao Curso de Comunicação Social das Faculdades Maringá, para habitlitação em Jornalismo. Maringá: Dezembro, 2003.
- Fotomontagem por José Feldman em cima de imagem de http://paparocadoce.weblog.com.pt/

quinta-feira, 12 de março de 2009

Fernando Pessoa (O baú do poeta)


Nova edição revela facetas de Fernando Pessoa e ilumina pontos de sua discreta biografia

O poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) é um sucesso de público e crítica. Considerado unanimemente o melhor da língua ao lado de Luís de Camões, Pessoa hoje é também saudado como um dos maiores de todos os tempos, em qualquer idioma. Ele é o único português que aparece entre os grandes em O Cânone Ocidental elaborado pelo crítico americano Harold Bloom. Nas últimas décadas, Pessoa também virou ídolo popular no Brasil e em Portugal. Ao lado de Che Guevara e Gandhi, é campeão de vendas daquelas camisetas que trazem frases impressas. As dele são sempre as mesmas: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena" e "O poeta é um fingidor". Pessoa, no entanto, é muito mais do que isso. Mesmo os fãs do poeta português conhecem pouco, proporcionalmente, de sua obra. Fernando Pessoa publicou apenas um livro em vida, Mensagem, e alguns versos em jornal. Boa parte de sua literatura ficou guardada numa arca de madeira escura, grandalhona, contendo exatamente 27.543 textos. Nos anos 40, uma parcela desse legado foi lançada numa primeira edição de sua obra completa, mas ficou faltando muita coisa. Os novos inéditos começaram a vir à tona há cerca de quinze anos, em livros que só circularam entre especialistas. Apenas no ano passado, em Portugal, atingiram o grande público numa edição comercial da obra de Pessoa que saiu pela casa Assírio & Alvim de Lisboa. Essa nova edição, que deverá ter ao todo 23 volumes, começa a ser publicada agora no Brasil pela Companhia das Letras. Os livros trarão muitas surpresas mesmo para o leitor habitual de Pessoa.

A Ofélia ­ IV

Porque o olhar de quem não merece
O meu amor para outro olhou,
Uma dor fria me enfurece,
Decido odiar quem me insultou.

Vil dor, vil causa e vil remédio!
Quanto melhor não fora achar-se
No antigo sem-amor, com tédio,
Mas sem dor de que envergonhar-se!

Retirado do livro Pessoa por Conhecer, de Teresa Rita Lopes

Como todo mundo aprendeu na escola, o poeta português é famoso pelas personalidades literárias que criou. As mais famosas são o clássico Ricardo Reis, o pagão Alberto Caeiro e o atormentado Álvaro de Campos, chamados heterônimos porque tinham estilo próprio e até temperamentos diferentes. Mais alguns poucos eram conhecidos: o guarda-livros Bernardo Soares e os ingleses Charles Anon e Alexander Search. Estudos recentes demonstraram que chegam a 72 as personalidades literárias de Pessoa. Os inéditos também trazem subsídios para iluminar a discreta biografia do poeta. Ele, que jamais teve emprego fixo, viveu apertado com dívidas e acossado pela pobreza. Agora, pode-se entender melhor suas posições políticas e até sua sexualidade. Por último, as pesquisas restabelecem o texto original de alguns poemas de Pessoa que haviam sido publicados anteriormente de forma errada.

Machista — Talvez os dados mais impressionantes que emergem dos textos recém-descobertos sejam os relativos às novas personalidades literárias do autor. Muitos merecem leitura, como Antônio Mora e o Barão de Teive. O primeiro é filósofo. Ele teoriza sobre um certo neopaganismo e mostra o lado provocador de Pessoa, com passagens polêmicas que levariam o poeta à execração pública em tempos politicamente corretos. Num fragmento encontrado pela professora portuguesa Teresa Rita Lopes, flagra-se o machista Mora dizendo o seguinte: "As três classes mais profundamente viciadas, na sua missão social, pelo influxo das idéias modernas, são as mulheres, o povo e os políticos. A mulher, na nossa época, supõe-se com direito a ter uma personalidade; o que pode parecer 'justo', 'lógico' e outras coisas parecidas; mas que infelizmente foi de outro modo disposto pela natureza". Já o Barão de Teive é um pouco parecido com Bernardo Soares, o autor do famoso Livro do Desassossego. Pessoa inventou a história de que teria encontrado "o único manuscrito" do barão numa gaveta. A Assírio & Alvim pretende publicar livros com textos de Mora e de Teive. Segundo Teresa Rita Lopes, que há mais de três décadas se dedica ao estudo de Pessoa e já produziu alguns ensaios marcantes, como os dois volumes de Pessoa por Conhecer, as várias personalidades literárias inventadas por Pessoa eram como figuras de um romance, ou diário, que ele foi "escrevendo para viver e vivendo para escrever".

Os novos textos já publicados em Portugal revelam facetas inusitadas do talento de Pessoa. Ele gostava, por exemplo, de escrever poemas infantis para as sobrinhas. Esses poucos textos já estão reunidos num volume, O Melhor do Mundo São as Crianças. Em A Língua Portuguesa, o poeta reflete longamente sobre o idioma dando a entender que, hoje, seria um opositor feroz da reforma ortográfica. Existe ainda o Pessoa ficcionista, autor da novela A Hora do Diabo, que tinha inclusive planos de redigir contos policiais. Há o criador de chistes e piadas e o inventor de charadas e jogos. Note-se, aliás, que boa parte dos trabalhos mencionados é em prosa. Pouca gente sabe, mas a obra em prosa de Fernando Pessoa é mais extensa que a poética.

Sem título

De leste a oeste comandamos,
Onde o sol vai, pisamos nós.
Ao luar de ignotos fins buscamos
A glória, inéditos e sós.
Hoje a derrota é a nossa vida
Doença o nosso sono brando.
Para quando é a nova lida,
Ó mãe Ibéria, para quando?

Dois povos vêm da mesma raça
Da mãe comum dois filhos nados,
Hispanha, glória, orgulho e graça,
Portugal, a saudade e a espada,
Mas hoje... clama no ermo insulso
Quem fomos por quem somos, chamando.
Para quando é o novo impulso
Ó mãe Ibéria, para quando?
Fernando Pessoa

Sexualidade "branca" — Pessoa namorou uma única mulher, Ofélia Queiroz, que parece ter-lhe inspirado uns poemas ruins e várias cartas ("todas as cartas de amor são ridículas" é outra de suas frases estampadas em camisetas). Não se sabe de outras aventuras sexuais, de qualquer tipo, que possa ter tido. Foi ele homossexual? Ou teve uma sexualidade "branca", inexistente? Só há especulações. Ele sempre se achou feio. E triste. Normalmente é lembrado como um homem tímido, dado a devaneios metafísicos (algo que está bem documentado em sua poesia) e a explorações místicas. Pessoa, que pensou em ser astrólogo profissional, usando o pseudônimo Rafael Baldaya, guiava-se por seu horóscopo. Certa vez, deixou a poetisa brasileira Cecília Meireles aguardando em um café porque os astros lhe diziam que o dia não era propício para conhecer novas pessoas.

Ao contrário do que se pensava, Pessoa escreveu sobre sexo. Há no espólio diversos poemas e textos a respeito de amor e de mulheres, no sentido bíblico. Freqüentemente eles são surpreendentes. "O desdobramento do eu é um fenômeno em grande número de casos de masturbadores", escreveu Pessoa, certamente pensando em seus próprios heterônimos. Um deles, o já citado Antônio Mora, defende que a mulher deve ter experiências sexuais antes do casamento, em contraste com o que rezava o costume da época. Em outra passagem desconhecida, Pessoa joga com a idéia da homossexualidade: Álvaro de Campos faz insinuações a respeito de Ricardo Reis, que teria tentado disfarçar, "pela sintaxe", o fato de que uma de suas odes é dirigida a um rapaz. Segundo Teresa Rita Lopes, o mais provável é que Pessoa fosse casto, não gay. "Se não assumiu, é porque não tinha de assumir. Ele não teria problemas quanto a isso, já que defendeu sem preconceitos seus amigos homossexuais, como o escritor Antônio Botto".

As primeiras incursões no espólio literário de Fernando Pessoa ocorreram na década de 40. Ligados à editora portuguesa Ática, esses exploradores desentranharam do baú escritos fundamentais. As edições da Ática têm o mérito do pioneirismo e tornaram-se canônicas pelos cinqüenta anos seguintes. Serviram de base, por exemplo, para as edições brasileiras mais utilizadas, a da Nova Aguilar e a da Nova Fronteira. Esses pioneiros, contudo, fizeram certa bagunça remexendo a papelada, que só voltou a ter ordem em 1968, quando foi catalogada. Também mandaram para a gráfica poemas em que havia dúvidas, deixando para os tipógrafos a responsabilidade de "acertar" o texto. Até hoje isso compromete a boa leitura de alguns clássicos. É o caso de "Passagem das horas", extenso poema assinado pelo heterônimo Álvaro de Campos. Em 1990, a pesquisadora brasileira Cleonice Berardinelli, membro da Equipa Pessoa, uma comissão nomeada pelo governo português para fazer edições críticas da obra do poeta, descobriu que a edição da Ática simplesmente invertia o posicionamento de dois grandes trechos do poema, alterando sua interpretação. Em outros casos, havia erros de grafia que modificavam completamente o sentido, como no verso Assim sou a máscara — que durante cinqüenta anos foi lido como Assim sem a máscara.

Íbis, ave do Egito

O Íbis, ave do Egito,
Pousa sempre sobre um pé
(O que é
Esquisito).
É uma ave sossegada
Porque assim não anda nada.

Quando vejo esta Lisboa,
Digo sempre, Ah quem me dera
(E essa era
Boa)
Ser um íbis esquisito
Ou pelo menos estar no Egito.

Estrofes de poema de Fernando Pessoa

No caso das edições da Assírio & Alvim, a responsabilidade pelo texto cabe a Teresa Rita Lopes e seus colaboradores. "Não estamos fazendo edições críticas, mas edições criteriosas", diz a pesquisadora. "Os versos de Pessoa costumam ter muitas variantes, sem indicação de qual era a opção final. Para dar conta disso, redigimos as notas necessárias, mas evitando que esse aparato técnico se transforme num problema para o leitor comum." Existe, porém, uma questão jurídica em torno dessa nova edição que começa a sair no Brasil. A obra de Pessoa, que havia caído em domínio público em 1985, voltou a ser patrimônio dos herdeiros do poeta no ano passado, graças a uma mudança na legislação européia. Esses herdeiros concederam exclusividade de publicação à Assírio & Alvim e, em razão disso, as outras edições de Pessoa que existiam em Portugal (algumas boas, outras muito ruins) estão saindo aos poucos de circulação. A pergunta é: será que essa legislação vale também no Brasil? O assunto dá pano para mangas. Segundo o diretor da Assírio & Alvim, Manuel Hermínio Monteiro, a expectativa é de que os livros lançados por outras editoras, que não a Companhia das Letras, também deixem o mercado, sem que para isso seja necessária ação na Justiça. Tudo indica, porém, que uma nova pendenga judicial vem aí.

Uma descrição dos heterônimos

Em torno do meu mestre Caeiro havia, como se terá depreendido destas páginas, principalmente três pessoas ­ o Ricardo Reis, o Antônio Mora e eu. O Ricardo Reis era um pagão latente, desentendido da vida moderna e desentendido daquela vida antiga, onde deveria ter nascido. Caeiro, reconstrutor do Paganismo, ou melhor, fundador dele no que eterno, trouxe-lhe a matéria da sensibilidade que lhe faltava. O Antônio Mora era uma sombra com veleidades especulativas. Encontrou Caeiro e encontrou a verdade. Por mim, antes de conhecer Caeiro, eu era uma máquina nervosa de não fazer nada. Logo que conheci Caeiro, verifiquei-me. Mais curioso é o caso do Fernando Pessoa, que não existe, propriamente falando. Ouviu ler o Guardador de Rebanhos. Foi para casa com febre, e escreveu, num só lance ou traço, a Chuva Oblíqua.

Fonte:
Artigo de Carlos Graieb. Revista Veja. 11 de novembro de 1998. Disponível em
http://veja.abril.com.br/111198/p_204.html

Plano de Aula para o Ensino Médio (A poesia multiplicada em Pessoa)


Se o português Fernando Pessoa fosse apenas um poeta, já teria seu lugar na galeria dos grandes literatos do planeta. Mas Pessoa foi ainda mais.

Objetivos

Refletir sobre as possibilidades da criação literária; Discutir o conceito de heteronímia na obra de Fernando Pessoa.

Introdução

"É raro um país e uma língua ganharem quatro grandes poetas em um só dia. Foi o que aconteceu em Lisboa a 8 de março de 1914". Dessa forma o crítico George Steiner descreveu no jornal americano The New York Times o surgimento dos quatro principais heterônimos de Fernando Pessoa (veja o quadro). Esse inusitado nascimento quádruplo é apenas um dos marcos do fascinante universo literário criado por esse poeta português, morto em 1935, e receptáculo de nada menos que 72 heterônimos. Juntos, eles escreveram a obra de Pessoa, cada um no seu estilo literário, cada um com sua visão de mundo, seus sonhos e idiossincrasias. A genialidade do poeta está nessa rara capacidade de enxergar o mundo, e dele fazer poesia, incorporando profundamente tantas visões diferentes. Este plano de aula tem como conteúdos a despersonalização, a criação literária e a literatura portuguesa moderna.

TEXTO DE APOIO

Muitas têm sido as explicações propostas para a heteronímia. A melhor delas é a do próprio Fernando Pessoa, que escreveu que "o ponto central da minha personalidade como artista é que sou um poeta dramático; tenho, continuamente, em tudo quanto escrevo, a exaltação íntima do poeta e a despersonalização do dramaturgo. Vôo outro - eis tudo. (...) Desde que o crítico fixe, porém, que sou essencialmente poeta dramático, tem a chave da minha personalidade, no que pode interessá-lo a ele, ou a qualquer pessoa que não seja um psiquiatra, que, por hipótese, o crítico não tem que ser. Munido desta chave, ele pode abrir lentamente todas as fechaduras da minha expressão".

Fernando Pessoa fornece nesse trecho a "chave" para a análise de seu trabalho. O poeta tem a capacidade de "voar outro", ou seja, é capaz de construir uma pessoa inexistente que sente realmente outras emoções e sensações. Processo semelhante acontece quando um ator representa personagens.

A criação dos heterônimos é, portanto, um processo artístico consciente e não deve ser encarada como algo "estranho". Na origem de tudo está a capacidade de despersonalizar-se. Com inteligência e imaginação consegue-se viver analiticamente um personagem que acaba por ser um novo escritor, "com estilo próprio", formado por um "grupo de estados de alma mais aproximados".

Um drama feito de gente

Fernando Pessoa transforma a despersonalização dramática em processo de criação literária tão perfeitamente que muitas vezes temos dificuldade de entender quem eram realmente os heterônimos. Como, afinal, ele conseguia criar tantos personagens? De novo o próprio poeta esclarece: "O que Fernando Pessoa escreve pertence a duas categorias de obras, a que poderemos chamar ortônimas e heterônimas. Não se poderá dizer que são anônimas e pseudônimas (...). A obra pseudônima é do autor em sua pessoa, salvo no nome que assina; a heterônima é do autor fora de sua pessoa, é de uma individualidade completa fabricada por ele, como seriam os dizeres de qualquer personagem de qualquer drama seu. (...) Estas individualidades devem ser consideradas como distintas da do autor delas. Cada uma forma uma espécie de drama; e todas elas juntas formam outro drama. (...) É um drama em gente, em vez de em atos".

A palavra pseudônimo é formada pelos radicais gregos pseudo, "falso", e onimo, "nome" e designa o nome falso adotado por um escritor para publicar seus textos. Heterônimo (do grego hetero, "outro", "diferente", e onimo, "nome") indica uma "individualidade literária completa", ou seja, um escritor e sua forma pessoal de expressão - criados do mesmo modo como se criam personagens e falas no processo teatral (ou dramático, que é a palavra preferida por Pessoa).

Fernando era também heterônimo

Os principais heterônimos criados por Fernando Pessoa foram Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, a cujas obras se deve somar a de Fernando Pessoa ortônimo (do grego orto, correto e onimo, nome). Entre esses principais heterônimos existe, segundo Pessoa, uma relação importante: a obra poética de Alberto Caeiro influenciou os poemas dos outros três. Nesse "conjunto dramático" deve-se incluir a obra de Fernando Pessoa ortônimo - que, no jogo criado pelo poeta, não deve ser visto como o "verdadeiro" Fernando Pessoa, mas como mais um heterônimo. À obra dos quatro principais heterônimos deve ser somado o trabalho de outros 68 personagens, muitos deles apenas esboçados, entre eles Alexander Search, Antônio Mora, Antônio Seabra, Barão de Teive, Bernardo Soares, Carlos Otto, Coelho Pacheco, Faustino Antunes e Henry More.

Atividades

1. Peça aos alunos que criem outros "eus", indivíduos que tenham opiniões, valores e visões diferentes. Eles podem elaborar biografias, descrições físicas e espirituais das pessoas que vão tentar viver. Sugira que produzam um texto que essa pessoa inventada escreveria.

2. Proponha aos alunos que analisem a letra da canção Língua, de Caetano Veloso. Comente com eles as várias referências a Fernando Pessoa: "Minha pátria é minha língua", "E quem há de negar que esta (a prosa) lhe é (à poesia) superior", um conceito extraído do Livro do Desassossego (de Bernardo Soares, outro heterônimo de Pessoa), além da referência textual ("A pessoa do Pessoa na rosa do Rosa"). Que importância atribui Caetano Veloso à obra de Fernando Pessoa?

3. Peça à turma que simule uma sala de bate-papo na internet: cada um assume um apelido e começa a conversar com os outros. Aquilo que se diz nessas situações corresponde à realidade ou começam a surgir "heterônimos"? Discuta com eles esse processo de despersonalização, comparando-o com o de construção de personagens de teatro, cinema e TV.

PERSONAGENS

Fernando Pessoa ortônimo é, entre os heterônimos, o que mais se prende à tradição formal da poesia portuguesa. Isso não impede, entretanto, que o ortônimo escreva sobre questões atualíssimas, como a relação entre o que se pensa e o que se sente, a dificuldade de se conhecer e de se identificar, a sinceridade do fazer poético.

Nasceu em 1889, em Lisboa, mas desde cedo viveu no campo. Morreu em 1915. A pouca escolaridade e a vida no interior resultaram a simplicidade estilística de sua obra. Ele viveu a contradição de usar as sensações para relacionar-se com a natureza sem conseguir abandonar sua racionalidade. Esse drama íntimo revelado em sua obra mostra que a personalidade de Caeiro, afinal, não era tão simples assim.

Nascido em 1890, Álvaro de Campos era engenheiro naval e vivia em Lisboa. Considerava Alberto Caeiro seu mestre. Utilizando versos livres e um fluxo verbal intenso e vigoroso, o autor expõe em seus poemas uma forte inadaptação social e um profundo sentimento de inapetência e impotência em relação à vida. Seu cansaço existencial é profundo e conduz a uma atitude niilista.

Ricardo Reis é, segundo ele mesmo, um pagão: acredita nos deuses antigos e adota formas de comportamento baseados na mundividência dos antigos gregos e romanos. Por meio desse médico nascido no Porto em 1887 e auto-exilado no Brasil, Fernando Pessoa produziu obras-primas classicizantes, melancólicas, sóbrias e desencantadas com a civilização cristã do século XX.

Num dia em que finalmente desistira - foi em 8 de Março de 1914 - acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro.

Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive. E tanto assim que, escritos que foram esses trinta poemas, imediatamente peguei noutro papel e escrevi, a fio, também, os seis poemas que constituem a Chuva Oblíqua, de Fernando Pessoa. Imediatamente e totalmente... Foi o regresso de Fernando Pessoa Alberto Caeiro a Fernando Pessoa ele só. Ou, melhor, foi a reacção de Fernando Pessoa contra a sua inexistência como Alberto Caeiro.

Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir - instinta e subconscientemente - uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o "via". E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfal de Álvaro de Campos (...)".


(Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, 1935)

Bibliografia
Diversidade e unidade em Fernando Pessoa, Jacinto do Prado Coelho, Ed. Verbo/Edusp, fone: (11) 3091-4156
Fernando Pessoa - Coleção margens do texto, José de Nicola e Ulisses Infante, Ed. Scipione, fone (11) 3990-2100
Fernando Pessoa multimédia, CD-Rom da Texto Editora e da Casa Fernando Pessoa

Fontes:
artigo de Ulisses Infante. http://revistaescola.abril.com.br/

quarta-feira, 11 de março de 2009

Dia Nacional da Poesia (14 de Março)



A poesia ganhou um dia específico, sendo este criado em homenagem ao poeta brasileiro Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), no dia de seu nascimento, 14 de março.

Castro Alves ficou conhecido como o “poeta dos escravos”, pois lutou grandemente pela abolição da escravidão

Justamente por conta das ideias do escritor, que morreu com apenas 24 anos, o Brasil elegeu seu aniversário para comemorar a poesia.

Quando surgiu, a apresentação dos textos era acompanhada por um instrumento musical chamado lira, por isso a inclusão da poesia no chamado gênero lírico, independentemente do texto retratar tragédias.

Poesia é uma arte literária e, como arte, recria a realidade. O poeta Ferreira Gullar diz que o artista cria um outro mundo “mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata”.

Para outros, a arte literária nem sempre recria. É o caso de Aristóteles, filósofo grego que afirmava que “a arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra”.

Declamando ou escrevendo, fazer poesia é expressar-se de forma a combinar palavras, mexer com o seu significado, utilizar a estrutura da mensagem. Isto é a função poética.

A poesia sempre se encontra dentro de um contexto cultural e histórico. Os vários estilos poéticos, as fases de cada autor, os acontecimentos da época e tantas outras interferências muitas vezes se misturam à obra e lhe dão novos significados.

Fontes:
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/poesia/home.html
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u69278.shtml

Castro Alves (1847 – 1871)


Antônio Frederico de Castro Alves, poeta, nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da Cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães.

Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro, falecida quando o poeta tinha 12 anos. Por volta de 1853, ao mudar-se com a família para a capital, estudou no colégio de Abílio César Borges, futuro barão de Macaúbas, onde foi colega de Rui Barbosa, demonstrando vocação apaixonada e precoce para a poesia. Mudou-se em 1862 para o Recife, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o 1º ano em 65, na mesma turma que Tobias Barreto. Logo integrado na vida literária acadêmica e admirado graças aos seus versos, cuidou mais deles e dos amores que dos estudos. Em 66, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou a apaixonada ligação amorosa com Eugênia Câmara, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida.

Nessa época Castro Alves entrou numa fase de grande inspiração e tomou consciência do seu papel de poeta social. Escreveu o drama Gonzaga e, em 68, vai para o Sul em companhia da amada, matriculando-se no 3º ano da Faculdade de Direito de São Paulo, na mesma turma de Rui Barbosa. No fim do ano o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi afinal amputado no Rio, em meados de 69. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 70 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a saúde comprometida pela tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.

Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora Agnese Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 70, numa das fazendas em que repousava, havia completado A cascata de Paulo Afonso, que saiu em 76 com o título A cachoeira de Paulo, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: "Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio."

Duas vertentes se distinguem na poesia de Castro Alves: a feição lírico-amorosa, mesclada da sensualidade de um autêntico filho dos trópicos, e a feição social e humanitária, em que alcança momentos de fulgurante eloqüência épica. Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, a intensidade com que exprime o amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo, superando completamente o negaceio de Casimiro de Abreu, a esquivança de Álvares de Azevedo, o desespero acuado de Junqueira Freire. A grande e fecundante paixão por Eugênia Câmara percorreu-o como corrente elétrica, reorganizando-lhe a personalidade, inspirando alguns dos seus mais belos poemas de esperança, euforia, desespero, saudade. Outros amores e encantamentos constituem o ponto de partida igualmente concreto de outros poemas.

Enquanto poeta social, extremamente sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves viveu com intensidade os grandes episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de "Cantor dos escravos". A sua poesia se aproxima da retórica, incorporando a ênfase oratória à sua magia. No seu tempo, mais do que hoje, o orador exprimia o gosto ambiente, cujas necessidades estéticas e espirituais se encontram na eloqüência dos poetas. Em Castro Alves, a embriaguez verbal encontra o apogeu, dando à sua poesia poder excepcional de comunicabilidade.

Dele ressalta a figura do bardo que fulmina a escravidão e a injustiça, de cabeleira ao vento. A dialética da sua poesia implica menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama mais amplo e abstrato: o do próprio destino humano, presa dos desajustamentos da história. Encarna as tendências messiânicas do Romantismo e a utopia libertária do século. O negro, escravizado, misturado à vida cotidiana em posição de inferioridade, não se podia elevar a objeto estético. Surgiu primeiro à consciência literária como problema social, e o abolicionismo era visto apenas como sentimento humanitário pela maioria dos escritores que até então trataram desse tema. Só Castro Alves estenderia sobre o negro o manto redentor da poesia, tratando-o como herói, como ser integralmente humano.

Escreveu:

"Espumas Flutuantes", escrita em 1870; "Gonzaga ou a Revolução em Minas", (1875); "Cachoeira de Paulo Afonso", (1876); "Vozes, D'África" e "Navio Negreiro", (1880); "Os Escravos", (1883), etc. Em 1960 publicou-se sua Obra Completa, enriquecida de peças que não figuram nas Obras Completas de Castro Alves, editadas em 1921.

Castro Alves foi um discípulo de Victor Hugo a quem chamava "mestre do mundo, sol da eternidade". Poeta social, lírico, patriótico, foi um dos primeiros abolicionistas e, ao poetar sobre a escravidão, inflamava-se eloqüentemente, chegando a elevar-se pelo arrojo das metáforas, pelo atrevimento das apóstrofes, pelas idéias do infinito, amplidão, pelo vôo da imaginação, o que motivou o título dado por Capistrano de Abreu de "condoreiro", que comparou sua poesia ao vôo de um condor.

Castro Alves amou o oprimido com sentimento de justiça sendo este o traço básico da sua personalidade. A desarmonia da alma romântica não é produzida, segundo ele, por conflitos do espírito mas por conflitos entre o homem e a sociedade, o oprimido e opressor. É uma nova forma da existência da dualidade romântica do bem e do mal. A sua tese social é trazida muito abstratamente e será o primeiro exemplo de literatura "engage" que se vê no Brasil.

O ideal para Castro Alves é o gênio (homem) símbolo das lutas pela justiça e pela libertação. Vive seu espírito em constantes conflitos à procura de soluções. Esse ideal faz com que o poeta busque na retórica a sua forma de expressão que muitas vezes se apresenta vazia e sem nexo, apoiada apenas em combinações sonoras. Esse abuso é uma influência da época que muito prestigiava a oratória. Um defeito a ser apontado no seu estilo é o abuso e a superposição de imagens e de aposições. Porém, alcança um belo sublime, bem distante das banalidades românticas.

Enquanto outros poetas como Gonçalves Dias, tomam o índio como herói, tomou Castro Alves o negro, nada estético, tido como de casta inferior na sociedade, sem nenhum valor mítico. O índio foi um herói bem mais fácil de ser forjado, pois existia apenas como mito, não participava da sociedade e tinha valor heróico, por causa da sua tradição guerreira. Assim, o negro, em Castro Alves, é quase sempre um mulato com feições e sensibilidade de um branco. O amor será tratado como um encantamento da alma e do corpo e não mais como uma esquivança ou desespero ansioso dos primeiros romances.

Fontes:
http://www.casadobruxo.com.br/
Imagem = http://democratasdigitais.blogspot.com