sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Eunice Arruda Convida


Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 627)

Uma Trova de Ademar 

Com meu humilde talento,
numa inspiração precisa;
nesta foto eu apresento
minha netinha Luisa.
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional 


Se fé remove montanha,
a esperança é garantida.
E se Cristo te acompanha,
sempre há luz em tua vida.
–Ayda Bochi Brum/RS–

Uma Trova Potiguar 


No chão cinzento da terra,
restava um sinal de cor:
não era o sangue da guerra,
mas o vermelho... da flor!
–Eva Garcia/RN–

Uma Trova Premiada 


2009  -  Nova Friburgo/RJ
Tema  -  SAUDADE  -  M/H


Ó Saudade, hoje me provas
que és a melhor das amigas,
porque fazes sempre novas
minhas saudades antigas…
–Ercy Marques de Faria/SP–

...E Suas Trovas Ficaram 


A tristeza que me invade
e que nunca chega ao fim
é a esquina de uma saudade
que eu dobro dentro de mim.
–Milton Nunes Loureiro/RJ–

Uma  Poesia 

Na partitura dos versos,
tento doces harmonias,
porque é mais feliz, no mundo,
quem, tecendo fantasias,
faz da existência um poema
e o canta, todos os dias!
–José Lucas de Barros/RN–

Soneto do Dia 

A MULHER.
–Renã Leite Pontes/AC–


A mulher deve ter semblante brando,
delicadeza é mais uma iguaria.
a mulher deve ter a voz macia,
encantar quando entra caminhando.

A mulher deve ser, de vez em quando,
um oásis de paz e calmaria,
como um “lago de prata” à luz do dia
e, vulcão noite adentro, estando amando.

A mulher deve ter este mistério
de fundura e frescor que faz do rio
vigor que faz nascer a cidadela.

A mulher deve ser este desvelo
que obriga a dedicá-la todo o zelo
e, se preciso for, morrer por ela.

Cândida Vilares Gancho (Como Analisar Narrativas) Parte 9

       Narrador ou foco narrativo ou ponto de vista da narração

       A princípio, indica-se se o narrador está na primeira ou na terceira pessoa; pode-se, a seguir, apresentar variantes do papel do narrador.

       Neste conto de Rubem Fonseca o narrador está na primeira pessoa, e é protagonista.

       Tema— Assunto — Mensagem

       Para identificar tema, assunto e mensagem, é mais fácil identificar primeiro o assunto, pois ele é mais concreto — é uma espécie de resumo (bem resumido) do enredo Aproveitemos o mesmo texto.

       O assunto é: um homem rico que sai para matar pessoas na rua com seu carro, para relaxar.

       O tema é uma abstração do assunto, a idéia que está subjacente ao assunto.

       O tema é: a violência

       A mensagem é uma frase que diz respeito ao tema, que Sintetiza o que o texto transmite ao leitor.

       A mensagem poderia ser: a violência está onde não se espera que esteja.

       Discursos

       Neste aspecto deve-se verificar que tipo de discurso predomina no texto: discurso direto, ou indireto, ou indireto livre. É bom que se apresentem exemplos.

       No texto de Rubem Fonseca predomina o discurso direto. Há uma peculiaridade quanto ao registro do discurso direto neste texto: ausência de travessão e de aspas. Exemplo:

(...) Os sons da casa minha filha no quarto dela treinando empostação de voz, a música quadrafônica do quarto do meu filho Você não vai largar essa mala? perguntou minha mulher tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa aprender a relaxar (...)

Roteiro de análise

Suponhamos que você tenha (ou queira) analisar um conto ou um romance sozinho Apresentamos aqui um roteiro (possível) de análise, mas deixamos claro que não é o único e que você deve partir sempre de suas impressões e experiências.

I. Antes de analisar o texto:

1. leia com atenção e faça anotações sobre suas dúvidas ou pontos de interesse; não se esqueça de sublinhar as passagens importantes;

2. recorra ao dicionário para tirar dúvidas;

3. identifique e anote sua primeira impressão a respeito do texto (no final da análise você verificará se esta impressão se confirmou ou não);

4. anote dados preliminares sobre o texto a ser analisa do: autor, obra, edição, cidade, editora, ano da publicação, tomo, volume, página.

II. Análise propriamente dita.

Obs.: Você pode preencher estes dados durante a leitura ou depois dela.

1. Elementos da narrativa

 a) Enredo
— partes do enredo;
— conflito(s): o principal e os secundários.

b) Personagens
— quanto à caracterização
     planos: tipos/caricatura (há? quem são?);
     redondos: características físicas, psicológicas, sociais,           ideológicas, morais;
— quanto à participação no enredo protagonista: herói ou anti-herói; antagonista; personagens secundários.

c) Tempo
— época;
— duração;
— tempo cronológico ou psicológico (Procure justificar e exemplificar)

d) Ambiente (características)
— época;
— localização geográfica
 —clima psicológico;
— situação econômico-política;
— moral/religião.

e) Narrador
—primeira ou terceira pessoa;
—variantes.

       2. Tema — Assunto - Mensagem

       3. Discurso predominante

       4. Opinião crítica

       Com base nos seus apontamentos, dê sua opinião crítica sobre o texto. Provavelmente você partirá de uma primeira impressão, mas não se esqueça de que, independente da opinião ser ou não favorável, você deve sustentar esta posição com argumentos lógicos e com dados tirados do texto.

Não há limite de tamanho para uma opinião crítica (caso ela seja escrita). Tanto podem ser dez linhas como dez páginas, depende do grau de profundidade da análise.

Continua…

Fonte:
Cândida Vilares Gancho . Como Analisar Narrativas. 7. Ed. Editora Ática. http://groups.google.com.br/group/digitalsource/

Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa (Parte 5: Cabo Verde – 1. Lírica, final)

Outro companheiro de jornada é Oswaldo Osório (Caboverdeamadamente construção meu amor, 1975). «(...) Porque desmontámos os mitos e no regresso à pureza original/possuídos nos achamos de amor e construção», são dois versos do poema «Batuque» [79]. E neles se contém um projecto que se adequa à fala de Oswaldo Osório. Desmontados são por ele os mitos da linguagem esgotada, possuído (ou achado) está o poeta no amor da construção de uma linguagem descartada, através de rupturas morfológicas, neologismos, justaposições, de que o próprio título pode dar uma ideia: Caboverdeamadamente construção meu amor. Por amor se constroe uma vida nova e essa vida nova só poderá ser expressa poeticamente através de uma escrita nova:

cantalutando caboverdeamamos caboverdeamadamente construímos a nossa terra cantalutando caboverdeano os nossos sonhos descem às mãos
a esse acto caboverdeamor
cantaluta cantaluta cantaluta caboverdeamadamente [80]

Poetas de recursos estilísticos diferentes, mas todos apostados num corte definitivo (se é possível), cônscios de que a primeira condição para a poesia exercer a sua função social, terá que começar por sê-lo. Procedem a uma destruição da língua para reconstruir outras, e cada um com a sua gramática própria, integrando-se assim num processo de re-actualização, de pesquisa e invenção, desbloqueando a poesia de Cabo-Verde de um certo percurso repetitivo. Deixa de ser íntima, exclamativa, interrogativa, torna-se irónica, mordaz, epopeia. À saga quotidiana sucede a saga histórica. A este respeito, o do enriquecimento estilístico, não se pode dizer que os mais jovens poetas, como Armando lima Júnior, Tacalhe ou mesmo Dante Mariano, todos sem livro publicado, ou Sukre D'Sal (Horizonte aberto, 1976); Amdjers, 1977 ou Kwame Kondé (Kordá Kaoberdi, 1974) tivessem trazido qualquer novidade. A poesia deste grupo, de um modo geral, surge sob o signo da «véspera de amanhã», na inscrição de Dante Mariano de quem tarda o livro prometido:

«A notícia que trará o povo inteiro/para as ruas em avalanche/Esta, sim/HÁ MUITO   QUE  CHEGOU»  [81].  

Ou nas  palavras  de Kwame Kondé, por largos anos exilado:

«De mãos vazias te deixei, terra amada./O coração de dor sangrando» [82] para quem a Revolução «se alastra, viva, majestosa» e «rebelde como o desejo», «dominando o gesto, o olhar e a vida» [83].

O ponto de encontro é na «África! África independente» na «terra rica que herdámos», «mãe do futuro/irradiando felicidade» M (Sukre D'Sal).[84] O espaço cabo-verdiano de Tacalhe, o «Lar» por ele concebido é também, e só, na luta armada:

«É aqui meu amor/É aqui que fica/O lar do nosso sonho/Na boca vermelha desta espingarda....» [85]. O tempo nos dirá do futuro de cada um deles. Tacalhe, no entanto, persistentemente vem colaborando na página «Cultura» da Voz di Povo, diversificando a sua poesia com a consciência de que «as palavras «são loucas na busca do sentido!»[86].

Seja como for, de Arménio Vieira, Mário Fonseca, impublicados em livro, deles se aguarda (e há notícia concreta) uma palavra, já que, justamente com Oswaldo Osório, Corsino Fortes e Timóteo Tio Tiofe, são dos que possuem o fôlego necessário para dar à actual poesia cabo-verdiana uma solidez indiscutível. E alguns dos mais novos que neles atentem. E agora — e isto não significa nenhum juízo de valor, é uma arrumação, sempre tão difícil, diríamos uma «leitura histórica» como outras que admitimos — chamamos a atenção para um certo grupo de poetas: os poetas da diáspora cabo-verdiana.

Suponhamos António Mendes Cardoso, Jorge Pedro, Virgílio Pires, sem livro publicado, e de escassíssima produção poética, dando mesmo a impressão de a terem abandonado. Luís Romano, {Clima, 1963), revelando-se no Brasil e aí tornado autor bilingue, defendendo nos últimos anos, com persistência, uma literatura de língua nacional (o dialecto) há nele um olhar enternecido lançado sobre o homem crioulo, um gesto de solidariedade com o homem negro e um apelo ao «Irmão branco»:

«Branco:/escuta-me um momento/ainda é tempo/porque te falo de irmão para irmão/No mistério daquilo que nos formou/— considera-me —/Só isso nos basta/Só isso/e estende-me tua mão.» [87]

 Teobaldo Virgínio (Poemas cabo-verdianas, 1960; Viagem para além da fronteira, 1973), estreando-se em Cabo Verde, mas desde há muito vivendo em Angola, repensa-se num lirismo algo cristão e num impulso alado na solidariedade cabo-verdiana, numa visão universalista. «Sejam ferramentas solitárias/cada boca fale seu grito/reprimido/cada braço corte/seu caminho livre» e cada olhar reflicta seu caminho claro Um fulgor de esperança em cada humilde [88]

Daniel Filipe, consagrado autor repartido entre duas poéticas: inicialmente a cabo-verdiana e depois a portuguesa, o seu nome retém-se aqui como um acto de justiça. Cabo-verdiano de origem, de nascimento e etnicamente, apesar da sua radicação em Portugal desde criança, três livros, pelo menos, são de motivação cabo-verdiana: Missiva (1946), Marinheiro em terra (1949) e A. ilha e a solidão (1957). Se quisermos encontrar-lhe um ponto de encontro, devemos buscá-lo ao grupo de Claridade: a insularidade da terra pequena metida nas grades   das   suas   contradições,  avara  ao   futuro  dos homens e úbere aos sonhos e anseios:

Ah, esta ânsia de partir, de ser
Um barco mais na imensidão do mar...
De ir sempre além, sem saber
A rota certa para regressar... [89]

Com excepção de Virgílio Pires e Jorge Pedro, todos os outros se revelaram poetas fora da sua terra ou então ausentes dela foi que se confirmaram como tal.

Em 1961, organizada e prefaciada com inteligência por Jaime de Figueiredo, é publicada em Cabo Verde a antologia Modernos poetas cabo-verdianos e, com ela, nesse tempo, se dá o panorama essencial da moderna poesia de Cabo Verde. Por motivos metodológicos (ou outros) ficaram de fora apenas António Pedro e Daniel Filipe, ambos, e de longe, profundamente radicados em Portugal e o seu nome ligado à literatura portuguesa. No entanto, afigura-se-nos — e atrás quisemos justificá-lo — que Daniel Filipe exige a sua recuperação cabo-verdiana. Estes dois poetas terminaram, depois, por ser incluídos, bem como outros, juntamente com os seleccionados por Jaime de Figueiredo, no primeiro volume de No reino de Caliban — antologia panorâmica da poesia africana de expressão portuguesa (1975), que o autor destas linhas organizou, anotou e prefaciou.

A rematar citamos o nome de Amílcar Cabral, fundador do P. A. I. G. C. e um dos ideólogos mais prestigiosos da revolução africana. Dos poemas que dele agora conhecemos, dois aspectos da sua personalidade se podem enunciar: o de uma comunhão telúrica e, simultaneamente, o de uma adesão colectiva ao destino trágico  do  seu povo — mas  o  afago  da esperança germinando, como no poema «Regresso...»:

«Venha Comigo, Mamãe Velha, venha,/recobre a força e chegue-se só ao portão./A chuva amiga já falou mantenha/e bate dentro do meu coração» [90]; ou como em «Ilha»: «Rochas escarpadas tapando os horizontes,/ mar aos quatro cantos prendendo as nossas ânsias!» (in Ilha, ano VII Ponta Delgada, 22-6-1946; republicado noutros, inclusive Seara Nova, dezembro 1974);

A outra atitude, o outro ponto de vista, é o da representação duma consciência dialéctica da vida, como em «Segue o teu rumo Irmão:» «Que amanhã na planície conquistada/da terra redimida/libertada/os Homens irmanados colherão/o saboroso Pão» [91]. Ou em «Quem é que não se lembra»: «Meu grito de revolta ecoou pelos vales mais longínquos da Terra/atravessou os mares e os/oceanos» [92].

Tudo leva a crer que não haverá razão para se optar pela existência de duas fases, correspondendo a escrita dos poemas a um mesmo período e, assim, uns e outros se completam dando a globalidade poética de Amílcar Cabral [93].
––––––––
Notas:
79    Osvaldo Osório, Caboverdeamadamente construção meu amor, 1975, p. 43.

80    Idem, idem, 1975, p. 46.

81    Dante Mariano, «Comunicado n.° 1» in M. Ferreira, No nino de Caliban, 1.° vol., 1975, p. 252.

82    Kwame Kondé, Kordá kaoberdi, 1974, p. 59.

83    Idem, idem, p. 83.

84    Sukre D'Sal, Horizonte aberto, 1976, p. 29.

85    Tacalhe «Lar», in M. Ferreira, No reino de Caliban, 1.° vol., 1975, p. 258.

86    Idem, «Poema para depois» in «Cultura» de Voz di Povo, Praia, Cabo Verde, 29-11-1977, p. 8.

87    Luís Romano, Clima, 1963, p. 236.

88    Teobaldo, Virgínio, Viagem para além da fronteira, 1973, P.39.

89    Daniel Filipe, Missiva, 1946, p. 43.

90    Amílcar Cabral, «Ilha«, in Cabo Verde, ano I, n.° 2, 1949, p.ll.

91    Idem, «Segue o teu rumo irmão» in Vozes, n.° 1, 1974, p.19.

92    Idem, «Quem é que não se lembra», idem, p. 19.

93    Amílcar Cabral na sua juventude, pelo menos, mesmo antes de assumir as responsabilidades políticas que veio a assumir, andou pelas lides literárias. Escreveu um ou outro ensaio («Apontamentos sobre a poesia cabo-verdiana» — in Cabo Verde ano n.° 28, 1952) e publicou escassos poemas. Ouvimo-lo, inclusive, ler um conto em 1943 ou 1944, em S. Vicente de Cabo Verde, apresentado ao grupo da Academia Cultivar, de onde saiu o projecto da Certeza. Acentue-se que, até há bem pouco tempo, sabíamos da existência de uns três poemas: «Ilha», publicado no jornal Ilha, ano VII, Ponta Delgada — Açores, 22-VI-1946; «Regresso», no Cabo Verde, ano I, n.° 2, Praia, Cabo Verde, 1949; e posteriormente «Para ti, mãe Iva», publicado no seu livro de curso, republicado, depois do seu assassinato, no jornal Expresso (Lisboa). Após a independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Luís Romano junta sete poemas ao seu artigo «Amílcar Cabral. Apontamentos sobre a poesia cabo-verdiana», (in Vozes, n.° 1, Brasil, 1976, pp. 15-21). Mais recentemente Mário Pinto de Andrade reúne três poemas ao artigo «Amílcar Cabral e a reafricanização dos espíritos», publicado em Nâ Pintcha, Bissau, 12-IX-76, aquando das comemorações do XX aniversário do P. A. I. G. C. Entretanto Mário de Andrade e Arnaldo França transcrevem um novo poema (sem título) no ensaio «A cultura na problemática da libertação nacional e do desenvolvimento, à luz do pensamento de Amílcar Cabral» in 'Raízes, ano I, n.° 1. Praia, Cabo Verde, 1977, p. 4. Alguns destes poemas repetem-se nas publicações que referimos e, assim, do nosso conhecimento, são ao todo dez poemas. Os três poemas publicados por M. Andrade vêm acompanhados da indicação da fonte: «Mensagem. Boletim da Casa dos Estudantes do Império, ano II, maio a dezembro, n.° 11», desconhecendo-se o ano e se é a fonte apenas do último poema se dos três.


Continua…

Fonte:
Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa I Biblioteca Breve / Volume 6 – Instituto de Cultura Portuguesa – Secretaria de Estado da Investigação Científica Ministério da Educação e Investigação Científica – 1. edição — Portugal: Livraria Bertrand, Maio de 1977

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sexteto em Sextilhas (Parte 8)

211 – Assis
Sonho um mundo onde a poesia
seja uma regra geral.
Um mundo onde a exceção
seja a violência brutal
que hoje em dia em toda parte
espalha a tristeza e o mal.

212 – Ademar
Tenho um sonho especial
que sonho de noite a dia:
ver o pobre com saúde,
menos barriga vazia,
e um poeta nas escolas
pra divulgar a poesia...

213 – Delcy
Ao  viver o  dia-a-dia,
minha alma toda se inquieta,
é que as belezas da Terra
só  quem as canta é o poeta,
pois  a maldade  do  mundo
se antepõe ao bem do esteta!

214 – Prof. Garcia
Segue o mundo em linha reta,
cheio de ódio e maldade;
a ganância não se curva,
não tem dó nem piedade;
mas o poeta estende os braços
beija e abraça a humanidade!

215 – Gislaine
Dá fim à desigualdade,
pois em seu mundo risonho,   
planta, o poeta, a alegria,
transmutando o que é tristonho,    
e, com a força do seu verso,
torna real  o seu sonho!

216 – Zé Lucas
Penso num mundo risonho
de irmão abraçando irmão,
os casais em mil ternuras,
coração a coração,
parecendo o céu na terra
pelo encanto da união.

217 – Assis
Os mais jovens viverão,
por certo, melhores dias.
Verão cumprir-se as promessas
que lemos nas profecias;
lobo e cordeiro juntinhos,
como antecipa Isaías.

218 – Ademar
Faço minhas profecias
sem querer coisas demais,
quero apenas neste mundo
que os homens sejam iguais;
que façam em vez de guerra
um mundo cheio de paz!

219 – Delcy
A  defesa  do  bem  traz
a  apologia  da  crença,
de  que  homens desiguais
se  unam  na  benquerença,
e o  nosso  mundo melhore,
pondo  fim  à  indiferença!

220 – Prof. Garcia
Nesta luta infinda, imensa,
entre nós pobres mortais,
são tantos atos ferozes,
tantas decisões brutais;
mas nós, poetas do mundo
queremos todos iguais!

221 – Gislaine
Nossos versos são sinais,
da luta pela igualdade,
nascidos do coração,
sementes de liberdade,
plantando um amor amigo
para toda a humanidade!

222 – Zé Lucas
Deus criou a humanidade
à sua imagem sagrada,
querendo-a no paraíso,
em santa e eterna morada,
porém há seres humanos
que não servem para nada!

223 – Assis
A humanidade, criada
à imagem do Criador,
não dando a tal privilégio
o seu devido valor,
perdeu-se ao perder de vista
a vocação para o amor.

224 – Ademar
É certo que o desamor
existe em todo lugar,
mas nós somos diferentes
na maneira de pensar;
pois ao nascermos poetas
foi para viver e amar.

225 – Delcy
Poetas,  vamos  cantar
com amor, a natureza,
as  flores e os animais,
a exuberante  beleza,
que povoa o nosso mundo
 e, de Deus, mostra a grandeza!

226 – Prof. Garcia
Eu não suporto a torpeza
da mente má, desumana,
que destrói a própria vida,
pensando que a Deus engana,
mas só engana a si mesmo
de forma bruta e tirana!

227 – Gislaine
Esse desamor que engana,
em nossas almas de estetas
não existe, pois é o sonho,
que alicerça nossas metas, 
e  nós seguimos  felizes,
porque nascemos poetas!

228 – Zé Lucas
Palmilhando estradas retas,
chegaremos ao lugar
almejado pelos justos,
em seu bonito sonhar,
e levaremos um livro
de sextilhas pra cantar.

229 – Assis
Sempre gostei de pensar
que os bons ventos desta vida
no seu canto vão levando,
por uma estrada florida,
de mãos dadas os poetas
para a Terra Prometida.

230 – Ademar
Quando eu partir desta vida,
irei coberto de paz;
e chegando lá em cima
nas mansões celestiais,
vou depressa organizar:
"Primeiro Jogos Florais"...

231 – Delcy
Nos teus jogos celestiais,
tu podes contar  comigo,
com Luiz Otávio e Adelmar
e  muitos outros, te digo,
pois  os  poetas  do céu,
estarão  todos  contigo!

232 – Prof. Garcia
Na mesma luta eu prossigo
junto aos amigos leais,
tentando cantar meus versos
nos novos jogos florais,
que serão organizados
nos palcos celestiais!

233 – Gislaine
Nós já somos imortais,
pois estamos planejando
a primeira grande festa,
lá no céu, e convidando,       
com carinho, os trovadores,
que aos poucos forem chegando!

234 – Zé Lucas
Jesus Cristo, no comando,
do paraíso abre o véu,
e em vez desta vida curta,
por aqui, andando ao léu,
teremos a vida eterna
pra fazer versos no céu.

235 – Assis
Tiremos hoje o chapéu
ao Trabalho, no seu dia,
e juntos comemoremos,
com justa e imensa alegria,
o nosso ofício fecundo
de operários da poesia.

236 – Ademar
Hoje eu quero neste dia
em nome dos Trovadores,
enaltecer toda classe,
sejam garis ou doutores;
desejando mais justiça
a todos trabalhadores...

237 – Delcy
Nós, que somos trovadores,
vamos,  hoje,  nos  unir,
comemorando o "Trabalho",
razão  do  nosso  existir,
pois trabalhar com o verso
nos anima  a  prosseguir!

238 – Prof. Garcia
A humanidade sorrir
e a mão de Deus agradece,
pelo dia do trabalho
que ao operário enaltece,
quem trabalha comemora
quem nada faz entristece.

239 – Gislaine
Fazer versos é uma messe
que nos dá muita alegria,  
leva paz aos corações,
enfeita mais nosso dia,
e as emoções extravasam
por meio da poesia!  

240 – Zé Lucas
O verso é meu dia-a-dia,
mas enfrento qualquer barra,
desde o cabo de uma enxada
ao braço de uma guitarra;
trabalho como formiga
e canto como cigarra.

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 626)

Uma Trova de Ademar 

Toda dor deixa sequela,
mas devido eu sofrer tanto,
minha dor só se revela
na angústia triste do pranto.
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional 


No espelho vê-se um rosto
marcado com rugas mil.
Mas nos olhos, sem desgosto,
o mesmo ar juvenil.
–Eliana Palma/PR–

Uma Trova Potiguar 


As vozes da natureza
eu as ouço com carinho...
Mas há uma santa beleza
na voz sã do passarinho.
–Hilda Araújo/RN–

Uma Trova Premiada 


2000  – Pouso Alegre/MG
Tema  - PASSADO  – M/E


Pensei ser fogo apagado...
Mas ao ver-te, de repente,
vi que a chama do passado
arde, ainda, em meu presente.
Thereza Costa Val/MG–

...E Suas Trovas Ficaram 


Afeições enternecidas,
meus derradeiros amores!...
Deus vos salve, mãos queridas,
que me cobristes de flores!...
–Adelmar Tavares/PE–

Uma  Poesia 


Desta forma, ao nosso jeito,
vamos cumprindo a missão:
vemos o mundo e colhemos
em tudo uma inspiração
que, antes de expressar poesia,
passa pelo coração.
–Vanda Fagundes Queiróz/PR–

Soneto do Dia 

ORAÇÃO DE POETA.
–Miguel Russowsky/SC–


– Que me darás, Senhor, pela jornada
de dores, privações e misereres?
– Eu te darei a noite salpicada
de estrelas e silêncio. Que mais queres?

– E para a solidão da madrugada?
– Já fiz o mundo cheio de mulheres.
procura e encontrarás a tua amada.
Faz os mais lindos versos que puderes.

– Mas como irei, Senhor, reconhecê-la?
– Há no céu, entre todas, uma estrela
que apenas tu verás. Que mais perguntas?

– E este frio e esta angústia que ora sinto?
– quando ela penetrar em teu recinto
a primavera e a paz hão de vir juntas.

Ialmar Pio Schneider (Soneto para Bruna Lombardi)

Homenagem à data de aniversário da atriz, escritora e modelo Bruna Lombardi que hoje transcorre.
Escrito após ler o livro de poesias da poetisa No Ritmo desta Festa. Daí a citação final.


Palmilhei tuas páginas sozinho,
de noite, de manhã, por alguns dias
foste alguém que surgiu em meu caminho
e me detive a ouvir o que dizias.

Depois... que nem o capitoso vinho
me envolveste com tuas fantasias;
e me senti girando em redemoinho
como solto ao furor das ventanias.

Ler os teus versos, ó Bruna Lombardi,
já não importa quando, nunca é tarde,
pois trazem sempre cálida emoção

que brota da poesia-sensação...
Acabou-se a leitura... e o que me resta?!
A saudade do ?ritmo dessa festa?.

Fonte:
O autor

Machado de Assis (Badaladas – Capítulos dos Chapéus – 2 de fevereiro de 1873)

Hipocrate dit . . . que nous nous couvrions tous deux.
Geronte
Hipocrate dit cela?
Sganarelle
Oui.
Geronte
Dans son chapitre. . . dês chapeaux.
Molière: Le médecin malgré lui.
Act. II, sc. II.


Até sábado passado, às 11 horas menos cinco minutos, o chapéu era uma criatura ilibada. Não constava na política um só crime do chapéu. O júri não via comparecer o chapéu à barra do seu tribunal. As rebeliões faziam-se muitas vezes com o concurso das bengalas, mas sem intervenção do chapéu. O chapéu era austero; pode-se dizer que era o Sócrates do vestuário.

O que ele fazia era obedecer a Hipócrates, segundo Sganarello; cobria o homem. Não tinha outro ofício. Cortejava os conhecidos; ia na mão, quando o mortal, seu dono, entrava na igreja ; pendia quietamente à porta das fábricas.

Sua neutralidade na política era tal que os homens viravam a casaca, mas não consta nunca que mudassem o chapéu. Ele servia a todos com a mesma solicitude. Era desdém ou servilismo? Não sei; mas a verdade é que era assim.

Mas chegou o dia de sábado 25, caiu a noite, tocou o sino das dez, os relógios marcaram 15, 30, 55 minutos, momento fatal, em que o chapéu se afundou no abismo de todas as iniqüidades.

Foi o caso.

Os espectadores do Fênix gostam da atriz Jesuína, no que lhes acho razão, porque nada perdeu do talento de outrora.

Houve uma ocasião em que o entusiasmo subiu de ponto: foi às 10 horas e 55 minutos. Trovejavam as palmas e os bravos, e então (ó assombro!) dez ou doze chapéus caíram aos pés da atriz.

Dizer o pasmo, a indignação, a cólera muda que se desenhou em todos os semblantes seria coisa digna da pena de um Tácito ou da lira de um Homero — à escolha. Uns olharam para o teto, outros para o chão, outros para os outros, e todos pareciam pedir uma reparação à moral ultrajada, um castigo a insurreição do chapéu.

Se não quando, quatro soldados correm até a porta da caixa, e os dez ou doze delinqüentes (aqui sou obrigado a referir-me a informações) são conduzidos ao xadrez, onde tiveram tempo de refletir nas desvantagens de ir meter o nariz — quero dizer, a aba —onde não eram chamados.

Ora, eu apelo para todas as almas bem nascidas, e intimo-lhes que me respondam se esta correção do chapéu não equivale à passagem do Granico ou, quando menos, à invenção do molliscorium.

Na antiguidade houve igual situação. Dracon (donde fizemos draconiano) apresentava ao povo de Atenas umas leis novas, e quando menos esperava recebeu na cara todos os chapéus do congresso popular. Um espírito esclarecido, como eu imagino que e o meu leitor, liga naturalmente o ato de Atenas com o do Rio de Janeiro. Não digo que haja du Dracon dans la Jesuine; mas o povo fluminense é muita vez consoante do ateniense, e pode amanhã acontecer a um legislador o que hoje acontece a uma simples atriz.

Portanto,

V’la ce qu'c'est !
C'est bien fait !
Fallait pas qu'y aille ! (bis).

Simples observações aos pios franciscanos.

O governo pediu aos franciscanos que recebessem no seu convento alguns enfermos; e os franciscanos perguntaram-lhe a que lhe soube o almoço, resposta tão concisa quão incisiva, e que eu quisera ver gravada em letras de bronze como exemplo a futuros governos e estímulo a vindouros franciscanos.

Não posso afiançar se a resposta foi literalmente aquela; mas, se não foram as palavras, foi o sentido, visto que o efeito da resposta não passou de deixar os franciscanos naquela doce e deliciosa paz d'alma e de corpo, em que vão, arrastando este pesado exílio do século.

Há que diga que esta recusa dos franciscanos não prova amor do próximo nem de Deus. É verdade; mas não há só esses dois amores debaixo do sol. Há outra coisa, quase tão sublime como Deus, e muito mais simpática que o próximo: é a pele. Os franciscanos amam a pele e fazem bem.

Meia dúzia de doentes no seu convento podiam dar-lhes o reino do céu, mas podiam também tirar-lhes o deste mundo, e na opinião dos franciscanos, se o reino do céu é bom, o morro de Santo Antonio não é mau, e sem de todo renunciar a ir gozar lá em cima, desejam ainda por algum tempo engordar cá embaixo.

A conclusão, portanto, é que os franciscanos trancaram a porta à febre amarela, e que a pele de suas paternidades continua a esticar, sem embargo da opinião que o governo, o povo e este seu criado possamos fazer deles.

Eu, às vezes, quando não tenho que fazer, entro a cogitar no que fazem os frades. É positivo que não gastam todo o tempo a rezar; também não me parece verossímil que passam todo o tempo a ler ou dormir. Um Mont'Alverne teria muito em que ocupar o tempo; mas os monges daquela casta não vêm aos cardumes; são raros.

Quando investigo este assunto, lembro-me se passam as horas do dia a fazer charadas ou a passear em cavalinhos de pau. Outras vezes imagino que jogam cabra-cega. Já uma vez acreditei que faziam calemburgos.

E não digo isto por censura; porque se cá fora a vida não chega a netos, não é crível que chegue a netos no claustro. Alguma coisa é preciso fazer para matar o tempo.

S. Paulo, que fabricava barracas de campanha, andava pregando o evangelho, e ao mesmo tempo trabalhando no seu ofício. Tinha um ofício. O ofício do frade é ser frade, coisa hoje equivalente a uma farta aposentadoria. Nem S. Paulo trabalhou para outra coisa, senão para avolumar o cachaço do frade, arredondar-lhe a barriga, florescer-lhe as rosas do rosto. Não trabalhou para que ele morresse de febre amarela. Logo, fizeram muito bem os pios franciscanos.

A COZINHEIRA CELESTINA

Agora que cada médico apresenta o seu remédio contra a febre amarela, não é fora de propósito mencionar um que a cozinheira Celestina descobriu.

O qual foi exposto do seguinte modo:

— Para a febre amarela não há como refrescos e limonadas.

— Limonadas e refrescos? Disse o moleque.

— Sim, senhor; não há como isso. Em 1850 a filha do major B., onde eu estava, caiu com a febre amarela; deram-lhe logo uma limonada, que se foi repetindo de hora em hora. Não tomou outra coisa até o dia em que morreu.

A PAREDE DOS CONDUTORES

Mal sabe o leitor o que eu admiro em toda a história da parede que outro dia fizeram os condutores e cocheiros dos bonds.

O que mais me admirou foi (declaração da parte oficial) o estarem os chefes da revolta, às 6 horas da manhã. . . bêbedos!

Admira realmente que a empresa tolere beberrões de tal ordem. Bêbedos às 6 horas da manhã! O que não será ao meio-dia?

Quem os vê no seu ofício durante o dia mal pensa que cada um deles esta já com duas ou três garrafas no bucho. Isso é por força algum segredo de Ayer. Ou então há criaturas que não se embebedam para todos, mas para alguns, ao contrário do sol, que, como sabemos, lucet omnibus.

Humildemente peso ao varonil Greenough haja por despedir esses “embriagados de
Efraim”, não só para evitar outras paredes, mas, sobretudo para resguardar a pele dos contribuintes, seus criados.

Dr. Semana.

––––––––––––––
Nota:
Dr. Semana é o pseudonimo que Machado usava nestas cronicas

Fonte:
Obra Completa, Machado de Assis, Rio de Janeiro: Edições W. M. Jackson,1938. Publicado originalmente na. Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, de 22/10/1871 a 02/02/1873.

Cândida Vilares Gancho (Como Analisar Narrativas) Parte 9 – Partes do Enredo, Personagens, Tempo, Ambiente

       Partes do enredo

       Para identificar com mais facilidade as partes do enredo, é melhor começar pela exposição, que corresponde ao co meço da história, e o clímax, que é sempre o ponto culminante da história, isto é, o momento de maior tensão do conflito. A complicação e o desfecho são decorrências desta primeira identificação.

Maneiras de registrar as partes do enredo

Usando aspas, se o texto não for longo, pode-se citar o começo e o final de cada parte do enredo. Podem ser usadas reticências entre parênteses para indicar que houve Supres são de parte do texto citado.
Indicando o capítulo, as páginas ou os parágrafos de cada parte do enredo, atribuindo, a seguir, um nome, uma espécie de resumo de cada parte.

       Obs: O ideal é associar as duas maneiras e atribuir fomes a cada uma das partes. Vejamos o exemplo:

       exposição: “Cheguei em casa (. -) você precisa aprender a relaxar”, isto é, o primeiro parágrafo.

       Apresentação do personagem principal e sua família

       complicação: “Fui para a biblioteca (...) o alívio era maior”, isto é, do segundo até a metade do quinto parágrafo

       O cotidiano entediante do personagem narrador e sua saída de casa em busca de uma aventura relaxante.

       clímax: “Então vi a mulher (..) de casa de subúrbio”, isto é, da metade do quinto parágrafo até o final deste.

       O assassinato da mulher com o carro.

       desfecho: “Examinei o carro (. -) na companhia”, isto é, o sexto e o sétimo parágrafos.

       A volta para casa.

Personagens

       Identifica-se primeiro se há ou não personagens tipos e caricaturas; a seguir, o protagonista e o antagonista. Então caracterizam-se os personagens principais (se forem personagens redondos). Aproveitemos o texto para exercitar a caracterização do narrador personagem:

características físicas: gordo;

características psicológicas: tenso, frio, indiferente em relação família e à vida das vítimas;

características ideológicas: acredita no poder e no dinheiro;

características sociais: devemos julgar o Personagem de acordo com os Outros Personagens ou de acordo com uma perspectiva do leitor (cada um tem a sua).

       A mulher o vê como um homem honesto, cidadão acima de qualquer suspeita, mas desconfia que seja infiel; além disso o julga ligado demais aos bens materiais Seus filhos aparentemente o vêem como uma fonte de obtenção de dinheiro.

       E você, o que acha do narrador personagem? Por quê?

Obs.: Procure, sempre que Possível, descrever o Personagem usando sua própria linguagem, isto é, evite copiar do texto, porque nem sempre as características dos personagens correspondem a trechos descritivos, nos quais basicamente aparecem adjetivos. Pode-se caracterizar os personagens por suas ações, por exemplo.

Tempo

       Para se analisar o tempo num texto narrativo, aconselha se a fazer antes de mais nada um levantamento das referências temporais, pelo menos as mais importantes A seguir deve-se classificar os vários níveis de tempo.

Tempo cronológico e tempo Psicológico

Como distingui-lo?   

       O tempo cronológico identificado, marcado, e segue a seqüência cronológica, isto é, natural. O tempo psicológico é a decorrência dos vaivéns da mente do narrador ou dos personagens; não existe como realidade, mas como imaginação do personagem ou do narrador. No conto “Passeio no turno”, o tempo é cronológico, porque os fatos se sucedem numa seqüência natural, isto é, o homem chega em casa, janta, sai para passear, volta e vai dormir; não há flashback, não há tempo imaginário.

       Ambiente

       Assim como os personagens, o(s) ambiente(s) deve(m) ser caracterizado(s) usando-se uma linguagem pessoal; em outras palavras, deve-se evitar copiar do texto. Vamos então caracterizar o ambiente do conto “Passeio noturno”:

época: atual;

situação econômica/política: ambiente burguês;

moral: burguesa (o que vale é o poder — do carro — e o dinheiro);

religião: nada é mencionado;

localização geográfica: ambiente urbano, Rio de Janeiro; clima psicológico: frieza, tensão, violência.

Conclusão: poderíamos dizer que o ambiente deste texto é burguês, urbano, atual, carregado de frieza, tensão e violência.

Continua…

Fonte:
Cândida Vilares Gancho . Como Analisar Narrativas. 7. Ed. Editora Ática. http://groups.google.com.br/group/digitalsource/

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 625)

Uma Trova de Ademar 

Amar... verbo transitivo
que em qualquer conjugação
traz um novo lenitivo
para o nosso coração!
–Ademar Macedo/RN–

Uma Trova Nacional 


Em qualquer fase da vida,
sempre que a incerteza ocorre,
sem que a fé seja perdida
a esperança nos socorre.
–Nei Garcez/PR–

Uma Trova Potiguar 


Contra o ente que fingisse
nutrir por nós, amizade,
bom seria que existisse
detector de falsidade.
–Pedro Grilo/RN–

Uma Trova Premiada 


2000  -  Sete Lagoas/MG
Tema  -  DESCOBERTA  -  2º Lugar


Um cego tem seus segredos
e viver não o intimida:
faz, pela ponta dos dedos,
a descoberta da vida.
–Elen de Novais Félix/RJ–

...E Suas Trovas Ficaram 


Buscando instantes felizes
pelos caminhos tristonhos,
foram tantos meus deslizes
que tropecei nos meus sonhos!...
–Aloísio Alves da Costa/CE–

Uma  Poesia 

Não sei amar de outro jeito
que não seja com ternura,
com carinho e com respeito,
com paixão e com doçura.
E quando o amor nos acolhe
é a gente mesmo que escolhe
o jeito de se entregar;
confessei em versos plenos
nada mais e nada menos,
a minha forma de amar!
–Ademar Macedo/RN–

Soneto do Dia 

LUCIDEZ.
–Divenei Boseli/SP–


Se eu te disser que sou feliz agora,
nesse momento em que a razão cochila
e, na modorra, enxerga só a mochila
que carregavas quando foste embora;

que o meu rancor, agora, não destila
o fel que dentre estas paredes mora,
e que saudade alguma hoje devora
o coração que recobri de argila;

se eu te disser que a porta do meu quarto
por onde tu partiste foi o parto
da solidão que eu quis, sem dor, sem ira,

por hoje, podes crer, mas toma tento:
È falsa a lucidez do meu tormento
e tudo o que eu disser, hoje, é mentira!...