segunda-feira, 25 de abril de 2011

Paulo Roberto do Carmo (1941)


Paulo Roberto do Carmo nasceu em Porto Alegre, em 1941. É poeta, professor e tradutor. Tem participado de diversas antologias coletivas no Brasil e em Portugal.

Recebeu o Prêmio Nacional de Poesia Alphonsus de Guimaraens, da Fundação Biblioteca Nacional, em 2000. Finalista do Prêmio Açorianos, cidade de Porto Alegre.

Diz o poeta: "Escrevo porque não posso esconder o sol dentro da alma, nem a palavra calada. Escrevo porque entre o homem que colhe e o que semeia, há um homem que sonha o peixe, o pão, o vinho, os alimentos coletivos da alegria, da liberdade, da justiça, a arte de tornar-se humano mudando não apenas a aldeia, mas a mim mesmo. Essa obsessão de libertar a alegria que se aprisiona dentro das palavras, é para aprender a exumar-me de minhas cotidianas mortes."

Livros publicados

> Crisbal, o Guerreiro (IEL/RS, 1966);
> Estação de Força (IEL/RS/ Movimento, 1987);
> Breviário da Insolência (Massao Ohno/SP, 1990);
> Livro de Preceitos (Nejarin/ES, 1993);
> Trajetória Poética (IEL/Movimento, 1994);
> Livro das Manhãs (Parlenda/RS, 1997);
> A Revolição das Aprendências, com Vilmar Figueiredo de Souza (Unisinos RS, 2000);
> Arte de Revidar (Unidade Editorial/PMPA/, 2000);
> Crisbal, o Guerreiro (versão 2002, IEL/Corag/RS);
> 50 POEMAS Escolhidos pelo Autor (Edições Galo Branco,RJ, 2006).

Tradução:

Princípios de Crítica Literária, de I.A. Richards, Ed. Globo.

Baixe os livros de Paulo, em pdf em http://www.paulorobertodocarmo.com/?pg=8301

Fonte:
Paulo Roberto do Carmo

Moacyr Scliar (De Volta ao Primeiro Beijo)

Técnica mista (acrílico e pasta) -
Pintura de Elisabete Da'Silva
TINHA ACABADO de ler a matéria sobre o primeiro beijo, no pequeno apartamento em que morava desde que ficara viúvo, anos antes, quando (coincidência impressionante, concluiria depois) o telefone tocou. Era uma mulher, de voz fraca e rouca, que ele de início não identificou:

- Aqui fala a Marília – disse a voz.

Deus, a Marília! A sua primeira namorada, a garota que ele beijara (o primeiro beijo de sua vida) décadas antes! De imediato recordou a garota simpática, sorridente, com quem passeava de mãos dadas. Nunca mais a vira, ainda que freqüentemente a recordasse -e agora, ela lhe ligava. Como que adivinhando o pensamento dele, ela explicou:

- Estou no hospital, Sérgio. Com uma doença grave... E queria ver você. Pode ser?

- Claro -apressou-se ele a dizer- eu vou aí agora mesmo.

Anotou rapidamente o endereço, vestiu o casaco, saiu, tomou um táxi. No caminho foi evocando aquele namoro, que infelizmente não durara muito tempo -o pai dela, militar, havia sido transferido para o Norte, com o que perdido o contato -mas que o marcara profundamente. Nunca a esquecera, ainda que depois tivesse beijado várias outras moças, uma das quais se tornara a sua companheira de toda a vida, mãe de seus três filhos, avó de seus cinco netos. E não a esquecera por causa daquele primeiro beijo, tão desajeitado quanto ardente.

Chegando ao hospital foi direto ao quarto. Bateu; uma moça abriu-lhe a porta, e era igual à Marília: sua filha. Ele entrou e ali estava ela, sua primeira namorada. Quase não a reconheceu. Envelhecida, devastada pela doença, ela mal lembrava a garota sorridente que ele conhecera. Consternado, aproximou-se, sentou-se junto ao leito. A filha disse que os deixaria a sós: precisava falar com o médico.

Olharam-se, Sérgio e Marília, ele com lágrimas correndo pelo rosto.

- Você sabe por que chamei você aqui? -perguntou ela, com esforço. - Porque nunca esqueci você, Sérgio. E nunca esqueci o nosso primeiro beijo, lembra? Na porta da minha casa, depois do cinema...

- Claro que lembro, Marília. Eu também nunca esqueci você...

- Pois eu queria, Sérgio... Eu queria muito... Que você me beijasse de novo. Você sabe, os médicos não me deram muito tempo... E eu queria levar comigo esta recordação...

Ele levantou-se, aproximou-se dela, beijou os lábios fanados. E aí, como por milagre, o tempo voltou atrás e de repente eles eram os jovenzinhos de décadas antes, beijando-se à porta da casa dela. Mas a emoção era demais para ele: pediu desculpas, tinha de ir. A filha, parada à porta do quarto, agradeceu-lhe: você fez um grande bem à minha mãe. E acrescentou, esperançosa: - Acho que ela agora vai melhorar.

Não melhorou. Na semana seguinte, Sérgio viu no jornal o convite para o enterro. Mas, ao contrário do que poderia esperar, apenas sorriu. Tinha descoberto que o primeiro beijo dura para sempre. Ou pelo menos assim queria acreditar.

Fontes:
Escritores do Sul
Imagem obtida na Galeria Elisabete Da'Silva

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XVIII – A Cumbuca de Ouro


Eram dois vizinhos, um rico e outro pobre, que viviam turrando. O gosto do rico era pregar peças no pobre.

Certa vez a pobre foi à casa do rico propor um negócio. Queria que ele lhe arrendasse um pedaço de terra que servisse para a plantação duma roça de milho. O rico imediatamente pensou num pedaço de terra que não valia coisa nenhuma, tão ruim que nem formiga dava. Fez-se o negócio.

O pobre voltou para sua choupana e foi com sua mulher ver a tal terra. Lá chegados, descobriram uma cumbuca.

— Chi, mulher, esta cumbuca está cheia de moedas, venha ver!

— E de ouro! — disse a mulher. — Estamos arrumados!...

— Não — disse o marido, que era homem de muita honestidade. — A cumbuca não está em terra minha e portanto não me pertence. Meu dever é dar conta de tudo ao dono da propriedade.

E foi ter com o rico, ao qual contou tudo.

— Bem — disse este — nesse caso desmancho o negócio feito. Não posso arrendar terras que dão cumbucas de ouro.

O pobre voltou para sua choupana, e o rico foi correndo tomar posse da grande riqueza. Mas quando chegou lá só viu uma coisa: uma cumbuca cheia de vespas das mais terríveis.

— Ahn! — exclamou. — Aquele patife quis mangar comigo, mas vou pregar-lhe uma boa peça.

Botou a cumbuca de vespas num saco e encaminhou-se para a choupana do pobre.

— Ó compadre, feche a porta e deixe só meia janela aberta. Tenho um lindo presente para você.

O pobre fechou a porta, deixando só meia janela aberta. O rico, então, jogou lá dentro a cumbuca de vespas.

— Aí tem compadre, a cumbuca de moedas que você achou em minhas terras. Regale-se com o grande tesouro — e ficou a rir de não poder mais.

Mas assim que a cumbuca caiu no chão, as vespas se transformaram em moedas de ouro, que rolaram.

Lá de fora o rico ouviu o barulhinho e desconfiou. E disse:

— Compadre, abra a porta, quero ver uma,coisa.

Mas o pobre respondeu:

— Não caia nessa. Estou aqui que nem sei o que fazer com tantas vespas em cima. Não quero que elas ferrem o meu bom vizinho. Fuja, compadre!...

E foi assim que o pobre ficou rico e o rico ficou ridículo.
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— E esta, Emília, que acha? — perguntou Narizinho.

— Menos má — respondeu Emília. — Pelo menos não tem rei bobo, pai de três princesas encantadas.

Dona Benta disse:

— Esta história pertence ao grupo das em que o povo põe em contraste o pobre e o rico. Em todas as histórias desse gênero o rico é sempre homem mau e sem coração e o pobre bom. Vira, mexe, o pobre sai ganhando e o rico fica ridículo.

— Ridículo! — repetiu Narizinho. — Já notei que o povo tem um ditado assim: "Quanto mais rico, mais ridico."

— O povo — explicou dona Benta — emprega a palavra ridículo com a significação de miserável, avarento. Mas entre os sabedores da língua a palavra ridículo quer dizer o que desperta riso. "Uma situação ridícula", quei dizer uma situação que nos faz rir — como aquela do Elias da venda, quando foi pular a cerca de arame farpado e ficou preso pelos fundilhos da calça.

— Mas no povo — disse Pedrinho — ridículo quer dizer só uma coisa: pão-duro. Isso já notei. Da última vez que fui à vila estava a molecada atrás do Manei Agudo, gritando: "Pão-duro! Pão-duro!" E perguntando eu a um deles por que faziam aquilo ao coitado, o moleque respondeu: "Ah, então não sabe que esse portuga é o velho mais ridículo do mundo? Da casa dele não sai nem uma cuia d'água."

— E é ridico mesmo — ajuntou tia Nastácia. — Pobre que bate lá, pedindo esmola, só ouve uma coisa: "Deus o favoreça, irmão!" E ele tem uma barrica de dinheiro enterrada no quintal.

— Infelizmente — disse Narizinho — isso de cumbucas de vespas que viram moedas de ouro só mesmo nas histórias. O consolo do pobre é um só: falar mal dos ricos. Mas o dinheiro dos ricos não sai. Tem grude.

— Não generalize — observou dona Benta. — Há os ricos ridículos, mas há também os generosos. Rockefeller não distribuiu toda a sua fortuna em benefício do mundo?
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Continua… XIX – A Mulher Dengosa
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

Rodrigo Petronio (Curso: Como Escrever uma Biografia)


Professor: Rodrigo Petronio

Duração: 6 encontros

Dias: terças-feiras das 15h00 às 17h00

Datas: 10, 17, 31 de maio 7, 14, 21 de junho

Local: Fundação Ema Klabin - Rua Portugal 43, Jardim Europa – SP
(11) 2307-0767/2339-0767 – Tel/fax (11) 3081-5845

Valor: R$ 210,00 na inscrição + uma parcela de R$ 210,00

O curso pretende fornecer recursos para a escrita de biografias e elementos técnicos sobre a prospecção de informação, organização dos dados e finalização estilística. Também pretende apontar para algumas definições teóricas dos limites e das trocas existentes entre biografia e literatura, bem como sugerir leituras e comentar algumas biografias e biógrafos, clássicos e atuais.

O curso contempla a elaboração de um projeto de biografia, e acompanhará os primeiros passos de seu desenvolvimento. Dessa forma, baseia-se em um misto de oficina de escrita criativa e de pesquisa teórica sobre esse gênero literário. Dentre as obras recomendas estão: Santo Agostinho (Peter Brown), Heidegger – Um Mestre na Alemanha entre o Bem e o Mal (Rüdiger Safranski), Buda e Maomé (Karen Armstrong), Jesus (David Flusser), Jesus e Javé (Harold Bloom), Cervantes (Jean Canavaggio), Sor Juana Inés de la Cruz: as Armadilhas da Fé (Octavio Paz), Maomé (Martin Lings), Dante (R. W. B. Lewis), Nietzsche (Daniel Halévy) e Nelson Rodrigues: o Anjo Pornográfico (Ruy Castro), entre outras.

Pretende-se também comentar algumas obras memorialísticas e autobiográficas de extraordinária relevância literária, tais como a trilogia autobiográfica de Elias Canetti, biografias que exploram de maneira mais enfática o aspecto literário da escrita, como o caso de Vidas Imaginárias (Marcel Schwob) e de Doze Tipos de G. K. Chesterton. A partir desse pressuposto, desenvolveremos a relação entre literatura, biografia e autobiografia, ou seja, em que medida algumas obras clássicas da ficção são autobiográficas e até que ponto o biógrafo tem liberdade criativa para fazer entrelaçar a obra e a vida do biografado, sem ferir nenhuma dessas duas faces.
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Rodrigo Petronio é editor, escritor e professor. Formado em Letras Clássicas e Vernáculas pela USP. Organizou os três volumes da nova edição das Obras Completas do filósofo brasileiro Vicente Ferreira da Silva (Editora É, 2010). Autor dos livros: História Natural (Gargântua, 2000), Transversal do Tempo (Imprensa Oficial de Pernambuco, 2002), Assinatura do Sol (Gêmeos R, Lisboa, 2005), Pedra de Luz (Girafa, 2005) eVenho de um País Selvagem (Topbooks, 2009), entre outros,

Fonte: Projeto Cultura

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 196)


Uma Trova Nacional

Quem espera sempre alcança...
Mas eu em lutas me ponho:
sou guerreira da esperança,
vivo em busca do meu sonho...
–ADÉLIA WOELLNER/PR–

Uma Trova Potiguar

Eu fiz a trova perfeita!
Vi Waldir Neves risonho,
tendo Luiz à direita...
mas, despertei... Era um sonho!
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Uma Trova Premiada

1992 - Magé/RJ Tema: Sonho - 10º Lugar

Quem diz que o sonho acabou,
se engana... a ilusão não finda.
Quanta gente já acordou,
e teima em sonhar, ainda!
–DOROTHY JANSSON MORETTI/SP–

...E Suas Trovas Ficaram

Que me importa a despedida
dos meus dias mais risonhos.
Eu sinto a aurora da vida,
no que resta dos meus sonhos.
–ADELIR MACHADO/RJ–

Simplesmente Poesia

– MARA MELINNI/RN –
Você Vive em Mim


Um dia, um mero acaso...
Meu olhar te encontrou.
De longe, um momento raro...
Minh’alma se apaixonou.
Profundo, maior que eu...
O amor chegou em mim.
Passou tempo, só cresceu...
O destino disse sim.
Meu sonho? Que sejas meu.
O que sinto? Não vai ter fim.

Estrofe do Dia

Foi Deus Pai, que nos fez tanto sonhar,
descobrir no repente a paz divina,
mesmo que nos momentos desiguais
nós sejamos iguais na própria sina;
porque sonho, que é sonho de poeta,
só termina da forma mais completa,
mas a essência do verso não termina.
–PROF. GARCIA/RN–

Soneto do Dia

–TITO DE BARROS/AL–
Ilusão


Vivo de uma ilusão que me suplanta,
E o meu sentir ao mundo denuncia,
Pela sinceridade com que canta,
Buscando as portas de ouro da harmonia...

Há, no seu todo, um resplendor de santa,
Com que meus pensamentos alumia,
E mais alto, meu canto ao céu levanta,
Na doce claridade do meu dia...

Deus que me deste amor e sentimento,
E lira e canto, neste vau medonho,
Libertando-me ao negro sofrimento;

Deus, cuja bondade os olhos ponho,
Não me afastes da musa o pensamento,
Não me despertes nunca deste sonho…
––––––––––––––-
Sobre a Imagem no quadro acima: Cidade de Acari/RN
A pequena cidade de Acari, no Seridó Oriental do Rio Grande do Norte possui população de 10.911 habitantes (IBGE, 2007). A cidade possui ainda área de 596 quilômetros quadrados. A cidade de Acari está numa posição privilegiada, abrindo uma paisagem sertaneja, come um cartão postal para quem viaja de Natal em direção ao Sertão do Seridó Norteriograndense, é uma cidade que tem características naturais marcantes, apresentando uma geomorfologia rica em montanhas e rochedos, um patrimônio histórico-cultural expressivo e diferente do que se apresenta no major parte do estado.

Tem com a barragem do Açude Gargalheiras a formação de um magnífico espelho d’água, com capacidade para armazenamento de 40 milhões m³ que se constitui no major base para o desenvolvimento de turismo do Município.

O TERRITÓRIO do Município era habitado pelos índios cariris, que para ali se deslocaram em virtude das perseguições movidas pelos colonizadores da Paraíba, em fins do século XVII. Em 1737, o fundador do povoado onde está localizada a Cidade, Sargento-mor Manuel Esteves de Andrade, obteve permissão do Bispo de Olinda para erguer a capela, consagrada a Nossa Senhora da Guia.

O escritor José Augusto registra que o povoamento da região do Seridó começou no final do século XVIII, durante a "guerra dos Bárbaros", culminando com o afastamento dos índios habitantes das margens do rio Açu. Assim, chegaram à localidade seus primeiros desbravadores, vindos de Pernambuco e da Paraíba.


Segundo o historiador Câmara Cascudo, o topônimo do Município originou-se dos acaris, peixes de escamas ásperas e carne branca, cujo habitat era o "poço do Felipe". O poço era suprido pelo rio Acauã, que o mantinha abastecido de água suficiente para a sobrevivência dos peixes.


Gentílico: acariense


Fontes:
Colaboração de Ademar Macedo
Dados e imagem sobre Acari : http://www.hotelmais.com.br/acari.htm e http://www.ibge.gov.br

Casa do Poeta de Canoas (Palestra de Cicero Galeno Lopes)


A Casa do Poeta de Canoas
convida
para mais uma edição do projeto

Confraria da Leitura

Próxima palestra:

27 de Abril (quarta-feira) - 19 horas

Convidado:
CÍCERO GALENO LOPES

ASCCAN - Associação Cultural de Canoas
Av. Victor Barreto, 2301 - Centro
Canoas/RS

Contamos com o prestígio da presença de nossos associados,
colaboradores e simpatizantes.

Maria Santos Rigo Presidente da Casa do Poeta de Canoas

Saiba mais sobre este projeto visitando:
http://www.casadospoetas.com.br
==============

Sobre o Palestrante: http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/cicero-galeno-lopes.html
Poemas = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/01/ccero-galeno-lopes-poemas.html


Fonte:
Colaboração da Casa do Poeta de Canoas

domingo, 24 de abril de 2011

Paulo Leminski (Amor Bastante)


quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

Trova 191 - A. A. de Assis (Maringa/PR)

Trova montada sobre Imagem obtida da Revista Nova Escola. Ilustração de Robles/Pingado

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 195)


Uma Trova Nacional

Na Páscoa, a firme certeza:
Cristo ressurge entre os seus...
e, no pão que põe à mesa,
nos põe mais perto de Deus!
–SÉRGIO FERREIRA DA SILVA/SP–

Uma Trova Potiguar

O mártir da Galiléia
esta verdade traduz:
não morre nunca uma idéia,
mesmo pregada na cruz!
–LUIZ RABELO/RN–

Uma Trova Premiada

2006 - CTS/Caicó/RN Tema: PONTE - 2º Lugar.

Tendo a palavra por fonte
e a certeza da verdade,
Jesus Cristo foi a ponte
entre Deus e a humanidade.
–DARI PEREIRA/PR–

...E Suas Trovas Ficaram
No seu viver temerário,
que a nenhum lugar conduz,
quem passa por um calvário
leva vestígios da cruz!...
–LAVÍNIO G. DE ALMEIDA/RJ–

Simplesmente Poesia

ALMIRA CRUZ SOARES/PB–
Infinito Amor!

Hoje é Domingo,
Dia todo SEU,
Hoje eu sei,
é PÁSCOA,
Ressuscitou nosso DEUS.

Não precisa levantar,
Nem me pedir a bênção,
Quero apenas que me escute,
Abra o seu coração:
Para o mistério de CRISTO,
E sua Ressurreição!

O Espírito de DEUS,
No Universo brilhou,
Jesus nasceu e morreu,
Surpreendeu, Ressuscitou,
Nos abrindo o caminho,
Para o "INFINITO AMOR!"

Estrofe do Dia

Meu coração de poeta trovador,
quer, nesta Páscoa, símbolo da vida,
fazer à cada irmão sua acolhida,
deixar transparecer o seu amor.
Páscoa é sempre páscoa, seja aonde for.
Pouco importa onde esteja nosso irmão.
Páscoa é “Passagem”, estender a mão,
Páscoa é sentir o Cristo ressurreto,
é acolher os que sofrem, com afeto.
Páscoa é liberdade, é celebração.
–FRANCISCO MACEDO/RN–

Soneto do Dia

–ANTONIO ROBERTO FERNANDES/RJ–
O Maior Milagre

Meu jovem Jesus Cristo, um dia aqui viestes
para sentir na carne a angústia dos humanos,
porém voltastes cedo às vastidões celestes,
pregado numa cruz, aos trinta e poucos anos.

No ardor da juventude afugentastes pestes,
vencestes vendilhões, demônios, oceanos,
provocando, ao pregar pelas trilhas agrestes,
o assombro dos judeus e o ódio dos romanos.

Sofrestes muito, eu sei, mas não ficastes velho.
Morrestes moço e, assim, pôde o Vosso Evangelho
os séculos vencer e vir chegar a nós.

Mas o maior milagre não foi realizado.
Voltai... Envelhecei... E fraco e esclerosado
fazei, de novo, o mundo acreditar em Vós.

Fonte:
Colaboração de Ademar Macedo

Edjane Linhares (A Cultura Assobradada, em Caicó/RN)

Imagem: Gilton Filho
O sobrado Padre Brito Guerra é um símbolo de resistência da cultura em Caicó (RN). Construído em 1811 e um marco da arquitetura na região, serviu de morada ao seu idealizador, o padre Brito Guerra, que fundou na sua casa a famosa Escola de Latim.

Em 1994, o sobrado foi adquirido pelo governo do Estado e em 2003, transformado na segunda Casa de Cultura do Estado.

Através da Associação Comunitária Cultural Amigos da Casa de Cultura, os artistas emprestam os seus talentos e realizam várias oficinas de arte. Entre elas, as oficinas de canto e coral (um deles é da 3ª idade), literatura de cordel, artes plásticas, pintura e tecido, desenho, teatro de rua, brincadeiras populares e contação de histórias (voltada para crianças). É um trabalho belíssimo, onde o brilho nos olhos e sorrisos é a principal verba.

A mostra de trabalhos da Casa da Cultura é realizada no final do ano. A interação de várias oficinas apresentadas ao mesmo tempo é uma das imagens mais fortes e belas que já presenciei. Crianças, jovens e adultos falando a mesma língua, em uma comunicação lúdica. Inesquecível.

A Casa serve de espaço para reuniões com membros de associações (trovadores e surdos-mudos), ensaios de teatro, galeria (uma permanente é a dos imortais caicoenses), biblioteca, acervo de brinquedos populares e um pequeno museu de apetrechos sertanejos. É também parceira de projetos do SESC Seridó.

Em julho, na festa de Sant’Ana, são realizados recitais, teatro e concertos musicais em um barzinho aberto exclusivo para estes eventos. Nesta época, também acontecem lançamentos de livros e exposições de arte.

A Casa da Cultura tem apenas dois funcionários pagos pela Fundação José Augusto. Para funcionar, conta com a ajuda da Associação Comunitária Cultural, patrocinadores que contribuem nos eventos e um pequeno investimento da Fundação.

Uma cidade que não tem cinema, livraria e teatro (este interditado por falta de manutenção), o sobrado Padre Brito Guerra é bem mais do que um patrimônio histórico que carece de preservação. É a experiência viva de que a cultura ainda pulsa, apesar de tudo.

Fonte:
Substantivo Plural.
Imagem = Caicó