quinta-feira, 11 de junho de 2009

Melhorando seu Vocabulário (1)


Quantas vezes não nos deparamos com textos, em que algumas palavras em seu contexto desconhecemos, e ao tentarmos procurar nos arquivos mortos de nossa memória, terminamos por perder o fio da meada do texto que estavamos lendo ? Eu, outro dia estava lendo A Ilha dos Pinguins, de Anatole France, e realmente fiquei consternado ao perceber que apesar de todo o conhecimento que possuo do nosso vocabulário, existiam muitas palavras que eu não sabia o significado, nem utilizando dos subterfúgios de procurar desmembra-las em busca de um significado do latim ou do grego.

Por isso, para facilitar o entendimento delas, estou criando esta seção “Melhorando o seu vocabulário”, com textos escolhidos de obras literárias, onde o internauta poderá testar seus conhecimentos do idioma. As palavras destacadas estão negritadas. Tente entender o significado antes de obter as respostas, clicando aqui.
(José Feldman)
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Estudaremos a poesia Monólogo de uma Sombra, de Augusto dos Anjos, em seu livro Eu e Outras Poesias:
MONÓLOGO DE UMA SOMBRA

"Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!

A simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A sáude das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios!

Pairando acima dos mundanos tetos,
Não conheço o acidente da Senectus
- Esta universitária sanguessuga
Que produz, sem dispêndio algum de vírus,
O amarelecimento do papirus
E a miséria anatômica da ruga!

Na existência social, possuo uma arma
- O metafisicismo de Abidarma -
E trago, sem bramânicas tesouras,
Como um dorso de azêmola passiva,
A solidariedade subjetiva
De todas as espécies sofredoras.

Como um pouco de saliva quotidiana
Mostro meu nojo á Natureza Humana.
A podridão me serve de Evangelho...
Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
E o animal inferior que urra nos bosques
E com certeza meu irmão mais velho!

Tal qual quem para o próprio túmulo olha,
Amarguradamente se me antolha,
À luz do americano plenilúnio,
Na alma crepuscular de minha raça
Como urna vocação para a Desgraça
E um tropismo ancestral para o Infortúnio.
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O estudo da poesia continua …
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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Raul de Leoni (Poesias)


A HORA CINZENTA

Desce um longo poente de elegia
Sobre as mansas paisagens resignadas;
Uma humaníssima melancolia
Embalsama as distancias desoladas...

Longe, num sino antigo, a Ave-Maria
Abençoa a alma ingênua das estradas;
Andam surdinas de anjos e de fadas,
Na penumbra nostálgica, macia...

Espiritualidades comoventes
Sobem da terra triste, em reticência
Pela tarde sonâmbula, imprecisa...

Os sentidos se esfumam, a alma é essência
E entre fugas de sombras transcendentes,
O pensamento se volatiliza...

ARGILA

Nascemos um para o outro, dessa argila
De que são feitas as criaturas raras;
Tens legendas pagãs na carnes claras
E eu tenho a alma dos faunos na pupila...

Às belezas heróicas te comparas
E em mim a luz olímpica cintila,
Gritam em nós todas as nobres taras
Daquela Grécia esplêndida e tranqüila...

É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço de longe o oráculo de Elêusis),

Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo,
E do teu ventre nasceriam deuses...

DECADÊNCIA

Afinal, é o costume de viver
Que nos faz ir vivendo para a frente.
Nenhuma outra intenção, mas, simplesmente
O hábito melancólico de ser...

Vai-se vivendo... é o vício de viver...
E se esse vício dá qualquer prazer à gente.
Como todo prazer vicioso é triste e doente,
Porque o Vício é a doença do Prazer...

Vai-se vivendo... vive-se demais,
E um dia chega em que tudo que somos
É apenas a saudade do que fomos...

Vai-se vivendo... e muitas vezes nem sentimos
Que somos sombras, que já não somos mais nada
Do que os sobrevivente de nós mesmos!...

TRANSUBSTANCIAÇÃO

Esta chance em que existo há de tornar-se um dia,
Em húmus germinal, em seiva fecundante,
Decompondo-se em Pó, há de ser a energia
De vidas que sobre ela hão de viver adiante...

Será fonte, Princípio, a tábida apatia
De um movimento novo intérmino e constante,
Sua ruína será a feraz embriogenia
De outros tipos de Vida, instante para instante.

Há de um horto florir por sobre o seu passado.
Borboletas iriais e anêmonas olentes,
Vidas da minha Morte, eu mesmo transformado...

E, assim, irei buscando a Perfeição perdida,
Vivendo na Emoção de seres diferentes
Que a Morte é a transição da Vida para a Vida...

DESCONFIANDO

Tu pensas como eu penso, vês se eu vejo,
Atento tu me escutas quando falo;
Bem antes que te exponha o meu desejo
Já pronto estás correndo a executá-lo.

Achas em tudo um venturoso ensejo
De servir-me a verdade num gracejo.
Serias, se eu quisesse, o meu cavalo...

Mas não penses que estólido eu te creia
Como um Patroclo abnegado, não
De todos os excessos de receia...

O certo é que, em rancor, por dentro estalas;
Odeias-me quem eu sei, mas, histrião,
Beijas-me as mãos por não poder cortá-las…

“ ALMAS DESOLADORAMENTE FRIAS...”

Almas desoladoramente frias
De uma aridez tristíssima de areia,
Nelas não vingam essas suaves poesias
Que a alma das cousas, ao passar, semeia...

Desesperadamente estéreis e sombras
Onde passas (triste aura que as rodeia!)
Deixam uma atmosfera amarga, cheia
De desencantos e melancolias...

Nessa árida rudeza de rochedo,
Mesmo fazendo o bem, sua mão é pesada,
Sua própria virtude mete medo...

Como são tristes essas vidas sem amor,
Essas sombras que nunca amaram nada,
Essas almas que nunca deram flor…

CREPUSCULAR

Poente no meu jardim... O olhar profundo
Alongo sobre as árvores vazias,
Essas em cujo espírito infecundo
Soluçam silenciosas agonias.

Assim estéreis, mansas e sombrias,
Sugerem à emoção em que as circundo
Todas as dolorosas utopias
De todos os filósofos do mundo.

Sugerem... Seus destinos são vizinhos:
Ambas, não dando frutos, abrem ninhos
Ao viandante exânime que as olhe.

Ninhos, onde vencida de fadiga,
A alma ingênua dos pássaros se abriga
E a tristeza dos homens se recolhe...

UNIDADE


Deitando os olhos sobre a perspectiva
Das cousas, surpreendo em cada qual
Uma simples imagem fugitiva
Da infinita harmonia universal.

Uma revelação vaga e parcial
De tudo existe em cada cousa viva:
Na corrente do Bem ou na do Mal
Tudo tem uma vida evocativa.

Nada é inútil; dos homens aos insetos
Vão-se estendendo todos os aspectos
Que a idéia da existência pode ter;

E o que deslumbra o olhar é perceber
Em todos esses seres incompletos
A completa noção de um mesmo ser...

PUDOR

Quando fores sentindo que o fulgor
Do teu Ser se corrompe e a adolescência
Do teu gênio desmaia e perde a cor,
Entre penumbras em delinquescência,

Faze a tua sagrada penintência,
Fecha-te num silêncio superior,
Mas não mostres a tua decadência
Ao mundo que assistiu teu esplendor!

Foge de tudo para o teu nadir!
Poupa ao prazer dos homens o teu drama!
Que é mesmo triste para os olhos ver

E assistir, sobre o mesmo panorama,
A alegoria matinal subir
E a ronda dos crepúsculos descer...

PRUDÊNCIA

Não aprofundes nunca, nem pesquises
O segredo das almas que procuras:
Elas guardam surpresas infelizes
A quem lhes desce às convulsões obscuras.

Contenta-te com amá-las, se as bendizes,
Se te parecem límpidas e puras,
Pois se, às vezes, nos frutos há doçuras,
Há sempre um gosto amargo nas raízes...

Trata-se assim, como se fossem rosas,
Mas não despertes o sabor selvagem
Que lhes dorme nas pétalas tranquilas,

Lembra-te dessas flores venenosas!
As abelhas cortejam de passagem,
Mas não ousam prová-las nem feri-las..

AOS QUE SONHAM

Não se pode sonhar impunemente
Um grande sonho pelo mundo afora,
Porque o veneno humano não demora
Em corrompê-lo na íntima semente...

Olhando no alto a árvore excelente,
Que os frutos de ouro esplêndidos enflora,
O Sonhador não vê, e até ignora
A cilada rasteira da Serpente.

Queres sonhar? Defende-te em segredo.
E lembra, a cada instante e a cada dia,
O que sempre acontece e aconteceu:

Prometeu e o abutre no rochedo,
O calvário do filho de Maria
E a cicuta que Sócrates bebeu!
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Raul de Leoni (1895 – 1926)


Raul de Leoni (Petrópolis, 30 de outubro de 1895 — Itaipava, 21 de novembro de 1926)

30 de outubro de 1895, nasce em Petrópolis, Estado do Rio, Raul de Leoni Ramos, terceiro filho do magistrado Carolino de Leoni Ramos e de D. Augusta Villaboim Ramos.

Em 1903, cursa o primário e, a seguir, o secundário, no Colégio Abílio, em Niterói.

Em 11 de setembro de 191o, faz a Primeira Comunhão aos quinze anos, na Capela do Colégio São Vicente, dos padres Premonstratenses, em Petrópolis, onde se encontra internado.

Em 1912, matricula-se da Faculdade Livre de Direito do Distrito Federal, colando grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, quatro anos mais tarde.

Parte para a Europa em 9 de abril de 1913, indo visitar a Inglaterra, França, Itália, Espanha e Portugal. Impressiona-se com Florença, única cidade nominalmente decantada em seu livro.

De volta ao Rio de Janeiro, em 1914, inicia colaboração literária nas revistas Fon-Fon e Para-Todos, colaborando mais tarde em O Jornal (1919), no Jornal do Comércio e no Jornal do Brasil.


Em 13 de março de 1918 é nomeado, por Nilo Peçanha, Ministro das Relações Exteriores no governo Wenceslau Brás, para o cargo de Secretário da Legação do Brasil em Cuba, não chegando a assumir, regressando da Bahia.

No ano de 1919, após declinar da sua nomeação para cargo idêntico, em nova Legação junto ao Vaticano, aceita ir para Montevidéu, onde permanece por três meses, para logo definitivamente abrir mão da Diplomacia. É eleito Deputado à Assembléia Fluminense. Publica seu primeiro livro de poemas: Ode a um poeta morto, dedicado à memória de Olavo Bilac.

Em 8 de setembro de 1920 contrai casamento com Ruth Soares de Gouvêa.

Em 6 de abril de 1921 casa-se com Ruth Soares de Gouvêa.

No ano de 1922 publica Luz mediterrânea, e começa a colaborar no jornal O Dia.

Em 1923, vitimado pela tuberculose, abandona o convívio de parentes e amigos, indo para Corrêas, e a seguir, Itaipava, licenciando-se do cargo de inspetor na companhia de seguros em que trabalhava.

Falece em 21 de novembro de 1926, na Vila Serena, em Itaipava, Petrópolis, hoje condomínio Alexandre Mayworm. Após a sua morte em Itaipava seu corpo foi conduzido para Petrópolis, que lhe prestou suas últimas homenagens, sepultando-o à sombra do Cruzeiro das Almas, erigindo-lhe um mausoléu e dando o seu nome a um trecho da Rua Sete de Setembro.

Sinopse crítica da obra do autor

A obra de Raul de Leoni obteve estudos críticos de de Agrippino Grieco, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Medeiros de Albuquerque, Alceu Amoroso Lima, Ronald de Carvalho, Manuel Bandeira, Afonso Arinos de Melo Franco, Tasso da Silveira e Sergio Milliet. Foi o poeta de maior realce na última fase do simbolismo, e justamente considerado como uma das figuras mais notáveis do soneto brasileiro de todos os tempos.

Parnasianos, simbolistas e até modernistas o têm em alta conta, apreciando-o sem reservas. Cada um de seus versos tem sonoridade e ritmo primorosos, especialmente os dos sonetos, em decassílabos, mesclados de simbolismo e de modernismo, com tessitura clássica e técnica parnasiana. São versos considerados dos mais perfeitos: em idéia, filosofia, e essência das temáticas. Porém, a mesma unanimidade não tem a crítica ao situar o poeta, em diferentes julgamentos, onde foi colocado nas escolas e posições poéticas as mais diferentes e contraditórias. Enquanto alguns dos seus críticos o consideram um genuíno parnasiano, outros enxergam nele o simbolista autêntico, terceiros acreditam ter sido um neo-parnasiano e outros o situam num grupo completamente independente das regras poéticas e influências de escolas e movimentos literários.

Análise literária

O seu ritmo peculiar e admirável de versificação, o conjunto de idéias sublimes de suas palavras, são os aspectos mais fortes que envolvem a magnífica harmonia da unidade de pensamento que existe em toda sua obra. Raul de Leoni é poeta de grandeza solitária, unindo a uma filosofia panteística um espírito helênico de poesia ligada ao canto e a música. Apesar de apontarem em seus versos Pascal e Platão, sua poesia nada tem de filosófica. É espontânea, colorida, sensual. Sua estética à maneira platônica leva-o a uma vizinhança extraordinária com o Simbolismo, sendo, tanto quanto Guimarães Passos um grande poeta de transição.

Todavia a crítica literária brasileira é unânime em assinalar a alta linhagem clássica da poesia de Raul de Leôni, fundada na homogeneidade da sua primazia gramatical, temática e métrica, e consolidada no seu bom gosto literário, reconhecidos como impecáveis, desde a sua época até os dias atuais.

A sua poesia embora contenha formas antigas e clássicas, é caracterizada por um imperecível espírito de modernidade, o que lhe assegura compreensão ilimitada e aperiódica, e o introduz na seleta plêiade dos poetas imortais.

Principais poemas

De todos os poetas brasileiros, de qualquer escola onde existissem regras poéticas, incluindo os independentes, o único que não sofreu sequer um sopro de menosprezo do assíduo fôlego da "corrente modernista brasileira" foi Raul de Leôni.

Seus sonetos, de métricas perfeitas, repletos de metáforas e de concepções filosóficas extraordinárias, corriam nos cadernos de poesia dos moços e moças da época, que compreendiam aqueles versos de palavras doces, que continham, ao mesmo tempo, tanta simplicidade e tanto esclarecimento.

A 1ª edição do "Luz Mediterrânea", de 1922, editada em vida pelo autor, começa com o poema "Pórtico" (onde ele se desvencilha, quase por completo, dos laços da influência do Parnaso brasileiro) e termina com o "Diálogo Final", tendo sido os "Poemas Inacabados" (que o poeta, ao pressentir a morte prematura, pediu para sua mulher queimar, e ela não compreendeu o seu pedido) que fazem parte da 2ª edição, e das edições seguintes, foram anexados ao "Luz Mediterrânea" pelos outros editores das mesmas.

Se Ode a um Poeta Morto é realmente parnasiano, não o são muitos dos poemas de Luz Mediterrânea, entre eles História de uma alma, E o poeta falou, Imaginação, Supertição?, etc., sem omitir o soneto Argila, um dos melhores da lingua e do qual disse Agripino Grieco, que "todo brasileiro deveria saber de cor".

Fontes:
- Academia Brasileira de Poesia da Casa de Raul de Leoni
- Wikipedia

Convite Oficial do 8º Circuito Literatura do CLESI - Ipatinga


Vencedores dos prêmios do 8º Circuito de Literatura do Clesi

6º Prêmio Nacional de Poesia – Cidade Ipatinga

1º lugar –
Do tempo enfeitado de azul, de Marcelo Rocha, de Governador Valadares-MG

2º lugar –
Quando o outono vier, de Augusto Sérgio Bastos, do Rio de Janeiro-RJ

3º lugar –
Ofício de Angústias, de Santos Peres, de Avaré-SP

Menção Honrosa

Era rima a tua carne, de Frederico Spada, de Juiz de Fora-MG

O Quintal, de Fabrício Pires Fortes, de Santa Maria-RS

A face do beijo, de Alzira Maria Umbelino, de Belo Horizonte-MG

Quaresmeiras e outras paixões que não roxeam, de Éder Rodrigues, de Belo Horizonte-MG.
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23º Festival Estadual de Poesia

1º Lugar –
Diários de Entomofagia, de Simone Eberle, de Ipatinga - MG

2º Lugar –
Mulheres Sacrossantas, de Luiz Dias Vasconcelos, de Sete Lagoas - MG

3º Lugar –
Jejum, de Éder Rodrigues, de Belo Horizonte - MG

4º Lugar –
Dias Áridos, de Adriano Alcântara, de Passos - MG

5º Lugar –
Sexo Verbal, de Jhonatan de Souza Oliveira, de Coronel Fabriciano - MG
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7º FESP Destaque Infanto-Juvenil

Categoria de 08 a 11 anos

1º Lugar –
Ser Criança é..., Kiara Lacerda de Lacerda, de Belo Oriente – MG
Colégio São Francisco Xavier

2º Lugar –
Recado Urgente, Quéren Hapuque Viega Pereira, de Governador Valadares – MG
E. E. Pedro Ribeiro Cavalcante Filho

3º Lugar –
O Artista Deus, de Samantha Oliveira Brum, de Ipatinga – MG
Colégio São Francisco Xavier

Categoria de 12 a 15 anos

1º Lugar –
O Farol, de Fernanda Aguiar Tavares, de Belo Horizonte – MG
E. M Salgado Filho

2º Lugar
Juventude, de Liridiow Ferreira Costa, de Governador Valadares – MG
E. E.Pedro Ribeiro Cavalcante Filho

3º Lugar
Para ela eu disse adeus, de Nélio Carvalho Soares, de Governador Valadares – MG
E. E.Pedro Ribeiro Cavalcante Filho
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8º Concurso Estadual de Contos

1º lugar
Cataclisma, de Ligia Pôrto, de Belo Horizonte-MG

2º lugar
Diário de Um Real Imaginário, de Andreia Donadon Leal, de Mariana-MG

3º lugar
Mimo, de Alzira Maria Umbelino, de Belo Horizonte-MG

Clube dos Escritores de Ipatinga
Tel.: 31-3822.3876 / 8673.2532
http://www.clesi.com.br/

Fonte:
Academia Brasileira de Poesia da Casa Raul de Leoni

Humberto de Campos (A Rosa Azul)



O comendador Luiz de Faria acabava de fechar os olhos à velha marquesa de São Justino, adoçando-lhe o momento da morte com a noticia alvissareira e mentirosa da completa regeneração do seu neto, o estudante Guilherme de Araújo, quando o encontrei à porta da casa funerária, à espera do seu automóvel. Abalado, ainda, pela emoção daquele instante, em que tivera de lançar mão de uma falsidade para perfumar o último sopro de uma vida de virtudes e sofrimentos, o antigo par do reino português aceitou um lugar no meu "taxi", e confessou-me, em viagem:

- A mentira, meu amigo, é, às vezes, uma necessidade. Aquela de que me socorri há meia hora, para suavizar a morte de uma santa, de uma senhora cuja maior esperança consistia no futuro de um neto que se desgarrara do lar, era tão necessária como a do prior da Cartuxa para alegrar a agonia daquele célebre monge do Bussaco.

Eu olhei, interrogativamente, o meu companheiro de viagem, e ele, percebendo a ignorância, indagou, com admiração:

- Não conhece, então, a lenda da rosa azul?

À minha afirmativa, que lhe pareceu estranha, o comendador apoiou as mãos robustas no castão de ouro da bengala, e contou:

- No Mosteiro da Cartuxa, no Bussaco, em Portugal, vivia, em séculos que já se foram, um piedoso e santo monge, cuja vida se consumia, inteira, entre a oração e as rosas. Jardineiro da alma e das flores, passava ele as manhãs de joelhos, no silencio da nave, aos pés de um Cristo crucificado, e as tardes, no pequeno jardim da ordem, curvado diante das roseiras, que ele próprio plantava e regava.

O comendador interrompeu um momento a narrativa, recostou-se na almofada, e continuou:

A sua paciência de jardineiro era absorvida, entretanto, por uma idéia, que era um sonho: encontrar a rosa azul das legendas do Oriente, de que tivera noticia, uma noite, ao ler os poemas latinos dos velhos monges medievais. Para isso, casava ele as sementes, os brotos, fundia os enxertos, combinando as terras, com que as cobria, e as águas, com que as regava, esperando, ansioso, o aparecimento, no topo da haste, do sonhado botão azul! Ao fim de setenta anos de experiências e sonhos, em que se lhe misturavam na imaginação as chagas vermelhas de Cristo e as manchas celestes da sua rosa encantada, surgiu, afinal, no coroamento de um galho de roseira, um botão azul, como o céu. Centenário e curvado, o velhinho não resistiu à emoção; adoeceu, e, conduzido à cela, ajoelhou-se diante do Crucificado, pedindo-lhe, entre soluços pungentes, que, como prêmio à santidade da sua vida, não lhe cerrasse os olhos sem que eles vissem, contentes, o desabrochar da sua rosa azul.

Uma nova pausa, e o meu companheiro tornou:

- Em volta do santo velhinho, no catre do mosteiro, todos choravam, compungidos. E foi, então, que, divulgada de boca em boca, foi a noticia ter a um convento das proximidades, onde jazia, orando e sonhando, uma linda infanta de Portugal. Moça e formosa, e, além de formosa e moça, - fidalga e portuguesa, compreendeu a pequenina freira, no jardim do seu sonho, o valor daquela ilusão, e correu à sua cela, consumindo toda uma noite a fazer, com os seus dedos de neve, uma viçosa flor de seda azul, que perfumou, ela própria, com essência de gerânio. E no dia seguinte, pela manhã, morria no seu catre, sorrindo entre lágrimas de alegria, por ter nas mãos tremulas, por um milagre do céu, a sua rosa azul!

O "taxi" parava no meio-fio da calçada, o comendador acrescentou, estendendo-me a mão agradecida:

- Feliz, meu amigo, aquele que morre, como esse monge e a marquesa, apertando nas mãos a rosa, mesmo mentirosa, de uma roseira de que cuidou toda a vida.

Fonte:
Domínio Público

domingo, 7 de junho de 2009

Trova XVIII

Nilton Manoel (Constelação de Trovas)



1
Quem tem vida vive atento
pêlos caminhos que enfrenta;
brinda as farpas do momento
com chocolate e pimenta.

2
O chifre em terra rachada
em bucolismo infernal,
é o adorno que traça a estrada
da carência de água e sal.

3
Florestas? - Quero espigões!
e a fauna toda enjaulada!
... e a moda de altos portões,
esconde a noite estrelada.

4
Depois dos cinqüenta, creio,
tudo é lucro e coerência;
homem que não faz rodeio,
sabe o que vale a existência.

5
Homem é o que sabe ser
companheiro, amigo e irmão;
Quem preza o Bem, sabe ter
da vida toda a emoção.

6
Meu pai, exemplo perfeito
de luta e vitalidade;
ao partir, por ser direito,
deixou sincera saudade.

7
Quando o homem é Homem não chora,
enfrenta as farpas da vida,
vence a fauna hostil com a flora
tornando a estrada florida.

8
O amante da Filomena,
se encontra o ex-marido dela,
treme tanto de dar pena...
e geme sem dor com ela!

9
Solteiro? - Querida! Ó vida
de prazeres... sonhos tantos!
Casados? ? Os nós da lida,
cegam os reais encantos!?

10
No lirismo de meu povo
sonho e tenho sempre fé
que num dia de sol novo
será plena a paz.. de pé!

11
Enfim dono dos saberes
da vida, em música e dança,
concluo que, o fim dos seres
é o limite da esperança.

12
Corre-se tanto, mas tanto,
pelo pódio e sua glória
que, o enfim é o fúnebre pranto,
de um troféu ao fim da história!

13
Quando há morte programada
pelos quadrantes da terra,
homens que não valem nada
sentem paz plantando guerra.

14
Cavalgando sem rodeios
por galáxias estreladas,
o poeta, em seus anseios
tece trovas requintadas.
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Artur de Azevedo (A Ama-Seca)



O Romualdo, marido de D. Eufêmia, era um rapaz sério, lá isso era, e tão incapaz de cometer a mais leve infidelidade conjugal como de roubar o sino de São Francisco de Paula; mas - vejam como o diabo as arma! Um dia D. Eufêmia foi chamada, a toda a pressa, a Juiz de Fora, para ver o pai que estava gravemente enfermo, e como o Romualdo não podia naquela ocasião deixar a casa comercial de que era guarda-livros (estavam a dar balanço), resignou-se a ver partir a senhora acompanhada pelos três meninos, o Zeca, o Cazuza, o Bibi, e a ama-seca deste último, que era ainda de colo.

Foi a primeira vez que o Romualdo se separou da família. Custou-lhe muito, coitado, e mais lhe custou quando, ao cabo de uma semana, D. Eufêmia lhe escreveu, dizendo que o velho estava livre de perigo, mas a convalescença seria longa, e o seu dever de filha era ficar junto dele um mês pelo menos.

O Romualdo resignou-se. Que remédio!...

Durante os primeiros tempos saía do escritório e metia-se em casa, mas no fim de alguns dias entendeu que devia dar alguns passeios pelos arrabaldes, hoje este, amanhã aquele. Era um meio, como outro qualquer, de iludir a saudade.

Uma noite coube a vez ao Andaraí Grande. O Romualdo tomou o bonde do Leopoldo, e teve a fortuna ou a desgraça de se sentar ao lado da mulatinha mais dengosa e bonita que ainda tentou um marido, cuja mulher estivesse em Juiz de Fora.

Nessa noite fatal a virtude do Romualdo deu em pantanas: tencionando ele ir até o fim da linha, como fazia todas as noites, apeou-se na Rua Mariz e Barros, ali pelas alturas da Travessa de São Salvador. A mulata havia se apeado algumas braças antes.

E ele viu, à luz de um lampião, o vulto dela saltitante e esquivo, e apressou o passo para apanhá-la, o que conseguiu facilmente, porque, pelos modos, ela já contava com isso.

- Boa noite!

- Boa noite.

- Como se chama?

- Antonieta.

- Pode dar-me uma palavra?

- Por que não falou no bonde?

- Era impossível... estava tanta gente... e estes elétricos são tão iluminados.

- Mas o sinhô bolinou que não foi graça! vamos, diga: que deseja?

- Desejo saber onde mora.

- Não tenho casa minha; tou empregada numa famia ali mais adiente, por siná que não stou satisfeita, e ando procurando outra arrumação.

- Onde poderemos falar em particular?

- Não sei.

- Você sai amanhã à noite?

- Amanhã não, porque saí hoje, e não quero abusá.

- Então, depois de amanhã?

- Pois sim.

- Onde a espero?

- Onde o sinhô quisé.

- Na Praça Tiradentes, no ponto dos bondes. As oito horas.

- Na porta do armazém do Derby?

- Isso!

- Tá dito! Inté depois d'amanhã às oito hora.

- Não falte!

- Não farto não!

No dia seguinte, o Romualdo contou a sua aventura a um companheiro de escritório que era useiro e vezeiro nessas cavalarias... baixas, e o camarada levou a condescendência ao ponto de confiar-lhe a chave de um ninho que tinha preparado adrede para os contrabandos do amor.

Antonieta foi pontual; à hora marcada lá estava à porta do Derby, com ares de quem esperava o bonde.

O Romualdo aproximou-se, fez um sinal, afastou-se e ela seguiu-o...

Dez dias depois, estava ele arrependidíssimo da sua conquista fácil, e com remorsos de haver enganado D. Eufêmia, aquela santa! Procurava agora meios e modos de se ver livre da mulata, cuja prosódia era capaz de lançar água na fervura da mais violenta paixão.

Vendo que não podia evitá-la, tomou o Romualdo a deliberação de fugir-lhe, e uma noite deixou-a à porta do ninho, esperando debalde por ele. Lembrou-se, mas era tarde, que havia prometido dar-lhe uni anel, justamente nessa noite.

- Diabo! pensou ele, Antonieta vai supor que lhe fugi por causa do anel!

Voltou, afinal, D. Eufêmia de Juiz de Fora. Veio no trem da manhã, inesperadamente, e já não encontrou o marido em casa.

Estava furiosa, porque a ama-seca de Bibi deixara-se ficar na estação da Barra. Podia ser que não fosse de propósito. O mais certo, porém, era o ter sido desencaminhada por um sujeito que vinha no trem a namorá-la desde Paraíbuna.

Quando D. Eufêmia contou isso ao marido, acrescentou indignada:

- Que homens sem-vergonha!... Não podem ver uma mulata!...

O Romualdo perturbou-se, mas disfarçou, perguntando:

- E agora? E preciso anunciar! Não podemos ficar sem ama-seca!

- Já mandei o Zeca pôr um anúncio no Jornal do Brasil.

No dia seguinte, o Romualdo saiu muito cedo; ao voltar para casa, a primeira coisa que perguntou à senhora foi:

- Então? Já temos ama-seca?. .

- Já; é uma mulatinha bem jeitosa, mas tem cara de sapeca. Chama-se Antonieta.

- Hem? Antonieta?

- Que tens, homem?

- Nada; não tenho nada... E jeitosa?... Tem cara de sapeca?... Manda-a embora! Não serve! Nem quero vê-la!...

- Ora essa! Por quê? Olha, ela aí vem.

Antonieta chegou, efetivamente, com o Bibi ao colo; mas o Romualdo tinha fechado os olhos, dizendo consigo:

- Que escândalo!... rebenta a bomba!... este diabo vai reclamar o anel!.

Mas como nada ouvisse, o mísero abriu os olhos e - oh! milagre! - era outra Antonieta!.

Ele pensou, os leitores também pensaram que fosse a mesma; não era.

Decididamente, há um Deus para os maridos que enganam as suas mulheres.

Fontes:
Domínio Público
Imagem = Fundação Casa de Rui Barbosa

Projeto de Trovas Para Uma Vida Melhor (Resultados da 2a. Etapa)



Grupo 1 Nacional
Tema: Paciência
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VENCEDORES
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1º Lugar
Ante as agruras da vida,
que nos chegam com freqüência,
a conduta mais contida
é seguir com paciência.
Hélio Pedro Souza
Natal/RN


2º LUGAR
A Paciência é uma virtude
que, junto à perseverança,
de nós, afasta a inquietude,
e traz de volta a esperança!
Delcy Rodrigues Canalles
Porto Alegre/ RS

3º LUGAR
Só com paciência se alcança
o que se espera da vida.
Siga com mais esperança
a cada meta vencida!
Leonilda Yvonneti Spina
Londrina/PR
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MENÇÃO HONROSA
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1.
Dá-me, Deus, com certa urgência,
a graça que aqui rabisco:
dez por cento da paciência
que puseste em São Francisco!
Humberto Rodrigues Neto
Pirituba/SP

2.
Motorista, paciência...
Calma lá, meu companheiro!
Não se esqueça: competência
nem sempre é chegar primeiro!
Antonio Augusto de Assis
Maringá/PR

3.
Não há nada que se negue
ao homem manso e cortês:
a paciência consegue
muito mais do que a altivez!
Renata Paccola Frischkorn
São Paulo/SP


4.
É na sua deficiência,
que o cego, na escuridão,
acende a luz da paciência
no altar do seu coração...
Ercy Maria Marques de Faria
Bauru/SP

5.
"Quando a dor chega a seu lar
paciência é uma virtude
que se deve cultivar
com amor em plenitude!"
Sônia Ditzel Martelo
Ponta Grossa/PR
---
MENÇÃO ESPECIAL
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1.
Quem pratica a paciência,
como virtude na vida
supera toda ciência
vence a mais perversa lida.
Wilton Di Cali
Guarulhos/SP

2.
Paciência tem limite,
eu sempre pensei assim;
embora não acredite,
nosso amor chegou ao fim.
Neiva Fernandes
Campos dos Goytacazes/RJ

3.
A virtude da paciência
nos traz equilíbrio e paz
ao evitar a imprudência
de uma atitude fugaz.
Alfredo Barbieri
Taubaté/SP

4.
Um desafio na vida
é vencer tribulações
e a paciência nos convida
a refrear emoções.
Marina Gomes de Souza Valente
Bragança Paulista/SP

5.
Quando a dor desta existência
torna-se um fardo pesado,
a Deus peço a Paciência
e na fé sigo amparado!
Maria Emília Leitão Medeiros Redi
Piracicaba/SP
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GRUPO 2 NACIONAL
Tema: Paciência
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VENCEDORES
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1º Lugar
Contra a grande violência
e a total insegurança,
é melhor ter paciência
e uma dose de esperança,
Ilze Soares
São Paulo/SP


2º Lugar
Paciência teve Jó
que tantas dores sofreu,
perdeu tudo, ficou só
mas, sua fé não morreu.
Mifori
Mogi das Cruzes/SP

3º Lugar
Tenha a calma de um regato,
da criança a inocência;
você verá que, de fato,
a tudo vence a paciência.
Adamo Pasquarelli
São José dos Campos/SP
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MENÇÃO HONROSA
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1.
Neste mundo em que vivemos,
de tanta pressa e aflição
que paciência nós temos
para ajudar um irmão?!
Diamantino Ferreira
Campos dos Goytacazes/RJ

2.
Loja de conveniência,
farmácia e lanchonete
ofereçam “Paciência”
em comprimido ou tablete.
Gisleno Feitosa
Teresina/PI

3.
Todas as dores do mundo,
tem uma causa, uma essência.
Mas, com fé e amor profundo,
Deus nos provê Paciência!
Dilma Ribeiro Suero
Estácio/RJ

4.
Paciência é um preceito
de quem tem fé, confiança,
e acredita no conceito:
"Quem espera sempre alcança"
Decio Rodrigues Lopes
Mogi das Cruzes/SP

5.
Tenha paciência, senhora,
na vida tem recomeço;
quando um amor vai embora,
outro amor manda endereço.
Clênio Borges
Porto Alegre/RS
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MENÇÃO ESPECIAL
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1.
Diante de tanta violência,
serena, medita e ora;
espera com paciência
e vive no aqui e agora.
Elisa Santos
Ponta Grossa/PR

2.
Se teu viver é exemplar,
com paciência e união,
tua vida há de brilhar,
como uma bela lição!
Arlene Lima
Maringá/PR

3.
A paciência na dor
é virtude de alma forte.
Vislumbra tão grande Amor,
vai vencer até a morte.
Elisa Alderani
Ribeirão Preto/SP

4.
Paciência!... Paciência!...
Oh meu Deus, me dá um pouco...
Pois se dela, há carência,
fico agindo como um louco.
Raquel Delvaje
Piracicaba/SP

5.
Houve pedras no caminho...
Em que eu tanto tropecei,
com paciência e carinho,
na esperança confiei!
Célia Apparecida Silli Barbosa
Ribeirão Preto/SP
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GRUPO INTERNACIONAL
Tema: Paciência
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VENCEDORES
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1º Lugar
Paciência é uma virtude
que se tem, mas que se gasta
quando se toma a atitude
de, para alguém, dizer: - Basta!
António José Barradas Barroso
Portugal

2º Lugar
Tanta era a sua pobreza
com humildade e decência,
que, faltando o pão na mesa,
lhe sobrava a paciência.
Olívia Alvarez Miguez Barroso
Portugal

3º Lugar
Que Deus me dê paciência
para sofrer esta dor
de ver que a inconsciência
mata e diz que é por amor!
Gisela Alves Sinfrónio
Olhão/Portugal
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MENÇÃO HONROSA
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1.
Em teus braços meu amor
me sinto plena e feliz,
tua paciência é calor,
dá a minha vida matiz.
Nora Lanzieri
Buenos Aires/Argentina

2.
Os avanços da ciência,
por vezes vão devagar,
preciso ter paciência
para uma cura aguardar...
Aciolinda Spranger
Lagos/Portugal

3.
Se diz não ter paciência
pra ler, da Bíblia, conselhos;
use da sua valência:
Fale com Deus, de joelhos...
Maria da Conceiçãoo Custódio Sanches
Gois/Portugal

4.
Com positiva paciência
obra boa descortina,
te diz a minha consciência
que sempre Deus ilumina.
Jamil William Piscoya Ayala
Ferreñafe/Peru

5.
Para todo o sofrimento
É preciso Paciência
Um olhar com sentimento
A quem vive na indigência.
Maria José Fraqueza
Fuzeta/Olhão/Portugal
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MENÇÃO ESPECIAL
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1.
Se a paciência faltar
nas penas, que hão-de ser luz...
Lembra Deus a carregar
por nós, o peso da Cruz!
Clarisse Barata Sanches
Góis/Portugal


2.
Se na dor, por excelência,
O amor é primordial...
Há o sofrer, com paciência,
De quem sofre d'algum mal!
Fernando Reis Costa
Coimbra/Portugal

3.
Um homem sem paciência,
nem na dor tira vantagem;
e vê na sua existência
uma vida sem coragem!
Jorge A. G. Vicente
Suiça

4.
No sofrimento e na dor
rogo a Deus Sua clemência,
resarei com mais fervor,
para me dar paciência...
António Boavida Pinheiro
Lisboa/Portugal

5.
Paciência é virtude
que no mundo pouco abunda;
hoje em qualquer latitude
está quase moribunda.
Euclides Cavaco
Canadá
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Colaboração
Antonio Augusto de Assis, por e-mail.

sábado, 6 de junho de 2009

Trova XVII

Benjamin Sanches (Solidão)



O pássaro de barro da saudade
Revoando no aro dos meus olhos
Repousou nos meus dedos de silêncio
Partindo para as terras ignotas.

Divaguei nos roteiros do amanhã
(Quilhas cortando o ventre do espaço
Rasparam os recifes das quimeras
Encalhando nas rochas das lembranças).

E aquela argila diluída em sombras
Incensando o meu templo de memórias
Nas alvoradas dos meus sofrimentos.

Na grande solidão do inatingível
Ancorei o coração num mar de lágrimas
E adormeci num inferno entre dois céus.
===========

Benjamin Sanches (o tartaruga)


É de se registrar que, nessa obra, o autor escreveu exclusivamente com minúsculas (inclusive o título) e alinhou os parágrafos pela direita.

depois de entregar-se por muito tempo à água, voltou a terra onde com a matemática dos olhos procurava descobrir os lugares onde os tracajás haviam enterrado os seus ovos e, isto, os homens da ciência sabiam menos que ele. a prática fizera-o mestre no buscar os ninhos camuflados no igual do branco da areia.

a praia, descendo da densa mata devoluta, serpenteava no rumo do rio onde um enorme jacaré, num peso de montanha, dilatou o vazio para dar duas rabanadas, e, em vôo submerso atingiu o mo-lhado da margem e ficou olhando-o com um olhar famélico. era um inimigo que não ficara de vir, embora ter, ele, admitido, sempre, a possibilidade daquela indesejável presença. via o espírito da fome rondando as suas carnes. sentiu-se quase prisioneiro. na posição em que ficara, a fera, dominava, realmente, a única saída. o seu casco, que havia deixado na beira, estava a dois passos do anfíbio, cujas patas velozes arranhavam o chão num chi-chi manhoso, preparando-se para a furiosa investida.

as suas pernas que nunca dançaram de alegria, bailavam, agora, dentro da calça no assombro de ser estraçalhado pelo chocalhar daquelas mandíbulas maiores que o seu corpo descascado pelo quente da tarde. ele já havia vivido toda a idade do crescimento e não conseguira ir além dos cinco palmos. parecia que os ventos sopraram, sempre, a sua vida de cima para baixo. tinha isto, como uma pobreza envergonhada, da sua condição de homem. a natureza
havia-o prejudicado na distribuição dos tamanhos.

quando conseguiu sair daquelas circunvoluções do susto e voltar ao estado de medo consciente, não quis dar tudo como perdido, embora tivesse que passar por um fininho tubo da vida. segurou-se a ele como quem agarrasse um objeto que ia perder para sempre, e, no esforço de renascer daquela quase morte intempestiva, enfiou a cabeça em desabalada carreira, internando-se no grosso da mata. uma chuva, cujo turbilhão de água mais parecia ser de cimento e ferro, desabava retorcida com a noite, tornando-a intensamente escura. os filtros da sua carne começaram, lentamente, a dar passagem ao frio a caminho dos seus ossos. numa noite clara, poderia varar o longe e alcançar a vila em três horas de regular caminhada, mas, o escuro tomara altura e não deixava à amostra, nem um astro que o orientasse. para caminhar seria imprescindível algum rastro de luz
desembocando das trevas.

astro
rastro
vasto

o pio dos pássaros e o barulhar da chuva fundiam-se com os esturros das feras e num só grito, cortava o vasto verde, que não
se apagava da sua memória.

verde vasto verde
dia verde
noite verde
grito verde
pio verde
verdeverdeverde

sentiu necessidade de resguardar-se e tateando com os pés na terra encharcada caminhou alguns passos entre a tiririca que lhe cortava a pele, até conseguir abraçar-se à perna de uma árvore e subiu até a primeira forquilha. ali, poderia passar a noite, incomodamente, é verdade, mas suspenso do perigo que rastejava no escuro. as suas carnes mergulhadas no grosso da chuva viviam minutos de horror, em meio àquela combinação de sons perversos e imprevistos, que iam despojando-o, aos poucos, de sua coragem. de quando em quando abandonava a cabeça num cochilo e acordava descendo no espanto. precavendo-se de uma queda desastrada, desafivelou o cinturão e com ele, procurou envolver barriga e forquilha. não conseguiu
nesta, subiu para outra mais fina e amarrou-se.

aforquilhado dentro do molhado da noite, ouvindo, medrosamente, os berros dos afiados dentes e o cochichar das raízes, não obstante, acontecia de longe em longe, lembrar-se do seu casco, na preocupação que a água da chuva empurrasse praia afora, levando a farinha e a rapadura que na manhã próxima, roeriam a fome
que já roía o seu estômago.

o tempo espichando-se demorava a soltar a sua condição de noite e, ele, esperando resignadamente que a manhã viesse libertá-lo, rosnou um sono de chumbo e sonhou que passeava elegantemente pela praça da igreja, onde aos domingos à tarde, as mocinhas mais gostosas da vila desfilavam exibindo apuro e beleza. embalando-se na miragem, via que todas o olhavam com olhos gulosos, e uma delas, não suportando refrear a gulodice, aproximou-se e beija-lhe os lábios com seriedade e paixão. ele não sabia o porquê e preferiu não fazer perguntas. era um novo amanhecer no seu mundo. a sua alegria refletia-se nas paredes e até no chão enxuto. de mãos dadas, saíram caminhando sob as vistas de centenas de pupilas espantadas. espantadas porque todos sabiam que jurara nunca amar, quando na seresta para a primeira conquista,
deram-lhe um banho de bacio.

agora, estava suadinho de fé, e procurava com os dedos arrumar os cabelos, quando de súbito, num estrondo metálico que varreu o ar, o apelido, impiedosamente abalroou o seu ouvido: – tartarUUUUga! – todo o ódio do mundo apareceu na sua cara. naquele momento odiou até as rosas. sentiu vontade de fazer mil coisas de uma vez. queria morder. queria rasgar. queria matar. sim. sentiu desejo quase irresistível de matar. a sua alma ficou, por muito tempo, galopando na mais brutal raiva do mundo. pensou que seria melhor desmanchar com a vida, o único meio para se livrar daquela alcunha. não mais poderia engolir aquele epíteto humorístico que o havia enchido até por fora da roupa. todos, desapiedadamente, o chamavam de tartaruga. nunca presumira que o seu nome de cartório desaparecesse tão completamente. nunca mais ouvira pronunciá-lo. todos o chamavam de tartaruga.
diziam-lhe até com os olhos: tartaruga, somente tartaruga.

era o ridículo do apelido, que o obrigava a embarcar naquele pequeno casco de itaúba preta e isolar-se o dia todo, depois de remar para as praias distantes e desertas, cuja beleza mansa e
perigosa ainda não aprendera a dominar.

agora, mais enfurecido que nunca, tomou posição para desaparecer de uma vez por todas, quando sentiu o braço da moça doce e gentil cingir-lhe a barriga, não o deixando se afastar e sussurrando o seu nome, com os lábios quentes roçando a sua orelha – jorgitinho. foi assim que a ouviu chamar, amorosamente, o diminutivo do seu nome. estremeceu dentro da cadeia do abraço e tudo se fez claro quando acordou preso à forquilha. mas, mesmo assim, sentiu-se feliz por se encontrar entre feras e bem longe dos
humanos. humanos? não! jorgito nunca os considerou como tais.
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Sobre o autor
Nasceu em Manaus, no dia 21 de abril de 1915, o poeta e contista Benjamin Sanches de Oliveira. Faleceu na mesma cidade no ano de 1978. Obra de ficção: o outro e outros contos, 1963.
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Fonte:
SANCHES, Benjamin. O outro e outros contos. Manaus: Ed. S. Cardoso, 1963.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Trova XVI

Montagem sobre Tela de René Magritte

Adalcinda Camarão (Caldeirão Literário do Pará)


BOM DIA, BELÉM

Há muito que aqui no meu peito
Murmuram saudades azuis do teu céu
Respingos de ausência me acordam
Luando telhados que a chuva cantou
O que é que tens feito
Que estás tão faceira
Mais jovem que os jovens irmãos que deixei
Mais sábia que toda a ciência da terra
Mais terra, mais dona do amor que te dei

Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe
Meu sol, minha rêde, meu tamba-tajá
A sesta o sossego da tarde descalça
O sono suado do amor que se dá
E o orvalho invisível na flôr se embrulhando
Com medo das asas do galo cantando
Um novo dia vai anunciando
Cantando e varando silêncios de lar

Me abraça apertado, que eu venho chegando
Sem sol e sem lua, sem rima e sem mar
Coberta de neve, lavada no pranto
Dos ventos que engolem cidades no ar
Procuro o meu barco de vela azulada
Que foi de panada sumindo sem dó
Procuro a lembrança da infância na grama
Dos campos tranquilos do meu Marajó

Belém minha terra, minha casa, meu chão
Meu sol de janeiro a janeiro a suar
Me beija, me abraça que quero matar
A doída saudade que quer me acabar
Sem círio da virgem, sem cheiro cheiroso
Sem a "chuva das duas " que não pode faltar
Cochilo saudades na noite abanando
Teu leque de estrelas, Belém do Pará!
=======================================

ESPAÇO-TEMPO

Quero-te mesmo, amor, na ausência ou na presença,
com rumores de sombra, alarde ou desafios.
―Dormir num chão de luar à sombra de roseiras
ou sob os pirisais na baixada dos rios...

Assim te amo e te sei amando dia-a-dia,
acordada ou dormindo o germinal segredo.
E te abraço sem ter teu corpo ao meu, beijando
a saudade sem ser de quem se tem sem medo.

Amo-te mesmo, amor, no madrigal do tempo,
derrubando androceus e gineceus se amando
nas pálpebras do estio que o sono não acorda.

No teu dorso eu descanso a caminhada enorme
que fiz pra te encontrar ― lábios ardendo em busca
da tua noite azul onde minh'alma dorme.

Amo-te mesmo, amor. Se me vens ou te vais.
Sinto-te à flor da pele e à superfície da água
que dessedenta o bem que nos lava o mal.

Amo-te e não sei quem és ― teu nome nem origem.
Só sei que és homem são e me sabes mulher.
Que beleza este amor sem pranto nem vertigem,
sem princípio nem fim, nem dimensão sequer!
--------

Adalcinda Camarão (1914 - 2005)

Adalcinda Magno Camarão Luxardo (Muaná, Ilha de Marajó, 18 de julho de 1914 – Belém, Pará, 17 de janeiro de 2005) foi uma poetisa e compositora paraense.

Estudou em Belém no colégio D. Pedro II e no Instituto de Educação e nessa cidade desenvolveu todo o seu trabalho cultural. É autora de vários livros de versos como: “Baladas de Monte Alegre”, “Entre Espelho e Estrelas”, “Folhas”, “Vidências”, escreveu para rádio, teatro e jornais e revistas da Amazônia desde os dez anos de idade.

No ano de 1938, Cléo Bernardo e um grupo de colegas de faculdade de Direito, fundaram Terra Imatura, revista mensal de estudantes, cujo título foram buscar em um romance regionalista de Alfredo Ladislau. Terra Imatura ganhou importância nas letras paraenses, onde despontavam Adalcinda e sua irmã Celeste Camarão, Dulcinéia Paraense, Mirian Morais, Paulo Plínio Abreu, Ruy Barata e outros mais, na poesia, alguns formando a redação da revista.

Em 1956, Adalcinda viajou para os EUA, com Bolsa de Estudo oferecida pelo Departamento de Estado, com o Departamento de Educação e recomendada pela Embaixada Americana no Brasil. Fez mestrado em Educação e lingüística (American Univerity e Catholic University, EUA, de 1956 a 1959).

Recebida como membro efetiva e perpétua da Academia Paraense de Letras em janeiro de 1959, ocupou a cadeira nº 17 e teve como patrono Felipe Patroni. Casou-se com o cineasta Líbero Luxardo, também da Academia Paraense de Letras, com quem teve um filho. Fixou residência nos Estados Unidos, em Washington, sem esquecer a sua academia, mandando de quando em vez, seus belos poemas para a revista.
A poetisa dos Anos Trinta, aquela que escrevia em Terra Imatura, muito jovem ainda, continuou florescendo e encantando a todos. Na Terra Imatura, número de março de 1939, encontramos o Poema “Bujarronas do Guamá”.

Adalcinda, muito embora ausente, nunca pensou em abandonar ou deixar a sua Academia. Seus versos mais recentes, cada vez mais untados de amor, são mandados para divulgação. Na revista, volumes xxviii, de 1987, podem encontrar “três poemas”, um dedicado ao filho: “Trinta de Abril”.

Voltando à Terra Imatura do saudoso Cléo Bernardo, lê-se muitas outras produções de Adalcinda, produzidas nos anos trinta, quando já era selecionada entre “os poetas modernos da Amazônia”, ao lado de Bruno, do Dalcídio, do Nunes Pereira, do Ruy Barata, todos pondo o maior vigor e vida à corrente modernista da poesia, desencadeada em 1922, em São Paulo e que alcançava as margens do Rio-Mar. No número 13, referente a dezembro de 1940, a revista agrupou vários poetas, transcrevendo, de cada um, magníficos versos da escola moderna. Adalcinda lá está. Aparece com “Explicação Inútil”.

A revista Terra Imatura, naqueles anos distantes, teve grande papel no aprimoramento cultural dos jovens, ela e outras mais, como o Pará Ilustrado, de Edgar Proença, A Semana, do Ernestino Sousa Filho, Brasileis, de Silvio Meira, com a característica de serem mensais, a A Semana a única semanal. Hermógenes Barra, na Revista da Veterinária, também prestou relevante serviço as letras do Pará, não somente através da revista, como principalmente, pela tipografia que possuía e que acolhia a todos.

Publicou, durante muitos anos, todas as teses de concurso de cátedra ou docência, livros de Antônio Tavernard, Augusto Meira, Bruno de Menezes e tantos outros.

Adalcinda Camarão, ou simplesmente Adalcinda, é desse tempo, uma das grandes animadoras da PRC-5, a rádio de Edgar Proença, Lorival Penálber e Eriberto Pio. “A voz que fala e canta para a planície”.

Adalcinda sintetiza uma época, merecendo ser lembrada, ou relembrada, distante que está na terra de Tio Sam. Mas, Adalcinda não parou, sua pena e sua lira continuaram a emitir belos sons em terra distante, não esquecendo jamais o torrão natal, de que são prova os belos versos, mandados de Washington, D.C.,Divulgados pela A Província de 7 de março de 1989, extraído do livro Folhas: “Voz”. De 1956 a 58, trabalhou em conferência e entrevistas para a Voice of América, em Washington, D.C., onde permaneceu radicada.

De 1957 a 60, ensinou Português para estrangeiros, na La Case Academy of Languages e Sanz School. Em 1960, abriu o Departamento de Português da Georgetown University (Institute of Languages and Linguístics), onde também ensinou Literatura do Brasil e de Portugal, de 1960 a 1965.

Lecionou Português na American University em 1974 e 1975; na Graduate School of the Agriculture Department, de 1966 a 1977; na Casa Branca, para assistentes dos presidentes Nixon e Ford, em 1974 e 1975; na Arlington Adult Education, 1986, 1987 e 1988. Trabalhou na Embaixada do Brasil, em Washington, D.C., de 1961 a 1988.

Em 2000, retornou para Belém, depois de 44 anos morando nos Estados Unidos e no dia 17 de janeiro de 2005, às 17h, morre por complicações em decorrência pela idade avançada. Aos 91 anos, Adalcinda faleceu em casa.

É detentora de inúmeras medalhas condecorativas e diplomas. Dos EUA, colaborou com os jornais paraenses. A Província do Pará, O Estado do Pará e O Liberal.

Obra
Livros:
Despetalei a Rosa. Poesia, 1941;
Vidência. Poesia, 1943;
Baladas de Monte Alegre. Poesia, 1949;
Entre Espelhos e Estrelas. Poesia, 1953 (Premiado como o melhor livro do ano pelo Governo do Estado);
Caminho do Vento. Poesia, 1968;
Folhas. Poesia, 1979;
A Sombra das Cerejeiras. Poesia, 1989; e
Antologia Poética. Poesia, Belém, CEJUP, 1995.

Teatro
Um Reflexo de Aço, 1955; e
O Mar e a Praia, 1956)

Folclore
Lendas da Terra Verde, 1956

Educação
Brasil Fala Português. Livro Escolar, 1964 e
Comentários no Espaço e no Ar (At the Red Lights, em inglês, 1977).

Fonte:
Wikipedia

Abílio César Borges (1824 – 1891)


Abílio César Borges, primeiro e único barão de Macaúbas, (Rio de Contas, 9 de setembro de 1824 — 17 de janeiro de 1891) foi um médico e educador brasileiro.

Biografia e formação

Era filho de Miguel Borges de Carvalho e de Mafalda Maria da Paixão. Nasceu no povoado de Macaúbas, então pertencente à pequena Vila de Rio de Contas, ao sul da Chapada Diamantina, exatamente quando esta completava cem anos de emancipada. Ali efetua os primeiros estudos e, em 1838 muda-se para a capital baiana (Salvador), a fim de completar sua formação.

Em 1841, depois de haver interrompido os estudos por causa da saúde, entra para a Faculdade de Medicina da Bahia, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, onde diplomou-se em 1847 - tendo realizado o curso de forma brilhante.

Voltando para a Bahia, dedica-se ao magistério por quatro anos. Em 1845, funda, junto a outros, o Instituto Literário da Bahia, uma espécie de prelúdio de Academia de Letras, onde são realizados saraus, discutidas idéias e reunia os mais expressivos nomes da literatura baiana da época.

Realizou diversas viagens à Europa, a fim de aperfeiçoar seus métodos pedagógicos, de forma a torná-los aplicáveis aos seus trabalhos.

Era casado, desde 1848, com Francisca Antônia Wanderley, oriunda de importante família pernambucana, com quem teve vários filhos.

O formador de gênios

Em Salvador, ainda sem o baronato, Abílio César Borges fundou o Ginásio Bahiano, no ano de 1858. Ali, mais que um professor e diretor, aplicava as novidades pedagógicas que incorporava em seus estudos.

Esta instituição, assim como o também famoso e contemporâneo "Colégio Sebrão", foi responsável pelos fundamentos educacionais de futuras genialidades da Bahia, como Rui Barbosa, Aristides Spínola, Castro Alves, Plínio de Lima, Cezar Zama, dentre outros. Conservou-se à frente da instituição por quase quatorze anos. Viajou ao Velho Mundo com o próposito de melhorar os seus conhecimentos sobre os problemas pedagógicos.

De volta da Europa, em 1871 muda-se para o Rio de Janeiro, fundando ali o Colégio Abílio. Onze anos depois, graças à fama alcançada por sua instituição, foi nomeado como representante do Brasil em congresso pedagógico internacional de Buenos Aires. Em Barbacena, Minas Gerais, em 1881 instalou uma filial do colégio do Rio de Janeiro, por onde passaram ilustres personalidades da vida pública mineira (o prédio, que ainda hoje preserva características da construção original, serviu de sede para o antigo Colégio Militar de Minas Gerais e hoje é a sede do comando da Escola Preparatória de Cadetes-do-Ar).

Suas idéias, na época, eram inovadoras na educação brasileira: abolia completamente qualquer espécie de castigo físico; realizava torneios literários; culto ao civismo, etc. Imaginou um método de aprendizagem de leitura que denominou de Leitura Universal, para facilitar o estudo das primeiras letras, abriu vários cursos públicos gratuitos de leitura, convencido de que assim prestava o melhor serviço ao país.

A fim de poder ministrar as lições aos seus alunos, sem ofender entretanto os rígidos costumes da época, chegou até a mandar publicar, na Bélgica, um volume especial, adaptado para "menores", de Os Lusíadas.

Algumas obras publicadas
Proposições sobre Ciências Médicas, (tese de doutoramento - 1847)
Vinte anos de propaganda contra o emprego da palmatória e outros castigos aviltantes no ensino da mocidade
Desenho linear ou Geometria prática popular
Memória sobre a mineração da Província da Bahia (1858)
Discursos sobre a educação
Gramática Portuguesa
Gramática Francesa
Epítome de Geografia
Livros e Leitura
Vinte e dois anos em prol da elevaçãod dos estudos no Brasil
Os Lusíadas de Camões
A Lei Nova do ensino infantil
Conferência sobre o Aparelho Escolar Múltiplo e o Fracionamento

Civista extremado e Grande do Império

Ainda na Bahia, por ocasião da Guerra do Paraguai, manifestava-se exaltadamente pela imprensa, conclamando ao povo à luta em defesa da soberania brasileira. Mas, não restringiu-se a isto: chegou mesmo a patrocinar, de suas próprias rendas, o batalhão dos "Zuavos Baianos". Pioneiro do Abolicionismo, fundou a "Sociedade Libertadora 7 de Setembro", que publicava o jornal "Abolicionista". A 30 de julho de 1881, foi agraciado com o título de Barão de Macaúbas, depois elevado com a honra de Grande do Império, em 3 de junho de 1882. Além dessa honraria, foi comendador da Imperial Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da de São Gregório,o Magno.

D. Pedro II demonstrava, através do reconhecimento dos méritos do Barão, sua preocupação com a educação no país, Imperador que valorizava o magistério e que declarava que, se não fosse o rei, queria ser "mestre-escola"...

O Barão de Macaúbas foi um homem à frente do seu tempo, que amava o seu país. Como educador, manteve-se sempre afeito às novidades quanto aos métodos de ensino, sem nunca perder o aprendizado próprio. Não tivesse deixado vestígios, bastaria o fato de ter sido o alicerce de Castro Alves e Rui Barbosa, dentre muitos outros.

Pertenceu à Academia Filomática, foi diretor geral do ensino na Bahia (1856), membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, além de muitas outras entidades lítero-científicas no Brasil e na Europa.

Fontes:
Wikipedia
Brasil Escola

Artur de Azevedo (A "Não-me-toques!")

I

Passavam-se os anos, e Antonieta ia ficando para tia, - não que lhe faltassem candidatos, mas - infeliz moça! - naquela capital de província não havia um homem, um só, que ela considerasse digno de ser seu marido.

Ao Comendador Costa começavam a inquietar seriamente as exigências da filha, que repelira, já, com desdenhosos muxoxos, uma boa dúzia de pretendentes cobiçados pelas principais donzelas da cidade. Nenhuma destas se casou com rapaz que não fosse primeiramente enjeitado pela altiva Antonieta.

- Que diabo! dizia o comendador à sua mulher, D. Guilhermina, - estou vendo que será preciso encomendar-lhe um príncipe!

- Ou então, acrescentava D. Guilhermina, esperar que algum estrangeiro ilustre, de passagem nesta cidade..

- Está você bem aviada! Em quarenta anos que aqui estou, só dois estrangeiros ilustres cá têm vindo: o Agassiz e o Herman.

Entretanto, eram os pais os culpados daquele orgulho indomável. Suficientemente ricos tinham dado à filha uma educação de fidalga, habituando-a desde pequenina a ver imediatamente satisfeitos os seus mais custosos e extravagantes caprichos.

Bonita, rica, elegante, vestindo-se pelo último figurino, falando correntemente o francês e o inglês, tocando muito bem o piano, cantando que nem uma prima-dona, tinha Antonieta razões sobejas para se julgar um avis rara na sociedade em que vivia, e não encontrar em nenhuma classe homem que merecesse a honra insigne de acompanhá-la ao altar.

Uma grande viagem à Europa, empreendida pelo comendador em companhia da esposa e da filha, completara a obra. Ter estado em Paris constituía, naquela boa terra, um título de superioridade.

Ao cabo de algum tempo, ninguém mais se atrevia a erguer os olhos para a filha do Comendador Costa, contra a qual se estabeleceu pouco a pouco certa corrente de animadversão.

Começaram todos a notar-lhe defeitos parecidos com os das uvas de La Fontaine, e, como a qualquer indivíduo, macho ou fêmea, que estivesse em tal ou qual evidência, era difícil escapar ali a uma alcunha, em breve Antonieta se tornou conhecida pela "Não-me-toques".

II

Teria sido realmente amada? Não, mas apenas desejada, - tanto assim que todos os seus namorados se esqueceram dela...

Todos, menos o mais discreto, o mais humilde, o único talvez, que jamais se atrevera a revelar os seus sentimentos.

Chamava-se José Fernandes, e era o primeiro empregado da casa do Comendador Costa, onde entrara aos dez anos de idade, no mesmo dia em que chegara de Portugal.

Por esse tempo veio ao mundo Antonieta. Ele vira-a nascer, crescer, instruir-se, fazer-se altiva e bela. Quantas vezes a trouxera ao colo, quantas vezes a acalentara nos braços ou a embalara no berço! E, alguns anos depois, era ainda ele quem todas as manhãs a levava e todas as tardes ia buscá-la no colégio.

Quando Antonieta chegou aos quinze anos e ele aos vinte e cinco, "Seu José" (era assim que lhe chamavam) notou que a sua afeição por aquela menina se transformava, tomando um caráter estranho e indefinível; mas calou-se, e começou de então por diante a viver do seu sonho e do seu tormento Mais tarde, todas as vezes que aparecia um novo pretendente à mão da moça, ele assustava-se, tremia, tinha acessos de ciúmes, que lhe causavam febre, mas o pretendente era, como todos os outros, repelido, e ele exultava na solidão e no silêncio do seu platonismo.

Materialmente, Seu José sacrificara-se pelo seu amor. Era ele, como se costuma dizer (não sei com que propriedade) o "tombo" da casa comercial do Comendador Costa; entretanto, depois de tantos anos de dedicação e amizade, a sua situação era ainda a de um simples empregado; o patrão, ingrato e egoísta, pagava-lhe em consideração e elogios o que lhe devia em fortuna. Mais de uma vez apareceram a Seu José ocasiões de trocar aquele emprego por uma situação mais vantajosa; ele, porém, não tinha ânimo de deixar a casa onde ao seu lado Antonieta nascera e crescera.

III

Um dia, tudo mudou de repente.

Sem dar ouvidos a Seu José, que lhe aconselhava o contrário, o Comendador Costa empenhou a sua casa numa grande especulação, cujos efeitos foram desastrosos, e, para não fechar a porta, viu-se obrigado a fazer uma concordata com os credores. Foi este o primeiro golpe atirado pelo destino contra a altivez da "Não-me-toques".

A casa ia de novo se levantando, e já estava quase livre dos seus compromissos de honra, quando o Comendador Costa, adoecendo gravemente, faleceu, deixando a família numa situação embaraçosa.

Um verdadeiro deus ex machina apareceu então na figura de Seu José que, reunindo as suadas economias que ajuntara durante trinta anos, e associando-se a D. Guilhermina, fundou a firma Viúva Costa & Fernandes, e salvou de uma ruína iminente a casa do seu finado patrão.

IV

O estabelecimento prosperava a olhos vistos e era apontado como uma prova eloqüente de quanto podem a inteligência, a boa fé e a força de vontade, quando o falecimento da viúva D. Guilhermina veio colocar a filha numa situação difícil...

Sozinha, sem pai nem mãe, nem amigos, aos trinta e dois anos de idade, sempre bela e arrogante em que pesasse a todos os seus dissabores, aonde iria a "Não-me-toques"?

Antonieta foi a primeira a pensar que o seu casamento com José Fernandes era um ato que as circunstâncias impunham...

Antes da sua orfandade, jamais semelhante coisa lhe passaria pela cabeça. Não que Seu José lhe repugnasse: bem sabia quanto esse homem era digno e honrado; estimava-o, porém, como a um tio, ou a um irmão mais velho, - e ela, que recusara a mão de tantos doutores, não podia afazer-se a idéia de se casar com ele.

Entretanto, esse casamento era necessário, era fatal. Demais, a "Não-me-toques" lembrava-se de que o pai, irritado contra os seus contínuos e impertinentes muxoxos, um dia lhe dissera:

- Nã0 sei o que supões que tu és, ou o que nós somos! Culpa tive eu em dar-te a educação que te dei! Sabes qual é o marido que te convinha? Seu José! Seria um continuador da minha casa e da minha raça!

Tratava-se por conseguinte, de homologar uma sentença paterna. A continuação da casa já estava confiada a Seu José: era preciso confiar-lhe também a continuação da raça.

Assim, pois, uma noite ela chamou-o e, com muita gravidade, pesando as palavras, mas friamente, como se se tratasse de uma simples operação comercial, lhe deu a entender que desejava ser sua mulher, e ele, que secretamente alimentava a esperança desse desenlace, confessou-lhe trêmulo, e com os olhos inundados de pranto, que esse tinha sido o sonho de toda a sua vida.

V

Casaram-se.

Nunca um marido amou tão apaixonadamente a sua esposa. Seu José levou à Antonieta um coração virgem de outra mulher que não fosse ela; fora das suas obrigações materiais, amá-la, adorá-la, idolatrá-la, tinha sempre sido e continuava a ser a única preocupação do seu espírito...

Entretanto, não era feliz; sentia que ela o não amava, que se entregara a ele apenas para satisfazer a uma conveniência doméstica: era apática; sem querer, fazia-lhe sentir a cada instante a superioridade terrível das suas prendas. Ninguém melhor que ele, tendo sido, aliás, até então, o único homem que lhe tocara, se convenceu de quanto era bem aplicada aquela ridícula alcunha de "Não-me-toques".

O pobre diabo tinha agora saudades do tempo em que a amava em silêncio, sem que ninguém o soubesse, sem que ela própria o suspeitasse.

VI

Antonieta aborrecia-se mortalmente naquele casarão onde nascera, e onde ninguém a visitava, porque o seu caráter a incompatibilizara com toda a gente.

O marido, avisado e solícito, bem o percebeu. Admitiu um bom sócio na sua casa comercial, que prosperava sempre, e levou Antonieta à Europa, atordoando-a com o bulício das primeiras capitais do Velho Mundo.

De volta, ao cabo de um ano, construiu uma bela casa no bairro mais elegante da cidade, encheu-a de mobílias e adornos trazidos de Paris, e inaugurou-a com um baile para o qual convidou as famílias mais distintas.

Começou então uma nova existência para Antonieta, que, não obstante aproximar-se da medonha casa dos quarenta, era sempre formosa, com o seu porte de rainha e o seu colo opulento, de uma brandura de cisne.

As suas salas, profundamente iluminadas, abriam-se quase todas as noites para grandes e pequenas recepções: eram festas sobre festas.

Agora já lhe não chamavam a "Não-me-toques"; ela tornara-se acessível, amável, insinuante, com um sorriso sempre novo e espontâneo para cada visita.

Fizeram-lhe a corte, e ela, outrora impassível diante dos galanteios, escutava-os agora com prazer.

Um galã, mais atrevido que os outros, aproveitou o momento psicológico e conseguiu uma entrevista - Esse primeiro amante foi prontamente substituído. Seguiu-se outro, mais outro, seguiram-se muitos...

VII

E quando Seu José, desesperado, fez saltar os miolos com uma bala, deixou esta frase escrita num pedaço de papel:

"Enquanto foi solteira, achava minha mulher que nenhum homem era digno de ser seu marido; depois de casada (por conveniência) achou que todos eles eram dignos de ser seus amantes. Mato-me."

(Correio da Manhã, 12 de outubro de 1902)

Fontes:
Domínio Público

Humberto de Campos (O Filósofo)

O Pensador (Auguste Rodin)
Educado no Colégio Caraça, o coronel Venâncio Figueira, fazendeiro em Uberaba, havia se contaminado, pouco a pouco, de filosofia e de latim, de modo a preocupar-se, mais do que o necessário, com os graves problemas da vida. Manuseador quotidiano de certos autores profanos, ele se punha, às vezes, a pensar, no alpendre da sua casa de fazenda:

- Sim, senhor! Esses filósofos têm razão! Este mundo é tão desigual, tão cheio de injustiças, de irregularidades clamorosas, que qualquer mortal, encarregado de fazê-lo, o teria feito melhor!

E acentuava, melancólico:

- Este mundo está muito mal feito!...

À noite, porém, reunida a família na sala de jantar, o velho fazendeiro arreganhava os óculos no nariz, tomava a "Bíblia", chegava para mais perto o lampião de querosene, e punha-se a ler, pausado, o "Livro de Jó". E começava, de novo, a meditar, diante destas palavras do capitulo 38:

"4. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.

"25 - Quem abriu para a inundação um leito, e um caminho para os relâmpagos e trovões?

"41 - Quem prepara aos corvos o seu alimento, quando os seus filhotes implumes gritam a Deus, e andam vagueando por não terem de comer?"

Certo dia, dominado pelas idéias reacionárias bebidas em autores modernos, passeava o coronel pelo pátio da fazenda, quando, ao ver as andorinhas que voejavam por cima do gado, voltou novamente a raciocinar:

- É isso mesmo, não há duvida! O mundo é muito mal arranjado. Aqui está, por exemplo; este boi. Porque, tendo ele chifres, patas, orelhas, e sendo tão forte, há de viver sempre na terra, a arrastar-se pelo solo, quando aquela andorinha, que não tem nada disso, se locomove, rápida, ligeira, dominando os ares?

Nesse momento, porém, uma andorinha que lhe passava por cima, deixou escapar alguma cousa que lhe fazia sobrecarga, e que foi cair, certeira, na cabeça descoberta do coronel. Este levou a mão instintivamente à calva, e, olhando os dedos brancos daquela indignidade, caiu de joelhos, clamando, arrependido:

- Perdoai-me, Senhor, perdoai-me! O mundo está muito bem organizado! O que nele há, o que nele vive, o que nele existe, foi feito com perfeição, com acerto, com sabedoria!

E levantando-se, limpando a mão:

- Imagine-se que fosse um boi....

Fonte:
Domínio Público

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Centro Paranaense Feminino de Cultura - Agenda Junho/09



“SEGUNDA NO CENTRO”
Cultura - Informação - Lazer
Coordenação: Céres De Ferrante

08 de Junho
Lançamento do Livro: A Pedra do Caminho - Histórias de viver e reciclar
Escritora: Maria Thereza Brito de Lacerda
Apresentação: Profª Fernanda Shroreder -
Um novo modelo consciencial

15 de Junho – 16hs
BLOOMSDAY: “A influência de James Joyce”
Palestra dialógica com os mestres em letras: Ivan Justen Santana e William Crosué Teca.

29 de Junho
Reverenciando o escritor Paranaense
Poeta Silveira Neto
Apresentação: Profª Nilcéa Romanowski
Música : Piano Flavius Meschke
Tenor: Alberto Morgado

Sempre às 15:00 horas
Local: Auditório Leonor Castellano
Rua Visconde de Rio Branco, n° 1717, centro.
Curitiba/Paraná - Fone: 41. 3232 8123

Fonte:
Andrea Motta

Programa Nacional de Troca de Livros

A escalada dos números da Estante não é novidade. Todos crescem exponencialmente sem parar, desde o lançamento, há 3 anos. Livros, sebos, livreiros virtuais, leitores, leitores vendedores, vendas, acessos, buscas.

Também não é novidade que além de números, chegam também histórias muito interessantes. Pessoas que encontraram livros de familiares escritos há décadas, livros esgotados imprescindíveis às suas teses de doutorado, ou mesmo livros seminovos ainda em edição por uma fração do preço das livrarias convencionais. Chegam histórias também de sebos recém-inaugurados, fundados por livreiros virtuais que começaram suas atividades na Estante e viram seus negócios darem tão certo que se motivaram a abrirem uma loja física.

"Então, Estante, tem alguma novidade?" Sem dúvida, temos sim! Vamos a ela então! Esta semana estamos lançando um serviço inédito no país: o Programa Nacional de Troca de Livros.

Você leva nos sebos os seus livros seminovos e ganha créditos para adquirir seu próximo livro. E a avaliação é justa, nada de 1 real por livro! Na troca por livros do acervo do sebo, seu livro vale 25% do preço atual nas livrarias convencionais.

O programa marca uma inovação no mercado editorial - interligando sebos e leitores em um fluxo virtuoso de troca de livros seminovos. A aquisição do próximo livro se torna muito mais acessível, uma vez que o livro que se acabou de ler pode ser usado como forma de pagamento.

Mas não é só. A inovação vai além disso! O programa marca também uma inovação no comércio brasileiro:

Em alguns sebos você pode também fazer a troca por um vale-compras virtual. Seus créditos são remetidos pelo sebo a uma carteira virtual, administrada pelo Pagamento Digital e vinculada ao seu email. Você pode então usá-los para adquirir livros aqui na Estante, nos mais de 400 sebos Brasil afora que aceitam o Pagamento Digital! Nessa modalidade de troca seu livro vale 20% do preço das livrarias.

A relação dos já mais de 100 sebos participantes, bem como o regulamento completo do programa, você confere neste link: http://www.estantevirtual.com.br/programadetrocas

Fonte:
André Garcia da Estante Virtual. EDIÇÃO Nº 24 - 03 DE JUNHO DE 2009 - PROGRAMA NACIONAL DE TROCA DE LIVROS

Membro da Academia Sorocabana de Letras toma posse como Sócio Efetivo do IHGGS



Sócio Correspondente da Academia Sorocabana de Letras em Tatuí, o escritor Renato Ferreira de Camargo, toma posse domingo, dia 7, como sócio efetivo do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico. Em solenidade que se desenvolverá sob a direção do presidente daquela instituição cultural, prof. Adilson Cezar, às 10 horas, na Casa de Aluísio de Almeida, à Rua Dr. Ruy Barbosa, 84, no Além Ponte, o novo associado do IHGGS fará o elogio de seu Patrono naquela casa, Antonio Moreira da Silva.

Autor de extensa e importante produção historiográfica e memorialística, inclusive a obra didática Tatuí – Capital da Música, publicada em 2006 pela editora Nova América, Renato Ferreira de Camargo é bacharel em Comunicação Social (Relações Públicas e Jornalismo) e Direito e sócio fundador do IHGG de Itapetininga.

Seu patrono no IHGGS, o jornalista Antonio Moreira, como o próprio escritor informa, no verbete que a ele dedica em seu livro Ilustres Cidadãos (Tatuí, 2006), nasceu em Sorocaba, em 1851. Em 1867, com apenas 16 anos, fundou em nossa cidade o Clube Palestra, em reunião do qual fez, naquele mesmo ano, a leitura de um Manifesto Republicano e Abolicionista, por ela redigido.

Participou, ao lado de Barata Ribeiro, Ubaldino do Amaral, Costa Abreu Ésquilo do Amaral e Paula Gomes do Recreio Instrutivo de Sorocaba, voltado para o debate de teses sobre História, Filosofia e Política.

Depois de colaborar nos jornais O Araçoyaba (1866), O Sorocabano (1870) e Ypanema (1872), fixou residência em Itapetininga, fundando ali O Município (1873/76), primeiro jornal da vizinha cidade. Em 1890, foi eleito deputado à Constituinte Republicana.

Pobre e esquecido faleceu em Curitiba em 1920.

Fonte:
artigo de Geraldo Bonadio para o Acontece em Sorocaba, de Douglas Lara

Festival Artimanhas Poéticas 2009 nos dias 12 e 13 de Junho


Real Gabinete Português de Leitura, do Rio de Janeiro será palco de palestras, debates e lançamentos

O festival literário Artimanhas Poéticas será realizado nos dias 12 e 13 de junho, no Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro (RJ), com curadoria do poeta Claudio Daniel.

O evento contará com a participação de críticos literários, como Luiz Costa Lima, poetas jovens e consagrados, como Paulo Henriques Britto, Virna Teixeira, Sérgio Cohn, Richard Price e o português Luís Serguilha, entre outros, e editores de revistas.

O festival incluirá palestras, debates, recitais, lançamentos, performances musicais e de poesia sonora.

Programação

Dia 12 de junho, sexta-feira:

14h
Palestra: A crítica literária reflete a criação poética contemporânea?
Com Luiz Costa Lima

16h
Debate: As revistas definem o momento literário?
Com Claudio Daniel, André Vallias, Márcio-André, Sérgio Cohn

Lançamento: revistas Confraria, Errática e Zunái.

18h
Recital:

Camila Vardarac, Virna Teixeira, Leonardo Gandolfi, Lígia Dabul, Luiz Roberto Guedes, Luís Serguilha, Rodrigo de Souza Leão, Izabela Leal

Dia 13 de junho, sábado:

14h
Debate: Como está a poesia brasileira hoje?
Com Claudio Daniel e Paulo Henriques Britto

15h
Lançamentos de livros de poesia (títulos do selo Arqueria, da Lumme, Azougue e de outras editoras).

16h
Recital:

Claudio Daniel, Diana de Hollanda, Thiago Ponce de Moraes, Gabriela Marcondes, Ismar Tirelli, Pablo Araújo, Victor Paes, Ronaldo Ferrito

17h
Show de Tavinho Paes e Arnaldo Brandão.

17h30
Performance poético-polifônica para voz, violino e processamento eletrônico,

com Márcio-André.

Mostra de videopoesia de Gabriela Marcondes.

19h
Palestra de Richard Price, com participação de Virna Teixeira.
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Datas: 12 e 13 de Junho


Local: Real Gabinete Português de Leitura, rua Luís de Camões, 30 - Centro - Rio de Janeiro - RJ.

Apoio: Laboratório de Criação Poética e Real Gabinete Português de Leitura.

Mais informações: http://artimamhas.blogspot.com/


Fonte:
Colaboração de Regina Santos